sábado, 26 de dezembro de 2009

JESUS E O MISTÉRIO DO REINO DE DEUS

Os evangelhos dizem que Jesus iniciou a sua pregação convidando as pessoas a converterem-se e a aceitar o Reino de Deus que começava a emergir no seu meio.

Eis as palavras de São Marcos: “Depois de João ter sido preso, Jesus foi para a Galileia e proclamava o Evangelho de Deus, dizendo:

“Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho” (Mc 1, 14-15).

O evangelho de São Marcos diz que o Reino de Deus é um segredo que só pode ser conhecido através da revelação que Jesus trazia:

“A vós é dado conhecer o mistério do Reino de Deus, mas aos de fora tudo lhes é proposto em parábolas” (Mc 4, 11).

A carta aos Efésios diz que o Espírito Santo revela os mistérios do Reino apenas aos que são escolhidos para a obra da pregação:

“Deus manifestou-nos o mistério da sua vontade e o plano generoso que tinha estabelecido para conduzir os tempos à sua plenitude, submetendo todas as coisas a Cristo, tanto as que há no Céu como na Terra” (Ef 1, 10).

São Paulo diz que o seu conhecimento sobre o mistério do Reino de Deus se deve ao facto de este lhe ter sido revelado pelo Espírito Santo:

“Por revelação me foi dado conhecer o mistério, o qual não foi dado a conhecer aos filhos dos homens nas gerações passadas, como agora foi revelado aos santos Apóstolos e Profetas no Espírito Santo.

Segundo este mistério, os gentios são admitidos à mesma herança do povo bíblico. Por outras palavras, os pagãos são membros do corpo de Cristo e, portanto, são participantes do plano salvador de Deus, anunciado pelo Evangelho que os Apóstolos proclamam.” (Ef 3, 3-6).

O Reino de Deus é um projecto que está a emergir na História, mas a sua plenitude transcende a história.

É por esta razão que Jesus, no Pai-Nosso, ensina os discípulos a pedirem ao Pai do Céu para que o Reino venha (Mt 6, 10; Lc 11, 2).

Ao enviar os Apóstolos a pregar o evangelho, Jesus diz-lhes que devem proclamar que a vinda do Reino vai acontecer muito em breve (Lc 9, 2).

No evangelho de São Mateus, Jesus aconselha os discípulos a procurarem em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e tudo o resto lhes será dado por acréscimo” (Mt 6, 33).

Os evangelhos dizem que os milagres de Jesus eram sinais para as pessoas compreenderem que o Reino de Deus já estava a emergir:

“Se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demónios, então o Reino de Deus já chegou a vós” (Mt 12, 28; Lc 12, 31).

Jesus disse a Nicodemos que só o Homem renascido pelo Espírito Santo pode tomar parte na festa do Reino de Deus:

“Quem não nascer do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que nasce da carne é carne e o que nasce do Espírito é espírito” (Jo 3, 5-6).

A aceitação do Reino de Deus implica persistência e fidelidade à vontade de Deus: “Quem lança mão do arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus” (Lc 9, 62).

E ainda: “Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5, 20).

São Paulo é o grande sinal do que significa um homem fiel ao Deus que nos chama para o serviço do Evangelho (Act 28, 31).

Por ser uma realidade de grandeza humano-divina, o Reino de Deus é transcendente, pois assenta na comunhão Universal da Humanidade com Deus.

Como enxerto do divino no Humano, o mistério da Encarnação era realmente uma condição indispensável para acontecer a divinização da Humanidade.

Deste modo, Jesus de Nazaré é plenamente homem em união com a Humanidade e o Filho de Deus é plenamente Deus em união com o Pai e o Espírito Santo.

Utilizando como imagem a união orgânica do enxerto nas plantas, podemos dizer que o Homem é um ramo do limoeiro frágil, enxertado na laranjeira saudável e robusta que é o Filho Eterno de Deus.

Ao receber a seiva portadora da vida plena, o ramo do limoeiro começa a robustecer-se e a dar limões de alta qualidade.

Mas não começou a dar laranjas. Isto quer dizer que na interacção humano-divina da Encarnação, nem a divindade é mutilada nem a Humanidade é anulada.

A seiva que alimenta esta união orgânica é o Espírito Santo, o amor de Deus derramado nos nossos corações, como diz São Paulo (Rm 5, 5).

Por ser o ponto de encontro e interacção do humano com o divino, Jesus Cristo é a fonte a partir da qual emerge a dinâmica do Reino de Deus.

É dele que emerge e se difunde a dinâmica pascal do Espírito Santo que faz de nós membros da Família Divina (Rm 8, 14-16).

Isto significa que o Reino de Deus é o encontro definitivo e indestrutível do Homem com Deus.
Está em génese na história e culmina na assunção e incorporação do Homem na comunhão com Deus.

Podemos dizer que o Reino de Deus constitui o horizonte máximo da Esperança Cristã. A Igreja não é o Reino de Deus, mas é sacramento do Reino de Deus, isto é, uma mediação privilegiada do Espírito Santo o fazer emergir na História.

O Reino de Deus é uma realidade de grandeza humano-divina. É a Vida Eterna a emergir no tempo.

São Paulo realça a importância fundamental da Igreja como sacramento do Reino, dizendo:

“A mim, o menor de todos os santos, foi-me dada a graça de anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo.
Fui incumbido de revelar aos homens a realização do mistério escondido desde todos os séculos em Deus Criador.
Na verdade, foi-me dada a conhecer a multiforme sabedoria de Deus, de acordo com o desígnio eterno que ele planeou em Cristo nosso Senhor” (Ef 3, 8-11).

Por ser sacramental, a missão da Igreja é para a História, pois no Reino de Deus já não há sacramentos, mas sim a realidade que estes explicitam na História.

Na sua plenitude, o Reino de Deus coincide com a Comunhão Universal das pessoas humanas com as três pessoas divinas.

Esta Comunhão assenta em vínculos familiares, pois em Cristo e com Cristo somos todos filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho Eterno de Deus (Rm 8,14-16).

Jesus é a pedra angular sem a qual não podia existir o edifício do Reino de Deus. São Paulo tem uma expressão muito feliz para afirmar a profundidade espiritual do Reino de Deus. Eis as suas palavras:

“O Reino de Deus não consiste em comida e bebida mas em justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14, 17).

Na Festa do Reino de Deus ninguém pretende dominar ou machucar os outros, atitudes que geram violência e sofrimento.

Por isso já não há pessoas tristes, desiludidas ou magoadas com os demais. E se ainda houver alguma memória do sofrimento desta vida na terra, Deus passas amorosamente pelos seres humanos e, sorrindo, limpas essas.

Depois, com um beijo cheio de ternura, apaga de modo definitivo as recordações tristes, como diz o Livro do Apocalipse:

“E ouvi uma voz potente que vinha do trono e que dizia: “Esta é a morada de Deus Entre os homens.

Deus habitará com os seres humanos e estes serão o seu povo. Do mesmo modo, Deus estará com os seres humanos e será o seu Deus.

Ele enxugará todas as lágrimas dos seus olhos e não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor, pois as primeiras coisas passaram” (Apc 21, 3-4).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

EM DEUS VIVEMOS, NOS MOVEMOS E SOMOS

Trindade Santa,
A nossa Fé diz-nos que Vós sois um Deus sempre próximo e que se torna presente aos seres humanos no seu próprio interior.

A Vossa morada é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas a qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Para irmos ao vosso encontro, temos de nos orientar no sentido nossa interioridade, pois Vós sois mais interior a nós do que nós próprios, com dizia Santo Agostinho.

Vós vindes a nós, Deus Santo, sempre a partir do interior. Nós vos agradecemos, Trindade Santa, o facto de vos relacionardes com cada pessoa de modo único e diferente.

Isto significa que Vós nos tomais a sério e amais cada pessoa assim como ela é.
Trindade Santa,
Vós Sois uma família de três pessoas, mas de coração aberto aos outros. Isto dá-nos a certeza de que ninguém tem Deus só para si.

O amor é difusivo, por isso Vós expandis a vossa ternura pelos biliões de pessoas que viveram, vivem e viverão ao longo dos milénios.

Espírito Santo,
Tu és o princípio difusivo do amor de Deus pelos seres humanos. São Paulo diz que tu és o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Quando as pessoas se vão bronzear à praia têm consciência de que o sol a é para todos.
Não é pelo facto de o Pedro se estar a bronzear que a Margarida fica privada do sol.

O sol difunde os seus raios por todos os seres humanos, um sinal do vosso amor capaz de se difundir por todos.
Mas ao contrário do sol que nos atinge a partir de fora, tu encontras-te connosco, Espírito Santo, a partir de dentro.

A Carta aos Romanos diz que tu és o amor de Deus derramado nos corações dos seres humanos (cf. Rm 5, 5).

Isto significa que o nosso Deus é um Deus próximo. A luz e o calor do sol chegam até nós, vindos de longe.

Tu, pelo contrário, Espírito Santo, estás nosso interior e pões-nos em comunicação com o Pai e o Filho, incorporando-nos na Família de Deus.

Com a tua ternura maternal tu nos conduzes a Deus Pai que nos acolhe como filhos e ao Filho de Deus nos acolhe como irmãos.

Espírito Santo,
Isto quer dizer que tu fazes do nosso coração o ponto de encontro com a família da Santíssima Trindade.

Na Carta aos Romanos, São Paulo disse que os seres humanos que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus (Rm 8, 14).

Trindade Santa,
Vós sois um Deus ao nosso alcance e sempre disponível para todos. Ao ressuscitar, Jesus difundiu o Espírito Santo por todos nós, ele que é a Água da Vida que faz germinar em nós a Vida Eterna.

Os seres humanos precisam do ar para respirar e viver. Felizmente que o ar está presente em toda a terra.

Do mesmo modo, os seres humanos precisam do Espírito Santo para renascer, a fim de poderem renascer, como Jesus disse a Nicodemos.

No Livro dos Actos dos Apóstolos São Paulo diz que Deus nunca está longe, pois é em Deus que nós vivemos e nos movemos.

Eis as suas palavras: “O Deus que criou o mundo e tudo o que nele habita é o Senhor do Céu e da Terra.

Ele não habita em santuários feitos pela mão do Homem, nem é servido por mãos humanas, como se precisasse de alguma coisa.

É ele que dá a vida, a respiração e tudo o mais. Criou a partir de Adão toda a Humanidade, a fim de ela habitar sobre a face da terra” (Act 17, 24-26).

Depois acrescenta: “É nele que vivemos, nos movemos e existimos, pois já somos família sua.
Se nós somos família de Deus, não devemos pensar que a Divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra esculpida pela mão do homem” (Act 17, 28-29).

Louvado sejais Trindade Santa que sois uma comunhão familiar e nos acolhestes na Vossa Família através de Jesus Cristo!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias




segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

VOCAÇÃO PARA A FRATERNIDADE UNIVERSAL

Pai Santo,
No princípio, o teu amor de pai orientava-se de modo exclusivo para o teu Filho Unigénito.

Pelo mistério da Encarnação o Filho Eterno de Deus dividiu connosco a sua herança de Filho Único e nós passamos a ser co-herdeiros com ele, tornando-nos, por isso, filhos de Deus (cf. Rm 8, 14-17; Gal 4, 4-7).

Filho Eterno de Deus,
Nós te damos graças por teres partilhado connosco o amor infinito com que o Pai te ama desde toda a eternidade.

Por tomarmos parte contigo no amor paternal de Deus, já podemos dizer contigo “Abba, Pai Querido”.

E foi assim que passamos a fazer parte do mistério da Fraternidade Universal, cujo princípio animador é o Espírito Santo.

Primeiro decidiste fazer-te irmão de todos nós. Depois deste-nos o mandamento do amor ao próximo, colocando-nos, deste modo, em situação universal de fraternidade.

Jesus Cristo,
Neste momento recordo as tuas palavras quando confiastes aos Apóstolos o mandamento do amor, dizendo:

“É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15, 12).
Espírito Santo,

Com teu jeito maternal de amar tu optimizas as relações entre os seres humanos irmãos, conduzindo-os, deste modo, à Família Universal de Deus.

Tu és no nosso íntimo o grande construtor do jeito fraternal de amar, ajudando-nos a passar do coração egoísta de Caim, para o coração fraterno de Jesus Cristo.

Deste modo aperfeiçoas algo que em nós está esboçado, pois somos seres talhados para a comunhão fraterna.

Na verdade, nós precisamos da estima dos outros para sermos capazes de gostarmos de nós.
A comunhão fraterna é a grande meta da humanização.
De facto, a plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão. Reduzida a si, a pessoa está em estado de perdição. Com efeito, o estado de inferno não é mais que a ausência total e definitiva da comunhão.

Na verdade, os seres humanos apenas podem estruturar-se de modo equilibrado em contexto de fraternidade, pois as pessoas não são ilhas.

Eis alguns passos importantes que nos ajudam a moldar um coração capaz de comunhão fraterna:

Tentar compreender o outro na sua realidade mais profunda e nas suas diferenças, pois a pessoa tem muita dificuldade em se realizar quando se sente rejeitada nas suas diferenças.

Assim, por exemplo, uma pessoa não consegue dar-se se não se sente amada e valorizada pelos outros.

É importante habituar-se a confiar nos outros e agir de modo a merecer a sua confiança. Guardar segredo sobre as comunicações e segredos que os outros nos comunicam para merecermos a sua confiança.

Estar atentos ao que os outros fazem e saber valorizar as suas realizações. Comunicar sempre numa linha de verdade e autenticidade.

Compreender e aceitar a história pessoal das outras pessoas, a fim de os compreender e aceitar melhor.

Tomar consciência de que os outros são um dom de Deus para nós. Na verdade só tornando-nos irmãos dos outros podemos ser filhos de Deus e, deste modo, fortalecer a fraternidade universal, o único jardim onde acontece a plenitude humana.

É importante reconhecer que ninguém é bom em tudo, esforçando-se por aceitar as qualidades dos outros, a fim destas se tornarem carismas, isto é, dons para nós.

Recordar-se que o Espírito Santo está nos nossos irmãos, tal como está em nós, compreendendo que nós não somos os únicos detentores da verdade.

Referindo-se à fraternidade da comunidade cristã, São Paulo diz o seguinte:
“Há um só corpo e um só Espírito (...). Há um único Senhor, uma única Fé, um único baptismo.
Há um só Deus e Pai de todos que está acima de todos, actua por meio de todos e se encontra no coração de todos” (Ef 4, 4-6).

É importante estar disposto para falar quando é necessário e estar disponível para escutar, sinal de apreço e respeito pelos irmãos.

Na verdade, quem se recusa a escutar os outros com respeito não merece ser escutado.
Espírito Santo,

Ajuda-nos a construir um coração fraterno, a veste indispensável para tomar parte na Comunhão do Reino de Deus.

Ajuda-nos a ser construtores de fraternidade na História, pois esta é a maneira de sermos incorporados na Comunhão Universal da Família de Deus.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias





quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

ORAÇÃO CONFIANTE DE UM HOMEM CRENTE

Trindade Santa,
Vós sois o único Deus Verdadeiro e o nosso Criador. Obrigado por nos terdes amado ainda antes de nós existirmos.

Fostes Vós quem decidiu criar-nos inacabados, a fim de sermos autores da nossa própria realização.

Espírito Santo,
Glória a ti que és o amor de Deus derramado nos nossos corações, como diz São Paulo (Rm 5, 5).
Tu és a ternura maternal de Deus. A tua presença maternal é o princípio animador desse campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Tu és, Espírito Santo, o hálito da vida que, no princípio, saiu das narinas de Deus para o interior do barro amassado do qual saiu Adão!

Ajuda-nos a compreender o Mistério do Homem em construção, a fim de termos critérios para edificar o Homem Novo.

Espírito Santo,
Tu és o hálito da vida que, no princípio, saiu das narinas de Deus para o interior do barro amassado do qual saiu Adão!

Quando te enviou a nós, Jesus confiou-te a missão de nos conduzires à Verdade plena, diz o evangelho de São João (Jo 16, 13).

És tu, Espírito Santo, quem nos faz compreender o Mistério do Homem em construção. És tu quem nos dá os critérios certos para sabermos edificar o Homem Novo.

Com esse teu jeito maternal de amar tu nos enches da sabedoria de Deus, a fim de que as nossas palavras sejam sensatas e as nossas atitudes criadoras de fraternidade.

És tu quem nos conduz e ilumina, a fim de ajudarmos as pessoas que se cruzam connosco a ser felizes.

Espírito Santo,
Só com a tua força nós somos capaz de acolher os irmãos assim como eles são. Graças a ti nós somos capazes de agir de modo a que ninguém fique mais pobre, triste ou machucado, por se encontrar connosco.

És tu quem nos torna fiéis à Palavra de Deus, a fim de fazermos sempre a vontade do Pai como Jesus que um dia disse estas palavras:

“O meu alimento é fazer a vontade do meu Pai e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).
Senhor Jesus Cristo,
Tu ensinaste aos teus discípulos que a vontade do Pai a nosso respeito coincide sempre com o que é melhor para nós.

Por isso, após a Páscoa, os Apóstolos começaram a testemunhar o amor de Deus pela Humanidade.
Nós te louvamos porque nos deste o mesmo Espírito Santo que capacitou os teus discípulos para anunciar o Evangelho.
Na verdade, também nós fomos consagrados por este mesmo Espírito Santo, a fim de podermos anunciar a Notícia Bonita da tua ressurreição.

Nós te louvamos, Jesus, por este chamamento que nos fazes.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


domingo, 6 de dezembro de 2009

O TEMPO E O PROJECTO CRIADOR DE DEUS

Deus Santo,

Vós não habitais as coordenadas do tempo, pois não sois um Deus em realização, ao contrário dos seres humanos que são o Homem em construção.

Vós sois um Deus em coordenadas de plenitude de amor e comunhão.
Pai Santo,
Louvado sejas por nos teres dado a possibilidade de emergir e estruturar de modo harmonioso e progressivo na sucessão do tempo.

Tu iniciaste a génese da Criação a partir de um leque primordial de possibilidades, permitindo que a sua marcha aconteça numa sequência de causas e efeitos.

Por ser um processo histórico, a marcha criadora acontece de modo evolutivo, impelido pelos impulsos do tempo.

Sem os impulsos do tempo a vida animal não podia evoluir nem atingir as maravilhosas complexidades e os saltos de qualidade que deram origem à sucessão das espécies.

Trindade Santa,
Vós não precisais do tempo para serdes uma família de três pessoas em perfeita comunhão amorosa.

Os seres humanos, pelo contrário, precisam do tempo para emergirem como pessoas e convergirem para a comunhão amorosa.

Sem a dinâmica do tempo, Deus Santo, a Humanidade era uma realidade sem a possibilidade de tomar parte no processo evolutivo da sua própria criação.

Isto quer dizer que apesar de não habitardes no tempo, Vós precisais do tempo para conduzir a Criação à sua perfeição e plenitude!

Vós não precisais do tempo e do espaço para serdes um Deus infinitamente perfeito. A bíblia define a realidade de Deus, dizendo que a divindade transcende o tempo, pois está sempre a ser.

Pai Santo,
Tu disseste a Moisés que és aquele que é. Moisés entendeu que Deus é aquele que está sempre a ser. Eis o relato do Livro do Génesis:

“Deus disse a Moisés: “Eu sou aquele que sou”. E acrescentou: “Dirás aos filhos de Israel: “ O Eu Sou manda-me a vós!” (Ex 3, 14).

Se Deus é um “Eu Sou”, isto quer dizer que a divindade é um verbo sempre a conjugar-se e não um substantivo abstracto e estático.

Se Vós sois um “Eu Sou”, então Deus é “um sempre presente”, isto é, nunca foi ou será “um passado”.

Olhando o mistério de Deus a partir do Novo Testamento, nós temos de concluir que Vós sois, Deus Santo, não apenas um sujeito infinito, mas também uma comunidade familiar de três pessoas.

À luz do Novo Testamento, nós podemos dizer que a Divindade é uma emergência permanente de três pessoas de perfeição infinita em convergência total de comunhão amorosa.

Na dinâmica histórica da revelação, a Santíssima Trindade surge como ponto de chegada e não como ponto de partida.

Na marcha da revelação surge primeiro a unicidade divina: Há um só Deus. Mas à medida que o Vosso rosto ia definindo melhor, surgiu a possibilidade da revelação de Deus como comunhão de amor:
Deus não é um sujeito isolado, mas uma comunhão de pessoas. Isto leva-nos a concluir que a morada do Deus que precedeu e criou o tempo fica fora do tempo.
Deus é o coração dinamizador de um campo espiritual contínuo de interacções amorosas e que constitui a interioridade máxima do Universo.

Por outras palavras, é a partir deste campo espiritual contínuo que Deus se torna presente a todo o Universo.

É a partir deste campo espiritual contínuo de interacções amorosas que o Espírito Santo interage com a nossa interioridade e se torna o amor de Deus derramado nos nossos corações.

O Deus que precedeu o tempo é uma emergência permanente e eterna de três pessoas infinitamente perfeitas em total convergência de comunhão amorosa.

Sem a dinâmica do tempo, o Homem não podia atingir a sua plena realização e entrar na morada de Deus.

O tempo surge no campo da nossa experiência com uma gama diversificada de formas e impulsos dinâmicos.

Fazemos a experiência do tempo como realidade que podemos medir pelos cronómetros. A este nível o tempo nasce como ponto-instante e vai-se estruturando em segundos, minutos e horas etc.

Fazemos a experiência do tempo do tempo como realidade entretecida nos ciclos da natureza.
Aqui, o tempo adquire uma duração especial dos meses e dos anos.

Como realidade incrustada no tecido da natureza, o tempo apresenta-se-nos com os matizes coloridos e a força geradora da Primavera, do Verão, do Outono e do Inverno.

Entretecido na unidade misteriosa dos anos, o tempo imprime a sua marca irreversível no rosto das pessoas.

Isto é de tal modo verdadeiro que nós, ao olharmos para o rosto de uma pessoa, detectamos facilmente nele as impressões digitais do tempo em forma de anos.

Na verdade, ao cruzarmo-nos com uma pessoa, nós apercebemo-nos de modo espontâneo se esse ser humano tem cerca de dez, vinte, cinquenta ou mais anos.

Temos ainda outros modos de abordar criadora ou corrosiva do tempo, nós inventamos um modo de calcular a acção do tempo de forma mais alargada, juntando os anos de modo a formar séculos e milénios.

Deste modo aprendemos a descobrir e a analisar as impressões digitais do tempo no tecido da matéria e no evoluir da História.

É admirável a exactidão com que os peritos medem em séculos e milénios as marcas que os anos foram imprimindo na estrutura das rochas, das plantas, bem como de homens ou animais fossilizados.

Ao nível das dimensões quase infinitas do Cosmos, o tempo é avaliado com essa unidade de medida a que damos o nome de ano-luz.

Os astrofísicos conseguem calcular os biliões de quilómetros que nos separam das diversas estrelas através do ano-luz.

Mas existe ainda o tempo a nível da vivência íntima da pessoa humana: Temos, em primeiro lugar, o tempo psicológico:
Como passam depressa as horas para dois jovens enamorados que, numa tarde agradável de verão, partilham gestos de ternura junto ao mar.

Pelo Contrário, como são longas as horas para a pessoa que está esperando por alguém que demora em chegar.

Temos ainda a experiência do tempo biológico: como as feridas provocadas no corpo das crianças ou dos jovens cicatrizam depressa, pois as células jovens reproduzem-se de modo muito acelerado.

Pelo contrário, como demoram a cicatrizar as feridas nos corpos das pessoas idosas. Os pensos renovam-se ou substituem-se por tempos que parecem nunca mais ter fim!

Outra experiência frequente do tempo psicológico é o modo rápido como o tempo passa para o idoso.

Como é frequente ouvir pessoas idosas a exclamar: “Que depressa passa o tempo!”
Com o adolescente passa-se o contrário: como tarda a chegar a idade de ter uma moto ou um carro e, deste modo, poder sair à vontade!

Finalmente, os cristãos têm ainda a experiência da Hora de Deus (kairós). O Kairós é o tempo oportuno da salvação, o momento em que o crente sente que Deus o está a iluminar e a convidar no sentido de agir de acordo com a sua vontade para connosco.

Que felizes são as pessoas que procuram auscultar a vontade de Deus e agir de acordo com ela, pois a vontade de Deus coincide rigorosamente com o que é melhor para nós!

Vem depois o fim. Com o Acontecimento da morte a pessoa sai do tempo e entra de modo
definitivo nesse campo espiritual contínuo de interacções amorosas que é a morada de Deus.

Aí dançará o ritmo do amor com o jeito que adquiriu enquanto viveu no tempo. Isto quer dizer que a nossa vida espiritual emerge e ganha densidade eterna enquanto vivemos no tempo.
Seremos eternamente o que construímos enquanto vivemos no tempo. Por outras palavras, vista à luz da eternidade, a vocação fundamental da do ser humano é realizar-se como pessoa mediante o amor.

Vistas a esta luz, as manhãs surgem como um convite a aproveitar o novo dia, pois é uma nova oportunidade para fazer emergir no tempo o que seremos eternamente.


Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias






quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

OS PILARES DA ESPERANÇA CRISTÃ

Trindade Santa,
Glória a Vós por serdes um Deus fiel e verdadeiro. Vós sois o alicerce sólido da nossa esperança, pois as pessoas que confiaram em Vós nunca foram desiludidas.

Senhor Jesus Cristo:

Com a tua ressurreição venceste a nossa morte e, deste modo, iluminaste o sentido da vida humana e robusteceste a nossa esperança.

Após uma vida de doação total ao Evangelho, São Paulo sentia-se feliz e, por isso, podia afirmar:
“Para mim viver é Cristo e morrer é um lucro” (Flp 1, 21).

Espírito Santo,
Com teu jeito maternal de amar, tu vais-nos confirmando na certeza da fidelidade de Deus. A Primeira Carta aos Coríntios diz que ninguém pode dizer que Cristo ressuscitou a não ser por inspiração do Espírito Santo (1 Cor 12, 3).

Apoiada nestes pilares, a nossa esperança dá-nos a garantia de não estamos perdidos num Universo sem sentido, pois não estamos a caminhar para o vazio da morte.

Pai Santo,

Apesar de os judeus terem crucificado Jesus tu confirmaste a autenticidade da sua missão, ressuscitando-o e sentando-o à vossa direita (Rm 1, 3-5).

Jesus teve o cuidado de robustecer a esperança dos Apóstolos, garantindo-lhes que nunca os deixaria abandonados:

“Agora estais abatidos, mas ver-vos-ei de novo e haveis de vos alegrar. Nesse dia já ninguém poderá tirar a vossa alegria” (Jo 16, 22).

Agora é o Espírito Santo quem nos confirma nesta certeza de que tu, Pai Santo, nos acolhes como filhos teus e irmãos de Jesus Cristo como diz São Paulo:

“Todos os que são movidos pelo Espírito Santo são filhos de Deus (…). Vós recebestes um Espírito de adopção que faz de nós filhos e nos leva a exclamar: “Abba, ó Papá!” Rm 8, 14-15).

Os pilares sobre os quais se apoia a nossa esperança são dignos de confiança. A Carta aos Colossenses dá-nos uma norma sábia para fortalecermos a nossa esperança, quando afirma o seguinte:

“Colocai a vossa mente nos bens do alto e não nas coisas terrenas” (Col 3, 2). E a Primeira Carta de São Pedro diz o seguinte:
“Acolhei Cristo nos vossos corações, a fim de vos manterdes preparados para testemunhar as razões da vossa Esperança a todos os que vos questionam” 1 Pd 3, 15).

Pai Santo,
A vossa Palavra amplia os horizontes da nossa esperança, fazendo-nos saborear o teu plano de salvação, o qual vai muito para além das nossas expectativas.

A tua Palavra, Pai Santo, capacita-nos para compreender que a plenitude dos seres humanos, ao serem assumidos e incorporados na Família da Santíssima Trindade (cf. Gal 4, 4-7).

Confirmados pela esperança temos a garantia de que a felicidade que nos aguarda no Reino de Deus não tem limites.
Deus Santo,

Nós vos damos graças pelo facto de as lentes da nossa esperança optimizarem os horizontes da nossa inteligência.

Por ter como alicerce a Palavra de Deus, a esperança cristã ultrapassa os muros estreitos da vida presente, capacitando-nos para contemplar, não apenas os bens desta terra, mas também os bens da vida eterna!

Mas isto não significa que a nossa esperança nos distraia ou aliene dos compromissos históricos.
Pelo contrário, a Vossa Palavra capacita-nos e envia-nos para transformarmos o mundo de acordo com os critérios do Evangelho.

No evangelho de São Mateus, Jesus diz que os cristãos estão no mundo como sal que dá sabor à vida.
Impelidos pela esperança, acrescenta Jesus, os cristãos são a luz que ilumina o sentido que a vida tem.
São também um fermento que transforma as estruturas do pecado, as quais impedem a humanização do Homem (cf. Mt 5, 13-16).

Depois de uma vida gasta ao serviço do bem e fortalecidos pela esperança que os capacita para os compromissos do amor o cristão pode dizer com São Paulo:

“Por isso não desfalecemos. E mesmo se em nós o homem exterior vai caminhando para a ruína, o homem interior renova-se todos os dias
Com efeito, a nossa momentânea e leve tribulação proporciona-nos uma glória eterna que vai para além de toda e qualquer medida” (2 Cor 4, 16-17).

Eis algumas afirmações de São Paulo que são realmente uma expressão genuína da esperança cristã:

Por isso não nos detemos nas coisas visíveis, pois estas são passageiras, mas olhamos para as realidades invisíveis, as quais são as eternas” (2 Cor 4, 16-18).

Fundada na Palavra de Deus e na ressurreição de Jesus Cristo, a nossa esperança dá-nos a certeza de que não estamos a caminhar para o fracasso da morte mas para a plenitude da Vida Eterna.

Trindade Santíssima,
Vós sois o alicerce da nossa esperança! Nós vos louvamos pelo dom da revelação que nos capacita para transformar o mundo e a História em harmonia com o vosso plano criador!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias