sexta-feira, 29 de maio de 2009

BAPTISMO E SALVAÇÃO EM CRISTO-I

I-O BAPTISMO COMO SACRAMENTO DA FÉ

Os sacramentos são celebrações comunitárias da fé. Isto significa que as celebrações sacramentais são espaços privilegiados para o Espírito Santo dizer a Palavra de Deus no coração dos crentes.

Seria errado pensar que Os sacramentos são actos mágicos para salvar as pessoas. Enquanto espaços privilegiados para a acção da Palavra e do Espírito Santo, os sacramentos são o principal alimento para o cristão crescer na vida teologal de fé, esperança e caridade.

Como celebrações da fé, os sacramentos proclamam e explicitam a dinâmica da salvação a acontecer na História Humana.

São Paulo diz que Deus inaugurou em Cristo uma Criação definitivamente reconciliada, pois, agora, Deus já não toma em consideração os pecados dos homens (2 Cor 5, 17-19).

Jesus tem consciência de que o essencial da sua missão é inserir o Homem na Família de Deus.

Eis o que ele nos ensinou no Pai-Nosso: “Rezai, pois, assim: Pai-nosso que estás nos céus” (Mt 6, 9; Lc 11, 2).

O Novo Testamento associa sempre o baptismo com o baptismo no Espírito, ou seja a dinâmica pentecostal da vida cristã.

No Novo Testamento há diversas referências à celebração baptismal, as quais associam sempre o rito do baptismo à vida cristã.

São Paulo concebe a vida dos crentes como uma dinâmica pascal de morte e ressurreição. Trata-se da morte ao homem velho e ressurreição do Homem Novo cuja cabeça é Cristo ressuscitado.

Pelo baptismo os crentes são inseridos no mistério pascal de Cristo, morrendo ao homem velho e participando na força ressuscitadora do Espírito de Cristo ressuscitado.

Esta simbologia usada por São Paulo é inspirada na própria simbologia de imersão e emersão do baptismo dos tempos primitivos da Igreja (Rm 6, 1-9).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

BAPTISMO E SALVAÇÃO EM CRISTO-II

II-BAPTISMO E VIDA CRISTÃ

Pelo baptismo que os crentes são inseridos na comunidade cristã. A comunidade cristã é uma realidade orgânica dinamizada pelo Espírito Santo.

Na verdade, a comunidade, diz São Paulo, é o Corpo de Cristo (1 Cor 10, 17; 12, 27). Fomos baptizados no mesmo Espírito Santo, a fim de formarmos um só Corpo (1 Cor 12, 13).

Esta reflexão de São Paulo indica-nos a importância do baptismo como alicerce da vida cristã.

Os membros da comunidade têm todos a mesma dignidade, diz São Paulo. Por isso já não há qualquer fundamento para dividir as pessoas devido a diferenças de raça, sexo ou classe social:

“Todos os que fostes baptizados em Cristo ficastes revestidos de Cristo mediante a Fé. Por isso já não há judeu nem grego. Já não há escravo nem cidadão livre.

Já não há varão ou mulher, pois todos sois um só em Cristo” (Gal 3, 27-28). Na Carta aos Colossenses, São Paulo compara o baptismo a uma nova circuncisão (Col 2, 12-15).

Mediante o rito da circuncisão os meninos judeus eram incorporados no povo de Deus e, portanto, participantes das bênçãos prometidas a Abraão.

Pelo baptismo, o crente é incorporado no Novo Povo de Deus. Na carta aos Romanos, São Paulo diz que a nova circuncisão não é operada pelo rito, mas pelo Espírito Santo:

“Judeu é aquele que o é no seu interior. A verdadeira circuncisão é a do coração, segundo o Espírito e não segundo a letra da Lei” (Rm 2, 29).

São Paulo diz que o rito do baptismo, só por si não vale nada. Os judeus também tiveram o seu baptismo em Moisés. No entanto, a maior parte deles não agradou a Deus.

E isto foi escrito, diz ele, para que não nos iludamos e pensemos que pelo facto de termos recebido o rito do baptismo a comunhão com Deus já está garantida de modo automático (1Cor 10, 1-7).

A teologia tradicional distanciou-se da visão do Novo Testamento quando começou a falar da celebração do baptismo como um acto mágico que opera automaticamente.

Na Primeira Carta aos Coríntios, São Paulo diz que Cristo não o enviou a baptizar, mas a pregar, pois a fé vem da pregação (1Cor 1, 17).

A fé cristã é uma fé teologal, não apenas uma fé religiosa. A Fé teologal brota da acção do Espírito Santo que diz no nosso coração a Palavra de Deus (Rm 10, 8-18).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

BAPTISMO E SALVAÇÃO EM CRISTO-III

III-BAPTISMO E NOVO NASCIMENTO

O Novo Testamento diz que é pelo Espírito Santo que somos acolhidos na Família Divina como Filhos de Deus Pai (Rm 8, 14; Gal 4, 4-6).

O Espírito Santo é o amor maternal de Deus. A experiência da filiação humana diz-nos que é pela mediação do amor maternal que um novo ser entra na família humana.

Esta experiência humana é sacramento do mistério da incorporação da pessoa humana na Família de Deus.

Na verdade, a família humana é sacramento, isto é, explicitação e visibilidade da família divina.

A Encarnação acontece como enxerto do divino no humano, a fim de este ser divinizado mediante a incorporação na comunhão da Santíssima Trindade.

Na verdade, é pelo Espírito Santo que nós encontramos o amor paternal de Deus Pai e o amor fraternal do Filho de Deus.

Falar do amor maternal do Espírito Santo ou do amor paternal de Deus Pai são afirmações que se referem apenas ao jeito de amar de cada uma das pessoas divinas.

Com o seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo conduz-nos a Deus Pai que nos acolhe como filhos.

É também o Espírito Santo que nos conduz de modo maternal à comunhão com o Filho de Deus, o qual nos acolhe com a ternura de um irmão amoroso (Rm 8, 14-17).

Ele era desde toda a eternidade o Filho Unigénito de Deus. Pelo mistério da Encarnação assumiu a condição de irmão nosso, tornando-se o primogénito, isto é, o primeiro entre muitos irmãos, como diz São Paulo (Rm 8, 29).

A ternura maternal de Deus é uma condição para Deus ser perfeição plena e total. A tradição cristã sempre afirmou que as perfeições da criação existem em grau de perfeição infinita no Criador.

Ora, se o amor maternal é uma perfeição, então tem de existir em grau de perfeição infinita no Criador.

Esta perfeição concretiza-se no Espírito Santo, uma pessoa divina cujo jeito de amar é maternal.

É nesta perspectiva que devemos entender a necessidade que temos de renascer pelo Espírito Santo (Jo 3, 6).

É também este o poder que Deus nos dá de nos tornarmos filhos de Deus pela Encarnação, como diz o evangelho de São João (Jo 1, 12-14).

O Filho de Deus Encarnou pelo Espírito Santo, a fim de sermos incorporados na Família de Divina pelo mesmo Espírito Santo.

O evangelho de São João, referindo-se ao mistério da Encarnação diz que o filho de Deus nos deu o poder de nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1,12-14).

São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Nos primórdios da criação do Homem, Deus Pai comunica-nos a vida através do dom do Espírito Santo, o hálito da vida divina que Deus Pai nos comunica através de um beijo (Gn 2, 7).

Foi assim que o Génesis descreveu a intervenção especial de Deus na criação do Homem.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

BAPTISMO E SALVAÇÃO EM CRISTO-IV

IV-BAPTISMO E FILIAÇÃO DIVINA

Por seu lado, na plenitude dos tempos, o Filho de Deus, através do beijo da Encarnação, comunica-nos o Espírito Santo que nos incorpora na Família de Deus:

“Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob o domínio da Lei, a fim de resgatar os que se encontravam sob o domínio da Lei e, deste modo, podermos receber a adopção de filhos.

E, porque somos filhos de Deus, ele enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho que em nós clama: Abba, Pai” (Gal 4, 4-6).

Por outras palavras, o Espírito Santo foi-nos comunicado por Deus Pai como princípio gerador de vida espiritual.

Na plenitude dos tempos, foi-nos comunicado pelo Filho de Deus, como princípio divinizante através do beijo da Encarnação.

No primeiro beijo acontece a intervenção especial de Deus na criação do homem. No segundo, acontece a incorporação e assunção do Homem na Família Divina.

A vida divina não emerge em nós por obra da letra que mata, mas por obra do Espírito que gera vida em nós (2 Cor 3, 6).

Sublinhando uma expressão feliz de São Paulo diríamos que a salvação acontece em nós como dom da graça de Jesus Cristo, do amor de Deus Pai e da comunhão no Espírito Santo (2 Cor 13, 13).

O baptismo não é um rito mágico que realiza de modo automático a filiação divina, mas é o sacramento que proclama e explicita esta realidade.

São Paulo diz que nós conhecemos o mistério da nossa incorporação na família de Deus graças à revelação do Espírito Santo que penetra até ao mais íntimo da realidade, incluindo o mistério de Deus (1 Cor 2, 10-11).

São João diz que a salvação acontece como um segundo nascimento (Jo 3,3-6). Pelo primeiro nascimento encontrámo-nos a fazer parte da família humana.

Pelo segundo somo incorporados na Família Divina. E a Carta a Tito diz o seguinte: “Deus salvou-nos, não pelas nossas obras, mas pela regeneração operada em nós pelo Espírito Santo que Deus Pai nos concedeu por Jesus Cristo nosso Salvador” (Tt 3, 5-6).

É pelo facto de nós fazermos uma união orgânica com Cristo que o Espírito Santo tem condições de nos incorporar na família de Deus.

De facto a nossa união com Cristo é alimentada pelo Espírito Santo. É impossível estar organicamente unido a Cristo sem a acção do Espírito Santo, diz São Paulo:

“Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse não lhe pertence” (Rm 8, 9). O Espírito Santo, no nosso íntimo, é o penhor e a garantia da nossa salvação, diz a Carta aos Efésios (Ef 1, 13-14).

Os cristãos que vivem de modo consciente o baptismo no Espírito Santo tornam-se ramos da videira fecunda que é Cristo.

A seiva que vem da cepa da videira para os ramos é o Espírito Santo. Esta seiva faz que todos nós, os ramos da videira, vivamos e sejamos fecundos.

Eis alguns dos frutos que o Espírito Santo produz em nós, segundo a Carta aos Gálatas:

“Os frutos do Espírito são: Amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, gentileza e auto controle” (Gal 5, 22-23).

Segundo o evangelho de São João nós só podemos dar frutos na medida em que estivermos unidos a Cristo (Jo 15, 7-8).

No evangelho de São João Jesus resume tudo isto de modo muito claro: “Sem mim nada podeis fazer ” (Jo 15, 4-5). Pela comunicação da filiação divina, o Espírito Santo liga-nos organicamente a Cristo.

Por ele somos organicamente incorporados na comunhão humana universal cujo coração é a Santíssima Trindade.

Como sabemos, o Reino de Deus é a comunhão universal da Família de Deus constituída pelas pessoas divinas, as humanas e todas as outras que possa haver.

O Novo Testamento diz que o Espírito Santo é a Água Viva que Jesus nos dá (Jo 7, 37-39).

Com seu jeito maternal de amar o Espírito Santo é o princípio gerador da Nova Humanidade. Depois incorpora-nos na Família de Deus.

O Baptismo explicita e proclama este mistério da filiação divina a acontecer na História da Humanidade.

A Carta aos Filipenses diz que agora possuímos uma Vida Nova, a qual já não é uma vida de servos, mas de filhos (Flp 2, 15-16).

A adopção filial, realizada pelo dom do Espírito Santo, é mais que um simples acto jurídico, mas uma nova geração graças à acção do Espírito Santo em nós (Jo 3, 6).

Na casa de Deus, nós não somos apenas hóspedes, mas membros da Família Divina (Ef 2, 18-19).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matiaas

quarta-feira, 27 de maio de 2009

ALEGORIA SOBRE O PRÉMIO DO APÓSTOLO-I

I-ENVIADOS POR CRISTO

Naquele dia os Apóstolos ficaram encantados, pois fizeram uma experiência como nunca tinham feito antes:

Jesus mandou-os a anunciar o Evangelho pelas aldeias vizinhas e o resultado foi maravilhoso.

Como as pessoas se juntavam em multidão para ouvir a sua mensagem, os discípulos compreenderam que a Palavra de Deus tem um poder enorme para cativar e transformar o coração das pessoas.

De facto, uma enorme multidão tinha-se juntado aos discípulos e seguia-os com entusiasmo.
Isto espantava os próprios discípulos, pois estes não eram cantores famosos nem atletas muito conhecidos.

Também não eram actores de teatro nem tinham escrito livros conhecidos do mundo inteiro.
Pelo contrário, eram pessoas muito simples. Alguns mal sabiam ler!

Vestiam pobremente e as roupas de alguns deles, como eram pescadores, as suas roupas cheiravam a peixe.

No entanto, os discípulos tinham consciência de estar a fazer uma das experiências mais maravilhosas que um ser humano pode fazer.

O que fazia dos Apóstolos pessoas especiais era o facto de viverem com Jesus. Cristo chama pessoas comuns para servirem o Evangelho.

O Espírito Santo, por seu lado, consagra aquelas que respondem fielmente ao chamamento de Cristo, capacitando-as para realizar maravilhas.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ALEGORIA SOBRE O PRÉMIO DO APÓSTOLO-II


II- ENVIADOS PARA ANUNCIAR O REINO

Naquela manhã, Jesus tinha-lhes dito para anunciarem a Boa Notícia de que o Reino de Deus estava mesmo a chegar.

A conversão é fundamental, pois sós os corações capazes de comungar podem tomar parte nessa festa.

Jesus disse aos discípulos para irem enquanto ele os aguardava num sítio determinado. No regresso, os discípulos vinham radiantes, pois a sua pregação tinha sido realmente eficaz.

São Pedro vinha à frente. Vinha tão feliz que não conseguia calar o seu contentamento. Ainda vinha longe quando começou a acenar e a gritar por Jesus, tal era a vontade de lhe contar as maravilhas que aconteceram.

Ao enviá-los, Jesus tinha-lhes dito: “Ide anunciar às pessoas que o Reino de Deus está próximo.

Também vos dou poder para curardes os doentes e libertardes as pessoas dos males que as oprimem”.

Sem entenderem muito bem o significado dessas palavras, os apóstolos partiram. Na verdade, os discípulos nem podiam imaginar as maravilhas que lhes viriam a acontecer.

Entretanto, Jesus estava sentado à sombra de uma árvore, esperando o seu regresso. Pedro, caminhando à frente, correu para Jesus, deu-lhe um abraço, e disse:

“Nem podes imaginar as maravilhas que aconteceram! Nós nem podíamos acreditar:
As pessoas juntavam-se a nós, maravilhadas com a nossa mensagem. Os doentes curavam-se quando nós os tocávamos!”.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ALEGORIA SOBRE O PRÉMIO DO APÓSTOLO-III

III-JESUS CONFIRMA A OBRA DOS APÓSTOLOS

Ao enviar os Apóstolos, Jesus comunicou-lhes a força do Espírito Santo, capacitando-os para realizar todas aquelas maravilhas.

As pessoas que se foram juntando aos discípulos acabaram por formar uma multidão enorme.
Jesus olhou com amor para aquelas pessoas e sentiu pena de as ver tão cansadas.

Jesus compreendeu muito bem que muitas daquelas pessoas viviam oprimidas pelo peso de uma vida difícil.

Os sacerdotes do templo preocupavam-se apenas com o dinheiro que ganhavam com os cultos.

Esta gente, pensou Jesus precisam de um guia que as ajude a caminhar para a liberdade. Comovido com a situação que estava a observar, Jesus disse: “Parecem ovelhas sem pastor!”

Depois de ter dito isto, subiu para uma pequena colina, e saudou aquelas pessoas dizendo-lhes:
Estou aqui para vos dizer que Deus gosta muito de vós.

Com um carinho muito especial, Deus preparou um plano de salvação para vós. Depois acrescentou: “Foi por esta razão que o Pai do Céu me enviou para realizar este plano”.

Os discípulos começavam a ficar nervosos, pois era tarde e as pessoas não tinham de comer.

Então um dos apóstolos aproximou-se de Jesus e disse-lhe: manda as pessoas embora, pois estão cheias de fome e aqui não lhes podemos dar de comer.

Apesar das maravilhas que tinham visto, os discípulos ainda não compreendiam bem quem era Jesus.

Foi então que Jesus disse a Filipe: “Dai de comer a estas pessoas”. Filipe assustou-se e disse: “nós?”.

Depois continuou: “Como podemos nós alimentar esta multidão? Está ali um jovem com cinto pães e dois peixes, mas que é isso para tanta gente?”

Jesus disse a André, irmão de Pedro: “diz ao jovem que traga aqui os cinco pães e os dois peixes”.
O jovem aproximou-se. Jesus olhou-o com amizade, sorriu-lhe, e pondo a mão sobre o seu ombro disse: “estás disposto a partilhar a tua merenda, a fim de podermos comer todos?”

O jovem acedeu ao convite de Jesus, entregando os cinco pães e os dois peixes. Jesus pediu aos discípulos para mandarem sentar toda essa gente em grupos de cinquenta e cem pessoas.

Em seguida abençoou os pães e os peixes, dando graças a Deus Pai pela força libertadora do amor e da partilha.

Depois de partir os pães e os peixes mandou-os distribuir pela multidão. As pessoas comeram até ficarem saciadas. No final os discípulos recolheram o que sobrou.

Nesse momento, a mente dos discípulos abriu-se, associando esta experiência a um ensinamento que Jesus lhes tinha feito, explicando que ele é o Pão do Céu e o alimento da Vida Eterna.

Associando o milagre dos pães e dos peixes com as maravilhas que lhes tinham acontecido durante a evangelização dessa manhã, os discípulos entenderam que o Reino de Deus estava em acção no meio deles.

Estava a acontecer o que o profeta Isaías tinha anunciado para os tempos do Messias: “Vinde todos, mesmo os que não têm dinheiro.

Vinde, levai trigo para comer sem pagar nada. Levai vinho e leite, pois tudo é de graça” (Is 55, 1).

Os discípulos, então, compreenderam que as pessoas que partilham com os irmãos vencem o drama da solidão e da fome.

Agora os discípulos entendiam a razão pela qual Jesus se chamou a si mesmo o Pão da Vida Eterna (Jo 6, 58).

No momento da comunhão eucarística acontece em nós um milagre: O Espírito Santo fortalece os laços de união que existem entre nós e Cristo, fazendo de nós o corpo do mesmo Cristo.

Ser Apóstolo, portanto, é participar da missão libertadora de Jesus Cristo, o qual, ao ressuscitar, nos capacitou para vivermos a liberdade dos filhos de Deus.

Para levar a efeito esta missão, Jesus foi consagrado com o poder do Espírito Santo (Lc 4, 18-21).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sábado, 23 de maio de 2009

O NOSSO TEMPO PRECISA DE PROFETAS-I

I-O PROFETA E A FORÇA DA PALAVRA

As intervenções dos profetas são incómodas, pois incidem sobre situações reais que geram injustiça, fraude e, em geral, sofrimento para muitas pessoas.

O profeta tem o condão de sintonizar com os critérios do Evangelho, pois toma Deus e o Homem a sério.

Podemos dizer que no coração da Humanidade dos nossos tempos ainda habitam forças que impedem a emergência do Homem Novo cujo coração é semelhante ao de Jesus Cristo.

A intervenção dos profetas tem consequências libertadoras, não apenas para as vítimas das situações desumanas, mas para os próprios malfeitores.

Na verdade, muitos dos seres humanos que praticam acções monstruosas, se forem confrontados com alternativas que lhes dêem novas razões para viver, podem sentir um apelo no sentido de reorientar as suas vidas.

Isto quer dizer que o Mundo precisa de profetas que anunciem a Palavra, a qual tem uma força que nos predispõe a acolher no nosso coração a força recriadora do Espírito Santo.

O evangelho de São João diz que nós precisamos de renascer pelo Espírito Santo, a fim de sermos no mundo uma força recriadora do Espírito Santo (cf. Jo 3,3-6).

Precisamos de renascer, pois o nosso mundo ainda leva em si uma série de forças monstruosas capazes de destruir o Homem.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O NOSSO TEMPO PRECISA DE PROFETAS-II

II-SER VOZ DOS POBRES E EXPLORADOS

É urgente denunciar as diversas formas do que continuamos a ser capazes de fazer guerras monstruosas e criar máquinas diabólicas para matar.

Somos capazes de oprimir e explorar os outros para amontoar riquezas que não consumimos e, portanto, se tornam geradoras de mentes esquizofrénicas pelo facto de ficarem privadas de sentido humano.

Somos capazes de raptar e matar crianças, conceber instrumentos de tortura tão diabólicos como os instrumentos da inquisição ou dos regimes ditatoriais.

Somos capazes de destruir a natureza, movidos apenas por interesses egoístas e mesquinhos.

Conseguimos pilhar e destruir pessoas com uma maldade e brutalidade que ultrapassa os piores instintos dos animais.

Mas as coisas não têm necessariamente de ser assim. Se deixarmos que os nossos critérios e objectivos se configurem com os apelos do amor as coisas podem adquirir um rumo diferente.

Por outras palavras, se o nosso coração se deixar orientar pelos apelos do amor, também somos capazes de criar música, poesia e inventar um futuro alicerçado em gestos de ternura e amor.

Movidos pelo amor somos capazes de idealizar e criar planos de solidariedade que ultrapassam os meros laços do sangue.

Como seres famintos de verdade, somos capazes de compreender e enunciar de modo correcto e adequado a realidade de Deus, do Homem, da História e do Universo.

Tudo isto nos faz compreender a importância da missão dos profetas e dos apóstolos que facilitam o nascimento do Homem Novo.

Ao anunciarem os planos de Deus, os profetas e os apóstolos ajudam as pessoas a compreender que o mundo pode ser diferente e que isso também de pende delas.

De facto, quando uma pessoa começa a crescer espiritualmente torna-se capaz de veicular uma dinâmica libertadora na marcha da Humanidade.

Quando uma pessoa é interpelada pela palavra de Deus e iluminada pelo Espírito Santo, começa a descobrir possibilidades para transformar a História.

A Palavra de Deus e a luz do Espírito Santo despertam no coração das pessoas uma paixão idêntica à de Jesus Cristo.

Por outras palavras, a Palavra de Deus e a força do Espírito Santo fazem nascer no coração da pessoa humana uma paixão forte pelo nascimento do Homem Novo.

Esta paixão motiva e capacita as pessoas para denunciar o mal que impede a humanização do Homem.

Ao mesmo tempo, levas as pessoas a assumir compromissos capazes de transformar o mundo pela não-violência activa, como Jesus fez.

É verdade que a Palavra de Deus nos ensina a fazer do perdão uma atitude central na nossa vida.
Mas o profeta e o apóstolo não confundem perdão com guardar silêncio perante as injustiças, e deixar de lutar contra a violência, a opressão e as situações injustas.

Pelo contrário, a Palavra de Deus ajuda os profetas e os apóstolos a descobrir as raízes do mal e o Espírito Santo fortalece-os para o denunciarem como Jesus fazia.

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O NOSSO TEMPO PRECISA DE PROFETAS-III

III-MODELADORES DE UMA NOVA CONSCIÊNCIA

Como sabemos, não faltam razões que motivem os profetas para denunciar forças negativas que estão a impedir a emergência do Homem Novo.

Vejamos a indiferença que reina face ao sofrimento e a miséria que estão a destruir sociedades inteiras.

Estão bem patentes aos nossos olhos as guerras mortíferas que matam milhões de pessoas e tudo isto por meros interesses económicos.

Está bem patente a leviandade com que pomos em perigo o equilíbrio ecológico. Bem conhecemos as forças tenebrosas que manipulam as redes do tráfico de drogas que, pouco a pouco, vão degradando milhões de pessoas, reduzindo-as a simples trapos humanos.

