domingo, 29 de março de 2009

O AMOR DE DEUS POR NÓS É ETERNO-I

I-ANTES DE NOS CRIAR, DEUS FALOU SOBRE NÓS

O Livro do Génesis diz que Deus, ainda antes de criar o Homem, dialogou sobre ele: “Depois, Deus disse:

“Façamos o Homem à nossa imagem e à nossa semelhança, a fim de dominar sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos e sobre todos os répteis que rastejam sobre a terra.

Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus. Ele os criou homem e mulher.
Abençoando-os, Deus disse-lhes: “Crescei e multiplicai-vos. Enchei e dominai a terra” (Gn 1, 26-28).

Deus é no seu íntimo diálogo e comunicação. Na verdade, nós podemos dizer que Deus, por ser uma trindade de pessoas é por essência interacção amorosa e diálogo.

Este amor eterno de Deus concretiza-se na história de cada pessoa com matizes de uma ternura inefável.

Jesus é o rosto desta ternura inefável de Deus pela Humanidade. Pelo mistério da Encarnação, o Filho de Deus assumiu amissão de exprimir a maravilha do amor de Deus pela Humanidade.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

O AMOR DE DEUS POR NÓS É ETERNO-II

II-JESUS AMA-NOS AO JEITO DE DEUS

Os evangelhos dizem que Jesus exprimiu dos mais diversos modos a sua intenção de actuar em total harmonia com a vontade de Deus.

Eis algumas das suas afirmações sobre o seu propósito de exprimir e realizar a vontade de Deus Pai:

“O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).

“Eu não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 5, 30).


“O pai não me deixa sozinho, pois eu faço sempre o que lhe agrada” (Jo 8, 29).

“O mundo vai saber que eu amo o Pai e faço tudo como ele me ordenou” (Jo 14, 31).

De tal modo a vontade do Filho de Deus estava em sintonia com a vontade de Deus Pai que Jesus disse o seguinte: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30).

Jesus procurava concretizar a salvação das pessoas, pois sabia ser esta a vontade do Pai:

“Não é da vontade do vosso Pai que está nos Céus, que um destes pequeninos se perca” (Mt 18, 14).

A terceira pessoa da Santíssima Trindade, o Espírito santo, ocupa um lugar central neste diálogo familiar e na comunhão da Trindade Divina.

Como amor maternal de Deus, o Espírito Santo é o princípio animador de relações e vínculo maternal de comunhão orgânica.

Podemos dizer que o Espírito Santo é o ponto de convergência familiar da Santíssima Trindade.

Isto quer dizer que ele inspira a constante novidade do dom paternal de Deus Pai para com o seu Filho e a resposta amorosa deste em relação ao seu Pai.

Por outras palavras, com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo sugere a Deus Pai matizes novos para amar o seu Filho.

Do mesmo modo sugere ao Filho de Deus novos jeitos de responder ao dom inefável do Pai e, juntamente com isto, sugere-lhe que acolha os seres humanos como irmãos, a fim de o Pai nos acolher como filhos (Rm 8, 14-17).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O AMOR DE DEUS POR NÓS É ETERNO-III

III-FAZEMOS PARTE DO DIÁLOGO CRIADOR DE DEUS

O plano criador e salvador de Deus, portanto, faz parte do próprio diálogo amoroso da Santíssima Trindade.

O Espírito Santo é também o vínculo que une e alimenta a comunhão orgânica no mistério da Encarnação.

A partir da ressurreição de Cristo, nós ficamos a ser dinamizados de modo intrínseco pelo Espírito Santo.

Graças a esta interacção nova, a Vida Divina passou a circular nos nossos corações. Como Jesus disse à Samaritana, o Espírito Santo é a Água Viva que faz jorrar em nós rios de Vida Eterna.

Deste modo o Espírito Santo é o sangue da Nova e Eterna Aliança, isto é, o portador da Vida de Deus para o Homem Novo reconciliado com Deus em Cristo (2 Cor 5, 17-19).

É como a seiva da laranjeira robusta na qual foi enxertado o ramo frágil e doente d e um limoeiro.
Graças à seiva que circula da laranjeira para o limoeiro, este volta a ficar robusto e a dar limões de excelente qualidade.

Graças ao mistério da Encarnação, o divino enxertou-se em Jesus, o qual se tornou a laranjeira robusta da qual vem a seiva para todos nós, ramos frágeis do limoeiro.

Deste modo, os frutos de vida que vamos produzindo, são resultado da seiva divina a circular nas “veias” interiores do nosso ser espiritual.

Eis as palavras de Jesus: “Permanecei em mim, que eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim.

Eu sou a videira e vós os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 4-5).

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo conduz-nos a Deus Pai que nos acolhe como filhos.

Do mesmo modo ele alimenta a união orgânica que nos liga a Jesus Cristo, o único caminho para chegarmos ao Pai:

“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir ao Pai senão por mim” (Jo 14, 6).

No evangelho de São Lucas Jesus explica esta mesma verdade de maneira muito bonita quando diz:

“Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho achar por bem revelar-lho” (Lc 10, 22).

Graças ao facto de fazermos um todo orgânico com Cristo fomos incorporados na comunhão familiar de Deus.

E graças à interacção intrínseca que existe entre nós e o Espírito Santo, nós formamos uma união orgânica com Deus.

Pela Encarnação, diz o evangelho de São João, Foi-nos dado o poder de nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1, 12-14).

Pela ressurreição de Jesus, acrescenta São João, nós fazemos uma união orgânica com Deus, formando a Família Divina (Jo 17, 21-23).

O Espírito Santo é, realmente, o amor de Deus derramado nos nossos corações, como diz São Paulo (Rm 5, 5).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O AMOR DE DEUS POR NÓS É ETERNO-IV

IV-DEUS AMOU-NOS ANTES DE NÓS O PODERMOS AMAR

Deus não esteve à espera que o Homem fosse bom para o amar. Pelo contrário, ama-nos de modo incondicional e concede-nos o dom do Espírito Santo, a fim de nos configurar com o Filho de Deus, diz São Paulo:

“Porque àqueles que Deus conheceu por antecipação também os predestinou para serem uma imagem idêntica à do seu Filho, de tal modo que ele é o primogénito de muitos irmãos” (Rm 8, 29).

Graças a esta interacção que nos une com o Espírito Santo, nós somos introduzidos no próprio diálogo da Santíssima Trindade em forma de oração:

“Deste modo, o Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza, pois não sabemos pedir e dialogar de modo adequado.

Mas o Espírito Santo intercede por nós com gemidos inefáveis. E o Pai que examina os corações conhece as intenções do Espírito Santo, pois é de acordo com o sentir de Deus que o Espírito Santo intercede por nós” (Rm 8, 26-27).

É difícil explicar de modo mais bonito o papel activo do Espírito Santo nesta união orgânica e dinâmica que une o Homem com Deus.

Podemos dizer que o Espírito Santo é o coração da convergência familiar da Santíssima Trindade e o impulso gerador de fraternidade entre as pessoas humanas.

É por ele que entramos no diálogo da Santíssima Trindade, como filhos em relação a Deus Pai e como irmãos em relação a Deus Filho.

Eis a razão pela qual quando oramos no Espírito Santo estamos a dialogar com Deus em termos de comunicação familiar.

Na verdade, a nossa comunicação com Deus só é adequada quando acontece no Espírito Santo.
É no Espírito Santo que Deus Pai comunica connosco e nos revela o seu jeito de ser Pai:

Pai justo e amoroso.
Pai misericordioso e paciente.
Pai amável e solícito.
Pai acolhedor e sempre disposto a perdoar.
Pai fiel que ama a Verdade e a Justiça.
Pai responsável, protector, atento e amigo.

O Espírito Santo é a ternura maternal de Deus.
Com seu jeito maternal de amar, ele é em nós uma presença compreensiva,
Pronta a servir; dedicada, generosa e gratuita.

Está sempre atento e disposto a aperfeiçoar os elos de comunhão com Deus Pai. Faz-nos exultar como filhos agradecidos, como aconteceu com Jesus.

Eis o que diz o evangelho de São Lucas: “Nesse mesmo instante, Jesus exultou de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse:

“Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos simples e pequeninos. Sim, Pai, porque foi este o teu agrado” (Lc 10, 21).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O AMOR DE DEUS POR NÓS É ETERNO-V

V-O ESPÍRITO SANTO E O AMOR DE DEUS

Como ternura maternal de Deus, o Espírito Santo é o consolador que nos dá ânimo e consagra para a missão de anunciar a Boa Nova da Salvação em Cristo Ressuscitado.

É o vínculo maternal que nos liga de modo orgânico a Cristo, fazendo de nós membros do corpo cuja cabeça é Cristo (1 Cor 10, 17; 12, 27).

É pelo Espírito Santo que nascemos de novo para a Família Divina (Jo 3, 3-6). Ele é a semente da vida divina em nós (1 Jo 3, 9). É o grande dom do Pai do Céu (Lc 11, 13),

Ele é o Consolador que nos inspira nos momentos de grande aflição, como diz Jesus no evangelho de São Mateus (Mt 10, 20).

É Ele que nos capacita e dá força para testemunharmos Cristo ressuscitado (Act 4, 31). Como Espírito da Verdade, ele ajuda-nos a compreender o sentido da Palavra de Deus, conduzindo-nos para a verdade plena:

“Quando ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a verdade plena” (Jo, 16, 13). A Carta aos Efésios diz-nos que é o Espírito Santo quem nos faz compreender o plano salvador de Deus (Ef 3, 3-5).

Faz cair dos olhos da nossa mente as sombras que nos impedem de ver com clareza a verdade de Deus e do Homem.

Estas sombras são para a mente o que as cataratas são para os olhos, obstáculos que nos impedem de ver o essencial.

O Livro dos Actos dos Apóstolos diz que o Espírito Santo fez cair dos olhos de São Paulo umas escamas que o impediam de ver a ver de Jesus ressuscitado (Act 9,18).

É no Espírito Santo que o Filho de Deus se comunica connosco e nos revela o seu jeito especial de ser nosso irmão:

Irmão generoso e solidário, companheiro fiel sempre disposto a partilhar connosco. Nas dificuldades, nunca hesita em ser para nós apoio e ajuda solícita.

É um irmão leal e verdadeiro. Irmão sempre disposto a partilhar connosco o melhor de si.
Nunca faz alarde da ajuda que nos presta e das coisas boas que partilha connosco.

A comunhão familiar na qual fomos integrados por Cristo ressuscitado é dinamizada pelo Espírito Santo, o sangue de Deus a circular no coração de cada um de nós.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quinta-feira, 26 de março de 2009

A FÉ COMO JEITO DE VIVER E COMUNICAR-I

I-A FÉ CRISTÃ COMO EXPERIÊNCIA

Podemos dizer que a fé cristã é um jeito de viver que resulta do encontro com o Cristo ressuscitado no nosso íntimo.

Este encontro acontece pelo Espírito Santo que, com seu jeito maternal de amar, cria uma interacção espiritual entre nós e o Senhor ressuscitado.

São Paulo diz que ninguém é capaz de reconhecer Jesus como o Senhor ressuscitado a não ser pelo Espírito Santo (1 Cor 12, 3).

Na verdade, o Espírito Santo habita no nosso coração como num templo, diz a Primeira Carta aos Coríntios:

“Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo que habita em vós porque o recebestes de Deus e por isso já não vos pertenceis?” (1 Cor 6, 19).

A nossa fé confere-nos horizontes mentais amplos e profundos para olharmos as coisas com os critérios de Deus.

Ao mesmo tempo capacita-nos para agirmos com a segurança própria de quem sabe que o próprio Deus está consigo, para si e por si.

Para terem uma fé cristã adulta, os crentes precisam de cultivar os conteúdos da mesma fé.

