
Como sabemos, o Reino de Deus é a Festa Universal da Família de Deus. Nesta Festa todos dançam o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que tiver treinado agora na História.
É exactamente isto que significa dizer que a pessoa é um ser em construção histórica. Por outras palavras, o ser humano faz-se, fazendo. Realiza-se, realizando. Ninguém o pode substituir nesta tarefa da sua realização.
No entanto, a pessoa humana só pode realizar-se em relações com as outras, pois não somos ilhas.
Podemos dizer que começamos por ser aquilo que os outros fizeram de nós. Mas o mais importante e decisivo é o modo como nos realizamos a partir do que recebemos dos demais.
Ao falar da Encarnação, o evangelho de São João diz que o Filho de Deus, ao encarnar, nos deu o poder de nos tornarmos nos filhos de Deus.
Eis as suas palavras: “Mas a quantos o receberam, aos que nele crêem deu-lhe o poder de se tornarem filhos de Deus.
Estes não nasceram dos laços do sangue, nem dos impulsos da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus.
E o Verbo de Deus encarnou e veio habitar no nosso meio. E nós vimos a sua glória, essa glória que ele possui como filho unigénito do Pai cheio de graça e de verdade” (Jo 1, 12-14).
Na sua configuração espiritual, o ser humano é uma pessoa semelhante às pessoas divinas.
Como cada ser humano é único, podemos dizer que a pessoa é um ser alicerçado na sua unicidade, mas talhado para a reciprocidade da comunhão amorosa.
Isto quer dizer que a plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão amorosa. Eia a razão pela qual a Divindade, apesar de ser três pessoas, é apenas uma plenitude divina.
Por outras palavras, o Uno, em Deus, é a comunhão trinitária. O plural, são as pessoas. Tal como acontece com a Divindade, também a Humanidade forma uma unidade orgânica e dinâmica, onde cada pessoa encontra a sua plenitude.
Calmeiro Matias
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