segunda-feira, 12 de maio de 2008

DO BARRO INICIAL AO HOMEM DIVINIZADO-IV

IV-COM DOIS BEIJOS DEUS CRIA E SALVA O HOMEM

O primeiro beijo foi dado por Deus Pai ao Homem no início da grande epopeia da humanização.
O segundo beijo é dado ao Homem por Deus filho no momento da Encarnação, como vimos, a fim de acontecer a divinização do Homem.

Na verdade, através da dinâmica da Encarnação o divino enxertou-se no humano em Jesus de Nazaré, dando início à humano-divinização.

Através do segundo beijo, os seres humanos passam a interagir de modo orgânico com a própria comunidade da Santíssima Trindade.

Primeiro aconteceu apenas com Jesus. Podemos dizer que durante cerca de trinta anos apenas um homem foi divino.

No momento da ressurreição de Jesus, isto passa a ser verdade para todos os seres humanos, mas pela mediação de Jesus Cristo:

“Jesus respondeu a Tomé: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai a não ser por mim” (Jo 14, 6).

O Espírito Santo fortalece e alimenta a nossa união orgânica com Jesus. Segundo a imagem do evangelho de São João, Jesus é a cepa da videira da qual nós somos os ramos.

Nós apenas podemos ser ramos vivos e fecundo se estivermos unidos à cepa (Jo 15, 4-5). Sem esta união orgânica nós não podíamos ter acesso à comunhão familiar da Santíssima Trindade.

A seiva que circula e fortalece esta união orgânica é o Espírito Santo que Jesus ressuscitado nos comunica.

É como que uma Água Viva, diz o evangelho de São João, que faz emergir uma nascente de Vida Eterna no nosso coração (Jo 7, 37-39).

Por outras palavras, falar da seiva da videira que vem da cepa para os ramos ou da Água Viva que vem de Cristo para o nosso coração é exprimir a dinâmica do Espírito Santo no nosso íntimo.

Ele é o Sangue da Nova Aliança que nos comunica a vida humano-divina de Cristo, introduzindo-nos na Vida Eterna (Jo 6, 62-63).

Ele é o Sangue da Nova Aliança que vai ser derramado por todos para perdão dos pecados (cf. Mt 26, 28).

Ele é o produto da videira que Jesus beberá com os discípulos no Reino de Deus (Mt 26, 29 cf. Mc 14, 25; Lc 22, 17-18).

O beijo primordial no barro comunica-nos o hálito da Vida, isto é, o Espírito Santo, fazendo de nós seres viventes (Gn 2,7).

O beijo da plenitude, isto é, a dinâmica da Encarnação, introduz-nos na plenitude dos tempos e faz de nós membros da Família de Deus (Gal 4, 4-7; Rm 8, 14-17).

Eis as palavras de São Paulo na Carta aos Gálatas: “Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher (…), a fim de recebermos a adopção de filhos.

E porque somos filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito Santo de seu filho que, no nosso íntimo clama: Abba, ó Pai” (Ga 4, 4-6).

Na verdade, é o Espírito Santo quem nos introduz na Família de Deus (Rm 8, 14). São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Isto quer dizer que é de modo orgânico que o Espírito Santo nos introduz na Família da Santíssima Trindade. O plano da Salvação assenta, pois, sobre dois beijos, os quais devem ser entendidos como uma realidade dinâmica e progressiva.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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