
Com efeito, o Antigo Testamento olha em direcção a um futuro que conferirá plenitude ao passado.
Esta dinâmica do fim dos tempos é protagonizada pelo Espírito Santo: “Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a verdade completa” (Jo 16, 12-13).
Os Actos dos Apóstolos associam a experiência transformadora do Espírito Santo com a plenitude dos tempos anunciada pelo profeta Joel:
“Mas tudo isto é a realização do que disse o profeta Joel: “Nos últimos dias, diz o Senhor, derramarei o meu Espírito sobre toda a criatura.
Os vossos filhos e as vossas filhas hão-de profetizar. Os vossos jovens terão visões e os vossos anciãos terão sonhos (Act 2, 16-17).
Nestes textos, Jesus Cristo surge como a realização e plenitude das esperanças e expectativas do Antigo Testamento.
Não foi por acaso que os escritores do Novo Testamento sentiram a necessidade de relatar os acontecimentos da vida, morte e ressurreição de Cristo com citações recorrendo a citações do Antigo Testamento.
Na sua totalidade, a bíblia é cristocêntrica. Isto dá-nos a confirmação de que os dois testamentos formam a única bíblia.
Não é possível fazermos uma leitura aprofundada da bíblia sem pormos em confronto os dois testamentos.
Só deste modo se nos revela o dinamismo absolutamente único subjacente à leitura interactiva dos textos sagrados.
Esta interacção é uma mediação privilegiada para descobrir a profundidade teológica e reveladora dos textos, bem como o dinamismo histórico da acção salvadora de Deus.
Podemos dizer que o Antigo Testamento confere base histórica ao Novo e o Novo confere carácter de veracidade aos oráculos e profecias do Antigo.
Sem o Antigo Testamento, o próprio cristianismo carecia de fundamento histórico. Por outras palavras, Jesus Cristo não emergiu a partir de um vazio histórico.
Pelo contrário, aconteceu como plenitude da longa história da salvação que Deus foi tornando palpável através do povo de Israel.
Compreender o Antigo Testamento, portanto, é fundamental para entender com clareza a mensagem e a dinâmica da Salvação testemunhada pelo Novo.
Isto quer dizer que a leitura do Antigo Testamento fortalece a nossa esperança, dando-nos a certeza de que o Deus fiel às promessas da Antiga Aliança, realizará igualmente o projecto salvador da Nova Aliança.
As profecias messiânicas conduziram Israel até Jesus Cristo. Do mesmo modo a Boa Nova de Cristo Ressuscitado nos conduzirá à plenitude do Reino de Deus.
Graças a esta unidade e interacção bíblica, o Antigo Testamento é para os cristãos Palavra de Deus, tal como o Novo.
Na verdade, o Antigo Testamento só é perfeita mediação da Palavra de Deus em interacção com o Novo e vice-versa.
O Novo Testamento, portanto, confere plenitude ao Antigo. Por seu lado, o Antigo Testamento aponta para Cristo no qual encontra a sua realização e plenitude.
Por outras palavras, O Novo Testamento, tal como o Antigo, são mediação da revelação de Deus.
Sem o Novo Testamento, o antigo estava incompleto.
Por outro lado, sem o Antigo, o Novo Testamento carecia de um fundamento histórico sólido.
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