segunda-feira, 25 de agosto de 2008

DEUS E A DIGNIDADE DO HOMEM-II

II-A FORÇA CRIADORA DO AMOR

A razão pela qual Deus não criou o Homem acabado é dar-lhe a oportunidade de tomar parte na dinâmica da sua realização.

Podemos dizer com verdade que somos autores de nós mesmos, mas a partir das possibilidades que recebemos de Deus pela mediação dos outros.

Para atingir a sua plena realização, o ser humano tem de se construir a partir do que recebeu dos outros como possíveis.

Os dons de Deus são-nos sempre concedidos em forma de possíveis, a fim de os podermos aceitar ou não.

A maneira de aceitar os talentos que Deus nos concede é pô-los a render, realizando as possibilidades que eles nos concedem, como diz Jesus no evangelho de São Mateus (Mt 25, 14-30).

Se assim não fosse, os dons de Deus não eram dons, mas imposições. Como sabemos, Deus é amor e o amor nunca se impõe.

Isto quer dizer que Deus respeita profundamente a dignidade do Homem. O Homem está em processo de realização história. A Humanidade está a emergir no concreto de cada pessoa de modo único, original e irrepetível.

À medida que o ser humano emerge como pessoal livre, consciente, responsável e capaz de amar, converge para a comunhão universal da Família de Deus.

Ao iniciar a criação do Homem, Deus quis que este fosse um ser com uma dignidade semelhante à dignidade de Deus.

A identidade espiritual de uma pessoa emerge e fortalece-se de modo gradual e progressivo através do amor.

Na verdade, só o amor pode gerar o amor. Deus amou-nos primeiro, a fim de nós podermos avançar na dinâmica da humanização.

A lei do amor é esta: ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado primeiro. O amor dos outros, portanto, capacita-nos para amar. Eis a razão pela qual os mal amados ficam, a amar mal, isto é, com bloqueios e tropeções.

Estas pessoas, no entanto, não têm culpa de ter sido mal amadas.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

Sem comentários: