
Na fase infantil, o homem é sobretudo um barro a ser modelado pelos outros: pais, escola ou o contexto social.
A criança é um feixe de possibilidades de vida livre, consciente e responsável que falta realizar.
Na verdade, a criança é uma história por contar e um romance por escrever.
Ao longo dessa história surgirão paixões, agressividades, sofrimentos, opções certas e erradas que formam o entretecido da história de cada pessoa.
Os adultos facilitam ou dificultam a estruturação e vivência desta história por contar, deste poema que ainda não está escrito e desta estátua não plenamente esculpida.
Podermos dizer que uma criança é uma história de amor que ainda não aconteceu e uma canção que ainda não foi cantada.
As crianças começam por adquirir o jeito do contexto em que crescem e se desenvolvem:
Se crescem num contexto de fé aprendem a ser crentes.
Se crescem num ambiente religiosamente indiferente aprendem a ser indiferentes. Se crescem num ambiente onde as pessoas tomam a vida a sério, aprendem a ser pessoas comprometidas consigo, com os outros e com Deus.
Se vivem rodeadas de atitudes hostis aprendem a defender-se através de atitudes e comportamentos agressivos.
Se vivem em ambientes vazios de ternura começam a sentir-se inseguras e dominadas pelo medo.
Se vivem em ambientes onde não são valorizadas nem estimadas ficam enredadas em sentimentos de auto compaixão e não alimentam a sua auto-estima.
A criança é um dom que ainda não se realizou e que apenas se realizará na medida em outros sejam dom para ela.
A criança é um coração não poluído, mas que os outros podem introduzir progressivamente no mundo da poluição moral.
É uma fé que ainda não foi posta à prova. Por isso acredita cegamente nos adultos que a rodeiam, em especial nos seus pais.
Se vivem em meios marcados pela inveja aprendem a ser invejosas. Se têm a sorte de encontrar pessoas que as encorajam tornam-se auto-confiantes.
O Livro do Génesis diz que o Homem, depois de ter recebido o hálito da vida se tornou um ser vivente (Gn 2, 7).
O hálito da vida é, como vimos, o Espírito Santo. São Paulo diz que é pelo Espírito Santo que somos assumidos e incorporados na Família de Deus:
Filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho de Deus (Rm 8, 14-16). Depois acrescenta que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).
Somos templos do Espírito Santo, diz a Primeira Carta aos Coríntios (2 Cor 3,16). Podemos dizer que levamos no nosso íntimo o selo do amor de Deus, o qual nos orienta e ilumina nesta tarefa do modelar o barro.
Deus Pai deu-nos o beijo da Criação. O Filho Eterno de Deus deu-nos o segundo beijo, isto é o beijo da Salvação.
Através deste beijo Salvador, o Filho de Deus comunicou-nos o Espírito Santo, a Água Viva que, no nosso íntimo se torna uma nascente a jorrar Vida Eterna (Jo 4, 14; 7, 37-39).
Através de Cristo ressuscitado, o Homem tornou-se membro da Família divina como diz a Carta aos Gálatas (Gal 4, 4-7).
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