sexta-feira, 28 de agosto de 2009

SABOREANDO O PODER INFINITO DO AMOR

SABOREANDO O PODER INFINITO DO AMOR

A dignidade do ser humano começa no facto de não nascer determinado como os animais.

A pessoa humana nasce para se realizar e construir a partir de um leque de talentos que recebeu dos outros.

Ninguém pode substituir uma pessoa na tarefa da sua realização. A Humanidade é imagem perfeita de Deus por ser constituída por pessoas, tal como a Divindade.

Pelo facto de ser uma pessoa, o ser humano tem a possibilidade de ser assumido e incorporado no mistério familiar de Deus.

Isto quer dizer que a vida pessoal e o amor precederam o Universo. O impulso primordial que deu origem à génese do Cosmos partiu da Comunhão Familiar da Santíssima Trindade.

Ainda não tinha sido iniciada a génese das galáxias e já existia a Divindade como comunidade amorosa.

O amor confere às pessoas a capacidade de criar. Só em relações de amor a pessoa humana se estrutura e constitui de modo equilibrado e feliz.

A vida espiritual e o amor estão primeiro. Deus é relações de amor em densidade de perfeição infinita.

A Primeira Carta de São João dá-nos a definição mais bela da Divindade, ao dizer que Deus é amor (1 Jo 4, 7).

Isto quer dizer que a marcha criadora do Universo foi iniciada pela força do Amor. O amor não é uma teoria, mas relações, poder criador, e força omnipotente para suscitar o bem.

As pessoas humanas, tais como as divinas, estão talhadas para a comunhão.

É por esta razão que a plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão amorosa.

Fechada em si, a pessoa está em estado de malogro e perdição.

Não tem ninguém que lhe diga: “Gosto de ti. Dá-me a tua mão e vamos fazer uma festa!”



Se a Santíssima Trindade é uma comunhão familiar de três pessoas, então a família precedeu o Universo.

Antes da explosão primordial do “big bang” ter dado início à marcha criadora do Universo, já existia o Amor.

O amor e a comunhão estão no começo e no fim da criação. São o Alfa e o Ómega, como diz a bíblia (Apc 21, 5-6).

Por estar talhada para o amor, a vida pessoal ou é divina ou proporcional à Divindade. É por esta razão que Deus sonhou uma plenitude divina para as pessoas humanas!

Este sonho de Deus realizou-se no mistério da Encarnação, mediante o qual o divino se enxertou no humano, a fim de este ser divinizado.

Com o aparecimento das pessoas humanas na marcha da Criação, a vida atingiu o limiar da eternidade.

Mediante a marcha da humanização, estamos a edificar na História aquilo que será divinizado na comunhão com Deus.

Isto quer dizer que o jeito de amar de uma pessoa constitui o núcleo da sua identidade espiritual, a qual é eterna.

No Reino de Deus seremos identificados, pelo modo de dançar o ritmo do amor. No Reino de Deus dançaremos eternamente o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que tiver treinado enquanto viveu na História.

É agora que temos de construir aquilo que seremos para sempre. A pessoa em construção na História está a caminhar para a plenitude do amor, isto é, a reciprocidade perfeita:

A pessoa possui-se na medida em que se dá. Além disso, possui Deus e os outros na medida em que é capaz de comungar.

Nesta festa da reciprocidade, o Espírito Santo é o princípio que optimiza a Comunhão de todos.

São Paulo entendeu muito bem este mistério ao dizer que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).

O amor é o princípio e o fim. É também o amor que faz emergir a essa novidade constante que é a nossa interioridade espiritual.

Por ser criador, o amor é sempre novo. Por isso nunca cansa nem satura. É por esta razão que Deus nunca envelhece, pois nunca se repete.

Eis o que diz o Livro do apocalipse: “O que estava sentado no trono disse:

“Eis que renovo todas as coisas (...). Disse ainda: “Eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim (Apc 21, 5-6).

São João diz que só através do amor podemos conhecer Deus (1 Jo 4, 8).


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias










quarta-feira, 26 de agosto de 2009

OS CAMINHOS DA PAZ INTERIOR



OS CAMINHOS DA PAZ INTERIOR

A paz interior é um dom do Espírito Santo, diz a Carta aos Gálatas: “Por seu lado, são estes os frutos do Espírito: amor, alegria, paz” (Ga 5, 22).

A paz interior e a alegria caminham a passo igual, pois o Espírito Santo é o alicerce destes dois estados de espírito.

Dizer que a paz é um dom do Espírito Santo significa que é algo que nós podemos aceitar ou não.

Na verdade, os dons de Deus são-nos sempre feitos em forma de possíveis que nós podemos aceitar ou não.

Se assim não fosse, os dons de Deus não seriam dons mas imposições. Eis o que dizem os evangelhos a este propósito:

“Quem de entre vós, com as suas preocupações, pode prolongar a duração da sua vida?” (Mt 6,25-27).

E o evangelho de São Lucas acrescenta: “Tende cuidado para que as vossas vidas não fiquem pesadas devido ao excesso de preocupações” (Lc 21,34).

Apesar do ritmo acelerado em que o mundo caminha, nós podemos contrariar em nós esta tendência sintonizando com a dinâmica pacificadora do Espírito Santo, cujo fruto é a paz (Ga 5, 22).

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo convida-nos a cultivar sentimentos de confiança em Deus que está connosco e deseja o melhor para nós.

Na véspera da sua morte, Jesus deixou aos discípulos o dom da paz como o grande fruto do Espírito Santo.

Eis as palavras de Jesus: “Deixo-vos a minha paz, a minha paz vos dou” (Jo14,27). São Paulo, depois de ter saboreando o excelente dom da paz diz aos Colossenses:

“Reine em vossos corações a paz de Cristo à qual fostes chamados, formando um só corpo” (Col 3,15).

Estas afirmações não são produto de uma teoria qualquer, mas sim revelação de Deus. Somos convidados a deixar-nos conduzir pelo Espírito Santo que conduz os nossos passos no caminho da paz diz o evangelho de São Lucas:

“O Senhor guia os nossos passos no caminho da paz” (Lc.1,79). São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Por isso Jesus aconselha os discípulos a buscarem o silêncio, a fim de saborearem esta presença amorosa que gera em nós paz e alegria:

“Retiremo-nos para um lugar deserto e fiquemos ali por algum tempo” (Mc 6,31). Traduzindo esta proposta de Jesus para os nossos dias diríamos que quinze ou vinte minutos de silêncio e meditação da Palavra de Deus são muito importantes para realizarmos a “higiene” da mente e do coração.

Nesses momentos, a nossa mente recebe uma luz e uma sabedoria que nos ajuda a olhar as coisas com os critérios de Jesus, como diz São Paulo:

“Tudo vos pertence (…) a vida, a morte, as coisas presentes e as futuras. Tudo é vosso, mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus” (1Cor 3,21-23).



Jesus convida-nos a pôr as nossas dificuldades nas mãos de Deus. Não para sermos substituídos, mas para deixarmos que o Espírito Santo dinamize as nossas forças e optimize as nossas capacidades.

Eis o que Jesus diz no evangelho de Mateus: “Não andeis preocupados, dizendo: “que iremos comer, beber ou vestir? (...).
Procurai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas.

Não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã se preocupará consigo mesmo. A cada dia basta a sua dificuldade” (Mt 6, 31-34).

Se nos deixamos dominar pelo frenesim do mundo destruímo-nos e não conseguiremos ser válidos para os outros.

A pressa excessiva e o activismo não trazem vantagens para ninguém. É bom repetirmo-nos com frequência: “Sei que Deus está em mim e por mim e para mim.”

Se treinarmos a mente e o coração para acolher a Palavra e o Espírito Santo, muito em breve sentiremos uma mudança na qualidade da nossa vida pessoal e relacional.

Esta experiência significa o Reino de Deus a acontecer dentro de nós como diz a Carta aos Romanos:

“O Reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm.14,17). Quando São Paulo escreveu estas palavras não estava a pensar numa realidade distante e fora do mundo.

Pelo contrário, estava a falar de algo que se experimenta, como diz o evangelho de São Lucas:

“A vinda do Reino de Deus não é observável no nosso exterior. Não se poderá dizer: ei-lo aqui, ou acolá, pois o Reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17,20-21).

É importante tomarmos estes ensinamentos de Jesus a sério.



Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sábado, 22 de agosto de 2009

QUANDO A SOLIDÃO HABITA O HOMEM-I

I-OS SINTOMAS DA SOLIDÃO

Há um tipo de solidão que domina a pessoa de modo permanente, minando nela a alegria de viver e bloqueando as suas energias espirituais.

Esta solidão é um sintoma claro de um estado depressivo. A superação deste tipo de solidão está dependente da cura da depressão da pessoa.

Para além desta solidão a que podemos chamar crónica, existe uma variedade enorme de experiências de solidão, as quais devem ser analisadas, a fim de a pessoa conhecer as suas causas e poder ultrapassar o sofrimento que advém destes estados.

Há pessoas que sentem o sofrimento da solidão porque se julgam diferentes ou então porque têm a sensação de que não significam nada para os demais.

É importante não confundir solidão com estar só. Uma pessoa pode estar só e sentir-se profundamente integrada e em comunhão com os outros.

Por outro lado, podemos estar no meio de uma grande multidão e sentirmo-nos profundamente sós.

Por outras palavras, uma pessoa pode estar a sentir uma grande solidão no meio de um grande aglomerado de pessoas.

O contrário da solidão é a comunhão. Isto quer dizer que à medida que se sente amada, a pessoa sente-se afectivamente fortalecida e não se deixa vencer pela solidão.

É esta a lei do amor: “O amor dos outros capacita-nos para amar e os mal-amados ficam a amar mal, sem disso serem culpados.”

Amar é eleger o outro como alvo de bem-querer, aceitando-o como é e facilitando a sua realização.

A pessoa humana só consegue realizar-se e ser feliz dentro de um contexto de relações de amor.

A solidão é o alarme que nos avisa de que algo está a caminhar mal em relação à amizade e ao amor. Acontece quando a pessoa não encontra um suporte afectivo forte para se sentir segura.

