terça-feira, 10 de junho de 2008

O MISTÉRIO DA PESSOA HUMANA-III

III-A PESSOA COMO SER HISTÓRICO

Por se tratar de um ser em realização histórica, a pessoa humana, para se dizer, tem de contar uma história.

Sem deixar de ser quem é, a pessoa humana, à medida que se realiza, vai sendo sempre de maneira nova.

No processo da realização pessoal o passado não desaparece nem deixa em paz e sossego. Por outras palavras, o passado de uma pessoa está sempre a vir ao de cima, tanto para facilitar a sua realização pessoal, como para a dificultar.

Se nos estamos a construir na história, isso significa que estamos a realizar no tempo o que seremos eternamente.

Por outras palavras, o que fazemos hoje está relacionado com o resto da nossa história e até com a nossa vida eterna.

Com efeito, o que fazemos hoje está mais ou menos condicionado pelo que fizemos no passado.
Mas o que fazemos hoje de modo consciente, livre e responsável torna diferente a nossa vida de amanhã.

Mais uma vez nos surge o amor aparece como critério fundamental para a realização humana.
A nossa identidade no Reino de Deus é igual ao jeito que tivermos de nos relacionar e comungar com os outros.

Na comunhão universal do Reino de Deus todos dançam o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que tiver treinado enquanto viveu na história.

É agora o tempo de construirmos aquilo que seremos para sempre. Na verdade, a Vida eterna emerge na História.

Amar ou não amar é uma decisão que tem a ver com o sucesso ou o fracasso da realização pessoal.

Agora já podemos compreender a razão pela qual Jesus apenas nos deixou o mandamento do amor:

“É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos ameis. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos” (Jo 15, 12-13).

A nossa identidade na comunhão do Reino de Deus é, portanto, o nosso jeito de amar. Por outras palavras, no Céu não há diferença de classes, pois a pessoa vale pelo que é e não pelo que tem.

Mas há diferenças pessoais no que se refere à densidade espiritual e capacidade de interagir amorosamente com os outros.

Isto quer dizer, como já vimos, que a pessoa tem nas suas mãos a possibilidade de decidir e realizar o que quer ser eternamente.

Como podemos ver, a finalidade da nossa existência na História não é apenas prolongar o mais possível a nossa vida mortal, mas edificar a Vida Eterna.

É por esta razão que a vida de uma pessoa se torna tanto mais pesada quanto mais vazia estiver de amor.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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