
A paternidade é um dom e um serviço. Os pais, tal como os filhos, são pessoas em construção.
Ninguém sabe ser pai antes de o ser.
Face a esta dificuldade, os pais tendem a exercer a sua paternidade em confronto com a experiência que tiveram da acção dos pais: imitando ou tentando fazer o contrário do que fizeram consigo.
Qualquer destes dois procedimentos, à partida, não é o melhor, pois as pessoas e as circunstâncias são outras.
A melhor maneira de exercer a paternidade ou a maternidade é pôr-se a caminhar com os filhos, escutando-os e iluminando as suas interrogações e dificuldades com a experiência própria de adulto.
Pelo facto de não haver receitas acabadas para a realizar a missão da paternidade, os pais, por vezes, sentem-se inseguros.
Têm medo de falhar. Têm sobretudo medo de que os filhos enveredem por caminhos errados.
Daqui a ansiedade que, por vezes acompanha o exercício da paternidade.
Podemos imaginar as preocupações e receios dos pais mais ou menos assim: Eu sinto que, por vezes, te dou coisas para ver se te portas bem.
Pouco a pouco fui entendendo que é muito mais importante dar-me a ti do que dar-te coisas.
Hoje vejo com clareza que o mais importante é confiar em ti e pôr-me a caminhar contigo.
Eu pensava que dar-te ordens e proibir coisas era o melhor caminho para te tornares uma pessoa competente e realizada.
Muitas vezes proibia-te de fazer as coisas. Hoje penso que seria preferível dialogar contigo e explicar-te as razões dessas proibições.
No fundo, as razões desses gritos era as minhas dúvidas sobre o que seria melhor. Na verdade, muitos dos meus gritos eram a expressão dos meus sentimentos de insegurança.
Entro em pânico quando penso que te pode acontecer o pior. É verdade que muitas vezes não te dei o tempo de que necessitavas para falar comigo.
É verdade que muitas vezes não o fiz por mal, pois não me dava conta da necessidade que tinhas da minha disponibilidade.
Por vezes pareço demasiado autoritário. Isto, no fundo, é uma tentativa de disfarçar o medo de me enganar.
É também um esforço, a fim de impedir que a minha missão falhe. Mas começo a aperceber-me de que o sucesso da missão paternal não é uma questão de força ou intolerância, mas de amor e diálogo.
Não imaginas como me sinto feliz quando te sinto identificado com os grandes valores. Nesses momentos sinto-me a pessoa, mais orgulhosa do mundo.
E tu tornas-te, para mim, um ídolo. Nesses momentos só me apetece falar de ti a toda a gente.
Como vês és um suporte fundamental para o sucesso da minha felicidade paternal.
Podíamos dizer que preciso da tua fortaleza para me sentir forte.
Calmeiro Matias
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