
As faculdades humanas, tais como inteligência, a vontade ou a capacidade de amar não vieram de fora para dentro do nosso corpo.
Pelo contrário as nossas faculdades emergem no nosso íntimo e sempre em contexto de relações. São possibilitadas ou condicionadas pelo contexto afectivo.
A inteligência é a faculdade que nos proporciona o acesso à verdade.Mas a inteligência não é uma faculdade teórica que entrou no nosso cérebro.
Por outras palavras, a inteligência não é apenas uma questão de conceitos abstracto, pois inclui também uma dimensão afectiva.
Do mesmo modo a nossa vontade é fortalecida ou enfraquecida pelo contexto afectivo. Podemos dizer que o mal amado tem muito mais dificuldade em agir de modo inteligente e decidido do que o bem-amado.
A conduz, orienta, mobiliza, modera e coordena as nossas energias em função de um objectivo.
Graças à vontade somos seres éticos, isto é, capazes de optar pelo bem ou pelo mal.
Mas também isto depende do modo como fomos aceites e amados ao longo da nossa infância e adolescência.
As nossas faculdades não agem de modo isolado. Pelo contrário, interagem entre si, fazendo da nossa vida psíquica um todo unido de modo orgânico.
Assim, por exemplo, a nossa inteligência está capacitada para compreender e hierarquizar os valores.
Por seu lado a vontade tem a capacidade de hierarquizar a multiplicidade de elementos que interagem na nossa vida psíquica.
Como vemos, a inteligência e a vontade não funcionam isoladas em relação à totalidade da pessoa e da sua história concreta.
É por esta razão que as pessoas que foram magoadas e marcadas negativamente estão mais enfraquecidas nas capacidades de interpretar e reagir aos acontecimentos de modo adequado.
A sua vontade está enfraquecida para gerir os seus comportamentos de acordo com os valores.
As feridas que a nossa história nos provocou limitam a nossa actividade inteligente, embora possa dar génios.
Na verdade, as feridas que a nossa história nos provocou condicionam a nossa capacidade de decidir, optar e executar no dia-a-dia da vida.
O animal é conduzido pelos instintos. Não tem uma vontade que o capacite para se organizar segundo um objectivo pré-elaborado.
É esta a razão pela qual ele não pode atingir uma vida com nível de realização livre, consciente e responsável. Se chegasse aqui, era uma pessoa!
O ser humano conseguiu dar este salto de qualidade graças à complexidade muito superior do seu cérebro.
A nossa herança genética condiciona-nos, mas não nos incapacita de optar e decidir. Do mesmo modo as sociedades exercem pressão sobre nós, mas não ao ponto de nos tirarem a possibilidade de fazermos projectos únicos, originais e diferentes.
Ao libertar-nos da estrutura rígida dos instintos o nosso cérebro proporcionou-nos o livre arbítrio, isto é, a capacidade psíquica de optarmos pelo bem ou pelo mal.
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