sexta-feira, 6 de junho de 2008

DEUS, O DINHEIRO E A FOME NO MUNDO-II

II-OS POBRES E O DINHEIRO

Com efeito, as pessoas que sabem partilhar são uma parábola viva do amor de Deus. Por outras palavras, a vocação dos que possuem bens é ser um sinal da providência divina.

É esta a revelação que a Bíblia transmite sobre os bens como caminho para o amor. Assente sobre uma mentalidade agrária, o Antigo Testamento ordenava que os donos das terras não deviam ceifar e recolher todos os cereais.

Deviam deixar pequenas porções para os pobres rebuscarem. O mesmo devia ser feito pelos donos das vinhas e dos pomares, diz o Livro do Levítico (Lv 19, 9-10).

Em cada três anos, um décimo dos produtos da sementeira ou das vinhas e pomares devia reverter em favor dos que não têm terras (Dt 26, 12).

Nos nossos dias esta questão apresenta-se de modo diferente:

Mais que falar do problema de deixar frutos para os pobres virem a apanhar atrás dos ceifeiros, hoje põe-se sobretudo a questão dos salários justos dos que trabalham, no drama do trabalho precário ou no direito dos pobres à saúde.

Põe-se ainda a questão do direito a uma habitação condigna, à escolaridade e uma boa formação profissional.

À luz da fé, não podemos dizer que, em si mesmo seja um mal. Na verdade, o dinheiro é uma ferramenta para facilitar a vida das pessoas.

O problema moral associado ao dinheiro é que este pode ser usado para bem e para mal. Como sabemos, há muitas pessoas que estão impedidas de se humanizar por falta de dinheiro.

Também não é segredo para ninguém, que muitas pessoas se desumanizam por usarem o dinheiro contra os seus irmãos.

O que as pessoas fazem com o dinheiro mostra realmente o que pensam e são em relação a si e aos outros.

Onde estiver o tesouro de uma pessoa, disse Jesus aos discípulos, aí estará o seu coração (Mt 6, 21).

Se os seres humanos que têm dinheiro decidirem geri-lo na linha do amor e não do egoísmo, serão abençoadas por Deus e por todos aqueles que foram beneficiados por eles.

De facto, sempre que pomos o nosso dinheiro ao serviço do amor estamos a sintonizar com o coração de Deus.

Como sabemos, a pobreza está a aumentar no mundo, mas isto não é uma fatalidade. Jesus ensinou-nos a entrar na dinâmica da partilha, o único caminho que nos conduz até à abundância.

Com o milagre da multiplicação dos pães, Jesus ensina-nos que o pouco partilhado chega para muitos e ainda sobra (Mt 14, 13-21; Mc 6, 34-44; Lc 9, 10-17).

Jesus disse que as pessoas que se enredam na posse do dinheiro e das riquezas dificilmente entrarão no Reino de Deus.

O projecto de Deus, diz a mãe de Jesus no evangelho de São Lucas é encher de bens os famintos e despedir sem nada os que se recusam a partilhar (Lc 1, 53).

É importante dizia João Baptista, que aqueles que têm duas túnicas repartam com os que não têm nenhuma.

Os que têm de comer devem fazer o mesmo (Lc 3, 10-11). O plano de Deus, acrescentou Nossa Senhora, é que os famintos sejam saciados (Lc 6, 20-21; Mt 5, 3-12).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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