quarta-feira, 9 de abril de 2008

MORTE DE JESUS E SALVAÇÃO-II

II-JESUS E A SUA MORTE

Jesus apercebeu-se de que o iam matar, mas nunca interpretou a sua morte violenta como uma exigência de Deus.

Pelo contrário, entendeu-a como um crime perpetrado pelos príncipes dos sacerdotes e os doutores da Lei.

O contexto de despedida da Ceia Pascal e o mandato para repetir o ritual eucarístico em Sua memória, denotam que Jesus tinha consciência de que a sua missão histórica estava a chegar ao fim (1 Cor 11, 23-25).

Por outro lado, os relatos da última Ceia revelam que Jesus não interpretava a sua morte como um fracasso.

A tomada de consciência da sua morte violenta, levaram Jesus a interpretar a sua missão no sentido do servo de Deus, tal como o vê o Salmo 22 e os textos de Is 52, 13-53, 12).

Segundo o Salmo 22, o justo ao ver-se abandonado pelos homens, fazem-no sentir abandonado por Deus.

Clama por Deus, mas o seu clamor parece não ser escutado (Sal 22, 2). Noutra passagem do mesmo Salmo, o justo sentiu-se o opróbrio dos homens (Sal 22, 7).

Os seus adversários riem-se dele dizendo ” confiou em Deus, Ele que o livre se é que o ama”(Sal 22, 9).

No entanto, ele foi escolhido desde o seio materno (Sal 22, 11). Os malfeitores trespassaram-lhe as mãos e os pés (Sal 22, 17).

O servo foi maltratado e despojado de tudo. Os seus inimigos repartiram as suas vestes, lançando sorte sobre elas (Sal 22, 19). Mas o justo mantém-se fiel. Acredita que Deus ouvirá o seu clamor (Sal 22, 25).

Graças à sua fidelidade, os pobres terão pão e (22, 27) Os povos da Terra vão conhecer o Senhor, graças à sua doação total ao plano de Deus (Sal 22, 28).

Ao elaborarem os seus relatos da Paixão, os evangelistas elaboram os relatos da Paixão tendo como pano de fundo o salmo 22 e os relatos do Servo Sofredor de Isaías (cf. Mc 15, 31-32; Lc 23, 35).

Para melhor fazerem coincidir os relatos da Paixão com os textos do Antigo Testamento os evangelistas dizem que os soldados dividiram entre si as roupas (Lc 23, 35).

Para fazer coincidir o seu relato com o salmo 22, São João diz que os quatro soldados dividiram a roupa de Jesus entre si, mas a túnica, por não Ter costura, foi sorteada (Jo 19, 23-24).

Os relatos da paixão têm uma intencionalidade teológica muito clara: afirmar que Jesus é o Messias anunciado pelos profetas.

Eis a razão pela qual os relatos da paixão chegam a estes pormenores.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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