segunda-feira, 30 de junho de 2008

AS CRIANÇAS PRECISAM DE AMOR-I

I-OS FILHOS DOS HOMENS SÃO FILHOS DE DEUS

A Criança é um feixe enorme de possibilidades de realização humana. Mas a criança não é um adulto em miniatura.

Para se tornar um adulto realizado, a criança precisa de adquirir muitos dados que ainda não possui.

Se comparássemos a criança ao computador, diríamos que ela tem um hardware perfeito, mas falta-lhe ainda o software para funcionar como adulto.

O software, neste caso, é o conjunto das experiências, dos conteúdos aprendidos, dos projectos ensaiados etc.

São os adultos que proporcionam os primeiros elementos do software que vão possibilitar a realização da pessoa em construção que é a criação.

Mas os dados recebidos dos adultos, infelizmente, não só possibilitam como também condicionam.

Cada vez que manifestamos apreço pelas realizações de uma criança estamos a facilitar a emergência do melhor que há nela.

À medida que os adultos conseguem fazer emergir o melhor que há nas crianças, a humanização destes seres em génese vai-se solidificando.

A lei da humanização acontece como emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a comunhão universal.

A emergência pessoal significa não apenas o crescimento físico ou psico-social, mas igualmente o seu crescimento pessoal-espiritual.

Crescer como interioridade pessoal-espiritual significa que o feixe interior de energias espirituais cresce em densidade e capacidade de interacção amorosa ou comunhão.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

AS CRIANÇAS PRECISAM DE AMOR-II

II-A CRIANÇA PRECISA DE UMA CALDA HUMANIZANTE

Assim como a pessoa só pode realizar-se em relações interpessoais de amor, do mesmo modo só pode atingir a plenitude na comunhão com os outros.

O melhor termómetro para medirmos o grau de humanização de uma família ou uma sociedade é olhar para o modo como ajudam as crianças a crescer e a realizarem-se como seres felizes e bem-amados.

Felizes as crianças que crescem em contexto familiar, escolar e cultural marcado pelo amor ao novo e a abertura à criatividade.

É fundamental possibilitar uma grande capacidade criativa às crianças. Quando contamos histórias às crianças estamos a ajudá-las a sonhar com os olhos abertos.

É um modo excelente de as ajudar a ser adultos criativos. Além das histórias que as fazem sonhar, as crianças precisam de modelos com os quais se possam identificar.

É bem conhecido o papel e a importância da imitação no desenvolvimento das crianças. As crianças percebem o que os adultos são, não pelo que eles dizem, mas pelo que fazem. Por isso os imitam.

A melhor herança que os pais podem deixar aos seus filhos é um modelo de realização feliz e dispensar-lhes todos os dias alguns minutos de atenção.

Os pais que ensinam os filhos a programar, decidir e executar planos e projectos de vida estão a comunicar-lhes uma sabedoria que é mais importante para a sua felicidade do que os saberes que vão adquirir nas escolas.

Os pais e educadores devem lembrar-se de que as crianças precisam mais de modelos do que de pessoas sempre dispostas a corrigir.

É o que fazemos que faz desabrochar nelas o desejo de se realizarem segundo o modelo que lhes é proposto pelo nosso modo de estar e agir.

Não nos podemos esquecer de que as crianças precisam sempre de ternura e amor, mas de modo particular quando se portam mal.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

AS CRIANÇAS PRECISAM DE AMOR-III

III-OS FILHOS SÃO DONS DE DEUS

As crianças são o maior dom de Deus para os pais e para as sociedades. É verdade que os pais são a grande mediação de Deus para os filhos crescerem seguros e felizes.

Mas também é verdade que as crianças são um grande dom de Deus para os pais. As crianças têm tendência a viver e agir de acordo com a fé e confiança que os pais e educadores depositam nelas.

Há dois modos de destruir a felicidade de uma criança: dar-lhe castigos injustos e iniciá-las na prática do erro e da mentira.

Os pais não devem desanimar quando lhes parece que os filhos não escutam ou desprezam os seus conselhos.

Podem estar seguros que esses conselhos se foram comunicados com amor, ficam registados como pontos de referência dos seus filhos para toda a vida.

A sabedoria e o amor semeado no coração das crianças nunca mais desaparecerão. O amor dos pais actua nos filhos como força estruturante que os capacita para amar e se realizarem de modo satisfatório e feliz.

Os pais têm de ter presente que os seus filhos crescem depressa. Isto é importante, pois os pais, em geral, são as últimas pessoas a aperceberem-se de que os seus filhos já não são crianças.

Além disso, devem compreender que os filhos estão a crescer, não para serem seus filhos, mas para serem pais e mães dos seus netos.

É muito importante que os pais não tentem encerrar os filhos nos moldes que aprenderam dos seus pais.

É necessário compreender que os pais viveram noutros tempos, com padrões culturais diferentes.

Não se esqueçam de que é muito mau mentir às crianças. Uma mentira acaba sempre por se descobrir, acabando por desiludir e magoar as crianças.

Os pais e educadores nunca devem tratar as crianças como seres inferiores. É verdade que as crianças não são adultos, mas são pessoas humanas em pleno processo de humanização.

Os pais recordem-se de que o maior sucesso da sua missão é dar aos filhos a possibilidade de se realizarem e movimentar-se na vida com verdadeira autonomia.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

AS CRIANÇAS PRECISAM DE AMOR-IV

IV-MODELANDO A PERSONALIDADE DA CRIANÇA

Podemos dizer que a criança é um barro que precisa de ser modelado pelos outros. Cada criança é um feixe de possibilidades que falta realizar, uma história que é preciso construir para contar e um romance que falta escrever.

O jeito de nos relacionarmos com as crianças facilita ou dificulta a sua emergência e estruturação pessoal.

Apesar de a imitação dos adultos ter um papel fundamental na estruturação da criança, esta imitação não é obstáculo à emergência da sua originalidade pessoal.

Utilizando a imagem bíblica do barro, podemos dizer que a argila humana se vai modelando através das relações.

Ao nível da criança, as relações são, sobretudo, estruturantes, pois moldam-na e conferem-lhe traços de personalidade que perdurarão para o resto da sua vida.

A sabedoria popular sintetiza isto de modo sugestivo quando diz: “O que o berço dá a tumba o leva”. Isto é verdade tanto para o bem como para o mal.

A criança emerge e cresce estruturando-se de modo orgânico com o todo da Humanidade As pessoas não são ilhas.

Conhecemos bem o efeito mágico das agulhas nas mãos da bordadeira: entretecem o fio, dando origem a filigranas maravilhosas de renda.

Do mesmo modo, as relações humanas criam registos de experiências humanas que se vão estruturando de modo interactivo, influenciando-se mutuamente entre os seres humanos.

Estas experiências interagem e condicionam ou possibilitam as decisões da vida inteira de uma pessoa.

A criança é, de facto, um barro que vai sendo modelado pelos outros. A orientação básica do carácter de uma pessoa depende da qualidade das relações que os adultos mantiveram com essa pessoa quando ela era criança.

É bem conhecido de todos nós a fragilidade deste ser precioso que é a criança. Daqui a importância de estabelecermos com ela relações de amor e ternura, a fim deste barro se moldar como barro com coração, isto é, um ser capaz de amar e criar relações de fraternidade.

Só assim poderá atingir uma verdadeira maturidade humana e ser feliz.As relações são tão fundamentais para a criança se realizar, como o pão para crescer fisicamente.

Estamos talhados para a relação. A dinâmica das relações em que a criança cresceu capacita-a para se relacionar bem ou mal ao longo da vida.

Lembremo-nos de que ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado. É por esta razão que o mal amado ama mal, isto é, com bloqueios e tropeções que tiram qualidade a muitas das suas relações com os outros.

A lei do amor é esta: O amor dos outros capacita-nos para amar. Por seu lado, a pessoa que foi mal amada, ama mal, apesar de não ter culpado disso.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sexta-feira, 27 de junho de 2008

REALIZAÇÃO PESSOAL E FRACASSOS-I

I-SABER CONTORNAR OS FRACASSOS

Como Processo histórico, a realização pessoal exige decisões, opções e compromissos. Pressupõe fazer projectos e procurar atingir metas e objectivos.

Mas também há fracassos pelo meio. É sinal de maturidade ser capaz de aceitar os fracassos que possam surgir ao longo do percurso da sua realização pessoal.

Perante os fracassos, a pessoa amadurecida sabe que existem mais oportunidades. Por isso não desiste.

A grandeza de uma pessoa não consiste em nunca experimentar o fracasso, mas em saber levantar-se e recomeçar.

Se não estivéssemos na disposição de correr o risco do fracasso nunca podíamos sonhar novas metas e objectivos.

Muitas das indecisões e adiamentos das pessoas assentam no medo do fracasso. É importante tomarmos consciência deste facto para nos decidirmos a agir de modo determinado, lembrando-nos que depois de um fracasso surge sempre uma nova oportunidade.

O maior fracasso é recusar-se a recomeçar depois de um fracasso. As pessoas persistentes acabam sempre por descobrir a via do sucesso, apesar dos fracassos que possam surgir a longo da caminhada.

Um dos maiores obstáculos para vencer os fracassos é a tentação de colocarmos as causas fora de nós, culpando os outros e armando-nos em vítima.

Procedendo deste modo, a pessoa não é capaz de contornar ou superar sadiamente os obstáculos que estão ligados fracassos.

Não podemos esquecer que nascemos para renascer (Jo 3, 1-6). A vida coloca-nos em cada dia que começa face ao leque dos nossos talentos.

Não devemos perder o sentido da oportunidade, tentando descobrir o que nos é possível realizar hoje no contexto em que nos encontrarmos.

É verdade que a elaboração de planos e projectos de vida leva consigo o risco de fracassar.
Mas é a única maneira de podermos realizar e amadurecer a pessoa que temos a missão de construir.

O mal não estar em experimentar o fracasso, mas em recusar-se a recomeçar. Após um fracasso, a pessoa amadurecida tenta sempre recomeçar.

O fracasso da pessoa que está predisposta para recomeçar sempre não é obstáculo para atingirmos o melhor das nossas aspirações.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

REALIZAÇÃO PESSOAL E FRACASSOS-II


II-FELICIDADE E FRACASSOS

A felicidade é um estado de espírito que assenta no ser e não no ter. O Evangelho é muito claro neste ponto: “Felizes os pobres de Espírito porque deles é o Reino dos Céus.

Felizes os mansos, os aflitos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os perseguidos por causa de justiça, os que sofrem injúrias” (cf. Mt 5, 3-12).

A felicidade resulta da arte de sabermos construir a vida segundo o melhor das nossas possibilidades, mesmo que o fracasso possa surgir de vez em quando.

A pessoa feliz tende a fazer feliz os outros. De facto, não é possível ser-se feliz sem amar os demais.

Quanto mais uma pessoa partilha a alegria e a felicidade que a habitam mais esta cresce dentro de si.

Uma pessoa que pretenda reter a felicidade só para si nunca chegará a ser feliz de verdade.
Quando mais realista e determinada for uma pessoa mais longe chegará no caminho da sua felicidade.

Há pessoas que, no início, tinham um leque limitado de possibilidades ou talentos, mas acabaram por chegar longe devido à sua persistência.

Não nos esqueçamos de que o leque dos talentos é dinâmico. A fidelidade às possibilidades de hoje amplia o leque das possibilidades de amanhã.

É fundamental ter presente a acção do Espírito de Deus no nosso coração. A fé na presença e na força de Deus em nós optimiza o leque das nossas possibilidades e talentos.

A pessoa determinada sabe que não pode desperdiçar o tempo. Na verdade, o tempo perdido nunca mais é recuperado.

Lembremo-nos de que o tempo é a possibilidade que Deus nos dá para realizarmos o melhor dos nossos talentos.

Lembremo-nos sobretudo de que a nossa plenitude depende da nossa realização no tempo.

Tenhamos presente de que os nossos talentos são apenas possibilidades. Estas não se tornarão realidade enquanto a pessoa os não fizer acontecer.

O ovo de galinha fecundado não é o pintainho. No entanto está cheio de possibilidades para que este possa acontecer.

Por outras palavras, o ovo fecundado está cheio de possibilidades que não existem no ovo não fecundado.

Se estrelarmos o ovo fecundado, as possibilidades de dar pintainho não acontecem. Mas se iniciarmos a génese dos possíveis presentes no ovo fecundado teremos um pintainho no curo espaço de três semanas.

No caso do ovo não fecundado, mesmo que o mantenhamos durante dez anos na chocadeira não obteremos pintainho.

Isto é apenas para dizer que não devemos estrelar as nossas possibilidades que nos vêm dos nossos talentos.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

REALIZAÇÃO PESSOAL E FRACASSOS-III

III-COMUNHÃO E LIDERANÇA

Lembremo-nos de que a nossa identidade espiritual é igual ao jeito de amar que fomos obtendo ao longo da nossa vida na história.

Por outras palavras, é agora o tempo de edificar aquilo que seremos para sempre. Este apelo é tanto mais sério quanto é verdade que ninguém nos pode substituir na tarefa da nossa realização.

É certo que o pensamento precede a acção. Mas também é verdade que o pensamento que não conduz à acção e à vida comprometida não passa de um pensamento estéril.

A responsabilidade implica a capacidade de fazer projectos e correr riscos. Quando é a Palavra de Deus a inspirar os nossos projectos e realizações, os nossos compromissos e acções são optimizados, pois estão de acordo com a verdade do Homem e a verdade de Deus.

Não nos esqueçamos de que ninguém se realiza sozinho. Precisamos dos outros para ter sucesso nos nossos projecto e realizações.

No entanto, os outros só estarão dispostos a caminhar connosco se estivermos dispostos a caminharmos com eles.

Tenhamos cuidado para não nos aproximarmos dos outros com a atitude de que sabe tudo.
A maneira válida de nos aproximarmos dos outros e obtermos a sua colaboração é a humildade e a simplicidade de quem deseja descobrir a verdade em comunhão com os demais.

Não conseguiremos criar comunhão se não nos alegrarmos com o sucesso dos que vivem ao nosso lado.

O melhor sinal de que realmente queremos crescer com os outros é a determinação de caminhar a seu lado.

É importante estimularmo-nos no sentido de voar cada vez mais alto. A pessoa que se limita a fazer o que faz a multidão nunca irá além de mediocridade.

A pessoa que se fundiu na mediocridade, nunca será seguida pela multidão à qual se juntou.
A pessoa que quer caminhar com outros deve ter a coragem de confiar neles.

O bom líder, apesar das dificuldades que possam surgir, consegue manter o facho da fé e da esperança aceso.

A pessoa autoritária procura agitar a bandeira do medo. O verdadeiro líder, pelo contrário, procura suscitar entusiasmo e gosto pela acção.

A pessoa autoritária está sempre a dizer “eu”. O líder competente, pelo contrário, prefere dizer sempre “nós”.

A pessoa autoritária gosta de dizer “vão”. O bom líder prefere dizer “vamos”. O autêntico líder é forte. Mas a sua fortaleza não o impede de ser próximo dos outros.

O bom líder é amável, mas não frágil, pois é uma pessoa determinada. O grande segredo da boa liderança está no diálogo e na arte de influenciar as pessoas pela via da motivação.

O bom líder consegue conduzir as pessoas para realizar mais, com mais qualidade e menos desgaste.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quarta-feira, 25 de junho de 2008

OS TALENTOS E A TAREFA DA HUMANIZAÇÃO-I

I-ATENÇÃO AOS SINAIS DE DEUS

Gerir bem os próprios talentos é um dom do Espírito Santo e uma condição fundamental para a sua realização.

Podemos dizer que o sucesso ou o fracasso de uma realização pessoal depende da consciência dos próprios talentos e do modo como orientou as suas possibilidades de realização.

Eis alguns ensinamentos sugestivos de Jesus a este propósito:
“Felizes os servos que o Senhor, ao chegar, encontrar vigilantes” (Mt 12, 37).

Ou então: “Estai atentos e vigiai, pois não sabeis quando será o momento (...).
Vigiai, pois não sabeis quando o senhor da casa voltará: à tarde, à meia-noite, ao cantar do galo, ou de manhã.

Vigiai para que o Senhor, ao chegar de repente, não vos encontre a dormir. O que vos digo a todos é que vigeis (Mc 13, 33-37).

O aproveitamento de uma oportunidade que Deus nos concede pode proporcionar-nos um salto de qualidade ou bloquear o feixe das nossas possibilidades e talentos.

É um erro desprezar as pequenas oportunidades, pensando que só devemos ligar aos grandes momentos.

Cruzar os braços à espera de grandes oportunidades pode significar o malogro da própria vida.
Por vezes as grandes oportunidades surgem apenas após uma cadeia de fidelidades às pequenas oportunidades.

A pessoa que procura dar o melhor nas situações comuns acaba por encontrar sempre oportunidades de excepção.

É sinal de grande sabedoria saber dar o melhor com os meios que temos e as circunstâncias em que nos encontramos.

Por outras palavras, não anulemos projectos de vida só porque não aparecem situações extraordinárias.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

OS TALENTOS E A TAREFA DA HUMANIZAÇÃO-II

II-TALENTOS E CORAGEM DE CORRER RISCOS

Outro aspecto que devemos ter presente é a importância de correr riscos. Por vezes as grandes oportunidades levam consigo alguns riscos.

Há muitas pessoas que perderam o comboio de uma excelente realização devido ao facto de medo de correr riscos.

É importante olhar a vida com fé, estando atentos à hora de Deus. A capacidade de vencer obstáculos e contornar riscos depende da nossa atenção à presença de Deus que habita no mais íntimo do nosso coração.

A fé convida-nos a não nos comportarmos de modo passivo, à espera que as oportunidades caiam do céu.

Tenhamos presente que Deus está connosco, mas não nos substitui. O Senhor convida-nos a descobrir as possibilidades ocultas no concreto das situações e a contar com a força do Deus que está em nós.

Eis as palavras de Jesus a este respeito: “Se tiverdes fé e disserdes a este monte sem duvidar: “Ergue-te e lança-te ao mar,” isso acontecerá.

Tudo o que pedirdes com fé, na vossa oração, acreditai que o recebereis” (Mt 21, 21-22). A Palavra de Deus ensina-nos a criar oportunidades. Recordemo-nos de que saber recomeçar após um fracasso pode ser a grande oportunidade que Deus nos dá.

Os fracassos nunca dependem da presença de Deus em nós. Tenhamos sempre presente de que toda a vida de sucesso leva fracassos pelo meio.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

OS TALENTOS E A TAREFA DA HUMANIZAÇÃO-III

III-SABER RECONHECER OS PRÓPRIOS TALENTOS

Como sabemos, o feixe dos talentos varia de uma pessoa para outra. Os seres humanos não são peças de cerâmica feitas em série.

O facto de não termos os mesmos talentos de outras pessoas não significa que sejamos inferiores. Ser diferente é um valor e uma porta para acontecer a novidade no projecto humano.

Na verdade, a pessoa humana realiza-se como ser único, original e irrepetível. Quanto mais conscientes estivermos dos nossos talentos, melhor os podemos fazer render.

Se fizermos render o melhor dos nossos talentos conseguiremos a melhor realização possível.
A nossa vida está cheia de oportunidades, seja qual for o leque dos nossos talentos, como diz Jesus no evangelho de São João:

“Acreditai que eu estou no Pai e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa das obras que faço.
Em verdade vos digo: quem crê em mim fará as obras que eu faço e fará outras ainda maiores, pois eu vou para o Pai” (Jo 14, 11-12).

É muito importante saber que não estamos sós nesta tarefa da nossa realização. A presença do Espírito Santo em nós optimiza as nossas capacidades capacitando-nos para darmos frutos de vida.

Os Actos dos Apóstolos dizem que Jesus passou a vida fazendo o bem e curando a todos porque o Espírito Santo estava com Ele” (Act 10, 38).

A Atenção aos nossos talentos e a fé na acção de Deus em nós são os pilares fundamentais para edificarmos a casa sobre rocha firme:

“Todo o que ouve as minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem sensato que construiu a sua casa sobre rocha (...).

Todo o que ouve as minhas palavras e não as põe em prática pode ser comparado a um insensato que construiu a sua casa sobre areia” (Mt 7, 24-26).

Não nos esqueçamos que os dons de Deus são-nos sempre comunicados em forma de talentos ou possibilidades.

Por outras palavras, aceitar os dons de Deus é começar a realizar o melhor das possibilidades que temos em nós.

Possibilidade ou talento é apenas o que pode emergir no concreto das situações em que nos encontramos.

Ao tomarmos consciência deles surge o chamamento de Deus, convidando-nos a dar o melhor de nós, como diz Jesus:

“Nem todo o que me diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos Céus” (Mt 7, 21).

É importante não desanimar nesta tarefa da nossa humanização.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

OS TALENTOS E A TAREFA DA HUMANIZAÇÃO-IV

IV-FIDELIDADE AOS TALENTOS

Como Já vimos, a fidelidade aos talentos não implica sucessos contínuos. Uma vida de sucesso é o prémio da pessoa que tentou sempre, apesar dos fracassos que tenham surgido pelo caminho.

Há pessoas que se lamentam por não terem a sorte de outras pessoas que elas conhecem. A sorte que essas pessoas invejam, no entanto, não é fruto do mero acaso, mas o resultado de estar atento à hora de Deus.

É sinal de grande sabedoria habituar-se a decidir e fazer planos. Por outras palavras, não basta fazer coisas. É fundamental agir com sabedoria e método.

A sabedoria é, no fundo, a capacidade de saborear o sentido, e o alcance daquilo que fazemos. Não basta falar. Os seres humanos não são iguais ao que dizem, mas sim aos que faz.

Os talentos são apenas possíveis. É preciso que estes se realizem, isto é, deixem de ser realidade virtual para se converterem em realização pessoal. Ninguém pode fazer isto por nós.

A pessoa inteligente e sensata sabe que não pode sonhar o futuro com os modelos do passado.
Em termos de realização humana, o futuro é o que nos falta para atingirmos a nossa plenitude, a qual passa pelo novo e não pela mera repetição do passado.

Não passemos a vida a adiar. Não percamos as oportunidades que o dia de hoje nos oferece.
Na verdade, só nos podemos construir amanhã a partir do que fizermos hoje.

É verdade que é mais cómodo descansar no passado do que inventar o futuro. Mas não tenhamos ilusões, pois a vida não se compadece com os que desistem de ser fermento de futuro.

Não percamos as oportunidades que o dia de hoje nos oferece. Há pessoas que por terem lido um bom livro viram a sua vida transformar-se e dar um salto de qualidade.

O nosso dia de ontem pertence à história. Pelo contrário, o nosso dia de amanhã será fruto do que nós tenhamos feito no dia de hoje.

Isto quer dizer que o futuro não é algo totalmente novo e estranho onde temos de entrar. Pelo contrário, é algo que vamos projectando através das opções, escolhas e acções que realizemos no dia de hoje, como diz São Paulo:

“Não desanimemos na prática do bem, pois, se não desfalecermos, a seu tempo colheremos os frutos.

Por conseguinte, enquanto temos fé pratiquemos o bem para com todos, sobretudo com os irmãos na fé” (Ga 6, 9-10).

Os cristãos devem estar atentos às mudanças profundas que estão a acontecer no mundo devido às novas ideias e aos avanços a nível das ciências, das técnicas, das artes e das culturas.

É importante que os crentes acompanhem estas mudanças e as iluminem com a luz e a sabedoria que vem da Palavra de Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

OS TALENTOS E A TAREFA DA HUMANIZAÇÃO-V

V-A AUTOCONFIANÇA

É importante eliminar os pensamentos e sentimentos negativos, a fim de nos construirmos de maneira positiva. Com efeito, tornamo-nos em grande parte naquilo que pensamos.

A falta de confiança em si leva as pessoas a ter medo das novidades e dos desafios. Nunca chegamos além do que pensamos e esperamos.

A autoconfiança é um pouco o índice que nos indica o ponto onde podemos chegar. Se o horizonte da nossa confiança incluir a presença do dinamismo de Deus no nosso interior, certamente que a nossa esperança apontará para horizontes bastantes mais vastos.

Mas não devemos concluir que uma vida de sucesso se constrói apenas com feitos grandiosos. Muitas vidas de sucesso construíram-se, sobretudo, com realizações a que poderíamos chamar discretas e modestas.

A confiança que temos em nós faz germinar confiança nos outros, gerando uma dinâmica positiva que conduz a realizações mais ricas de conteúdos e perfeição.

A pessoa confiante consegue ainda antes de ter começado. A confiança conduz ao sucesso e este fortalece a confiança.

Sem autoconfiança até as mais pequenas realizações se tornam um tormento e fonte de um cansaço desproporcionado. A confiança e a motivação optimizam o nosso leque de possibilidades.

Uma pessoa sem motivações fortes e com um baixo índice de autoconfiança está condenada à mediocridade.

A autoconfiança abre-nos para o dinamismo amoroso e criador de Deus no nosso íntimo, levando a pessoa a dar frutos que ninguém podia imaginar:

“Se trabalhamos e lutamos, é porque colocamos a nossa esperança no Deus Vivo, Salvador de todos os homens” (1 Tim 4, 10).

A autoconfiança predispõe a pessoa para programar, decidir e executar projectos e tarefas, a fim de atingir os seus objectivos de realização pessoal.

A pessoa confiante não se deixa esmagar pelas preocupações. Acredita seriamente no dinamismo de Deus que actua no seu íntimo.

A pessoa confiante limpa a mente de preocupações e o coração de ressentimentos, ansiedades, invejas ou remorsos, substituindo-os por pensamentos e sentimentos de confiança em Deus.

Acredita nas suas capacidades, pois sabe que tudo pode graças à acção de Deus em si.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

segunda-feira, 23 de junho de 2008

QUANDO O ESPÍRITO SANTO ESTÁ CONNOSCO-I

I-JESUS E A PROMESSA DO ESPÍRITO SANTO

O evangelho de São João diz que durante a Ceia Pascal, Jesus tranquilizou os discípulos, dizendo-lhes que, após a sua partida, eles ficariam assistidos pelo Espírito Santo:

“O Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo e há-de recordar-vos tudo o que eu vos disse” (Jo 14, 26).

E assim aconteceu, de facto. Após a ressurreição de Jesus, o Espírito Santo foi revelando aos discípulos o plano salvador de Deus.

Ao mesmo tempo deu-lhes força para que anunciassem à Humanidade a vitória de Cristo sobre a morte e o amor salvador de Deus em favor de toda a Humanidade.

Pelo facto de emergir da Palavra de Deus, a nossa fé tem densidade teologal, isto é, capacita-nos para olhar a vida, os acontecimento e a História de acordo com o sentido que Deus inscreveu neles.

Ao dizer no nosso coração a Palavra de Deus, o Espírito Santo capacita-nos para proclamarmos a Boa Nova da salvação, a qual transforma os critérios e atitudes das pessoas que a acolhem.

Eis alguns aspectos importantes desta Boa Nova que o Espírito Santo inspirou aos Apóstolos:
A meta para a qual estamos a caminhar é a comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Deste modo o Homem faz uma só comunhão orgânica com a Trindade divina: “Não rogo só por estes, mas também por todos que hão-de acreditar em mim por meio da sua palavra, para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mime eu em ti.

Deste modo eles estarão em nós e o mundo acreditará que tu me enviaste. Eu dei-lhes a glória que tu me deste, a fim de que eles sejam um como nós somos um: eu neles e tu em mim, a fim de que eles cheguem à perfeição na unidade.

Deste modo o mundo reconhecerá que tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim” (Jo 17, 21-23).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

QUANDO O ESPÍRITO SANTO ESTÁ CONNOSCO-II

II-ESPÍRITO SANTO E OS APÓSTOLOS

O Evangelho dito pelo Espírito Santo no coração dos Apóstolos inclui a Boa Notícia da nossa incorporação na Família de Deus.

Somos incorporados na Família Divina como Filhos e herdeiros de Deus Pai e irmãos e co-herdeiros do Filho de Deus:

“De facto, todos os que são movidos pelo Espírito Santo são filhos de Deus. Vós não recebestes um espírito que vos oprima e escravize, mas sim um Espírito de adopção graças ao qual clamais que faz de vós filhos adoptivos.

É por ele que clamamos: Abba, ó Pai! É este Espírito que, no íntimo dos nossos corações nos assegura de que somos realmente filhos de Deus.

Ora, se somos filhos somos também herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo” (Rm 8, 14-17).

Tudo isto nos vem pela mediação de Jesus Cristo, o nosso Salvador: “Se alguém está em Cristo é um Nova Criação. Passou o que era velho!

Tudo isto nos vem de Deus em nos reconciliou consigo em Jesus Cristo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17-19).

A Palavra de Deus enche o nosso coração de esperança, pois sabemos que levamos no nosso interior um ser pessoal e espiritual a emergir de modo permanente e a fortalecer-se pela acção do Espírito Santo.

Eis a maneira como a Segunda Carta aos Coríntios descreve esta emergência permanente do nosso ser interior espiritual:

“Por isso não desfalecemos. E mesmo que o homem exterior vá caminhando para a ruína, o homem interior renova-se dia após dia pela acção do Espírito Santo” (2 Cor 4, 16).

Este ser interior e espiritual a emergir no íntimo do nosso ser exterior assemelha-se à emergência do pintainho dentro do ovo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

QUANDO O ESPÍRITO SANTO ESTÁ CONNOSCO-III

III-ESPÍRITO SANTO E O NOVO ADÃO

Adão pôs-nos numa situação desfavorável face às nossas possibilidades de comunhão com Deus.
Cristo veio como o Novo Adão, colocando-nos de novo em situação de comunhão com Deus.

Cristo realizou esta obra de reconciliação com Deus obtendo-nos o perdão e a reconciliação (Col 1, 13-14).

A Carta aos Efésios diz que estamos salvos pela graça de Deus que nos é dada por Cristo através da fé (Ef 2, 8).

Todos nós estávamos numa situação desfavorável em relação a Deus devido à infidelidade de Adão.

Mas ao ressuscitar, Jesus deu-nos o dom do Espírito Santo que nos reconciliou e incorporou na Família Divina:

“Todos os que são movidos pelo Espírito Santo, diz São Paulo, são filhos de Deus” (Rm 8, 14-17).
A Carta aos Efésios diz isto mesmo, q1uando afirma:

“ É por isso que eu dobro os joelhos diante do Pai do qual toda a família recebe o nome, tanto nos Céus como na Terra.

Que ele vos conceda de acordo com a riqueza da sua glória que sejais cheios de força pelo Espírito Santo, a fim de se robustecer em vós o homem interior” (Gal 3, 14-16).

Graças ao Espírito Santo, somos participantes da natureza de Deus, diz a Segunda Carta de São Pedro (2 Ped 1, 4).

A natureza, para os gregos, significa princípio de acção. Pela Encarnação o Espírito Santo passou a circular em nós de modo intrínseco, como a seiva da videira circula da cepa para os ramos (Jo 15, 1-8).

Deus chama-nos a testemunhar sem medo a verdade, pois foi para isto que ele nos consagrou com o Espírito que consagrou Jesus (cf. Lc 4, 18-21).

O Espírito Santo, diz a Carta aos Romanos, é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

É o Espírito Santo, diz Jesus que nos conduz à verdade e a verdade torna-nos livres (Jo 8, 31-32).

Isto quer dizer que o Espírito Santo, em nós, é uma presença libertadora.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

QUANDO O ESPÍRITO SANTO ESTÁ CONNOSCO-IV

IV-E SE O ESPÍRITO SANTO NOS FALASSE DE SI?

Apesar de o Espírito Santo ser uma pessoa com identidade própria, ele nunca fala de si. Na verdade, a sua missão junto dos seres humanos não consiste em falar de si, mas do Pai, do Filho e do nosso lugar na família de Deus, disse Jesus:

“Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, e há-de recordar-vos tudo o que eu vos disse” (Jo 14, 26).

O facto de o Espírito não falar de si não significa que não tenha coisas muito bonitas que nos pudesse comunicar.

Vejamos o que o Espírito nos podia dizer se nos falasse de si: Eu sou a terceira pessoa da Santíssima Trindade.

O meu jeito de ser é animar as relações de amor na comunhão divina e incorporar as pessoas humanas na Família de Deus (8, 14-17).

Assim como o Pai ama com um jeito paternal e o Filho ama de modo filial, eu tenho um jeito maternal de amar. Na verdade, eu sou a ternura maternal de Deus.

Tenho a missão de vos conduzir ternamente ao Pai que vos acolhe como filhos e ao Filho que vos acolhe como irmãos.

Fui eu que consagrei Jesus como Messias, pondo-o em total sintonia com a vontade do Pai e capacitando-o para ser plenamente fiel à sua missão.

Estive presente, ao mistério da Encarnação. Ainda agora continuo a ser o animador da interacção directa que existe entre o Filho Eterno de Deus e Jesus de Nazaré, o Filho de Maria.

Por outras palavras, sou eu quem anima a interacção directa que existe entre a interioridade espiritual do Filho eterno de Deus com a interioridade espiritual de Jesus de Nazaré.

De tal modo esta união orgânica é plena e total que o filho e Maria e o Filho de Deus formam um e o mesmo, apesar de um ser plenamente humano e o outro plenamente divino.

O Baptismo no Espírito significa que eu vou dizendo a Palavra de Deus no interior dos cristãos, ajudando-os a viver como filhos de Deus e a anunciar a Boa Nova da Salvação aos que não são cristãos (Mt.3,11).

Sou eu que vos introduzo no íntimo da família de Deus, fazendo de vós filhos e herdeiros de Deus Pai e co-herdeiros de Deus Filho (Rm.8,14-16).

Fui eu que conduzi Jesus para anunciar o Evangelho aos pobres, curar os doentes, fazer que os coxos caminhem e os cegos vejam (Lc.4,16-21).

Eu sou a Água viva que Jesus prometeu à Samaritana e, mais tarde, aos judeus quando lhes falou à porta do Templo (Jo 4,14; 7, 37-39).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

QUANDO O ESPÍRITO SANTO ESTÁ CONNOSCO-V

V-E SE OESPÍRITO SANTO DISSESSE O QUE FAZ EM NÓS?

Eu habito no vosso coração, iluminando-vos e conduzindo-vos para a compreensão perfeita do Plano Salvador de Deus.

Sou o Consolador que vos conforta e dá força no momento das dificuldades e a luz que vos conduz para a verdade total (Jo.16,7-15).

Quando os inimigos da Fé vos atacarem estai confiantes, pois eu porei na vossa boca as palavras certas para vos defenderdes e dardes provas de que existe um Deus que é justo e verdadeiro (Mt 10,20; Mc 13,11).

Sou eu que faço cair dos olhos dos que aceitam Jesus Cristo essas escamas que obscurecem a mente e impedem a pessoa de compreender o mistério do Senhor ressuscitado.

Foi isto que eu fiz com o grande adversário da Fé, Paulo de Tarso que, depois, se tornou o grande Apóstolo São Paulo.

Por outras palavras, quando as escamas da escuridão mental caiem, as pessoas tornam-se apóstolos como São Paulo (Act 10, 44-47).

Sou eu quem dinamiza a acção salvadora de Deus a actuar nos vossos corações. Com o meu jeito especial de inspirar as pessoas, faço-as compreender a profundidade do mistério de Cristo e o plano salvador de Deus para toda a Humanidade.

Sou eu que vos dou a Sabedoria que vem do alto, conferindo-vos razões para celebrar com alegria o amor salvador de Deus (1Cor 2,10-15).

Se orardes comigo a vossa oração deixará de ser multiplicidade de rezas à maneira dos pagãos (Mt 6,7-8).

Eis o que São Paulo diz sobre o meu jeito de optimizar a vossa oração, fazendo dela um verdadeiro diálogo com Deus:

“Deste modo, o Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza, pois na oração não sabemos como orar de modo perfeito, nem o que devemos pedir.

Mas o Espírito Santo vem em nossa ajuda e intercede por nós com gemidos inefáveis. E Deus, como bom conhecedor dos nossos corações acolhe a intercessão do Espírito Santo, pois é de acordo com Deus que ele intercede por nós” (Rm 8, 26-27).

Sou eu quem vos introduz na família de Deus e vos faz compreender o significado profundo dessa expressão original que Jesus vos ensinou como modo de vos dirigirdes ao Pai dizendo: “Pai-Nosso”.

Só orando comigo a vossa oração será diálogo e comunhão com Deus. Como São Paulo disse, eu sou o selo de Deus que, no nosso coração, é a garantia de estardes marcados para o dia da Salvação (2Cor 1,22-23).

As profecias são inspiradas por mim. A pessoa que profere uma profecia verdadeira está comunicando a mensagem que eu lhe inspiro no mais íntimo do seu coração.

Como diz a Segunda Carta de São Pedro, nenhuma profecia verdadeira é simples produto da sabedoria humana ou da inteligência humana (2 Ped 1,21).

Eu sou em voz o princípio da Vida Nova. Eis a razão pela qual Jesus disse a Nicodemos que tendes de nascer de novo, através de mim (Jo 3,6).

Eu sou a seiva que vem de Jesus Cristo, a cepa da Videira, para vós que sois os ramos dessa mesma videira (Jo 15, 1-7).

Por outras palavras, se estiverdes unidos a Cristo recebereis a seiva da Vida Eterna, isto é, o meu dinamismo criador que faz de vós homens novos e membros da Família de Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sexta-feira, 20 de junho de 2008

PALAVRA E VIDA NO NOVO TESTAMENTO-I

I-A PALAVRA É ALIMENTO ESPIRITUAL

São Paulo diz que a Palavra de Deus é um escudo para nos proteger dos perigos que se opõem à Salvação e é uma espada para podermos combater o mal.

Isto que dizer que a nossa fé, se for bem alimentada com a Palavra de Deus capacita-nos para vencermos os obstáculos da salvação.

A palavra de Deus torna-nos participantes dos critérios e da força de Deus. Eis as palavras da Carta aos Efésios sobre este aspecto:

“Tomai o escudo da fé com o qual sereis capazes de apagar as setas incendiadas do inimigo.
Apoderai-vos da Palavra de Deus que é o escudo da salvação e a espada do Espírito Santo ” (Ef 6, 16-17).

O profeta Jeremias dizia que a Palavra de Deus é o alimento da nossa felicidade: “Senhor, sempre que encontro a tua Palavra eu alimento-me dela, pois ela é a minha alegria e a fonte das delícias do meu coração” (Jer 15, 16).

Jesus disse que aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a acolhem tornam-se membros da família de Deus:

“Jesus respondeu: minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 8, 21; 11, 28).

A Primeira Carta de São Pedro diz que a Palavra de Deus é um leite que alimenta a nossa vida espiritual:

“Como crianças recém-nascidas, desejai o leite puro que vos faz crescer para Deus” (1 Pe 2, 2).
No evangelho de São Mateus, Jesus diz que a Palavra de Deus é o pão da vida espiritual:

Jesus venceu a tentação de converter as pedras em pão, dizendo ao tentador: “Está escrito: Nem só de pão vive o homem mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4, 4).

O prólogo do evangelho de São João diz que a Palavra é Cristo e Cristo é Deus. Isto quer dizer que a pessoa que se alimenta com a Palavra de Deus é dinamizada pelo Espírito Santo que é actua no nosso coração dinamizando em nós a vida divina:

“No princípio era a Palavra. A Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus” (Jo 1,1).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

PALAVRA E VIDA NO NOVO TESTAMENTO-II

II-PALAVRA E REVELAÇÃO DA TERNURA DE DEUS

Como Palavra de Deus, o Filho de Deus verbaliza a ternura de Deus por nós. Isto significa que Jesus Cristo é a Palavra de Deus para nós porque verbaliza o plano de amor que Deus nos tem.

Após a última Ceia, Jesus disse a Tomé: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir ao Pai a não ser por mim. Se me conheceis, também estais a conhecer quem é o Pai” (Jo 14, 6-7).

O Espírito Santo prepara o nosso coração para acolher a Palavra de Deus. Podemos dizer com verdade que a Palavra encarna no nosso coração pelo Espírito Santo.

São Paulo diz que a Palavra de Deus se encontra na bíblia. Isto não quer dizer que a bíblia é a Palavra de Deus encadernada.

O próprio São Paulo referindo-se ao perigo de as pessoas se agarrarem à letra da bíblia diz que a letra mata, mas o Espírito dá vida (2 Cor 3, 6).

De facto, quando queimamos uma bíblia velha não estamos a queimar a Palavra de Deus. As palavras de São Paulo querem dizer que a bíblia é a primeira mediação para o Espírito Santo provocar em nós o acontecimento da Palavra de Deus.

Eis o que ele diz na Segunda Carta aos Coríntios: “As Sagradas Escrituras são inspiradas por Deus e, portanto, necessárias para ensinar a verdade e corrigir a mentira.

São as Escrituras que nos dão os critérios para fazermos frente ao erro, praticarmos a justiça e vivermos as exigências do amor” (2 Cor 3, 16).

É importante ler a bíblia não só com a inteligência mas também com o coração, deixando o Espírito Santo provocar no nosso coração o acontecimento vivo da Palavra de Deus.

Podemos dizer que a bíblia é uma mediação para o Espírito Santo dizer no nosso íntimo a Palavra de Deus.

Pela Encarnação o Filho Eterno de Deus comunicou-nos em grandeza humana a compreensão que ele tem da doação incondicional do amor de Deus Pai.

O Espírito Santo que o Filho nos envia leva-nos a saborear em grandeza humana a mesma alegria e gratidão que o Filho experimenta desde toda a eternidade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

PALAVRA E VIDA NO NOVO TESTAMENTO-III

III-PALAVRA E CONHECIMENTO DE DEUS

Na oração que fez após a última Ceia, Jesus dá graças ao Pai por nos enviar a sua Palavra, através da qual ele se nos deu a conhecer.

Conhecer o Pai, diz o evangelho de São João, é possuir a Vida Eterna. Eis a palavras de Jesus: “ Esta é a vida eterna: Que te conheçam, Pai, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo a quem tu enviaste” (Jo 17, 3).

O termo conhecer, na bíblia, implica comungar e interagir de modo muito íntimo. Conhecer o Pai é interagir com ele através do Espírito Santo, como diz a Primeira Carta de São João:

“Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus. Todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus.

Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor.” (1 Jo 4, 7-8). O amor aos irmãos é o caminho seguro para chegarmos ao amor e ao conhecimento de Deus:

“A Deus nunca ninguém o viu. Mas se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós” (1 Jo 4, 12).

E mais à frente acrescenta: “Se alguém disser: “Eu amo a Deus, mas tiver ódio ao seu irmão, esse é um mentiroso, pois aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê.

Nós recebemos de Jesus este mandamento: quem ama a Deus, ame também o seu irmão” (1 Jo 4, 20-21).

O pensamento de São Paulo vai nesta mesma linha. Ele diz que a pessoa que ama a Deus é conhecida pelo próprio Deus, isto é constitui com Deus uma verdadeira interacção amorosa:

“ Mas se alguém ama a Deus, esse é conhecido por Deus (1 Cor 8, 3). Depois argumenta no mesmo sentido de São João, dizendo que só se pode chegar ao conhecimento de Deus através do amor.

O judaísmo pretendia chegar ao conhecimento de Deus através de uma pseudo ciência. Daqui a sua afirmação na Primeira Carta aos Coríntios:

“A ciência incha, mas o amor edifica” (1 Cor 8, 1). O conhecimento de Cristo implica uma união orgânica com ele. Na verdade nós formamos um só Corpo com Cristo ressuscitado (cf. 1 Cor 10, 17; 12, 27).

O evangelho de São João vai nesta mesma linha quando afirma: “Permanecei em mim que eu permaneço em vós.

Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim.

Eu sou a videira e vós os ramos. Quem permanece em mim e eu e eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer.” (Jo 15, 4-5).

O conhecimento de Jesus Cristo é a base para conhecermos Deus Pai, afirma Jesus no evangelho de São João:

“Há tanto tempo que estou convosco, Filipe, e ainda não de conheces? Quem me vê, vê o Pai.” (Jo 14, 18).

Jesus repetiu esta mesma ideia quando disse aos discípulos: “Nesse dia compreendereis que eu estou no Pai, vós em mim e eu em vós” (Jo 14, 20).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

PALAVRA E VIDA NO NOVO TESTAMENTO-IV


IV-A PALAVRA É LUZ E VERDADE

São João diz que a Palavra é a Verdade que nos liberta: “Se permanecerdes na minha Palavra sereis meus discípulos. Então conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará” (Jo Jo 8, 31-32).

Ou então: “Se o Filho vos libertar sereis realmente livres” (Jo 8, 36). O Novo Testamento identifica Jesus Cristo com a plenitude da revelação.

Por isso ele é a Luz que nos capacita para vermos as coisas com os critérios de Deus: “A Palavra era a luz verdadeira que, ao vir ao mundo ilumina todo o homem” (Jo 1, 9).

Com efeito, o Homem não podia compreender Deus sem a revelação do próprio de Deus. Sem a luz da Palavra, disse Jesus a São Pedro, o ser humano só pode ver as coisas com as lentes humanas, isto é, com os critérios dos homens:

“Jesus virou-se para Pedro e disse-lhe: “Retira-te, Satanás, e afasta-te de mim, pois tu não entendes as coisas segundo os critérios de Deus, mas apenas com os critérios dos homens” (Mt 16, 23).

Devido à sua incapacidade de ver as coisas com as lentes de Deus, os seres humanos resistem muitas vezes à Palavra de Deus, como diz o evangelho de São João:

“A Luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a Luz” (Jo 3, 19). Após a sua ressurreição, Jesus abriu as mentes dos discípulos, a fim de eles compreenderem o plano de Deus:

O Senhor ressuscitado iluminou o coração e abriu a mente dos discípulos de Emaús, diz o evangelho de São Lucas, a fim de eles poderem entender as Escrituras (cf. Lc 24, 45).

Os que rejeitam Jesus Cristo andam nas trevas e não na luz, diz São João: “Na verdade, os que praticam o mal odeiam a Luz, e não se aproximam da Luz, a fim de as suas obras não serem vistas” (Jo 3, 19-20).

Como Palavra que verbaliza o mistério de Deus e do Homem, Jesus Cristo é a luz que nos faz ver a verdade e a mentira, o bem e o mal nas atitudes e acontecimentos históricos.

Após a sua ressurreição, Jesus deixou-nos o Espírito Santo, a fim de ser ele a guiar-nos no caminho da verdade, ajudando-nos a compreender o mistério de Cristo:

“Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade que procede do Pai e que eu vos hei-de enviar da parte do Pai, ele dará testemunho a meu favor” (Jo 15, 26).

Conduzidos e iluminados pelo Espírito Santo, os discípulos ficam realmente aptos para temunhar a ressurreição de Jesus Cristo:

“E vós também haveis de dar testemunho, pois estais comigo desde o princípio” (Jo 15, 27). São Paulo diz que após a ressurreição de Cristo, só pelo Espírito Santo nós podemos conhecer o dom da salvação em Cristo:

“Mas como está escrito, os olhos não viram e os ouvidos não ouviram, nem jamais entrou no coração dos seres humanos, o que Deus tem para nos dar.

Mas a nós, Deus revelou-nos estas maravilhas mediante o Espírito Santo” (1 Cor 2, 9-10). E depois acrescenta:

“Nós não recebemos o Espírito do mundo, mas o Espírito de Deus, a fim de conhecermos os dons que Deus tem para nos conceder gratruitamente através de Cristo” (1 Cor 2, 12).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quarta-feira, 18 de junho de 2008

A PALAVRA DE DEUS NA HISTÓRIA-I

I-A PALAVRA, A SABEDORIA E A VERDADE

Para a bíblia, a Palavra é uma força significante que brota de Deus e realiza aquilo que significa.
O evangelho de São João diz que apenas o Espírito Santo nos pode conduzir à Verdade plena:


“Quando vier o Espírito da Verdade, ele guiar-vos-á para a Verdade completa” (Jo 16,13). A verdade é a compreensão e enunciação correcta e adequada da realidade de Deus, do Homem, da História e do Universo.


Não é difícil de entender como apenas Deus pode compreender e enunciar de modo correcto e adequado a realidade do próprio Deus, do Homem, do Universo e da História.


Graças à acção do Espírito Santo, a Palavra torna-se acontecimento vivo no coração dos crentes.
“O Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á tudo.


Além disso, recordar-vos-á tudo o que eu vos disse” (Jo 14,26). O mundo não acolhe o Espírito Santo, por isso está privado da Verdade e da Sabedoria que vem de Deus:

“O Pai vai enviar-vos Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, pois não o vê nem o conhece.

Vós conhecei-lo, pois ele está junto de vós e em vós” (Jo 14, 17). Como fonte e origem da Sabedoria, Deus concede-a aos humildes que acolhem a sua Palavra com simplicidade de coração:

“Eu te louvo, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e aos doutores e as revelastes aos pequeninos” (Mt 11, 25; Lc 10, 21).

Aqueles a quem Deus concede o dom da sabedoria começam a saborear as coisas com os critérios de Deus.

Num texto muito bonito, São Paulo demonstra o que é saborear as coisas com os critérios de Deus quando escreveu:

“O Reino de Deus não é uma questão de comida e bebida, mas sim de justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14, 17).

Por isso se considera enviado por Cristo para comunicar a Sabedoria de Deus aos homens:
“Ensinamos a Sabedoria de Deus, misteriosa e oculta, que Deus, antes dos séculos, de antemão destinou para nossa glória” (1 Cor 2, 7).

Em Jesus Cristo encontram-se ocultos todos os tesouros da Sabedoria e do conhecimento de Deus, diz a Carta aos (Col 2, 2-3).

O evangelho de São Lucas diz que Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens (Lc 2, 52).

Jesus diz aos Apóstolos que não precisam de estar preocupados sobre o que devem dizer nos momentos de perseguição, pois o Espírito Santo enchê-los-á de Sabedoria:

“Naquela hora dar-vos-ei eloquência e sabedoria, às quais nenhum dos vossos adversários poderá resistir nem contradizer” (Lc 21, 15).

O Livro Actos dos Apóstolos diz que Estêvão, no momento do seu martírio estava cheio do Espírito Santo e de Sabedoria, pelo que os seus inimigos não podiam resistir-lhe (Act 6, 10).


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A PALAVRA DE DEUS NA HISTÓRIA-II

II-O PODER CRIADOR DA PALAVRA

Quando a Palavra de Deus chega ao homem este torna-se profeta, isto é, portador de uma mensagem que anuncia um projecto salvador e denuncia tudo o que impede que o Homem seja plenamente humano.

A mensagem que o profeta anuncia não é sua. O profeta apenas comunica a Palavra de Deus em grandeza humana.

A bíblia diz que a Palavra de Deus é criadora e sempre eficaz. Eis a razão pela qual o profeta é recriado pela Palavra que anuncia.

Isto que dizer que o profeta é, por excelência, o homem da Palavra que converte os ouvintes e o próprio anunciador.

Nos primórdios da Criação, diz o Livro do Génesis, a Palavra actuava como força significante que sai de Deus e realiza aquilo que significa:

Deus disse: “faça-se a luz” e assim aconteceu” (Gn 1, 3). Deus disse: “Que se faça o firmamento” e o firmamento aconteceu” (Gn 1, 5).

“Deus disse: “Reúnam-se as águas” e assim aconteceu” (Gn 1,9). “Deus disse: “que a Terra produza verdura” e assim aconteceu” (Gn 1, 11).

“Deus disse: “haja luzeiros no firmamento dos céus, a fim de separarem o dia da noite.” E assim aconteceu” (Gn 1, 14).

“Deus disse: “que as águas sejam povoadas por multidões de seres vivos” e assim conteceu” (Gn 1, 20).

“Deus disse: “que a terra produza seres vivos, segundo as suas espécies, animais domésticos e animais selvagens segundo as suas espécies” (Gn 1, 24).

(Gn 1, 26): “Deus disse: “façamos o ser humano à nossa imagem e à nossa semelhança, para que domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre os répteis que rastejam pela terra” E assim aconteceu” (Gn 1, 26).

Em seguida, Deus disse-lhes: “crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a Terra” (Gn 1, 28).
A bíblia vê a Palavra de Deus como um acontecimento vivo e fecundo.

Os seres vivos, de modo especial os seres humanos são fecundos porque a Palavra de Deus os torna fecundos.

“Deus disse: “Também vos dou todas as ervas que existem à superfície da Terra” (Gn 1, 29).
A Palavra confere ao Homem a primazia e o domínio sobre a Criação.

(Gn 2, 18): “O Senhor Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só. Vamos dar-lhe um auxiliar semelhante a ele” (Gn 2, 18).

A acção criadora da Palavra acontece pelo dinamismo e eficiência da Palavra inscritos nela pelo Espírito Santo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A PALAVRA DE DEUS NA HISTÓRIA-III

III-OS PROFETAS E A PALAVRA

Nos relatos bíblicos que nos falam do chamamento dos profetas, podemos ter a sensação que o profeta é forçado a aceitar e realizar a missão que Deus lhe confia.

Isto não quer dizer que Deus manipula ou violenta o Homem. Este modo de falar é para acentuar que a Palavra de Deus é eficaz e capacita o profeta para realizar a sua missão.

Na maneira de ver dos textos sagrados, o profeta é um homem totalmente possuído pela Palavra.

É a Palavra que lhe confere a coragem para anunciar e, ao mesmo tempo, para enfrentar os príncipes e os poderosos que se opõem à sua mensagem.

O profeta sabe que esta força vem da Palavra de Deus e não de si. Por isso o chamamento do profeta sintetizado de modo muito simples pela expressão: “A Palavra do Senhor veio sobre mim”.


Podemos dizer que os gestos proféticos são realizações da força da Palavra a fazer história com o Homem.

A Palavra de Deus começa por ser um acontecimento vivo no coração do profeta. O protagonista deste Acontecimento é o Espírito Santo.

Depois de o Espírito Santo provocar o acontecimento da Palavra no coração do profeta, este nunca mais voltará a ser o que era antes.

As transformações operadas na vida do profeta e na vida das pessoas que acolhem a sua Palavra são a história concreta da acção criadora da Palavra.

Como acabamos de ver, a Palavra de Deus não é um simples discurso, mas um acontecimento que inicia uma nova etapa na História.

Podemos dizer que a Palavra de Deus encarna na vida do profeta e das pessoas que a acolhem.
Isto quer dizer que os gestos dos profetas são provocados no coração do profeta pela Palavra e pelo Espírito Santo.

A Palavra do Senhor realiza o que significa na vida das pessoas que a acolhem. Por se sentir possuído pela Palavra, o profeta tem consciência de que não está a falar em nome próprio.

É por esta razão que os profetas não hesitam em afirmar que é o próprio Deus quem fala pela sua boca: ”Assim fala Yahvé,” repetem eles.

Eis o que diz a Segunda Carta de São Pedro: “A profecia jamais veio por vontade humana, mas os homens, movidos pelo Espírito Santo, falam como quem vem da parte de Deus (2 Pd 1, 21).

É por esta razão que o próprio profeta nunca esgota o alcance e a profundidade da mensagem que anuncia.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A PALAVRA DE DEUS NA HISTÓRIA-IV

IV-QUANDO O HOMEM SE OPÕE À PALAVRA

O facto de a Palavra ser eficaz não quer dizer que se imponha aos ouvintes. De facto, a pessoa pode opor-se a Deus.
No entanto, a rejeição da Palavra de Deus produz efeitos negativos na pessoa que a rejeita, pois a Palavra de Deus coincide com o que é melhoromemHomem para o Homem.

A conversão, na perspectiva da Palavra de Deus, é sempre uma decisão do Homem em acolher a proposta amorosa de Deus.

Ao contrário do que acontece com o legalismo Levítico, o pecado não é nunca uma mera transgressão.

Pelo contrário, é uma infidelidade à aliança de Deus da qual a aliança matrimonial é símbolo.
Podemos dizer que o profeta é o homem do compromisso com a transformação histórica.
O profeta apontando sempre para os critérios de Deus, os quais são diferentes dos critérios dos homens.

Pela revelação sabemos que, no princípio, era o amor concretizado numa comunhão familiar de três pessoas.

Através da sua Palavra, Deus revelou-nos o grande amor com que nos criou e salvou em Cristo.
Graças ao dom da revelação nós sabemos que não estamos perdidos num mundo caótico e a caminhar para o vazio da morte.

Por si só, o Homem nunca podia chegar a esta compreensão profunda do mistério de Deus, do Homem e do sentido da História.

Apesar de não ser irracional, a Palavra de Deus transcende a simples razão humana. Podemos dizer que a revelação está para a razão, como os binóculos para os olhos: optimizam as suas possibilidades de visão.

O Deus que nos comunica a sua Palavra é também o Deus da Aliança. Mas o Homem pode recusar-se a agir segundo as propostas que lhe são feitas pelo Deus da Aliança.

Levamos em nós a serpente que nos pretende fazer acreditar que as propostas de Deus não são boas para nós.

O Espírito Santo, fazer ecoar a Palavra no nosso coração, faz emergir em nós a Sabedoria que nos capacita para saborearmos a vida com os critérios de Deus.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias