
Nos relatos bíblicos que nos falam do chamamento dos profetas, podemos ter a sensação que o profeta é forçado a aceitar e realizar a missão que Deus lhe confia.
Isto não quer dizer que Deus manipula ou violenta o Homem. Este modo de falar é para acentuar que a Palavra de Deus é eficaz e capacita o profeta para realizar a sua missão.
Na maneira de ver dos textos sagrados, o profeta é um homem totalmente possuído pela Palavra.
É a Palavra que lhe confere a coragem para anunciar e, ao mesmo tempo, para enfrentar os príncipes e os poderosos que se opõem à sua mensagem.
O profeta sabe que esta força vem da Palavra de Deus e não de si. Por isso o chamamento do profeta sintetizado de modo muito simples pela expressão: “A Palavra do Senhor veio sobre mim”.
Podemos dizer que os gestos proféticos são realizações da força da Palavra a fazer história com o Homem.
A Palavra de Deus começa por ser um acontecimento vivo no coração do profeta. O protagonista deste Acontecimento é o Espírito Santo.
Depois de o Espírito Santo provocar o acontecimento da Palavra no coração do profeta, este nunca mais voltará a ser o que era antes.
As transformações operadas na vida do profeta e na vida das pessoas que acolhem a sua Palavra são a história concreta da acção criadora da Palavra.
Como acabamos de ver, a Palavra de Deus não é um simples discurso, mas um acontecimento que inicia uma nova etapa na História.
Podemos dizer que a Palavra de Deus encarna na vida do profeta e das pessoas que a acolhem.
Isto quer dizer que os gestos dos profetas são provocados no coração do profeta pela Palavra e pelo Espírito Santo.
A Palavra do Senhor realiza o que significa na vida das pessoas que a acolhem. Por se sentir possuído pela Palavra, o profeta tem consciência de que não está a falar em nome próprio.
É por esta razão que os profetas não hesitam em afirmar que é o próprio Deus quem fala pela sua boca: ”Assim fala Yahvé,” repetem eles.
Eis o que diz a Segunda Carta de São Pedro: “A profecia jamais veio por vontade humana, mas os homens, movidos pelo Espírito Santo, falam como quem vem da parte de Deus (2 Pd 1, 21).
É por esta razão que o próprio profeta nunca esgota o alcance e a profundidade da mensagem que anuncia.
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