terça-feira, 20 de maio de 2008

PAIS E FILHOS FACE A FACE-V

V-A ANSIEDADE DOS PAIS

A paternidade é um dom e um serviço. Os pais, tal como os filhos, são pessoas em construção.
Ninguém sabe ser pai antes de o ser.

Face a esta dificuldade, os pais tendem a exercer a sua paternidade em confronto com a experiência que tiveram da acção dos pais: imitando ou tentando fazer o contrário do que fizeram consigo.

Qualquer destes dois procedimentos, à partida, não é o melhor, pois as pessoas e as circunstâncias são outras.

A melhor maneira de exercer a paternidade ou a maternidade é pôr-se a caminhar com os filhos, escutando-os e iluminando as suas interrogações e dificuldades com a experiência própria de adulto.

Pelo facto de não haver receitas acabadas para a realizar a missão da paternidade, os pais, por vezes, sentem-se inseguros.

Têm medo de falhar. Têm sobretudo medo de que os filhos enveredem por caminhos errados.
Daqui a ansiedade que, por vezes acompanha o exercício da paternidade.

Podemos imaginar as preocupações e receios dos pais mais ou menos assim: Eu sinto que, por vezes, te dou coisas para ver se te portas bem.

Pouco a pouco fui entendendo que é muito mais importante dar-me a ti do que dar-te coisas.
Hoje vejo com clareza que o mais importante é confiar em ti e pôr-me a caminhar contigo.

Eu pensava que dar-te ordens e proibir coisas era o melhor caminho para te tornares uma pessoa competente e realizada.

Muitas vezes proibia-te de fazer as coisas. Hoje penso que seria preferível dialogar contigo e explicar-te as razões dessas proibições.

No fundo, as razões desses gritos era as minhas dúvidas sobre o que seria melhor. Na verdade, muitos dos meus gritos eram a expressão dos meus sentimentos de insegurança.

Entro em pânico quando penso que te pode acontecer o pior. É verdade que muitas vezes não te dei o tempo de que necessitavas para falar comigo.

É verdade que muitas vezes não o fiz por mal, pois não me dava conta da necessidade que tinhas da minha disponibilidade.

Por vezes pareço demasiado autoritário. Isto, no fundo, é uma tentativa de disfarçar o medo de me enganar.

É também um esforço, a fim de impedir que a minha missão falhe. Mas começo a aperceber-me de que o sucesso da missão paternal não é uma questão de força ou intolerância, mas de amor e diálogo.

Não imaginas como me sinto feliz quando te sinto identificado com os grandes valores. Nesses momentos sinto-me a pessoa, mais orgulhosa do mundo.

E tu tornas-te, para mim, um ídolo. Nesses momentos só me apetece falar de ti a toda a gente.
Como vês és um suporte fundamental para o sucesso da minha felicidade paternal.

Podíamos dizer que preciso da tua fortaleza para me sentir forte.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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