A criança que se perdeu dos pais num lugar desconhecido faz uma experiência terrível de solidão.
Sente os fundamentos da sua vida a desmoronar-se.

É dura a solidão das pessoas que, apesar de viverem numa casa, não têm um lar. Só o amor é capaz de fazer que uma casa se converta num lar, é o amor.

Sofrem de grande solidão as pessoas que apenas ouvem o eco da sua voz.

É dolorosa a solidão da pessoa que se sente perdida numa grande cidade onde não tem amigos que a escutem e a compreendam.

Solidão e fonte de tristeza é uma pessoa que não tem ninguém que lhe dê os parabéns pelas coisas boas e bonitas que realiza.

É dolorosa a solidão do rapaz que está num jardim enorme, tem uma bola, mas não tem um amigo para jogar.

Solidão tem o menino ou a menina que fizeram um desenho muito bonito e os pais são indiferentes e não a felicitam nem estimulam.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

QUANDO A SOLIDÃO HABITA O HOMEM-II


II-CONHECER AS CAUSAS DA PRÓPRIA SOLIDÃO

Quando a solidão te invadir põe-te esta pergunta: “Que hei-de fazer para amar alguém?” Ou então: "O que é que eu posso partilhar com os outros, a fim de os ajudar a ser mais felizes?"

O amor é o único alicerce sólido para edificar uma pessoa realizada e feliz. São muito variadas as situações que podem gerar sentimentos de solidão na pessoa.

A solidão acontece porque somos seres sociais cuja plenitude e satisfação só pode acontecer na comunhão.

A condição social da pessoa inclui muitas facetas: Aspecto familiar, relações de amizade, grupo de pertença, contexto cultural e outros.

Quando alguém perde uma pessoa de família ou um amigo muito próximo faz uma experiência dolorosa de solidão.

Mas esta experiência de solidão é muito distinta da solidão sentida por uma pessoa que se sente excluída de um grupo.

Para superar o primeiro sentimento de solidão, a pessoa tem de encontrar alguém que, de algum modo, possa colmatar a perda sofrida pela morte.

Para superar a segunda experiência de solidão, é importante que a pessoa relativize o valor e a importância do grupo que a marginalizou, procurando integrar-se noutros grupos.

Uma outra experiência de solidão profunda é a das pessoas que mudam para outro contexto cultural, linguístico e nacional.

Os costumes, os hábitos, os diferentes modos de ver e valorizar as coisas do novo contexto são causa de grande solidão para as pessoas recém-chegada. É o caso dos emigrantes.

Esta solidão é muito maior se a pessoa recém chegada sente que não é bem tolerada pelo contexto social dominante.

Este sentimento de solidão vai diminuindo à medida que a pessoa se consegue ir integrando no novo contexto cultural.

Existe ainda a solidão dos mal-amados. Somos seres históricos. Para nos dizermos temos de contar uma história.

Todas as experiências dolorosas da nossa vida estão registadas no nosso cérebro, formando um entretecido interactivo.

Quando este entretecido é constituído por muitas experiências negativas gera situações de grande sofrimento e solidão.

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

QUANDO A SOLIDÃO HABITA O HOMEM-III

III-SABER LUTAR CONTRA A SOLIDÃO

Ninguém sofre de solidão sem saber. Há uma série de sintomas que a acompanham que, por isso a tornam evidente.

Eis alguns dos sintomas que acompanham a experiência da solidão. Mas isto não quer dizer que as pessoas que estão em solidão tenham estes sintomas todos:

* De que ninguém se interessa por elas.
*De que os outros só as procuram na medida em que lhes elas lhes são úteis.
*De que ninguém as compreende.
*De que não conseguem interagir satisfatoriamente com os demais.
*De que têm de se relacionar com pessoas de que não gostam, a fim de preencher o vazio da solidão.
*De que são diferentes dos demais.
*De que ninguém se interessa por aquilo que são.
*De que sentem raiva sem razão aparente ou dão consigo a gritar.
*De terem medo de que os outros as abandonem.
*De estarem muitas vezes tristes e vazias.
*De que, sem saber bem porquê, estão a caminhar para comportamentos destrutivos tais como beber ou comer demasiado.
*De que a sua afectividade não encontra realização em alguns dos seus aspectos mais profundos.
*De que não são aceites, de que ninguém as ama. Mesmo que os outros não sintam isto a respeito delas.
*De que lhes faltam muitos dos laços afectivos que tiveram outrora.
*De que não têm com quem partilhar as suas experiências e preocupações.
* Sentem-se muito sós e não encontram nenhuma alternativa.
* Sentem que a sua auto-estima está muito em baixo.
* Têm a impressão de que os outros estão sempre a julgá-las.
* Sentem-se isoladas, sós e normalmente infelizes.

A solidão empobrece as capacidades espirituais da pessoa, pois consome a maior parte das suas forças interiores à volta dos sentimentos mencionados.

A pessoa deve ter presente que a vitória sobre a solidão não é uma questão de arranjar muitas ocupações, acabando por cair no activismo que esvazia a sua vida interior.

É muito importante que a pessoa tome consciência das suas qualidades e procure desenvolvê-las.

É fundamental arranjar modos de conviver hoje, e não se refugiar em sonhos de um futuro cor-de-rosa.