De facto, uma coisa é esforçar-se por ser uma pessoa boa, outra coisa bem diferente é esforçar-se por possuir uma fé cristã adulta.

No entanto, a nossa fé não se esgota nos seus conteúdos doutrinais. Um crente que tome Deus e os conteúdos da Fé a sério, procura exercitar e experimentar a verdade dessa mesma fé.

Na verdade, se a doutrina da fé é verdadeira, então tem de ser eficaz no concreto da vida, isto é,
tem de dar frutos de veracidade.

Por outras palavras, os cristãos que tomam Deus e a fé a sério decidem correr riscos e apostar.
É este o conselho que nos dá a Carta aos Efésios quando afirma:

“Não andeis como os gentios, na futilidade dos seus pensamentos, com o entendimento obscurecido, alienados da vida de Deus devido à ignorância e dureza de coração” (Ef.4,18).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A FÉ COMO JEITO DE VIVER E COMUNICAR-II

II-EFEITOS LIBERTADORES DO EXERCÍCIO DA FÉ

A veracidade da fé experimenta-se na interacção entre o cristão e Deus mediante a acção do Espírito Santo.

A nossa interioridade pessoal é um manancial de energias espirituais, as quais formam uma identidade pessoal.

Quando acontece a interacção entre a nossa interioridade pessoal e o Espírito Santo, acontecem maravilhas em nosso favor e em favor daqueles que se cruzam connosco.

Na verdade, as nossas energias espirituais são dinamizadas e optimizadas pela acção do Espírito Santo e a luz da Palavra de Deus.

Isto quer dizer que o ponto de encontro entre nós e Deus é o nosso coração. Por outro lado, este encontro acontece como interacção entre nós e o Espírito Santo, exercendo em nós um efeito libertador.

É este o dinamismo no qual acontece o milagre. Com efeito, não há milagre sem fé nem acontece sem interacção entre o ser humano e Deus.

Jesus declarou que os ritos e cultos não têm qualquer valor salvífico. O culto que liberta não é feito de ritos vazios sem valor mas aquele que acontece como interacção com o Espírito da Verdade:

“Deus é espírito e os que o adoram devem adorá-lo em Espírito e Verdade” (Jo.4,24). A nossa fé garante-nos que Deus é a origem e a cúpula das forças espirituais do Universo.

Se pelos ensinamentos da fé acredito que Deus está em mim e por mim, então vou confiar e agir em conformidade com estas verdades. É isto o exercício da fé!

Deus é amor omnipotente. O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem as pessoas e como meta a comunhão.

Se Deus está em mim, então o amor omnipotente está em mim.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A FÉ COMO JEITO DE VIVER E COMUNICAR-III

III-A FÉ E A FORÇA DOS MILAGRES

A Divindade é uma emergência permanente de três pessoas de perfeição infinita em convergência de comunhão amorosa.

Se o dinamismo espiritual que criou o Universo está ao meu alcance, então o melhor está ao meu alcance.

São Paulo estava convencido desta verdade quando afirma que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações.

Se nos prepararmos para acolher o melhor, então o melhor está ao nosso alcance. Esta certeza é legítima para os crentes que tomam Deus e a fé a sério.

Como vimos mais acima, a fé é fundamental para acontecer interacção entre a pessoa humana e Deus.

Os nossos pensamentos, emoções e decisões são a força que determina em grande parte o que vamos ser.

A Fé é que nos confere estes horizontes e a capacidade de conseguirmos o melhor, como diz o
evangelho de São Marcos:

“Se acreditas, todas as coisas são possíveis para o que acredita” (Mc.9,23). A fé converte-nos em crentes, capacitando-nos para as nossas realizações aconteçam de modo a acontecer o melhor para nós.

Lembremo-nos de que a vontade de Deus coincide rigorosamente com o que é melhor para nós.
No evangelho de São Marcos, Jesus dá-nos a garantia do sucesso pleno dos que acreditam e tomam Deus a sério:

“Todas as coisas são possíveis para aquele que acredita” (Mc.9,23). Jesus repete esta ideia no evangelho de São Mateus quando afirma:

“Se tiveres fé nada será impossível para ti” (Mt 17, 21). A Fé capacita-nos para tudo podermos em Deus: “Faça-se segundo a tua fé” (Mt 9, 29).

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

A FÉ COMO JEITO DE VIVER E COMUNICAR-IV

IV-A FÉ OPTIMIZA AS POSSIBILIDADES HUMANAS

Podemos ter a certeza de que muita gente é derrotada pela vida, não por falta de habilidade ou competência, mas por falta de confiança, entusiasmo e fé.

A fé dinamiza as nossas forças espirituais, as quais formam o núcleo da nossa personalidade.

Quando realizamos o exercício de Fé, o nosso pensamento e a nossa acção ficam em sintonia com Deus:

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderdes discernir sobre a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito” (Rm 12, 2).

Como vemos é possível atingir os objectivos que mais nos encantam e concretizar os sonhos que queríamos realizar.

Mas isto só é possível se estivermos conscientes dos objectivos que queremos atingir e dos sonhos que desejamos realizar.

Por outras palavras, Deus não nos substitui. Está connosco, mas não em nosso lugar. Com Deus podemos realizar o melhor dos nossos talentos e possibilidades, mas nada disto poderá ser feito se não soubermos onde queremos ir.

Eis a razão pela qual é tão importante criar espaços de diálogo com Deus sobre os nossos planos e objectivos.

Eis o que a Carta aos Gálatas diz a este respeito: “Se vivemos pelo Espírito, pautemos também a nossa vida pelo Espírito” (Gal 5, 25).

Se tomarmos Deus e a nossa fé a sério, a força de Deus fica ao nosso dispor e nós podemos realizar maravilhas como Jesus ensinava:

“Tende fé em Deus. Em verdade vos digo, se alguém disser a este monte: “Tira-te daí e lança-te ao mar.

