quarta-feira, 30 de abril de 2008

CRISTO COMO PRINCÍPIO E META DA CRIAÇÃO-VI

VI- A BONDADE DA CRIAÇÃO

São Paulo diz que, graças a Cristo, todas as coisas criadas são boas e puras. Podemos comer de tudo e não cair nas distinções do judaísmo, pois tudo está purificado em Cristo.

Podemos comer de tudo sem nos pormos questões de consciência (Rm 14,14; 1 Cor 1 0, 25).
“Tudo o que Deus criou é bom. Não devemos rejeitar qualquer alimento por razões de pureza ou impureza legal (1 Tm 4m 2-5).

Uma vez que Cristo é o Senhor do Universo, os cristãos, como membros do corpo de Cristo, devem viver a sua vocação de seres criados para a liberdade.

Cristo libertou-nos, a fim de sermos livres. Na verdade, Cristo chamou-nos à liberdade (Gal 5, 1; 5, 13).

Tudo é vosso, vós sois de Cristo e Cristo é de Deus (1 Cor 3, 21-23). O prólogo do evangelho de São João é o grande testemunho da fé na Criação e do lugar central de Cristo da génese criadora do Universo.

São João escreve o seu prólogo com a intenção de conferir sentido de plenitude ao relato do Génesis sobre a Criação.

Por outras palavras, o prólogo do quarto evangelho é como que um novo Génesis, mas elaborado à luz da ressurreição de Cristo.

Por isso João inicia este texto magnífico com as mesmas palavras com que o Génesis inicia o relato da criação: “ No princípio” (Jo 1,1; cf. Gn 1, 1).

Tal como no Génesis, a criação é obra da Palavra (Jo 1,3). Surgem referências, tal como no Génesis, à luz e às trevas (Jo 1, 4-5).

No entanto, o prólogo de São João vai mais longes: no livro do Génesis a criação é iniciada em simultâneo com a marcha do tempo.

No prólogo de São João ela é concebida no interior da eternidade. Com efeito, os possíveis da criação surgem antes do tempo.

Podemos dizer que a dinâmica da marcha criadora teve início nas relações amorosas que animam a Comunhão Familiar da Santíssima Trindade.

No entanto, apesar de ter sido sonhada na eternidade, a Criação acontece em simultâneo com o tempo (Jo 1, 12-14).

O tempo possibilita a génese criadora do tecido cósmico e o espaço a sua estruturação harmoniosa.

Ao jeito de conclusão podemos dizer que a estrutura literária do prólogo de São João é a dos grandes hinos sapienciais (cf. Prov 8, 22;Si 24, 3-12; Sb 9, 9-12).

Existe um ser preexistente à criação, que é mediação e causa exemplar da mesma. Foi enviado aos homens para lhes revelar o plano criador e salvador de Deus.

Depois de realizar a sua missão, o medianeiro volta para junto de Deus. Nos livros sapienciais esta missão cabe à Sabedoria.

No prólogo de São João esta é a missão do Logos, da Palavra Criadora de Deus que veio a mundo enviado pelo Pai e volta para onde estava antes (Jo 6, 62).

Ao encarnar, o Logos habitou entre nós e deu-nos o poder de nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1, 12-14).

Dá-nos a Água Viva, isto é, o Espírito Santo, que faz germinar uma nascente de Vida Eterna no nosso coração (Jo 4, 14; 7, 37-39).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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