terça-feira, 10 de junho de 2008

O MISTÉRIO DA PESSOA HUMANA-V

V-A DIGNIDADE DA PESSOA

A dignidade da pessoa começa no facto de não nascer determinada. Nasce com um leque de talentos que lhe possibilitam uma diversidade enorme de opções, escolhas, decisões e compromissos de vida.

Podemos dizer que a dignidade da pessoa está no facto de estar chamada a ser autora de si própria.

Radica, também, no facto de ser semelhante ao próprio Deus. Situada em contexto de comunhão amorosa, a pessoa humana, é proporcional à Divindade.

Pela sua condição pessoal, o ser humano liga-se à transcendência Divina. A vida pessoal foi primeiro. Com efeito, no princípio, Só existia Deus, três pessoas em Comunhão amorosa.

O Universo ainda não era. Não se tinha iniciado ainda a génese, Das galáxias, das estrelas, dos planetas, dos asteróides ou dos cometas e já existia uma comunhão familiar amorosa.

A vida pessoal tem densidade espiritual. Isto quer dizer que o Espírito e o Amor estão primeiro.
A génese cósmica foi iniciada pelo desejo criador de Deus.

A Divindade é Amor. Por isso é vida em plenitude. Antes da explosão primordial dar início à gestação do Universo, já existia o Amor.

Ainda a Terra não girava à volta do Sol. O Céu não era azul e a luz do dia ainda não existia. Mas já existiam pessoas em comunhão amorosa.

A vida pessoal está primeiro. E nunca há-de terminar, pois tem densidade espiritual. Ainda não havia pios, urros, balidos, guinchos ou uivos sonoros.

Não existia o espaço faminto de tempo, mas já existiam pessoas em relações. A comunhão de pessoas é o começo e o fim, o Alfa e 0 Ómega ou plenitude da Criação.

Sem densidade pessoal não existe vida imortal. Só a vida pessoal tem densidade de vida eterna.
A vida pessoal ou é divina ou é proporcional à Divindade.

Com o aparecimento de seres pessoais a nível da Criação, esta atinge o limiar da vida irreversível. De facto, a pessoa situa-se na cúpula da Criação.

O crescimento da vida pessoal não é uma questão de quantidade. Não se mede ao quilo, nem é questão de volume.

Não se mede ao metro, nem se analisa pelo método das superfícies. Só se pode valorizar pela qualidade do seu jeito de se relacionar.

A pessoa em realização caminha para a perfeita reciprocidade. Possui-se na medida em que se dá.

A plenitude de uma pessoa não está em si, mas na comunhão amorosa. Ao dar-se não se perde. Pelo contrário, encontra-se mais plenamente.

O eu pessoal-espiritual, por ser livre, não emerge necessariamente. Não é uma fatalidade ou destino. Não acontece de modo espontâneo.

A realização pessoal é uma tarefa de amor. É um processo histórico. Emerge como novidade constante.

Deus é novidade constante no interior de Si mesmo. A Divindade nunca se repete no jeito de ser Pai e Filho no Espírito Santo.

O Amor é sempre novo. Eis a razão pela qual Deus nunca é repetição. O Pai e o Filho, encontram-se como novidade permanente no Espírito Santo:

“ O que estava sentado no trono disse: ‘Eu renovo todas as coisas (...). Disse ainda: ‘Eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim (Apc 21, 5-6).

Os seres pessoais pertencem à cúpula da Vida. Na verdade, o nosso ser pessoal, não vem de fora para dentro. Emerge no interior do nosso ser exterior ou individual.

Não nascemos como almas feitas, mas como pessoas em processo de espiritualização. Ao entrar no limiar da densidade pessoal-espiritual, a vida atinge a imortalidade.

Mas só se torna sucesso eterno, mediante a assunção e incorporação na Comunhão Universal cujo coração é Cristo.

O crescimento pessoal só acontece através de opções, escolhas, decisões e compromissos.
A pessoa faz-se, fazendo. Realiza-se, realizando. Constrói-se, construindo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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