segunda-feira, 2 de junho de 2008

RESSURREIÇÃO E SALVAÇÃO EM CRISTO-V


V-RESSUSCITADOS COM CRISTO

Para dizer que a ressurreição da Humanidade se inicia com a ressurreição de Cristo, Mateus afirma que, no momento da sua morte e ressurreição, os túmulos começaram a abrir-se e os mortos a ressuscitar (Mt 27, 52-54).

O véu do templo rasgou-se (Mt 27, 51; Mc 15, 38; Lc 23, 45). Esta afirmação não é histórica, mas tem um grande peso teológico.

Os evangelhos pretendem afirmar que, com a morte de Jesus, todos têm acesso ao Santo dos Santos, isto é, à comunhão com Deus.

Os cultos do templo durante os quais o sumo-sacerdote passava para lá do véu do templo não obtinham qualquer eficácia salvadora.

Ao rasgar o véu do templo, Cristo inaugurou um novo culto, o qual consiste em fazer a vontade do Pai, diz a Carta aos Hebreus (Heb 10, 5-10).

O evangelho de São João sublinha que a Deus agradam-lhe o culto em Espírito e Verdade não os cultos do templo de Jerusalém (Jo 4, 21-23).

O plano salvador de Deus engloba a incorporação da Humanidade na comunhão divina. A Carta aos Efésios descreve de modo bonito o plano que Deus realizou em Cristo.

Eis as suas palavras: “Deus revelou-nos o mistério da sua vontade, o plano generoso que tinha estabelecido, a fim de conduzir os tempos à sua plenitude:

Submeter tudo a Cristo, reunindo nele o que há no Céu e na Terra. Foi também em Cristo que fomos escolhidos como herança, predestinados de acordo com o desígnio de Deus que tudo opera, segundo a sua vontade (...).

Foi nele ainda que acreditastes e fostes marcados com o selo do Espírito Santo prometido, o qual é a garantia da nossa herança, a fim de tomarmos posse dela na redenção” (Ef 1, 9-14).

”Se confessares com a tua boca: ’Jesus é o Senhor’ e acreditares no teu coração que Deus o ressuscitou de entre os mortos, serás salvo” (Rm 10, 9).

Participamos nesta plenitude de modo orgânico, não de modo individual e isolado: “Ele é a imagem do Deus invisível, o primogénito de toda a criatura.

Foi nele que todas as coisas foram criadas nos Céus e na Terra. Tanto as visíveis como as invisíveis: tronos, dominações, poderes e autoridades.

Tudo foi criado por ele e para ele. Ele é anterior a todas as coisas e todas subsistem nele. Ele é a cabeça do corpo que é a Igreja. É o princípio, o primogénito dos mortos, o primeiro em tudo.

Aprouve a Deus fazer habitar nele a plenitude e, por ele e para ele, reconciliar todas as coisas pacificando pelo sangue da cruz tanto as que estão na Terra como nos Céus” (Col 1, 15-20).

Neste hino cristológico Cristo aparece como cabeça da Criação. Quando Deus sonhou o seu plano criador, projectou-o de modo a que Cristo fosse a sua cúpula.

Deus quis que Jesus ressuscitado fosse a plenitude a plenitude de todas as coisas. No momento da sua morte e ressurreição entrou em comunhão com a Humanidade que o precedeu, introduzindo os seres humanos na comunhão da família divina:

“Cristo padeceu pelos pecados de uma vez para sempre. O justo sofreu pelos injustos, a fim de nos conduzir a Deus.

Morto na carne, foi vivificado no Espírito, indo pregar aos espíritos cativos na morada dos mortos.

Entre estes estão os incrédulos que, no tempo de Noé, Deus interpelou pacientemente enquanto se construía a Arca.

Nessa Arca apenas oito pessoas se salvaram da água, figura do baptismo que vos limpa, não as impurezas do corpo, mas vos confere uma consciência justificada em virtude da ressurreição de Cristo.

Tendo subido ao Céu, está sentado à direita de Deus, submetendo a ele anjos, dominações e potestades” (1 Pd 3, 18-22).

Cristo é o princípio e a plenitude da Criação. Já no princípio ele era a Sabedoria que, junto de Deus, actuava como princípio inspirador.

Esteve presente nos começos como medianeiro da acção criadora de Deus, diz o Livro dos Provérbios (Prov 8, 22-32).

Depois, ao chegar a plenitude dos tempos, O Senhor ressuscitado conduziu a Criação para Deus tornando-se o medianeiro da Salvação (Jo 1, 1-14).
Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

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