E se ao fazer isto acreditar firmemente e não vacilar no seu coração, isto acontecerá” (Mc 11, 22-23). Isto quer dizer que mediante o exercício da fé temos acesso à força de Deus.

Os evangelhos dizem que os apóstolos várias vezes deram provas de não serem capazes de passar da doutrina da fé ao exercício da mesma fé:

Certo dia, Pedro quis caminhar ao lado de Jesus sobre as águas, símbolo dos problemas e dificuldades da vida.

Como a sua fé começou a fracassar, Pedro começou a afundar-se. Então Jesus disse-lhe:
“Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mt 14, 31).

A fé é um dado fundamental neste processo processo de comunhão com Deus. Quando Jesus foi a Nazaré, diz o evangelho de São Mateus, não fez lá muitos milagres pela falta de fé dos seus conterrâneos:

“E não fez ali muitos milagres por causa da incredulidade deles” (Mt 15,38; cf. Mc 6, 6). Por vezes uma missão parece-nos fácil. Outras vezes parece-nos muito difícil.

Normalmente isto não depende do tipo de missão, mas do modo como estamos a viver a
presença e a união com Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

segunda-feira, 23 de março de 2009

A ARTE DE MOLDAR O HOMEM NOVO-I

I-O HOMEM NOVO GERA PAZ

Nos seus ensinamentos, Jesus comunicou os critérios e os valores essenciais para nós moldarmos o Homem Novo segundo o coração de Deus.

Eis alguns critérios e valores essenciais para edificarmos o Homem Novo configurado com Cristo:
Aprender a viver e a tirar partido de coisas de que não gostamos e que não podemos mudar.

É muito importante a pessoa saber aceitar-se, apesar das suas limitações. O Homem Novo é um ser em Construção e não um super-homem.

É importante que a pessoa saiba alimentar pensamentos construtivos e partilhar com os outros uma visão positiva da vida.

O Homem Novo é um facilitador a humanização dos irmãos. O Homem Novo emerge num clima de relações honestas consigo e com os outros.

É importante habituar-se a enfrentar as dificuldades com confiança. Numa vida de sucesso há sempre fracassos e dificuldades pelo meio.

O Homem Novo procura realizar-se com os talentos que tem e não anda sempre a comparar-se com os outros.

A pessoa só pode realizar-se com os seus próprios talentos. A pessoa que pretende realizar-se com os talentos do outro será uma pessoa fracassada.

Na verdade, o leque dos talentos varia de pessoa para pessoa, pois cada pessoa é única, original e irrepetível.

Não nos devemos deixar esmagar com situações cuja solução não está nas nossas mãos. Não será feliz quem não aprende a partilhar com os outros o seu tempo, os seus bens e o seu saber.

É importante cultivar o sentido de humor, impedindo que os pensamentos negativos nos dominem.

Não nos devemos esquecer de cuidar de nós. Quem não gosta de si não conseguirá gostar dos outros.

Ajudemos os outros sempre que se nos ofereçam ocasiões para o fazer. Procuremos manter-nos o mais possível calmos, evitando situações de stress.

Procuremos ser moderados na comida e na bebida. Nas relações com os outros procuremos adoptar sempre uma atitude discreta e humilde.

A humildade é a capacidade de se aceitar como tal como é, e saber situar-se de modo adequado e verdadeiro em sociedade.

O Homem Novo é uma Pessoa que sabe escutar as mensagens que os outros nos querem transmitir, a fim de os poder entender.

O Homem Novo procura estar sempre actualizados nos assuntos que fazem parte do seu trabalho ou missão.

Após um fracasso, o Homem Novo sabe sempre partir para outra. As mudanças trazem com frequência novas possibilidades de crescimento e realização pessoal.

A pessoa humana será tanto mais Homem Novo quanto mais viver a vida com paixão. Isto quer dizer que a mediocridade não faz emergir o Homem Novo.

O Homem Novo sabe respeitar os outros como gosta de ser respeitado por eles.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A ARTE DE MOLDAR O HOMEM NOVO-II

II-O HOMEM NOVO E AS RIQUEZAS

O Homem Novo não tem como objectivo de vida o simples o amontoar de riquezas. Lembremo-nos de que a fonte da felicidade é o amor, não o dinheiro.

Isto quer dizer que as pessoas que têm muito dinheiro, se quiserem ser felizes, têm de pôr o dinheiro ao serviço do amor.

O Homem Novo sabe aplicar os seus bens ao serviço da sua realização pessoal e da fraternidade.
Sabe cultivar o sentido de partilha com os mais pobres.

O Homem Novo é uma pessoa profundamente sensata. m relação ao ter, ele não pretende ter demasiadas coisas, pois quando são muitas não as pode usufruir nem dominar completamente.

Ter muitas coisas torna as pessoas ansiosas, preocupadas e muitas vezes desconfiadas.
Procuremos ser gratos para com os outros, aceitando os seus dons e as oportunidades de realização que eles nos oferecem.

O Homem Novo sabe elaborar objectivos de vida e procura realizá-los numa linha de fidelidade a si mesmo.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A ARTE DE MOLDAR O HOMEM NOVO-III

III-ATITUDES QUE DEFINEM O HOMEM NOVO

O Coração do Homem Novo é evolutivo, isto é, está em construção. Na verdade ele sabe que a pessoa se faz, fazendo.

Isto quer dizer Isto quer dizer que o coração do Homem Novo está em construção.

Eis algumas atitudes importantes para a pessoa modelar em si o coração do Homem Novo:
Aprender a dar o melhor de si para ajudar o outro a crescer como pessoa feliz.

O Homem Novo tenta aceitar o outro tal como ele é, apesar de isso exigir renúncia e sacrifício.
O Homem Novo sabe alegrar-se com o sucesso dos outros.

O Homem Novo é uma pessoa que não está sempre a exigir disponibilidade da parte dos outros, mas procura estar disponível para ajudar os demais quando estes precisam de si.

O Homem Novo é uma pessoa cujo modo de amar é de tal modo discreto e gratuito que o outro não se apercebe do sacrifício que, por vezes, está a ser feito em seu favor.