A distribuição injusta das riquezas, fazendo que todos os dias morram de fome muitos milhares de pessoas.

A violação e o abuso sexual de crianças, provocando nelas distorções irreversíveis que bloqueiam nelas a capacidade de se humanizarem e construírem como pessoas felizes.

A violência que se manifesta nas formas mais diversas: Tortura, a exploração dos países pobres por parte dos ricos, tráfego de seres humanos.

Todos conhecemos o crime hediondo do roubo de órgãos humanos obtidos mediante a mutilação de pessoas pobres e sem cultura.

A razão primeira da nossa vida não é simplesmente prolongar o mais possível a vida mortal, mas sim construir a vida imortal, a única que é assumida e divinizada em Jesus Cristo.

A distorção da verdade levada a cabo pelos poderosos meios de comunicação, pelos senhores da guerra ou pelos poderosos grupos de pressão.

Iluminados pelo Espírito Santo, os profetas e os apóstolos começam a compreender progressivamente a dignidade e o sentido da existência humana, talhada para Deus.

Com efeito, o homem não só foi criado à imagem de Deus, como também já faz da própria Família Divina, graças a Jesus Cristo.

O Espírito Santo consagra as pessoas do mesmo modo que consagrou Jesus e lhe deu aquela força transformadora que fez dele o fermento e o alicerce de uma Nova Criação (2 Cor 5, 17-19).

O Espírito Santo consagrou Jesus para ser o libertador e o salvador da Humanidade, diz o evangelho de São Lucas (cf. Lc 4, 18-21).

O Espírito Santo vai moldando os critérios dos profetas e dos apóstolos com os critérios de Jesus, ao ponto de estes poderem dizer com São Paulo: “Já não sou eu quem vive, mas é Cristo que vive em mim” (Gal 2, 20).

Estas palavras significam que a pessoa, à medida que se vai transformando pela Palavra de Deus, começa a olhar a realidade e a interpretá-la de acordo com os critérios do Evangelho.

Não há amor autêntico que não procure ser voz que denuncia e fermento que transforma as situações que oprimem ou impedem a humanização dos seres humanos.

Animados pela Palavra de Deus, os profetas e os apóstolos começam a ser capazes de reinventar atitudes e caminhos que façam avançar a Humanidade na conquista da justiça e da fraternidade universal.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O ROSTO AMOROSO DO ESPÍRITO SANTO-I

I-ESPÍRITO SANTO E CRESCIMENTO HUMANO

O Espírito Santo é o coração maternal de Deus. O seu jeito de ser e agir revela-nos o mistério da ternura maternal de Deus.

No nosso interior, o Espírito Santo exerce uma acção que facilita o nosso nascimento e crescimento interior, diz o evangelho de São João (Jo 3, 3-6).

Crescer na vida interior significa tornar-se espiritualmente mais robusto e mais capaz de interagir amorosamente com os outros.

Com o seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo é uma presença que nos convida e ajuda a ser livres.

É verdade que a liberdade não é uma coisa que uma pessoa possa dar a outra, mas a pessoa não pode tornar-se livre sem interagir numa dinâmica de amor com os outros.

Ser livre é, de facto, ser capaz de se relacionar amorosamente com os outros e interagir de modo criativo com as coisas e os acontecimentos.

Jesus, animado com a tua força, Espírito Santo, iniciou a sua missão dizendo que tinha sido ungido a fim de libertar os cativos e enviar os presos em liberdade:

“O Espírito Santo está sobre mim porque me ungiu. Consagrou-me para anunciar o Evangelho aos pobres, proclamar a libertação dos presos e mandar em liberdade os oprimidos” (Lc 4, 18).

Ninguém é capaz de se tornar livre sem tomar decisões ou fazer escolhas na linha do amor.

Sempre que nos decidimos amar os outros estamos a responder a um apelo que nasce no nosso coração, a partir do amor que recebemos dos outros e de um apelo que o Espírito Santo suscita em nós nesse momento.

Ser livre é também estar capacitado para interagir de modo criador com as coisas e os acontecimentos.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O ROSTO AMOROSO DO ESPÍRITO SANTO-II

II-ESPÍRITO SANTO E LIBERDADE

O amor faz emergir o novo e o diferente, conferindo às pessoas novos horizontes para a vida e capacitando-as para melhorarmos a marcha da história humana.

O pecado, isto é, as recusas de amor, nunca tornam as pessoas livres. Eis o que Jesus diz no evangelho de São João:

“Se permanecerdes na minha palavra sereis meus discípulos, conhecendo a verdade e a verdade vos libertará (…).

Quem comete o pecado é escravo (…). Se o Filho de Deus vos libertar, sereis realmente livres” (Jo 8, 31-36).

Na Carta aos Romanos, São Paulo vai neste mesmo sentido quando afirma: “O Espírito Santo é o Espírito da Vida Nova em Cristo Jesus. É ele que nos liberta da lei do pecado e da morte” (Rm 8, 2).

Eis uma outra afirmação de São Paulo que nos ensina de modo muito bonito a acção libertadora do Espírito Santo no nosso coração:

“Cristo ressuscitado é um ser espiritual. Onde está o Espírito Santo, isto é, o Espírito do Senhor ressuscitado, aí está a liberdade” (2 Cor 3, 17).

No íntimo da comunhão trinitária, o Espírito Santo anima a comunhão que existe entre Deus Pai e seu Filho Eterno.

Quando entre os seres humanos acontece uma relação de fraternidade e comunhão, o Espírito Santo está presente optimizando essas relações de fraternidade.

Assim como Deus Pai ama com um jeito paternal, o Espírito Santo tem um jeito maternal de amar.

Por habitar nas coordenadas da universalidade, o Espírito Santo tem a possibilidade de realizar uma presença de amor universal no coração dos seres humanos.

Sempre que uma pessoa decide amar os irmãos, facilitando a sua realização e felicidade, esta pessoa está a ser mediação do amor maternal do Espírito Santo.

Isto quer dizer que os gestos de amor encontram no Espírito Santo a sua raiz mais profunda.

Sem a presença inspiradora do Espírito Santo no coração dos crentes, as Sagradas Escrituras não passariam de letra morta.

Eis o que São Paulo diz a este propósito: “A letra mata, mas o Espírito Santo dá vida (2 Cor 3, 6).

É o Espírito Santo que vivifica as relações das comunidades cristãs, unindo as pessoas numa comunhão orgânica, formando o Corpo de Cristo como diz São Paulo (1 Cor 12, 13; 12, 27).

Foi o Espírito Santo quem ressuscitou Jesus. É também ele quem nos ressuscita a nós, diz São Paulo:

“E se o Espírito Santo que ressuscitou Jesus está em vós, também ele fará que os vossos corpos mortos vivam, após a morte, por meio deste mesmo Espírito que vive em vós” (Rm 8, 11).

Graças ao Espírito santo somos assumidos na comunhão Trinitária como filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação a Deus Filho.

É o Espírito Santo quem une e dinamiza o enxerto do divino no humano em Jesus Cristo.
Por outras palavras, o Espírito santo está no centro do mistério da Encarnação.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O ROSTO AMOROSO DO ESPÍRITO SANTO-III

III-ESPÍRITO SANTO E VIDA NOVA

O Espírito Santo é a fonte da Vida. É ele que emergir a nascente da Vida Eterna nos nossos corações, como diz o evangelho de São João. (Jo 7, 37-39).

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo optimizou o coração de Maria, a fim de ela amar o Filho de Deus com uma ternura maternal divina.

O amor maternal do Espírito Santo é o sopro que Deus insuflou no barro primordial do qual brotou Adão.

São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).
Por isso ele diz que as pessoas que se deixam conduzir pelo Espírito Santo se tornam membros da Família Divina:

Filhos e herdeiros de Deus Pai, bem como irmãos e co-herdeiros com o Filho de Deus (Rm 8, 14-17).

Como habita em nós com a sua força criadora e libertadora, o Espírito Santo vai-nos recriando e configurando com Cristo ressuscitado.

A sua presença em nós é o selo que nos dá a certeza de estarmos salvos. No princípio, diz a o Livro do Génesis, a Terra era uma massa informe, caótica e envolvida em escuridão.

