
Na verdade, cada ser humano é uma estrutura assente sobre a sua unicidade pessoal, mas talhada para a reciprocidade da comunhão.
Há ainda o contexto afectivo em que a pessoa se foi estruturando. Com efeito, ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado. E o mal amado fica a amar mal, isto é, com condicionamentos e tropeções.
Tudo isto significa que é a partir dos dados recebidos dos outros que a pessoa a pessoa começa a elaborar normas de procedimento pessoal.
No começo, estas normas são praticamente a voz dos outros, registada na nossa mente. Depois, de modo gradual e progressivo, a pessoa começa a ser criativa, transformando os dados recebidos de acordo com a sua originalidade pessoal.
Quanto menos punitivo e opressor tiver sido o processo educacional de uma pessoa, mais fácil será para ela conseguir uma realização satisfatória e feliz.
A consciência representa já um salto de qualidade em relação ao superego, pois supõe já a interiorização consciente das razões do agir pessoal.
Este processo caminha no sentido da espiritualização das motivações do agir. O limiar mais nobre das motivações éticas é a sensibilidade aos apelos do amor.
Devemos entender aqui por amor a eleição do outro como alvo de bem-querer, aceitá-lo assim como é e facilitar a sua realização e felicidade.
De facto, o amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.
Ninguém se pode humanizar sem entrar na dinâmica do amor. A lei da humanização é: “Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a Comunhão universal”.
Em perspectivas cristãs, a Comunhão Universal é o Reino de Deus. O amor é uma razão que vale tanto para viver como para morrer.
Podemos dizer que o amor é maior que a morte. Esta verdade torna-se muito clara quando olhada sob a perspectiva da fé cristã.
A fé cristã afirma que Deus é Amor e o amor é a lente existencial para o Homem conhecer Deus (1 Jo 4, 7-8).
Só o amor confere à vida humana a qualidade necessária para a pessoa participar na Comunhão da Família de Deus.
O amor é mais forte que a morte, pois é pelo amor que emerge e se robustece o nosso ser interior, pessoal e espiritual, o qual transcende a lei da morte.
Por isso é preciso nascer de novo, diz o evangelho de São João. Ao falar do nascimento do Homem Novo, São João tinha consciência de que este nasce do Espírito Santo, o qual nos vem de Cristo ressuscitado, o grande vencedor da morte (Jo 3, 6).
Só pelo amor podemos entrar na intimidade de Deus, pois deus é Amor!
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