O Homem Novo é uma pessoa que não se afasta do outro, só porque este acaba de ter um fracasso na vida.

Apesar de não gostar de magoar os outros, o Homem Novo não deixa de dizer a verdade pelo simples facto de que o outro possa não gostar.

O Homem Novo é a pessoa que, por ser honesta e fiel à sua consciência, corre o risco de ser perseguida e despedida do emprego.

O Homem Novo é capaz de ir gastando a vida pela defesa dos que não têm voz para se fazer ouvir nem são capazes de se defender.

O Homem Novo é uma obra-prima feita de barro em cuja interioridade está a emergir outra obra-prima feita de espírito e com grande capacidade de amar.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sábado, 21 de março de 2009

O CONHECIMENTO DE DEUS COMO DOM-I

I-CONHECIMENTO DE DEUS E COMUNHÃO AMOROSA

Na visão bíblica, o Homem foi criado para conhecer e amar a Deus. Ao mesmo tempo, a bíblia associa o conhecimento de Deus ao amor de Deus e dos irmãos.

Isto quer dizer que o conhecimento de Deus não é uma questão teórica. Por estar associado ao amor, o conhecimento de Deus realiza-se como mistério de salvação a acontecer no coração da pessoa humana.

Eis as palavras de Jesus no evangelho de São João: “Esta é a vida eterna: Que te conheçam, Pai, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo a quem tu enviaste” (Jo 17, 3).

Podemos dizer que o conhecimento de Deus é uma revelação que é concedida ao ser humano pelo Espírito Santo que habita no seu íntimo.

Podemos dizer que o conhecimento de Deus acontece mediante através de uma união orgânica e interactiva com o mesmo Deus.

O Espírito Santo é o coração que fortalece e dinamiza esta dinâmica do conhecimento de Deus.

A Primeira Carta de São João diz que o único modo de chegar ao conhecimento de Deus é o amor e a comunhão com Deus.

Eis as palavras e São João: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus.
Todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus.

Aquele que não ama não chegou a conhecer Deus, pois Deus é amor.” (1 Jo 4, 7-8). Além disso, o amor de Deus não é uma realidade separada do amor aos irmãos.

O amor aos irmãos é o caminho seguro para chegarmos ao conhecimento de Deus: “A Deus nunca ninguém o viu. Mas se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós” (1 Jo 4, 12).

E logo a seguir acrescenta: “Se alguém disser: “Eu amo a Deus”, mas tiver ódio ao seu irmão, esse é um mentiroso, pois aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê.

Em comunhão Com Deus
Calmeiro Matias







O CONHECIMENTO DE DEUS COMO DOM-II


II-O AMOR A DEUS E AOS IRMÃOS ESTÃO UNIDOS

São João não separa o amor de Deus do amor aos irmãos: Nós recebemos de Jesus este mandamento: quem ama a Deus, ame também o seu irmão” (1 Jo 4, 20-21).

São Paulo vai nesta mesma linha fazendo do amor a lente adequada para conhecermos a Deus.

Ele diz que a pessoa que ama a Deus é conhecida pelo próprio Deus, no sentido bíblico de
constituir uma interacção amorosa e fecunda:

“ Mas aquele que ama a Deus é conhecido e amado por ele (1 Cor 8, 3). São Paulo diz que o conhecimento de Deus não é uma coisa de ciência humana.

Na verdade, diz a Primeira Carta aos Coríntios, “a ciência incha, mas o amor edifica” (1 Cor 8, 1).

Só pelo amor se pode chegar ao verdadeiro conhecimento de Deus: O amor humano é optimizado pelo amor divino. Isto significa que o princípio animador da comunhão com Deus e os irmãos é o Espírito Santo.

“Na verdade, nós permanecemos em Deus e ele em nós, pois ele fez-nos participar do Espírito Santo” (1 Jo 4, 13).

São Paulo vai nesta mesma linha ao afirmar que ninguém pode conhecer e saborear o mistério de Cristo ressuscitado a não ser pelo Espírito Santo:

“Ninguém é capaz de Dizer: “Cristo é o Senhor ressuscitado” a não ser pelo Espírito Santo” (1 Cor 12, 3).

Conhecer Cristo é fazer com ele uma união orgânica. É este o sentido profundo da Eucaristia mediante a qual nos alimentamos do corpo e sangue de Cristo (Jo 6, 54-57).

Com efeito, a comunhão na Eucaristia é um momento privilegiado para o crente fortalecer este conhecimento de Cristo.

Comer a carne de Cristo ressuscitado e beber o seu sangue significa unir-se a ele mediante o Espírito Santo, explicita o evangelho de São João (Jo 6, 62-63).

São Paulo diz que a comunhão do pão da Eucaristia significa fazer parte do Corpo de Cristo ressuscitado:

“Comemos um só pão porque formamos um só Corpo (1 Cor 10, 17). O evangelho de São João diz que Cristo é a cepa da videira e nós somos os ramos.

Os ramos só podem viver e dar fruto se estiverem unidos à cepa: “Permanecei em mim que eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim.

Eu sou a videira e vós sois os ramos. Quem permanece em mim e eu e eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer.” (Jo 15, 4-5).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O CONHECIMENTO DE DEUS COMO DOM-III

III-JESUS CRISTO COMO SACRAMENTO DO PAI

Deus dá-se-nos a conhecer através de Cristo. Ele é o grande revelador de Deus como diz São João:

“Há tanto tempo que estou convosco, Filipe, e ainda não de conheces? Quem me vê, vê o Pai.” (Jo 14, 18).

À medida que conhecemos Cristo, conhecemos o Pai. Este conhecimento acontece no Espírito Santo que é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Na Primeira Carta aos Coríntios, o Apóstolo São Paulo exclama: “Fomos baptizados no mesmo Espírito, a fim de formarmos o Corpo de Cristo (1 Cor 12, 13).

Uma vez que o conhecimento de Deus implica interacção amorosa, a sua meta é a incorporação na Família Divina.

“Nesse dia compreendereis que eu estou no Pai, vós em mim e eu em vós” (Jo J0 14, 20).

O sacramento da Eucaristia explicita este mistério da comunhão orgânica da Humanidade com a Divindade:

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, também aquele que me come viverá por mim” (Jo 6, 56-57).

A meta desta união é a comunhão humano-divina da Família de Deus: “Pai, não rogo apenas por eles, mas igualmente por todos os que hão-de acreditar em mim por meio da sua palavra, a fim de que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti.

Que eles permaneçam em nós, a fim de o mundo ver e acreditar que tu me enviaste. Pai, eu dei-lhes a glória que me deste, a fim de que todos sejam um, como nós somos um.

Eu neles e tu em mim, a fim de eles chegarem à perfeição da unidade (…). Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu conheci-te e estes reconheceram que tu me enviaste.

Eu dei-lhes a conhecer quem tu és e continuarei a dar-te a conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu esteja neles também” (Jo 17, 20-26).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O CONHECIMENTO DE DEUS COMO DOM-IV

IV-ESPÍRITO SANTO E CONHECIMENTO DE DEUS

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo é o princípio animador desta união orgânica humano-divina.

Na verdade, só pelo Espírito Santo podemos conhecer, isto é, comungar com o Pai e o Filho:

“Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, e há-de recordar-vos tudo o que eu vos disse” (Jo 14, 26).

Ao ressuscitar, Jesus comunicou-nos a possibilidade de interagirmos de modo intrínseco com o Espírito Santo, a fim de participarmos da mesma interacção que existe entre o Pai e o Filho:

“Todos os que são movidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Vós não recebestes um espírito de escravidão, mas recebestes um Espírito que faz de vós filhos adoptivos.

É por este Espírito que clamamos “Abba”, ó Pai” (Rm 8, 14-15; cf. Gal 4, 4-7). Nenhum ser humano entra isoladamente na comunhão familiar de Deus:

A Carta aos Gálatas diz que todos nós somos apenas um em Cristo (Gal 3, 29). São Paulo tem uma frase muito feliz para explicar esta nossa incorporação em Cristo e, por ele, com a Santíssima Trindade:

“Já não sou eu que vivo mas Cristo que vive em mim” (Gal 2, 10). Conhecer Cristo, diz a Carta aos Colossenses, implica despir-se do velho Adão e revestir-se do homem novo, configurado com Cristo ressuscitado:

“Não mintais uns aos outros, já que vos despistes do homem velho, com as suas acções, e vos revestistes do homem novo, aquele que, para chegar ao conhecimento, não cessa de ser renovado à imagem do seu Criador.

No Homem Novo já não há grego nem judeu, circunciso ou incircunciso, bárbaro, cita, escravo ou livre, mas apenas Cristo que é tudo em todos e está em todos” (Col 3, 9-11).

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Calmeiro Matias

O CONHECIMENTO DE DEUS COMO DOM-V

V-O CONHECIMENTO DE DEUS COMO REVELAÇÃO

Só por si, os seres humanos são incapazes de saber quem é Deus. Sempre que o Homem se põe a conhecer a realidade de Deus utilizando apenas as suas capacidades humanas, só consegue criar um deus à sua imagem e semelhança.

Mas Deus não é uma realidade criada à imagem do Homem. Pelo contrário, o Homem é que é um ser criado à imagem de Deus (Gn 1, 26-27).

O conhecimento de Deus capacita-nos para saborearmos o sentido mais profundo nossa vida.

O conhecimento do mistério de Deus e o seu plano salvador em favor do Homem, ajuda os seres humanos a possuírem um sentido mais pleno e profundo da vida e da meta para a qual estamos a caminhar.

Por outras palavras, conhecendo o significado da sua existência, dentro de um plano de Amor e Salvação, as pessoas humanas têm razões para se comprometer com a construção da vida.

Foi esta a razão pela qual Deus tomou a iniciativa de se revelar azo Homem. Este favor foi, é e será sempre um dom do Espírito Santo.

Na verdade, é sempre pelo Espírito Santo que Deus se comunica, tanto no interior das relações da Santíssima Trindade, como em relação à Humanidade.

A revelação de Deus à Humanidade começou a acontecer dentro do Povo Bíblico. Este povo foi não apenas o alfobre onde emergiu e cresceu a Palavra de Deus, como também o regaço onde o Messias foi acolhido.

Mas o Povo Bíblico era uma mediação limitada, pois estava encerrado nas coordenadas limitadas de uma raça, uma língua, uma cultura e uma nação com fronteiras bastante estreitas.

Era um povo cheio de sonhos imperialistas. Sonhava com um domínio universal sobre os outros povos.

Além disso, tinha a pretensão de ser o único povo amado de Deus. Todos estes aspectos limitavam enormemente as possibilidades de o Povo Bíblico ser realmente o medianeiro universal da revelação de Deus.

Mas Deus corrigiu estas limitações enviando-nos o seu filho o qual anunciou o Reino de Deus, o qual não coincidia com o sonho do reino de David restaurado como esperavam o povo bíblico.

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Calmeiro Matias

O CONHECIMENTO DE DEUS COMO DOM-VI


VI-CONHECIMENTO DE DEUS E NOVA ALIANÇA

Através de Jesus Cristo, Deus assina com a humanidade uma Nova e Eterna Aliança, tal como os profetas tinham anunciado.

O Povo da Nova Aliança é o Novo Povo de Deus constituído com gentes de todas as raças, línguas, povos, culturas, e nações.

O Povo da Nova Aliança recebe de Cristo o Evangelho da Salvação Universal e a missão de o Anunciar a todos os povos:

Eis a missão que ele confiou aos seus discípulos: “Aproximando-se deles, Jesus disse-lhes: “Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra.

Ide, pois por todo o mundo e fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado.

Eu estarei convosco até ao fim dos tempos” (Mt 28, 18-20). Pelo facto de ser constituído por gentes de todos os povos, raças, línguas e nações, o Novo povo de Deus é uma mediação para a Palavra de Deus ser proclamada ao mesmo tempo no interior de todos os povos e línguas.

E foi assim que a possibilidade de conhecer Deus está ao alcance de toda a Humanidade.

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Calmeiro Matias

terça-feira, 17 de março de 2009

DEUS E O MISTÉRIO DO CORAÇÃO HUMANO-I

I-O DINAMISMO DO CORAÇÃO HUMANO

Deus é realmente o Emanuel, isto é, o Deus sempre connosco, como disse o profeta Isaías. O coração, segundo a bíblia, é o núcleo mais nobre da nossa interioridade espiritual.

O nosso coração é o ponto de encontro com o Espírito Santo. Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo conduz-nos ao Pai que nos acolhe como filhos e ao Filho de Deus que nos acolhe como irmãos (Rm 8, 14-16).

Ele é o amor de Deus derramado nos nossos corações, diz São Paulo (Rm 5, 5). Ainda antes de nós decidirmos fazer o bem já o Espírito Santo no-lo está a inspirar.

No entanto, nunca nos substitui. Por outras palavras, o Espírito Santo está connosco, mas não está nunca em nosso lugar.

O nosso coração é uma realidade dinâmica e por isso se vai moldado de modo de modo gradual e progressivo.

Tal como Jesus ensinou, as pessoas tornam-se boas, fazendo o bem. Do mesmo modo, as pessoas que no seu coração se decidem pelo mal, se tornam más.

Isto quer dizer que o ser humano se faz, fazendo. Na verdade, nós não somos iguais ao que dizemos, mas sim ao que fazemos.

Como ainda não somos pessoas acabadas, somos seres muito vulneráveis e inseguros. O nosso coração ainda não está plenamente configurado.

De facto, ainda somos seres habitados por uma grande ambiguidade. Tão depressa optamos pelo bem como nos sentimos tentados a fazer o mal.

Isto quer dizer que ainda não somos seres plenamente livres. A liberdade é a capacidade de a pessoa se relacionar com os outros em dinâmica de amor e de interagir criativamente com as coisas e os acontecimentos.

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Calmeiro Matias

DEUS E O MISTÉRIO DO CORAÇÃO HUMANO-II

II-QUANDO DEUS RENOVA O CORAÇÃO HUMANO

Uma vez que o querer de Deus coincide com o que é melhor para nós, no nosso coração tem de haver uma atitude de abertura à acção do Espírito Santo.

Eis o que diz o profeta Ezequiel: “Dar-lhes-ei um coração íntegro e colocarei no íntimo deles um espírito novo.

Tirar-lhes-ei do peito o coração de pedra no qual não habita o amor e dar-lhes-ei um coração cheio de amor” (Ez 11, 19).

O Espírito Santo torna-nos fortes e cura as feridas do nosso coração que ele conhece muito bem.
Jesus Cristo ensinou-nos uma verdade muito importante quando nos disse que onde está o tesoiro de uma pessoa, aí está também o seu coração (Mt 6, 21).

Como habita no nosso íntimo, o Espírito Santo ajuda-nos a moldar um coração cada vez mais semelhante ao coração de Jesus.

Ajuda-nos a renascer, a fim de superarmos os aspectos que ainda nos separam de Deus e dos irmãos.

Um dia Jesus disse aos discípulos que as coisas que saem da nossa boca têm origem no nosso coração e são elas que tornam o homem puro ou impuro.

Isto quer dizer que a pureza ou a impureza são estados que emergem a partir do nosso coração.

Eis o que Jesus disse aos discípulos: “É do coração que brotam os crimes, os adultérios, a imoralidade, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias” (Mt 15, 19).

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Calmeiro Matias

DEUS E O MISTÉRIO DO CORAÇÃO HUMANO-III


III-O CORAÇÃO DE JESUS COMO MODELO

Jesus tinha consciência de que o seu coração estava moldado em harmonia com o coração de Deus.

Foi por esta razão que ele disse um dia aos seus discípulos: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração.

Fazendo isto encontrareis descanso para as vossas vidas” (Mt 11, 29). À luz da bíblia a qualidade de uma pessoa mede-se pela qualidade do seu coração.

Por seu lado, a qualidade de um coração mede-se pela qualidade das decisões, e compromissos de vida de dessa pessoa.

Bem conhecemos a associação que Jesus faz entre pureza e impureza. No evangelho de São Mateus, Jesus diz: “É do coração que procedem as más acções” (Mt 15, 19).

No mesmo evangelho, Jesus pede aos discípulos para modelarem um coração semelhante ao seu: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 29).

O evangelho de São João diz que o diabo meteu no coração de Judas o projecto de entregar o Mestre (Jo 13, 2).

A Carta aos Gálatas diz que Deus enviou o Espírito Santo aos nossos corações que clama no nosso íntimo “Abba” ó Pai (Gal 4, 6).

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Calmeiro Matias

DEUS E O MISTÉRIO DO CORAÇÃO HUMANO-IV

IV-AS COISAS QUE SÓ O CORAÇÃO ENTENDE

São Paulo pede a Deus que ilumine os olhos dos corações dos membros da comunidade de Éfeso, a fim de compreenderem o plano salvador de Deus (Ef 1, 18).

Podemos dizer que o coração ocupa um lugar central na antropologia bíblica. O valor de uma pessoa, portanto, não se mede pelo seu peso nem pelos centímetros que tem de altura.

Também não se mede pelas riquezas que possui nem mesmo por aquilo que ela sabe. A pessoa vale pelo que é.

Ora, o ser da pessoa mede-se, não pelo que ela diz, mas sim pelo que faz e o que faz tem a sua origem no coração.

Como sabemos, as notas musicais são sete. Mas um bom compositor, com apenas estas sete notas é capaz de fazer composições musicais que nos encantam e fazem vibrar.

Do mesmo modo, o Espírito Santo, com as nossas capacidades e qualidades é capaz de compor sinfonias de amor capazes de fazer maravilhas.

Assim acontecerá connosco se deixarmos que o Espírito Santo trabalhe as capacidades de amar que habitam o nosso coração.

Mas devemos ter presente que o Espírito Santo, apesar de estar em nós de modo dinâmico e permanente nunca nos substitui.

Isto quer dizer que temos de colaborar com ele. O modo de colaborar com o Espírito Santo é criar uma atitude de atenção e disponibilidade.

Nas bem-aventuranças, Jesus declara que os puros de coração verão a Deus (Mt 5, 8). Isto quer dizer que o essencial das pessoas vê-se com o coração, não com os olhos.

Puros de coração são as pessoas leais e verdadeiras. São os homens e mulheres que não dão lugar a planos perversos cujo objectivo é fazer mal ao seu próximo.

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Calmeiro Matias

domingo, 15 de março de 2009

JESUS CRISTO E O MISTÉRIO DO REINO DE DEUS-I

I-O REINO COMO MISTÉRIO

O evangelho de São Marcos diz que o Reino de Deus é um segredo que só pode ser conhecido na medida em que for revelado por Jesus:

“A vós é dado conhecer o mistério do Reino de Deus, mas aos de fora tudo lhes é proposto em parábolas” (Mc 4, 11).

Segundo os testemunhos evangélicos Jesus iniciou a sua vida apostólica, anunciando a poximidade do Reino de Deus.

“Depois de João ter sido preso, Jesus foi para a Galileia e proclamava o Evangelho de Deus, dizendo:

“Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho” (Mc 1, 14-15).

A carta aos Efésios fala do mistério do Reino, dizendo que o Espírito Santo o revelou aos apóstolos, a fim de anunciarem o plano de Deus em favor dos homens:

“Deus manifestou-nos o mistério da sua vontade e o plano generoso que tinha estabelecido para conduzir os tempos à sua plenitude.

E foi assim que ele submeteu todas as coisas a Cristo, tanto as que há no Céu como as da Terra” (Ef 1, 10).

São Paulo diz que o seu conhecimento profundo sobre o Reino de Deus se deve ao facto de este lhe ter sido revelado pelo Espírito de Deus:

“Por revelação me foi dado conhecer este mistério, o qual não foi dado a conhecer aos homens das gerações passadas.

Agora, porém, o Espírito Santo revelou-o aos santos Apóstolos e Profetas no Espírito Santo.

Segundo este mistério, os gentios são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo
corpo e participantes da mesma promessa em Cristo Jesus, através do Evangelho” (Ef 3, 3-6).

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Calmeiro Matias

JESUS CRISTO E O MISTÉRIO DO REINO DE DEUS-II

II-O REINO COMO REALIDADE A ACONTECER

O Reino de Deus é um projecto que está em marcha na História, mas a sua plenitude transcende a mesma História.

É esta a razão pela qual, no Pai-Nosso, Jesus ensinou os discípulos a pedirem ao Pai para que o Reino venha (Mt 6, 10; Lc 11, 2).

São Lucas diz que Jesus mandou os discípulos a anunciar a proximidade do Reino de Deus (Lc 9, 2).

Os que forem perseguidos por causa da justiça e da sua fidelidade ao Evangelho devem considerar-se felizes, pois o Reino de Deus é para eles (Mt 5, 10).

À medida que o Espírito Santo nos ajuda a saborear o Reino de Deus, este torna-se para nós a coisa mais importante.

Por esta razão que Jesus dizia aos discípulos para procurarem em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6, 33).

Os evangelhos dizem que os milagres de Jesus eram sinais para as pessoas compreenderem que o Reino de Deus estava a emergir no meio delas.

Foi também esta a interpretação que Jesus fez dos milagres que realizava e da sua acção libertadora em favor das pessoas:

“Se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demónios, dizia ele, então o Reino de Deus já chegou até vós” (Mt 12, 28; Lc 12, 31).

Só o Homem Novo, isto é, as pessoas renascidas pelo Espírito Santo podem participar no Reino de Deus disse Jesus a Nicodemos:

“Quem não nasce do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que nasce da carne é carne e o que nasce do Espírito é espírito” (Jo 3, 5-6).

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Calmeiro Matias

JESUS CRISTO E O MISTÉRIO DO REINO DE DEUS-III

III-O REINO COMO DOM DE DEUS E TAREFA HUMANA

O Reino de Deus implica persistência e fidelidade à vontade de Deus: “Quem lança mão do arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus” (Lc 9, 62).

E ainda: “Se a vossa justiça (fidelidade a Deus) não exceder a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5, 20).

São Paulo é o maior exemplo do que significa um homem fiel ao Deus que o chamou para o serviço do Evangelho (Act 28, 31).

O Reino de Deus é uma realidade de grandeza humano-divina, pois assenta na união orgânica do Homem com Deus, graças ao mistério da Encarnação.

Podemos dizer que a Encarnação é o enxerto do divino no humano, condição para que a Humanidade possa ser assumida na comunhão da Santíssima Trindade.

Como imagem diríamos que nós somos o ramo do limoeiro frágil e enfraquecido, o qual foi enxertado na laranjeira saudável e robusta que é o Filho Eterno de Deus.

Este exemplo é uma imagem da interacção orgânica do humano com o divino que acontece em Cristo. A seiva que alimenta este enxerto é o Espírito Santo.

São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).
A seiva é o Espírito Santo que nos vivifica e capacita para dar frutos excelentes.

No momento da ressurreição de Jesus, esta dinâmica é difundida, através dele para todos nós.

Ao receber a seiva vivificante da laranjeira, o ramo do limoeiro começa a robustecer-se e a dar limões de excelente qualidade.

Isto significa que a seiva que vem da laranjeira optimiza o limoeiro e os seus frutos. Jesus disse que a pessoa humana unida de modo orgânica a Cristo dá excelentes frutos, pois sem ele nós somos ramos estéreis (Jo 15, 4-5).

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Calmeiro Matias