Todos sentimos necessidade de amar, ser amados e valorizados. A solidão é o sinal claro de que o nosso coração tem fome de relações significativas e afectivamente satisfatórias.

Tentar iludir os sentimentos de solidão ou sentir-se culpado pelo facto de os ter é o mesmo que tentar iludir a sensação de fome ou sentir-se culpado por tal sensação.

Estamos talhados para amar e sair de nós mesmos. O amor dos outros é fundamental para a pessoa vencer as suas situações de solidão.

É importante saber que a solidão é uma experiência muito frequente na vida das pessoas.

No fundo a experiência da solidão é um apelo a construir-se numa dinâmica de amor.

A pessoa que sente a solidão de modo muito profundo deve buscar as mediações adequadas para ultrapassar esta situação.

Não pretenda iludir ou tentar ignorar os seus sentimentos de solidão, pois estaria a fechar-se ao essencial.

Eis algumas sugestões para ajudar a pessoa a ultrapassar a experiências de solidão:
* Ponha-se a hipótese de um trabalho voluntário. A sensação de ser útil fortalece a sua auto estima.
* Empenhe-se num grupo da sua paróquia ou de uma associação cultural.
* Cultive a arte de saudar as pessoas e inicie uma conversa com as que lhe são mais próximas.
* Convide uma pessoa conhecida para tomar café.
* Procure desmontar as defesas criadas com pessoas do passado, as quais não têm nada a ver com as pessoas que conhece hoje.
*É importante tomar consciências dos próprios preconceitos, a fim de não meter as pessoas que encontra dentro de moldes nos quais elas não cabem.
*Habitue-se a cultivar pensamentos positivos, tomando consciência das próprias qualidades e capacidades.
*A Internet pode proporcionar uma excelente ajuda no sentido de vencer a solidão.
*Procure vencer a passividade e tornar-se mais activo, evitando, no entanto, o activismo, fuga desgastante que acaba por agravar a situação.
*Contrarie a tendência de pensar que a solidão é uma característica inalterável do seu ser.
* Reforce a ideia de que a solidão é uma experiência comum à generalidade dos seres humanos.
*Procure criar novas situações em que possa comunicar e fazer bem aos outros.
*Evite magoar-se, sabendo distinguir o que é possível e viável daquilo que o não é.
*Não desista de realizar as suas aspirações e sonhos, só porque o sentimento de solidão persiste.
*Explore a possibilidade de fazer sozinho aquilo que habitualmente fazia em companhia de outras pessoas: ver cinema, concertos, actividades culturais ou desportivas.
*Não passe a vida a culpar-se ou a culpar os outros pelo seu estado de solidão.
* Procure vencer a relutância em assumir comportamentos em que afirme as suas reais qualidades.
*Procure não se olhar com as lentes baças do negativismo, o qual é sempre gerador de solidão. Não seja intolerante para consigo.
*Ouvir música e ler bons livros são uma actividade muito positiva, capaz de ajudar a vencer a solidão.
*Se é crente não deixe de ocupar algum tempo na oração ou meditação diária.

No interior de cada pessoa existe uma fonte de energias extraordinárias. Se a pessoa procura explorar e desenvolver estas energias pode atingir níveis insuspeitáveis de realização e felicidade.

Se for crente, pode descobrir que a fonte de alegria, o Espírito Santo, habita no seu íntimo. Esta descoberta pode dar início ao nascimento do Homem Novo em si.

Em comunhão convosco
Calmeiro matias



terça-feira, 18 de agosto de 2009

OLHANDO A MORTE À LUZ DE CRISTO-I

I-APRENDER A VIVER E A MORRER

Morrer é a derradeira possibilidade de renascer. A consciência da nossa morte ilumina o sentido que a vida tem.

Na verdade, os sentidos da vida e da morte caminham a passo igual. Pouco a pouco a pessoa vai descobrindo que o amor é uma causa que tanto vale para viver como para morrer.

Jesus disse que a pessoa atinge a profundidade máxima do amor quando dá a vida pelos outros.

Podemos dizer que a pessoa que ama até à morte nasce para a plenitude da vida. Para as pessoas que gastam a vida pelas causas do amor, a morte final já não tem o sentido de uma tragédia sem saída, pois estas pessoas souberam ir morrendo ao homem egoísta que há em todos nós.

Morrer para dar vida é a maneira mais perfeita de rebentar os muros da própria finitude. Felizes dos que sabem ir morrendo, a fim de dar vida aos outros.

Estas pessoas estão a renascer todos os dias para a plenitude da vida. É muito frequente encontrar pessoas que, ao tomarem consciência da proximidade da sua morte, se sentem mais profundamente chamadas a gastar a vida pelo amor.

Na verdade, é o amor que torna fecunda a vida das pessoas. Por isso a consciência da proximidade da morte é um apelo a amar mais plenamente.

Vista à luz da dinâmica do amor, a morte surge um pouco como o parto fundamental para o nascimento definitivo.

À luz da fé, a morte surge como o rebentar da casca do ovo em cujo interior está a germinar o pintainho, isto é a nossa interioridade espiritual.

De facto, a pessoa em construção é como uma obra-prima feita de barro em cujo interior está a emergir outra obra-prima feita de Espírito.

Por ser espiritual, a nossa interioridade pessoal não cai sob a alçada da morte. Pelo contrário, graças à ressurreição de Cristo, a morte é condição para atingirmos a nossa glorificação com ele.

Pelo mistério da Encarnação o Filho de Deus fez-se nosso irmão, a fim de sermos membros da família divina.

A pessoa humana atinge esta meta através desse acontecimento derradeiro que é a morte.

Na verdade, a pessoa nasce para a vida plena ao ser definitivamente incorporada na Comunhão da Santíssima Trindade.

Ao anular o ser exterior da pessoa, a morte possibilita a libertação definitiva do seu ser espiritual, condição para entrarmos na intimidade de Deus.

Isto quer dizer que a morte não mata a pessoa, mas apenas o ser exterior que lhe servia de matriz.

Ao ressuscitar Cristo tornou-se para nós a Árvore da Vida que nos proporciona o fruto da vida eterna.

Este fruto é o Espírito Santo, ao qual Cristo no une de modo orgânico, pois a Encarnação aconteceu como o enxerto do divino no humano pelo Espírito Santo.

Como habita no mais íntimo de nós, o Espírito Santo configura-nos interiormente com Cristo e introduz-nos na Família Divina (Rm 8, 14-17; Ga 4, 4-7).

Com seu jeito maternal de amar, ele ajuda-nos a nascer de novo, como Jesus diz no evangelho de São João (Jo 3, 6).

Parafraseando o Livro do Génesis, podemos dizer que, graças a Cristo ressuscitado, passamos a ter acesso ao fruto da Vida Eterna do qual Adão fora privado (cf. Gn 3, 22-24).

São Paulo diz que assim como a morte nos veio por Adão, a Vida Eterna vem-nos por Jesus Cristo o Novo Adão (Rm 5, 17-19).

Graças ao Espírito Santo que nos vem do Novo Adão, nós tornamo-nos membros da Família de Deus (Rm 8, 14-17).

Ele é a cabeça da Humanidade restaurada. É o medianeiro da reconciliação universal com Deus (2 Cor 5, 17-19).

Por Ele veio a plenitude humana, isto é, o Homem assumido e integrado na Comunhão Universal do Reino de Deus.

E deste modo somos organicamente inseridos na comunhão da Santíssima Trindade. Eis o novo nascimento que culmina na nossa divinização.

Ao morrer, Cristo destruiu a nossa morte. Ao ressuscitar restaurou a nossa vida, incorporando-a na comunhão familiar da Santíssima Trindade.


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

OLHANDO A MORTE À LUZ DE CRISTO-II

II-A VIDA QUE VENCE A MORTE

A curva da vida a caminhar para a morte é implacável e impõe-se a todos os seres vivos.

Os passos fundamentais da a orientar-se para a morte são: nascimento, crescimento, envelhecimento e morte.

Apenas a vida pessoal, por ser espiritual, escapa à lei implacável desta curva da vida a caminhar para a morte.

O processo histórico da humanização tem uma vertente exterior, isto é, social e histórica e a vertente interior ou espiritual.

A nível espiritual a pessoa não está talhada para o vazio da morte, mas para a plenitude da comunhão com Deus.

É por esta razão que Jesus disse que temos de nascer de novo pelo Espírito Santo (Jo 3, 6).

O ser humano renasce na medida em que emerge como interioridade pessoal. Este renascimento acontece pela dinâmica do amor.

Nascemos para entrar no processo da humanização cuja lei é: emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a Comunhão Universal do Reino de Deus.

Emergir como pessoa significa crescer em densidade espiritual e capacidade de interagir amorosamente com os outros.

A plenitude da pessoa, portanto, não está em si, mas na comunhão com os outros. Renascer significa emergir como pessoa a convergir para a comunhão.

A interioridade da pessoa cresce em dinâmica de relações. Além disso, por ser espiritual, tem densidade de vida eterna.

O Espírito Santo é a pessoa que anima as relações familiares entre Deus e o Homem.

O Filho de Deus encarnou pelo Espírito Santo, a fim de possibilitar a comunhão orgânica entre Deus e o Homem.

É verdade que as pessoas humanas não são iguais às divinas, mas são-lhe proporcionais.

O nosso ser é constituído por duas faces profundamente diferentes: a face exterior que é física e a face interior que é espiritual.

O nosso ser exterior mede-se por quilos, densidade de emoções e propriedades adquiridas. É avaliado pelo que tem.

O ser interior, pelo contrário, constitui a nossa identidade definitiva e mede-se pela capacidade de amar.

Poroutras palavras a nossa face interior não vale pelo que tem mas sim que é.

O nosso ser exterior está votado à morte. É como a casca do ovo depois de o pintainho ter nascido: só lhe resta entrar nos circuitos físicos e químicos da Natureza.

Apenas a nossa interioridade pessoal, por ser espiritual, pertence à esfera da transcendência, a qual é constituída pela comunhão das pessoas divinas, humanas e todas as outras que possam
existir.

Por outras palavras, o nosso ser exterior acaba no silêncio da solidão cósmica, tal como as plantas ou animais após a morte.

O nosso ser interior, pelo contrário, está chamado à plenitude amorosa da Comunhão Universal.

Eis o que significa termos sido criados à imagem e semelhança de Deus e estarmos a caminhar para a comunhão dos ressuscitados com Cristo.

É este o coração do nosso ser onde foi derramado o amor de Deus pelo Espírito Santo que nos é dado (Rm 5, 5).


Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias




quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O SENTIDO DIVINO DO PROJECTO HUMANO-I

I-O FACE A FACE DE DEUS COM O HOMEM

O evangelho de São João diz que o Espírito Santo é a Água Viva, a qual faz jorrar rios de Vida Eterna no interior dos que a bebem (Jo 4, 14).

Beber a Água da Vida Eterna significa interagir com o Espírito Santo no nosso íntimo.

O núcleo mais nobre do ser humano é o ponto de interacção da pessoa com Deus através do Espírito Santo.

Este núcleo foi activado no momento em Deus insuflou o hálito da vida no interior do barro primordial do qual saiu Adão como diz o Livro do Génesis (Gn 2, 7).

No evangelho de são João, Jesus diz que o Espírito Santo, no nosso íntimo uma fonte da qual brota a dinâmica da Vida eterna:

“No último dia, o mais solene da festa, Jesus, de pé, bradou: se alguém tem sede venha a mim. Quem acredita em mim que sacie a sua sede!

Como diz a Escritura, hão-de brotar do seu coração nascentes de Água Viva. Jesus disse isto referindo-se ao Espírito Santo que iam receber os que cressem nele” (Jo 7, 37-39).

Participar da vida de Deus é entrar na comunhão da Santíssima Trindade. Na verdade, o Céu não é um lugar, mas uma comunhão orgânica com a intimidade de Deus.

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo conduz-nos a Deus Pai que nos acolhe como filhos e ao Filho de Deus que nos acolhe como irmãos.

Deste modo somos incorporados na comunhão familiar da Santíssima Trindade. A Carta aos Romanos afirma que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Ao afirmar isto, São Paulo entendia muito bem a dinâmica salvadora do Espírito Santo no nosso íntimo.

Na Primeira Carta aos Coríntios ele diz o Espírito Santo habita no nosso coração como num templo (1 Cor 3, 16).

Mas São Paulo sublinha ainda de modo mais explícito o papel do Espírito Santo no coração do Homem quando afirma:

“Todos os que são movidos pelo Espírito Santo são Filho de Deus. É o mesmo Espírito Santo que, no íntimo do nosso espírito, afirma que somos realmente filhos.

Na verdade, vós não recebestes um espírito de escravidão para andardes com medo, mas um Espírito de adopção que, no vosso íntimo clama “Abba”, ó Pai” (Rm 8, 14-15).

Dos pais nós recebemos a vida biológica. Mas fonte da nossa vida espiritual é o Espírito Santo.

Ao ser-nos comunicado como hálito de vida, isto é, como amor primeiro, capacitou-nos para amar, a fim de podermos iniciar a marcha histórica da humanização.

De facto, a humanização do Homem só pode acontecer através do amor. Além disso, ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado.

A capacidade primordial de amar surgiu em nós graças à interacção primordial entre o Homem e o Espírito Santo.

É por esta razão que Jesus diz no evangelho de São João que temos de nascer de novo pelo Espírito Santo:

“Em verdade em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode ver o Reino de Deus.

Aquilo que nasce da carne é carne. O que nasce do Espírito é espírito. Não te admires por eu te ter dito: vós tendes de nascer do alto” (Jo 3, 6-7).

Com o coração cheio de contentamento podemos dizer no começo de cada novo dia: “Sei que, neste dia, Deus está comigo e mim!”

Podemos dizer que Deus é a nossa interioridade máxima, embora sem se confundir connosco.
A transcendência, portanto, não significa distância, nem exterioridade.

Isto quer que a fonte da nossa plenitude está ao nosso alcance, pois está no mais íntimo de nós.
O livro do Apocalipse diz que o Senhor está sempre junto ao nosso coração.

Bate à porta e aguarda que lhe permitamos a entrada: “Eis que estou aqui! Estou à porta e bato. Se alguém ouve a minha voz e me abre, eu entrarei e tomarei a refeição com ele e ele comigo” (Apc 3, 20).

A primeira carta de São João diz que Deus é amor (1 Jo 4, 7). Como o amor nunca se impõe, Deus está em nós mas não se impõe.

Podemos ter a certeza que Deus está disponível para nós vinte e quatro horas por dia! Ele é o Deus vivo que nos sonhou à sua imagem e semelhança e sonhou um plano amoroso para nós.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O SENTIDO DIVINO DO PROJECTO HUMANO-II

II-SÓ O DIVINO PREENCHE O HUMANO

Deslumbrado com a descoberta da ternura de Deus, o profeta Jeremias exclama em nome de Deus:

“Antes de te formar no ventre da tua mãe eu te conheci. Ainda antes de teres nascido eu te consagrei e te escolhi como profeta para as nações” (Jer 1, 5).

Nesta mesma linha, a carta aos Efésios proclama o plano de Deus para nós, dizendo que Deus nos predestinou, isto é, nos configurou com Cristo, a fim de, com ele, formarmos a família de Deus:

“Deus escolheu-nos em Cristo antes da fundação do mundo, a fim de sermos santos e irrepreensíveis na sua presença mediante o amor.

Predestinou-nos para sermos adoptados como seus filhos por meio de Jesus Cristo, de acordo com o beneplácito da sua vontade” (Ef 1, 4-5).

O evangelho de São João diz que o amor de Deus por nós foi ao ponto de nos dar o poder de nos tornarmos filhos de Deus:

“E aos que o receberam, aos que acreditam no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.

Estes não nasceram do desejo da carne ou da vontade do homem, mas sim de Deus. O Verbo encarnou e habitou entre nós” (Jo 1, 12-14).

E depois acrescenta: “Com efeito, Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu amado Filho de tal modo que todo aquele que acredita nele não pereça mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).

O amor é a fonte da fecundidade da vida espiritual.

Se acolhermos o amor do Deus que nos habita, o homem novo que levamos no nosso íntimo não pode deixar de crescer cada vez mais, robustecendo-se em cada dia que passa, como diz a Segunda Carta aos Coríntios:

“Por isso não desfalecemos. Mesmo que em nós o homem exterior vá caminhando para o envelhecimento e da morte, o homem interior vai-se renovando e fortalecendo em cada dia.

Com efeito, a nossa momentânea e leve tribulação proporciona-nos um peso eterno de glória que não podemos calcular nem imaginar” (2 Cor 4, 16-17).

O livro do apocalipse descreve esta glória da Vida Eterna como uma relação de amor familiar entre Deus e o Homem:

“Então, Deus secará as lágrimas dos seus olhos. Não haverá mais morte, nem dor, nem choro nem qualquer forma de sofrimento, pois as coisas antigas passaram” (Apc 21, 4).

É esta a Nova Criação de que nos fala São Paulo na Segunda Carta aos Coríntios:

“Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. Passou o que era velho. Eis que tudo se fez novo! Tudo isto vem de Deus que, em Cristo, nos reconciliou consigo, não levando mais em conta os pecados dos homens e pondo nos nossos lábios a Boa Nova da reconciliação” (2 Cor 5, 17- 19).

A Carta aos Romanos diz que o Homem Novo vive em paz com Deus: “Portanto, uma vez que fomos justificados pela fé, vivemos em paz com Deus por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5, 1).

Eis a plenitude dos tempos: No princípio, Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança (Gn 1, 26-27).

Na plenitude dos tempos Deus incorporou-o na Família Divina, a fim de o fazer participante da vida divina na qual a vida humana encontra a sua plenitude.

Eis as palavras de Jesus no evangelho de São João: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em plenitude” (Jo 10, 10).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias



sábado, 8 de agosto de 2009

O SABOR ADMIRÁVEL DA VIDA NOVA-I

I-A EMERGÊNCIA DO HOMEM NOVO

Somos colaboradores de Deus na tarefa da nossa criação.

De facto, nós nascemos para nos construir. Levamos no mais íntimo do nosso ser uma interioridade espiritual a crescer.

No interior do nosso ser corporal emerge o nosso ser espiritual como o pintainho dentro do ovo.

Isto quer dizer que não somos uma alma estática vinda de fora e entrando no nosso corpo como algo acabado.

O nosso ser exterior é o útero generoso que abriga a nossa vida espiritual, possibilitando a sua plena gestação.

A bíblia chama coração ao núcleo mais nobre do nosso ser espiritual e que é o ponto de encontro com Deus e os outros.

Na verdade, Deus criou-nos para o encontro e a comunhão. Para podermos ser autores de nós mesmos, Deus não nos criou acabados.

Por outras palavras, Deus criou-nos, para que nos criemos. É por esta razão que, ao nascer, já trazemos connosco um leque de talentos que tornam possível a nossa realização.

Isto quer dizer que começamos por ser o que os outros fizeram de nós, pois é deles que recebemos a matéria-prima para nos criarmos.

Não escolhemos a raça, a língua, a família, a cultura ou a nacionalidade. Encontrámo-nos na vida com estes dados já estabelecidos.

Apesar de não os termos escolhido, os talentos formam o alicerce sobre o qual vamos a estruturando o nosso ser.

Na verdade, levamos no mais íntimo de nós uma pessoa a estruturar-se modo livre, consciente, responsável e capaz de amar.

Como o leque dos talentos não se repete, a Humanidade está a emergir no concreto de cada pessoa de modo único, original e irrepetível.

Isto quer dizer que está a emergir dentro de nós uma obra-prima feita de espírito cuja matriz é o nosso corpo feito de barro.

A força que faz emergir esta obra-prima é a dinâmica das relações de amor. Isto quer dizer que a emergência do nosso ser interior é uma tarefa que ninguém pode realizar por nós, pois Deus criou-nos para que nos criemos.

É verdade que Deus está connosco, mas não nunca nos substitui. Nascemos para renascer e comungar. O nosso ser interior, por ser por ser pessoal e espiritual é definitivo e eterno.

O nosso ser exterior, pelo contrário, é passageiro e mortal. Envelhece e vai-se degradando de modo progressivo e irreversível.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O SABOR ADMIRÁVEL DA VIDA NOVA-II

II-A PLENITUDE DA VIDA EM DEUS

É por esta razão que Jesus diz que temos de renascer pelo Espírito Santo, a fim de na Comunhão da Família de Deus (Jo 3, 6).

À medida que o Homem renasce pelo Espírito Santo, vai-se unindo a Cristo de modo orgânico.

É assim que emerge o Homem Novo, o qual se opõe ao Homem velho que unido ao velho Adão de modo orgânico.

São Paulo diz que o Homem Velho se vai degradando de modo gradual, enquanto o Homem Novo se vai robustecendo pela acção do Espírito Santo.

Eis as suas palavras: “Por isso não desfalecemos, pois ainda que em nós o homem exterior vá caminhando para a ruína, o interior vai-se renovando dia a dia.

Na verdade, a nossa tribulação passageira proporciona-nos um peso eterno de glória, para lá de qualquer medida.

Nós não nos fixamos nas coisas visíveis, mas nas invisíveis, pois temos consciência de que as coisas visíveis são passageiras, enquanto as invisíveis são eternas (2 Cor 4, 16-18).

Com o acontecimento da morte o nosso ser interior, nasce para a plenitude, entrando nas coordenadas da universalidade.

Nesse momento torna-se presente a todos os seres pessoais que constituem a Comunhão Universal.

A nossa identidade espiritual consiste no nosso jeito de amar e é eterna.

Isto quer dizer que seremos eternamente tal como nos fomos realizando na História. É agora o tempo de nos construirmos. É esta a nossa vocação fundamental.

Cristo Ressuscitado é a Árvore da vida que nos oferece gratuitamente o fruto da vida eterna.

Eis as palavras do Apocalipse: “ No meio da Praça da Cidade, nas margens do rio, está a Árvore da Vida, a qual produz doze colheitas de frutos.

Em cada mês o seu fruto. As folhas da Árvore servem de medicamento para todas as nações (Apc 22, 2).

De facto, é o Espírito Santo que, com o seu jeito maternal de amar, nos introduz na comunhão da Família de Deus.

São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).
Isto quer dizer que estar no Céu é estar na intimidade de Deus.


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

SABOREANDO O DOM DA EXISTÊNCIA HUMANA


Com o salto da hominização, a vida entrou no limiar da vida espiritual. Com a entrada no limiar da hominização, o barro ficou amassado, isto é, a marcha evolutiva atingiu a complexidade biológica do Homem.

Inicia-se a marcha da humanização, tarefa que temos de realizar e da qual ninguém nos pode substituir.

Na verdade, Deus criou-nos para que nos criemos, a fim de podermos emergir como pessoas livres, conscientes e responsáveis.

Bloquear este processo é morrer, isto é, recusar-se a ser mais pessoa mediante a dinâmica do amor.

Isto quer dizer que é agora o tempo da nossa gestação. É agora a nossa vez de nos construirmos, dando continuidade à História Humana.

Muitos estiveram antes de nós. E se não destruirmos a nossa Terra bonita e fecunda, muitos outros virão enriquecer o património da Comunhão Humana Universal.

Nesta tarefa ninguém se pode realizar sozinho. Com efeito, a marcha da humanização é uma tarefa de amor.

Esta é, realmente, a vocação fundamental da pessoa em construção. Eis a grande tarefa da vida a desabrochar, a qual está talhada para o face a face da comunhão do Homem com Deus.

Nesta comunhão humano-divina, a pessoa possui-se na medida em que se dá.



É o mistério da pessoa talhada para a reciprocidade, dinâmica na qual recebe na medida em que dá.

Sem densidade pessoal, a vida não subsiste eternamente.Além disso, a vida só é vida plena na medida em que é vida partilhada.

A pessoa que se isola entra na lógica da morte eterna. Na verdade, o estado de inferno não é mais que a pessoa totalmente isolada sem possibilidade de interacção e comunhão amorosa.

No estado de inferno, a pessoa não tem ninguém que lhe diga: “Gosto muito de ti! Dá-me a tua mão e vamos fazer uma festa.

Nesta situação, o ser humano não se encontra nem se possui, pois a plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão amorosa.

Ao atingir a densidade pessoal-espiritual, a vida tornou-se vida com maiúscula, passando a fazer parte da cúpula personalizada do Universo.

Por tomar parte na sua própria realização, a vida espiritual acontece em cada pessoa de modo único, original e irrepetível.

Só as opções e escolhas orientadas pelo amor fazem desabrochar e fortalecer-se a interioridade pessoal.

À medida que a pessoa amadurece, mais dona se torna do seu processo de humanização,
Mais se torna capaz de interagir e comungar com as outras pessoas.

Realizar-se como pessoa é fazer emergir o que falta ao interior do nosso ser em gestação.
Com efeito, é este o único modo de vencer as fronteiras da finitude.

Com o salto da vida pessoal, a marcha evolutiva atingiu o sucesso do irreversível e definitivo.
Com Jesus Cristo esta aspiração foi definitivamente realizada.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias