quinta-feira, 8 de maio de 2008

AO CRIAR O HOMEM, DEUS SENTIU TERNURA-IV

IV-O DOM DA DIVINIZAÇÃO

A marcha da humanização culmina, pois, na plenitude da divinização, ou seja, na comunhão familiar da Santíssima Trindade.

No princípio, ainda antes do Universo ter iniciado a sua marcha criadora, já existia uma família de três pessoas infinitamente perfeitas.

De facto, Deus é pessoas. A Divindade é um mistério de relações. A Primeira Carta de São João diz que Deus é amor (1 Jo 4, 7).


A História do Universo indica-nos que a génese criadora caminhou em direcção à vida pessoal que se estrutura como interioridade espiritual livre, consciente, responsável e capaz de comunhão amorosa.

Isto quer dizer a génese criadora está a marchar em direcção ao Criador que é, como nos diz a nossa fé, uma comunhão de três pessoas.

Agora, Criador e Criação já podem estabelecer uma Aliança de Amor. A humanização das pessoas acontece através de uma vida a construir-se numa linha de fidelidade ao amor.

A divinização acontece mediante a incorporação dos seres humanos na comunhão familiar da Santíssima Trindade.

Isto já pode acontecer porque o divino se enxertou no humano pelo mistério da Encarnação.
Eis o que a este propósito diz o evangelho de São João: “Aos que o acolheram, aos que acreditaram nele, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.

Estes não nasceram por vontade da carne ou pelos impulsos do Homem, mas por vontade de Deus. E o Verbo Encarnou e habitou entre nós” (Jo 1, 12-14).

Deus criou-nos para que nos criemos. Na verdade, como diz o evangelho de São João, nascemos para renascer (Jo 3,6).

Humanizar-se é uma tarefa que temos de realizar e da qual ninguém nos pode substituir.
Mas também é verdade que ninguém se pode humanizar sozinho.

Dos outros recebemos os talentos ou possibilidades de realização. De Deus recebemos o sopro primordial, isto é, a presença personalizante do Espírito Santo.

A plenitude da epopeia da humanização acontece pela divinização ou seja, pela incorporação na família de Deus.

Podemos dizer que partilhará mais densamente da comunhão divina quem mais se humanizar agora.

Na verdade, a densidade da nossa comunhão divina depende da capacidade de amar que adquirirmos agora na História.

Na Comunhão Universal do Reino de Deus todas as pessoas dançam o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que tiver adquirido enquanto se realizou na História.

Por outras palavras, a plenitude da pessoa acontece na reciprocidade da comunhão.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

Sem comentários: