
Eis o retrato da pessoa que passou a vida dizendo não ao amor: Nada, no seu íntimo, está verdadeiramente estruturado.
Nada é autêntico ou genuíno. Tudo o que comunica está desfocado. Nada é firme e sólido. Nada do que fez valeu a pena ter sido feito.
Nada de verdadeiramente belo aconteceu naquela existência. Não existe no seu íntimo uma capacidade de amar solidamente edificada.
Podemos perguntar-nos: será que valeu a pena ter vivido se, de facto, viveu uma existência vazia de amor?
Pelo contrário, a pessoa que foi gastando a sua vida pelas causas do amor, não a perdeu. Pelo contrário, emergiu como pessoa livres, consciente, responsável e capaz de comunhão amorosa.
Esta pessoa está a preparar uma participação magnífica na plenitude da comunhão da Família de Deus.
O coração desta comunhão é Cristo. Nele, o divino enxertou-se no humano para que este fosse divinizado.
A divinização da pessoa humana consiste, pois, na sua incorporação na comunhão da família divina.
A plenitude do Reino de Deus é para os cristãos uma promessa que Deus cumprirá como cumpriu todas as outras que foi fazendo ao longo da História.
Isto quer dizer que Deus é a plenitude do Homem enquanto comunhão orgânica universal.
Como sabemos, a Divindade é uma comunhão orgânica infinitamente perfeita.
Por seu lado, a Humanidade está também a construir-se como comunhão orgânica. Graças ao mistério da Encarnação, Cristo tornou-se o ponto de encontro da comunhão humano-divina do Reino de Deus.
A pessoa só está inteira se estiver em comunhão. Reduzida a si, está em estado de fracasso.
Nascemos talhados para a relação amorosa. Somos, de facto, imagens de Deus e apenas na comunhão com Deus podemos atingir a nossa plenitude.
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