
É através do processo de humanização que o ser humano emerge como pessoa livre, consciente, responsável e capaz de amar.
A humanização é uma tarefa que dura a vida toda de uma pessoa, a qual acontece como “emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a Comunhão Universal”.
Para nós, cristãos, a Comunhão Universal para a qual convergem os seres humanos na medida em que se humanizam é o Reino de Deus, a comunhão humano-divina da Família de Deus.
O projecto de Deus para a Humanidade implica, pois, duas dimensões: a criação e a salvação.
A criação, como acabámos de ver, acontece como processo histórico de humanização.
A salvação consiste na divinização do Homem mediante a sua assunção e incorporação na comunhão da Santíssima Trindade.
Isto quer dizer que será eternamente mais divino quem mais se humanizar na marcha histórica da sua realização.
O impulso inicial da humanização teve início com esse beijo que Deus deu no barro primordial do qual saiu o Homem.
Ao debruçar-se para dar um beijo no barro apto para emergir como interioridade espiritual, o hálito da vida de Deus, isto é, o Espírito Santo passa para o interior do barro e este torna-se barro com coração.
Mas a obra não fica terminada com a dinâmica da humanização. A plenitude do Homem acontece como divinização do humano que ele foi realizando.
Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus deu outro beijo ao Homem, a fim de iniciar a sua divinização.
O beijo da divinização acontece através do acontecimento da Encarnação, o qual acontece, tal como o primeiro beijo, pela comunicação do Espírito Santo.
Eis o que São Paulo diz na Carta aos Gálatas: “Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher sujeita à Lei de Moisés, a fim de nos resgatar do poder da Lei e podermos receber a adopção de filhos.
E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho que, no nosso íntimo clama “Abba”, isto é, Papá.
Deste modo já não és escravo, mas filho. E$ se és filho, então também és herdeiro pela graça de Deus” (Gal 4, 4-7).
Esta graça de Deus, acrescenta São Paulo na Carta aos Romanos, é o Espírito Santo, o grande dom de Cristo ressuscitado.
Eis as suas palavras: “Na verdade, todos os que são conduzidos pelo Espírito Santo são filhos de Deus.
Vós não recebestes um espírito de escravidão que volte a encher-vos de medo, mas recebeste um Espírito que faz de vós filhos adoptivos.
É por este Espírito que clamamos “Abba” ó Pai. É também este Espírito que no íntimo do nosso coração nos faz compreender que somos realmente filhos de Deus.
Ora, se somos filhos de Deus, somos também herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo.
De facto, se sofremos com Cristo, também com ele seremos glorificados” (Rm 8, 14-16).
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