
A conversão a Cristo, dizem os evangelhos, passa pela mudança de atitude face às riquezas:
“Senhor, eis que vou dar metade dos meus bens aos pobres e, se defraudei alguém, restituo-lhe o quatro vezes mais” (Lc 19, 8).
Apesar de se tratar de um relato elaborado de modo idealista, os Actos dos Apóstolos apresentam a comunidade cristã de Jerusalém como a realização das propostas de Jesus face às riquezas:
“A multidão dos fiéis tinha um só coração e uma só alma. Ninguém considerava seu o que possuía, mas tudo era comum (...).
Por isso não havia entre eles qualquer indigente. Os que possuíam terras ou casas vendiam-nas e colocavam o dinheiro aos pés dos apóstolos.
Em seguida distribuía-se a cada um conforma as suas necessidades (Act 4, 32-35). O pecado dos ricos que se recusam a partilhar radica no facto de estes impedirem a humanização dos pobres, esvaziando-os da sua dignidade.
Por isso estão a caminhar no sentido do malogro e do fracasso humano (Lc 1, 46-53). É bem verdade que as pessoas não valem pelo que têm, mas sim pelo que são (Lc 12, 15).
Valorizar as pessoas pelo ter é colocar-se numa perspectiva errada, diz a Carta de São Tiago (Tg 2, 1-4).
O Evangelho não nos fornece leis sobre a partilha. Esta, para eficácia humanizante, deve nascer do amor.
A generosidade é um impulso que brota do coração e não dos cálculos das contas bancárias. A generosidade é uma atitude que brotado do íntimo da pessoa e a põe em sintonia com o coração de Deus.
No entanto, não podemos esquecer o alerta de Jesus: as riquezas são perigosas, pois podem ser um obstáculo ao conhecimento de Deus e à comunhão da Felicidade Eterna (Lc 12, 16-21).
O problema não é ter dinheiro, mas deixar-se enredar nele, caindo na indiferença e ignorando o sofrimento dos que estão em penúria.
O dinheiro, se não houver cuidado, obscurece a visão da pessoa face ao sofrimento e à carência dos pobres diz o evangelho de são Lucas (Lc 16, 19-31).
Os cristãos estão chamados a ser no mundo uma parábola viva no jeito de se relacionar com as riquezas.
No evangelho de São Lucas, Jesus convida-nos a fazer melhor do que fazem os pagãos, que apenas emprestam aos que têm riquezas bens e possibilidades de nos pagar (Lc 6, 27-28).
No tocante às riquezas como em relação a muitos outros pontos, Jesus convida os cristãos a não se conformarem com os critérios do mundo.
Por outras palavras, Jesus chama-nos a viver uma vida profética no que se refere ao modo de usar o dinheiro e as riquezas.
A partilha e a generosidade podem não ser atitudes politicamente correctas, mas são certamente atitudes fundamentais para a humanização da pessoa.
Também no que se refere às riquezas, Jesus convida-nos a ser sal, luz e fermento profético no mundo (cf. Mt 5, 13-16).
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