E eis que o Espírito Santo aparece a pairar sobre as águas, a fim de fazer destas o berço da vida (Gn 1, 1-2).

Isto quer dizer que o Espírito Santo é a fonte da vida. O seu jeito maternal de amar é a temperatura e o princípio da fecundidade universal.

O evangelho de São João diz que as pessoas humanas têm de nascer do Espírito Santo, afim de entrarem na plenitude da Vida.

Eis as palavras de Jesus: “Em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus.

Aquilo que nasce da carne é carne e aquilo que nasce do Espírito é espírito” (Jo 3, 5-6). Nascer da água, no evangelho de são João, significa nascer do Espírito Santo, o qual é a Água Viva (Jo 4, 14).

São João diz que Cristo, ao ressuscitar, deu uma Água Viva que faz brotar nascentes de Vida Eterna no nosso íntimo (Jo 7, 37-39).

Nos relatos do baptismo de Cristo, os evangelhos dizem que Jesus, ao ser baptizado, foi ungido com a força do Espírito Santo:

“No momento em que Jesus saiu das águas, após o seu baptismo, o Céu abriu-se e Jesus viu o Espírito de Deus vir sobre ele em forma de pomba (Mt 3, 16).

São Paulo diz que é o Espírito Santo que nos incorpora na Família de Deus e nos faz gritar cheios de alegria: “Abba”, ó Pai! (Gal 4, 4-7; Rm 8, 14-17).

Podemos dizer que o Espírito Santo, como pessoa divina, é uma força espiritual amorosa que fecunda que faz emergir a Nova Humanidade configurada com Cristo Ressuscitado.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sábado, 16 de maio de 2009

O ROSTO DO PAI, TAL COMO JESUS O REVELOU-I

I-JESUS COMUNICOU-NOS A MENSAGEM DO PAI

Através dos seus ensinamentos, Jesus revelou-nos o rosto do Pai e a sua ternura por toda a Humanidade.

Graças aos ensinamentos de Jesus, ficamos a conhecer o modo como o Pai nos acolhe na Família Divina.

Partindo dos ensinamentos de Jesus, podemos criar uma síntese da mensagem paternal de Deus para nós:

“Olá, filhos queridos. É verdade que vos criei à minha imagem e semelhança, mas o meu amor não ficou por aí.

Ao enviar-vos o meu Filho, eu quis comunicar-vos a minha própria vida, como fizeram os vossos pais e mães.

Através da sua Encarnação, o meu Filho tornou-se presente no meio de vós e exprimiu em grandeza humana o amor que Deus vos tem.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O ROSTO DO PAI, TAL COMO JESUS O REVELOU-II

II-O PAI FALA-NOS DO FILHO

Mediante a Encarnação o meu Filho comunicou convosco em grandeza humana, a fim de vos dar uma vida nova.
Tal como diz a Carta aos Romanos, ele quis ser o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).

O Evangelho de São João diz que o meu Filho, ao encarnar, vos deu o poder de vos tornardes filhos de Deus (Jo 1, 12-14).

O meu servo Paulo diz que ele vos comunicou o Espírito Santo, a fim de vós me invocardes como “Abba”, isto é, Papá (Rm 8, 14-15).

Foi esta a razão pela qual o meu filho vos ensinou a chamar-me “Abba”. Na verdade, eu sou o vosso “Abba”, o Papá que está nos Céus!

O Céu é o ponto de encontro das pessoas divinas com as humanas em comunhão familiar. Nesta comunhão já não há medo nem ansiedade, pois todos se sentem bem-queridos e amados.

A vós que acreditais em mim, eu entrego-vos a missão de santificardes o meu nome, anunciando o bem que eu quero a todas as pessoas.

Como filhos bem-amados vós tendes direito a tomar parte no meu Reino, o qual é a comunicação do meu amor a todos os seres humanos.

Queria comunicar-vos uma verdade muito importante: Quando procurais fazer a minha vontade na terra estais a entrar no caminho da vossa felicidade, pois a minha vontade a vosso respeito coincide rigorosamente com o que é melhor para vós.

Foi por este motivo que o meu Filho levou tão a sério a realização da minha vontade. “O meu alimento, dizia Jesus, é ser fiel à vontade do Pai que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).

Na oração do Pai-Nosso, ele ensinou-vos a pedir para que a minha vontade se realize de modo tão perfeito na Terra como é realizada no Céu” (Mt 6, 10).

Quando fazia bem às pessoas, ele costumava dizer que não estava a fazer a sua vontade, mas a vontade do Pai que o enviou (Jo 5, 30).

Para vós poderdes compreender o meu jeito de vos amar, um dia ele disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30).

Na verdade, a grande paixão do meu Filho era tornar-me conhecido de todos vós. Por isso ele disse um dia aos discípulos: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O ROSTO DO PAI, TAL COMO JESUS O REVELOU-III

III-O PAI CONVIDA-NOS A PARTILHAR A TERRA

Como Jesus vos ensinou no Pai-Nosso, o meu desejo é que tenhais o pão necessário para cada dia.

O meu desejo é que a terra generosa e fecunda que vos dei seja para todos, pois ela ainda dá frutos que cheguem para todos.

Tal como envio o sol, o ar e a chuva para todos, assim também fiz da terra um dom para todos os homens.

A maneira de aceitardes o dom da minha paternidade é comprometer-vos com a construção da fraternidade humana.

A grande proposta que o meu Filho vos faz é serdes construtores da Família Humana, a fim de sermos membros da Família Divina.

As bem-aventuranças são uma síntese genial desta proposta evangélica: Bem-aventurados os que procuram acima de tudo viver como filhos de Deus.

Estes são os que procuram ser irmãos dos homens e mulheres que se cruzam na sua vida. Jesus Cristo é o meu Filho por excelência, o verdadeiro bem-aventurado com o qual vos deveis identificar.

São uma doutrina que já pressupõe a experiência pascal e, portanto, a glorificação de Jesus como Filho de Deus.

Como o meu Filho vos ensinou na Parábola do Filho Pródigo, eu estou sempre pronto a perdoar-vos, pois o meu desejo é ter-vos todos na festa universal da minha Família.

Por outras palavras, sois para mim filhos muito queridos!”

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O ROSTO DO PAI, TAL COMO JESUS O REVELOU-IV

IV-SÓ PODEMOS CONHECER O PAI ATRAVÉS DO AMOR

Ao dar-nos o mandamento do amor, Jesus estava a transmitir-nos a ciência e a arte de te conhecer o Pai.

São João entendeu muito bem os ensinamentos de Jesus sobre o Pai quando escreveu:
“Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus.

Todo aquele que ama nasceu de Deus e chega a conhecer Deus. Mas aquele que não ama não chegou a conhecer Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4, 7-8).

É no Espírito Santo que Deus Pai nos acolhe como filhos. Do mesmo modo, é também no Espírito Santo que o Filho de Deus nos elegeu como irmãos através do mistério da Encarnação.

Como diz São Paulo, o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Nos seus ensinamentos, Jesus disse que a paternidade de Deus é, realmente a paternidade
decisiva.

É este o sentido do mandato que aparece no Evangelho de Mateus: “A ninguém chameis pai na Terra, pois um só é o vosso Pai, o que está no Céu” (Mt 23, 9).

Trata-se de uma maneira hebraica de sublinhar um aspecto, tornando-o exclusivo. O sentido do texto é este: toda a paternidade é assumida e plenificada em Deus.

A paternidade humana e a divina não são concorrentes, pois não se passam ao mesmo nível.
Na verdade, a paternidade humana passa-se ao nível biológico.

A paternidade divina, pelo contrário, passa-se ao nível espiritual. Foi isto que Jesus quis afirmar a Nicodemos quando lhe disse que temos de nascer de novo, pois o que nasce da carne é carne e que nasce do Espírito é espírito.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O ROSTO DO PAI, TAL COMO JESUS O REVELOU-V

V-DEUS CONFERE PLENITUDE À PATERNIDADE HUMANA


O evangelho de São João diz que pelo mistério da Encarnação foi dado aos seres humanos o poder de se tornarem filhos de Deus.

Este dom não acontece por vontade da carne ou do sangue, mas por vontade de Deus. Foi para isso que o Logos Encarnou e habitou no nosso meio (Jo 1, 12-14).

O ser humano, portanto, não fica acabado pelo facto de termos nascido da carne. Eis a razão pela qual é preciso nascer de novo pelo Espírito Santo (Jo 3, 6).

A pessoa humana só atinge a plenitude com a filiação divina. Mas a paternidade divina precisa da mediação da paternidade humana para realizar a dimensão humano-divina.

Por outras palavras, para ter filhos humanos, Deus Pai precisa dos pais humanos. Podemos dizer a paternidade humana encontra a sua plenitude na paternidade divina.

A paternidade humana e a divina não são concorrentes, pois não se passam ao mesmo nível da realidade:

A paternidade humana é histórica e a divina é eterna. A paternidade divina é espiritual e a humana é biológica e psíquica.

As famílias humanas assentam nos laços do sangue. A Família divina, pelo contrário, assenta nos laços do Espírito Santo.

A maneira de a Família humana caminhar para a divina é criar laços de comunhão e amor que ultrapassem os laços do sangue.

São Paulo diz que todos os que são movidos pelo Espírito Santo são filhos e herdeiros de Deus Pai, bem como irmãos e co-herdeiros com Cristo (Rm 8, 14-17).

A nossa união a Jesus Cristo é de tipo orgânico. É como a união dos membros do corpo com a cabeça (1 Cor 10, 17; 12, 27).

O evangelho de São João diz que a união de Cristo com a Humanidade é semelhante à união orgânica que existe entre a cepa da videira e os seus ramos (Jo 15, 1-7).

A grandeza da paternidade humana está no facto de se ultrapassar a si mesma e ser mediação para acontecer a paternidade divina.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quarta-feira, 13 de maio de 2009

VISLUMBRANDO A NOVA HUMANIDADE-I

I-O SONHO DO PROFETA

Para uns, aquele homem não passava de um sonhador. Mas as pessoas mais atentas diziam que se tratava de um autêntico profeta.

De facto, muitas das coisas que aquele homem dizia tinham sentido e podiam até acontecer se os seres humanos se dispusessem como também podiam acontecer se os seres humanos se dispusessem a mudar o seu coração.

Muitos dos seus apelos podiam tornar-se realidade se a Humanidade fosse conduzida por líderes sensatos e animados pelo Espírito de Deus.

Via-se que aquele homem queria o bem da Humanidade. Nunca ninguém o acusou de falar para se exibir ou apoderar de privilégios.

Um dia pensou em escrever uma carta aberta à Humanidade, na qual dizia o seguinte: “Olá, Humanidade! Antes de mais gostava de dar-te os parabéns, pois há muitos homens e mulheres dispostos a gastar a vida por causas nobres e justas.

Nota-se que continuam a desabrochar em ti uma consciência universal capaz de defender os valores da verdade, da justiça, da fraternidade e o reconhecimento da dignidade humana.

Mas ainda muitas pessoas empenhadas em criar muros entre as raças, as culturas, as línguas, os povos, as nações e as religiões.

Na verdade, estas pessoas devem ser declaradas como malfeitores e inimigos do Homem.

Felizmente a Humanidade parece estar a evoluir para um pluralismo tolerante e fraterno. Os que querem impor a unidade de modo monolítico estão condenados ao fracasso.

Parabéns, humanidade, pois no meio de ti há muita gente com fome de paz e comunhão universal.

Precisamos de muitos homens e mulheres que sejam pessoas livres, livres, conscientes e responsáveis, pois só com pessoas é possível construirmos a comunhão universal.

Precisamos de povos e sociedades onde a habite a verdade e a justiça, a fim de poderem emergir pessoas únicas, originais, irrepetíveis e capazes de comunhão amorosa.

Mereces ser felicitada, pois quando deixas emergir a novidade que há em cada ser humano estás a criar-te e a atingir a tua plenitude.

Deus não te criou acabada, pois és uma Humanidade em construção. Mas ao iniciar a tua marcha criadora, Deus lançou as bases para aconteceres como um projecto onde o divino se enxerte no divino, a fim de poderes ser divinizada.

Foi com Jesus Cristo que tu, Humanidade, entraste no limiar da marcha histórica da divinização.

Felicito-te Humanidade, pois já começas a compreender que os pilares da paz e da justiça estão no diálogo e na participação de todos nas coisas que a todos dizem respeito.

Com efeito, com homens oprimidos e impedidos de tomar para na edificação do que lhes diz respeito, não é possível edificar o Reino da Comunhão Universal do Homem com Deus.

Parabéns, Humanidade, pois há sinais de que estás a atingir o limiar de uma consciência nova.

No entanto, ainda há muitas forças cegas que pretendem opor-se a este parto magnífico do Homem Novo.

Mas estas forças cegas não podem vencer, pois o projecto do Homem Novo sonhado por Deus caminha de modo irreversível.

Em poucas décadas conseguiste destruir muros e obstáculos que nós julgávamos muito duradoiros.

Hoje podemos olhar a vida com horizontes que, há algumas décadas atrás, ninguém ousava prever. Nota-se que a força do Deus criador está a actuar em ti.

Tu és, de facto, um processo onde acontece a novidade e o imprevisível. As pessoas sensatas habitadas pela sabedoria entendem perfeitamente que estás a emergir de modo único, original e irrepetível no concreto de cada ser humano.

Para poderes atingir a meta que Deus sonhou para ti é necessário que as pessoas humanas deixem emergir os melhores possíveis que levam no seu coração.

Só deste modo pode emergir o Homem Novo a exprimir-se em novos jeitos de solidariedade, partilha e comunhão fraterna.

Nós sabemos que não existe uma Humanidade determinada. Deus está connosco, mas não está em nosso lugar. No nosso coração o Espírito Santo ilumina, estimula e convida, mas nunca nos substitui.

Na verdade, Deus criou-nos para que nos criemos. Isto quer dizer, como diz o evangelho de São João que nascemos para renascer (Jo 3, 3-6).

O ser humano começa por ser um feixe de possibilidades que recebeu dos outros. São os talentos, como Jesus Cristo lhes chamou. Uns recebem cinco, outros três, outros dois ou um.

Deus acolhe-nos assim como somos e com os talentos que temos. Ninguém é herói por receber cinco, ninguém é culpado por receber dois.

A heroicidade ou cobardia resulta da fidelidade ou infidelidade com que nos realizamos fazendo render os nossos talentos.

À medida que pessoa se realiza e cresce espiritualmente é incorporada na comunhão universal do Reino de Deus.

Esta comunhão é constituída pelas três pessoas divinas, os milhões de pessoas humanas e todas as outras que possam existir ou ter existido no Universo.

Ao terminar a sua carta aberta à Humanidade, este homem, ao jeito dos profetas declara o seu propósito de gastar a sua vida ao serviço de uma Nova Humanidade assente na paz, na cooperação e na fraternidade.

Podemos dizer que a sua vida tem a qualidade da vida das pessoas que são realmente mediações do amor de Deus para a Humanidade.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

VISLUMBRANDO A NOVA HUMANIDADE-II

II-O CANTO DO POETA

És o Homem em construção. Emerges de modo único em cada pessoa e converges para uma comunhão orgânica cuja plenitude se encontra em Deus.

És o verso central do poema magnífico da criação. Realizas-te como um rosto com duas faces: masculinidade e feminilidade.

À medida que uma pessoa cresce, tu brotas como expressão nova de liberdade, consciência e responsabilidade.

És imagem perfeita de Deus. Levas contigo as impressões digitais do Criador! Surges como expressão de um desejo expresso do Deus que te criou.

Quando surgiste já havia muitos seres vivos a pulular nesta terra bonita e fecunda. Mas ainda não existia um ser com interioridade pessoal capaz de comungar com as pessoas divinas.

Já havia na natureza muitos balidos, guinchos, uivos, grunhidos e outros sons. Mas não havia ninguém capaz de amar e fazer poesia.

Foi então que Deus parou a marcha da criação para pensar no Homem à sua imagem. A Divindade é pessoas e a Humanidade também. E assim começa a História da Criação que vai culminar na plenitude da Salvação.

A criança é uma pessoa iniciada, mas longe de estar realizada. O jovem ainda não teve tempo para chegar longe na sua construção.

Nem mesmo o adulto se pode arrogar o título de Homem plenamente acabado. Enquanto estiver em emergência histórica, a Humanidade é pessoas em construção.

Mas já pertences à cúpula personalizada do Universo! Por ser constituída por pessoas, já pertence à esfera da transcendência:

Transcendes o Universo que não é uma pessoa. Por ser pessoas, é proporcional ao próprio Deus que é uma comunhão amorosa de três pessoas.

Desde o homem primordial até aos nossos dias é a única Humanidade a acontecer. Emerge como novidade em cada pessoa.

Apesar de ser única, original e irrepetível, a pessoa só pode encontrar-se de modo feliz e perfeito dentro do entretecido comunitário.

Com efeito, para as pessoas que se excluem da comunhão, apenas existe a perdição. Isto quer dizer que a pessoa que se enrosca em si própria, fica sem horizontes de plenitude.

Quem não facilita a sua génese não se ama nem está em sintonia com a acção do Deus Criador.

Humanidade:
A tua cúpula é Jesus de Nazaré, o fruto mais amadurecido da Humanidade e o ponto de encontro e interacção do Humano com o Divino.

Humanidade: És um poema que ainda não foi inteiramente declamado. Tu és a menina dos olhos de Deus!

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sábado, 9 de maio de 2009

O PAI-NOSSO COMO SÍNTESE DO EVANGELHO


Um dia, os Apóstolos disseram a Jesus: “Ensina-nos a rezar”. Jesus respondeu ao seu pedido ensinando-lhes o “Pai-Nosso”.

A partir daquele dia, o “Pai-Nosso” ficou o modelo do que é uma oração à maneira de Jesus. Por isso, os cristãos o aprendem de cor.

O “Pai Nosso” é usado em todos os momentos importantes da vida dos cristãos: celebrações do Baptismo, da Eucaristia, da Confirmação, nos funerais, nos casamentos e muitos outros momentos da vida da fé.

É importante não fazer do “Pai-Nosso” uma fórmula que se aprende de cor para ser repetida de forma mecânica.

Por outras palavras, o “Pai-Nosso” não é uma espécie de tabuada para ser repetida sem pensarmos no que dizemos.

Pelo contrário, é importante fazer do Pai-Nosso uma oração para ser meditada, a fim de aprendermos a orar à maneira de Jesus e, deste modo, crescermos no sentido da fé e na capacidade de dialogar com Deus.

Pela oração do “Pai-Nosso” Jesus ensina-nos a falar com Deus Pai como um filho fala com o seu pai bondoso.

Por esta mesma razão, ao falarmos com o Filho de Deus, devemos dialogar com ele como um irmão dialoga com o seu irmão.

“Pai-Nosso” que estais no Céu, dizemos nós. O Céu é o ponto de encontro com as pessoas da Família de Deus: o Pai, o Filho, o Espírito Santo e os biliões de pessoas humanas que já moram na casa de Deus.
O Pai-Nosso diz que devemos santificar o nome de Deus. Por isso dizemos: “santificado seja o vosso nome”.

Quando Moisés se aproximou de Deus no Monte Sinai, Deus falou-lhe dizendo: “Não te aproximes. Tira os teus sapatos, pois o lugar que estás pisando é sagrado”.
Isto significa que Deus é muito superior a nós. Mas Deus é tão bom que quis fazer de nós membros da sua família.

Deste modo, Deus tornou-se muito próximo de nós, abolindo as distâncias que nos fazia seus ser servos.

Eis as palavras de Jesus: “É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei.

Ninguém ama mais do que a pessoa que dá a vida pelos seus amigos. Vós sois meus amigos se fizerdes o que vos mando. Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor.

A vós eu chamo-vos meus amigos, pois dei-vos a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo 15, 12-16).

Ao ensinar aos Apóstolos o “Pai Nosso”, Jesus quis ensinar-nos que Deus está tão perto de nós que habita no nosso coração.

O nome de Deus é santo e misterioso. Isto quer dizer que não podemos entender totalmente a grandeza de Deus.

Jesus ensinou-nos a dizer “Pai-Nosso” que estais nos Céus”. Com esta expressão que estais nos Céus, Jesus quis dizer-nos que Deus, apesar de habitar em nós, continua a ser uma realidade misteriosa, isto é, não o vemos.

A mensagem do “Pai Nosso” é muito profunda, pois ensina-nos que, se somos família de Deus, as pessoas humanas são todas irmãs umas das outras.
Ensina-nos, também, que devemos trabalhar para construir a Família Deus Pai, pois é este o seu projecto.

Jesus disse-nos para nos aproximarmos de Deus Pai com muita confiança. É importante amarmos a Deus como um filho gosta da sua mãe e sabe que esta gosta dele.

No “Pai-Nosso” também afirmamos o seguinte: “Venha a nós o vosso Reino. O Reino de Deus é a comunhão de toda a Humanidade com Deus, fazendo uma só Família.

Depois ainda acrescentamos: “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no Céu”. As pessoas que se unem a Cristo, passam a fazer a vontade de Deus Pai como ele fez.

Jesus disse que o Reino de Deus não está longe. Está dentro de nós, mas ainda não se manifestou nem revelou totalmente.

No “Pai-Nosso” também pedimos a Deus o “pão-nosso” de cada dia”. Como somos filhos de Deus, temos o direito de pedir alimento a Deus Pai e ao nosso irmão Jesus Cristo.

O pão de cada dia não é apenas o pão que vai para o estômago, mas também o pão que alimenta a nossa mente e o nosso coração.

Jesus ensina-nos deste modo a dizer a Deus com toda a confiança: “Pai: dá-nos, neste dia, tudo aquilo de que precisamos.”
Outra verdade importante do “Pai-Nosso” é que Jesus nos manda pedir perdão a Deus pelos nossos pecados.

Mas diz-nos também que devemos perdoar aos que nos fazem mal. Por isso dizemos “Perdoa-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.

Mas, como para nós, não é fácil perdoar, Jesus ensina-nos a pedirmos ao Pai força para nos dar um coração capaz de perdoar.

A última petição do “Pai Nosso” é: “Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”.

A vida é como uma luta que temos de enfrentar todos os dias. Em cada dia temos de saber dizer não ao mal e fazer coisas boas.

A tentação é uma insinuação subtil que surge na nossa mente, pretendendo enganar-nos, dizendo que é bem o que na realidade é muito mau para nós.

Quando dizemos a Deus que não nos deixe cair na tentação estamos a pedir a Deus que nos dê a força do Espírito Santo, a fim de não falharmos na vida.

Podemos dizer que o Pai-Nosso é, de facto, um resumo do Evangelho que Jesus pregou.
Configura o nosso coração com o coração de Jesus que confiava em Deus Pai como um menino confia no seu pai.

Quando rezamos ao jeito de Jesus, o Espírito Santo vem sobre nós, como veio sobre Jesus e diz no nosso íntimo: “Abba,” isto é, “Papá!”
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quarta-feira, 6 de maio de 2009

JESUS CRISTO COMO FILHO DO HOMEM-I



I-JESUS E O TÍTULO DE FILHO DO HOMEM

No livro de Ezequiel Deus chama mais de noventa vezes o profeta por Filho do Homem. No contexto deste livro, este título significa apenas filho de Adão, ser mortal e frágil.

No Livro de Ezequiel este título não tem qualquer conotação messiânica como podemos ver logo no início do Livro:
“Filho de homem, põe-te de pé que vou falar contigo.O Espírito penetrou em mim enquanto me falava. Então ouvi alguém que me chamava.

Disse-me: “Filho de homem, vou enviar-te aos filhos de Israel” (Ez 2, 1-2). No Livro de Daniel, pelo contrário, o título tem um alcance messiânico.

Filho do Homem, para Daniel, é o rei Messiânico, entronizado por Deus no Céu: “Entre as nuvens do Céu vinha alguém como um Filho de Homem.

Chegou perto do Ancião (Deus) e foi conduzido à sua presença.Foram-lhe dadas soberania, glória e realeza. Todos os povos, todas as nações e as gentes das diversas línguas o servem.

O seu império é um império eterno que não passará jamais e o seu Reino nunca será destruído” (Dan 7, 13-14).

Não é difícil ver aqui reflexos do oráculo do profeta Natã a David, a primeira profecia messiânica da história do povo bíblico:

“Quando chegar o fim dos teus dias, disse Deus a David e repousares com teus pais, vou manter a tua descendência, consolidando o teu reino através de um teu descendente.

Ele construirá um templo ao meu nome e eu firmarei para sempre o seu trono real.
Eu serei para ele um pai e ele será um filho para mim (…).

A tua casa e o teu reino permanecerão para sempre diante de mim e o teu trono estará firme para sempre” (2 Sam 7, 12-16).

A profecia do Filho do Homem é a última no conjunto das profecias messiânicas. Surge num momento em que o povo estava a ser perseguido e martirizado pelos descendentes de Alexandre Magno, os quais queriam impor a religião e os costumes pagãos aos judeus.

A profecia é elaborada em linguagem apocalíptica, a linguagem própria dos momentos de grande perseguição.

O nome de David é substituído pelo nome de Filho do Homem, a fim de não ser mais um motivo de perseguição.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

JESUS CRISTO COMO FILHO DO HOMEM-II

II-JESUS RESSUSCITADO COMO FILHO DO HOMEM

O título de Filho do Homem aplicado a Jesus pressupunha, da parte dos discípulos, a experiência da ressurreição.

Se Jesus utilizou este título para falar da sua missão messiânica não há qualquer dúvida de que ele tinha consciência de que a plenitude da sua missão messiânica iria acontecer após a ressurreição.

Eis o que diz São Paulo: “Acerca do Filho de Deus, nascido da descendência de David segundo a carne, constituído filho de Deus em todo o seu poder (entronizado), pelo Espírito que Santifica, pela ressurreição de entre os mortos, Jesus Cristo, Senhor Nosso” (Rm 1, 3-4).

Entre os títulos atribuídos pelo Novo Testamento a Jesus, o mais usado é o “Filho do Homem”. Aparece nos evangelhos mais de oitenta vezes.

Este título adaptava-se perfeitamente para falar de Jesus como rei messiânico, entronizado no Céu pela sua ressurreição:

“Acerca do Filho de Deus, nascido da descendência de David segundo a carne, constituído Filho de Deus (rei entronizado) em todo o seu poder, pelo Espírito Santo, no momento da sua ressurreição de entre os mortos” (Rm 1, 3-5).

De acordo com a esperança messiânica, Jesus devia subir ao trono na terra. Mas como os judeus o mataram, Deus ressuscitou-o e entronizou-o no Céu (Act 2, 22-24).

Então, os discípulos vêem na ressurreição de Jesus a realização da profecia de Daniel em Jesus:

Uma vez ressuscitado, Jesus, investido no seu poder real na presença de Deus (Dan 7, 14). Após a Páscoa, os evangelistas aplicam ao Jesus histórico, vão atribuir-lhe muitas características próprias do Filho do Homem entronizado no Céu.

É muito provável que o título tenha sido usado pelo próprio Jesus. De facto, todas as fontes evangélicas dizem que Jesus utilizava este título quando falava de si.

Se assim é, então Jesus tinha consciência de que a plenitude da sua missão messiânica aconteceria após a sua Ressurreição. Ele é, na verdade, o rei messiânico entronizado no Céu, como proclamou o profeta Daniel.

Para a mentalidade bíblica, o rei e o povo fazem um todo orgânico. É por esta razão que o texto passa da figura singular do Filho do Homem, para a figura colectiva do povo:

“Os santos do Altíssimo são os que hão-de receber a realeza e guardá-la por toda a eternidade” (Dan 7, 18).

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

JESUS CRISTO COMO FILHO DO HOMEM-III


III-CARACTERÍSTICAS DA MISSÃO DO FILHO DO HOMEM

O título Filho do Homem aponta para o facto de Jesus ser mais que um simples homem ungido com o Espírito Santo para ser o Messias:

O Filho do Homem tem poder para perdoar os pecados (Mt 9, 6). O perdão do pecado pressupõe uma recriação, isto é, um fazer do Homem uma Nova Criação:

“Por isso, se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. O que era velho passou. Eis que tudo se fez novo.

Tudo isto vem de Deus que nos reconciliou consigo por meio de Jesus Cristo” (2 Cor 5, 17-18).
A Nova Criação, é fruto de um novo nascimento, diz o evangelho de São João:

“Jesus respondeu a Nicodemos: “Em verdade em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus”.

Aquilo que nasce da carne é carne. O que nasce do Espírito é Espírito” (Jo 3, 5-6). Além disso, o Filho do Homem é Senhor do Sábado (Mt 12, 8).

O dever de guardar o Sábado era indiscutível para qualquer judeu. As atitudes de Jesus face ao Sábado indicam que o Filho do Homem é superior a Moisés, legislador.

Assim com Jonas passou três dias no ventre da baleia, o Filho do Homem passará três dias no seio da terra (Mt 12, 40).

Isto quer dizer que o principal da missão de Jesus terá lugar após a sua morte e ressurreição.

O Livro dos Actos dos apóstolos diz que foi no momento da sua ressurreição que Jesus foi
investido na sua missão de rei messiânico (Act 3, 19-21).

O Filho do Homem virá na glória de seu Pai, com os anjos e, então, retribuirá a cada um de acordo com a sua conduta (Mt 16, 27).

A missão messiânica de Jesus tem a função de realizar o juízo definitivo. Naturalmente que o juízo final não deve ser visto como o momento da condenação.

Pelo contrário, o juízo definitivo implica a salvação definitiva, pois é este o plano de Deus: “A vontade de Deus é que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tim 2, 4).

O juízo final deve ser interpretado como a plena realização da missão salvífica do Filho do Homem:

Nada do que de salvável existir no ser humano se perderá no vazio da morte. O Filho do Homem não condena ninguém. Os que vão para a morte eterna condenam-se por sua própria decisão.

Após a transfiguração, Jesus pede aos Apóstolos para não contarem o que viram sobre a montanha, até o Filho do Homem ressuscitar dos mortos (Mt 17, 19).

A missão do Filho do Homem tem um alcance universal. Será como o relâmpago que sai do Oriente e brilha até ao Ocidente (Mt 24, 27).

A Salvação que Deus concede à Humanidade através do Filho do Homem é para os homens de todas as raças, línguas, povos e nações:

“Então aparecerá o sinal do Filho do Homem no Céu. Todas as tribos da terra baterão no peito e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do Céu com grande poder e glória” (Mt 24, 30).

De agora em diante, o Filho do Homem estará sentado à direita do Todo-poderoso (Lc 22, 69).

No momento do seu martírio, Estêvão disse: “Vejo o Céu aberto e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus” (Act 7, 56).

Com o evangelho de São João, o Filho do Homem adquire as características de um ser divino e preexistente.

Ele é o Filho Eterno, Deus com o Pai e o Espírito Santo: “Ninguém subiu ao Céu a não ser aquele que desceu do Céu, o Filho do Homem” (Jo 3, 13).

Jesus tem o poder de julgar, pois ele é o Filho do Homem: “Deus Pai deu ao Filho o poder de julgar, pois Ele é o Filho do Homem (Jo 5, 27).

Nesta passagem, São João tem presente a visão do profeta Daniel, segundo a qual o Filho do Homem é investido no Céu com poder e Glória, a fim de julgar todos os povos (cf. Dan 7, 13).

Os evangelhos dizem que o Filho do Homem vai vir de Novo. Todos os homens o verão chegar sobre uma nuvem (Lc 21, 27; Mc 14, 62; Mt 26, 64).

A nuvem era o sinal que acompanhava normalmente as manifestações de Deus. Tal como aconteceu com a profecia do Servo Sofredor do profeta Isaías (cf. Is 52, 13-53, 12), também a profecia do Filho do Homem não encontrou no povo judeu.

Foi com o acontecimento de Jesus Cristo que estas duas profecias encontraram o seu sentido pleno.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias