sexta-feira, 9 de maio de 2008

MISTÉRIO DE DEUS E REVELAÇÃO-IV

IV-A PLENITUDE DIVINA DO HUMANO

Podemos dizer que Deus, à medida que Deus se revela ao Homem lhe revela também o sentido mais profundo da sua realidade de ser em construção, bem como a plenitude da comunhão humano-divina.

Na verdade, à luz da revelação a Humanidade está a caminhar para Deus. Graças ao mistério da Encarnação já podemos dizer que será eternamente mais divino quem mais se humanizar nesta sua marcha histórica.

A pessoa que mais se humanizar-se é emergir como pessoa mediante relações de amor convergindo, ao mesmo tempo, para a Comunhão Universal cujo coração é a comunhão da Santíssima Trindade.

Pela revelação sabemos que, no princípio, era o amor concretizado na comunhão familiar de três pessoas.

Este Deus Comunhão colocou toda a sua bondade e ternura no projecto da Criação. Graças ao dom da revelação nós sabemos que não estamos sós.

Por si só, o Homem nunca podia chegar a esta compreensão profunda do mistério de Deus, do Homem e do sentido da História.

Com efeito, a Palavra de Deus, apesar de não ser irracional, transcende a simples razão humana.
Podemos dizer que a revelação está para a razão, como os binóculos para os olhos: optimizam as suas possibilidades de visão.

O Deus da revelação é também o Deus da Aliança de amor e cooperação. Mas o Homem pode recusar-se a agir segundo as propostas que lhe são feitas pelo Deus da aliança.

Levamos em nós a serpente que nos pretende fazer acreditar que as propostas de Deus não são boas para nós.

Por outras palavras, os seres humanos não nascem fieis. A fidelidade é uma qualidade que se adquire de modo progressivo.

A infidelidade, pelo contrário, revela-se com muita frequência nas nossas atitudes de cobardia e recusa às propostas do amor.

Na verdade a infidelidade humana manifestou-se logo nos primórdios da História Humana.
Deus gosta do Homem livre, consciente, responsável e capaz de fraternidade.

O Deus que ressuscitou Jesus não é indiferente ao nosso sofrimento. Quando alguém sofre, Deus começa a despertar o no coração das pessoas sentimento de solidariedade, a fim de serem mediação do seu amor libertador.

Deus nunca se alia aos que oprimem ou machucam os irmãos. É o Deus que chamou Moisés para libertar o seu povo da opressão que o estava a machucar.

A história da libertação do Egipto pretende ser um sinal revelador da presença libertadora de Deus junto dos que são oprimidos.

A revelação ensina-nos que Deus não é indiferente ao que acontece ao Homem. Mas ao mesmo tempo ensina-nos que Deus nunca nos substitui. Está connosco mas não está em nosso lugar.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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