segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A GRANDEZA DO HOMEM SONHADO POR DEUS-III

III-A CONSCIÊNCIA E OS VALORES

Os valores que os outros inscreveram em nós através da educação foram configurando a nossa consciência.

À medida que os valores vão sendo comunicados à criança, esta começa a sentir o chamamento dos valores como um apelo vindo da sua consciência.

Isto não pode acontecer se a pessoa não tiver um contexto de relações com um mínimo de qualidade humanizante.

Quando a criança começa a habitar-se, isto é, a ser consciente, já está habitada por aqueles que lhe foram comunicando os valores.

Mas a pessoa humana não é uma fotocopiadora, isto é, não se limita a receber os dados e a mantê-los como coisas estáticas.

É verdade que os primeiros conteúdos da consciência são o que a pessoa recebeu dos outros.
Mas os dados recebidos são tijolos para construir o edifício da pessoa a emergir e a estruturar-se na história.

Podemos dizer que os valores são apelos ideais que convidam a pessoa a estruturar-se de acordo com eles.

Por se situarem ao nível do ideal, os valores são uma interpelação e um convite a ir mais longe, pois o real humano nunca atinge de modo pleno a meta do seu ideal.

Por outras palavras, existe uma distância entre o ideal proposto pelos valores e o real da pessoa em construção.

À medida que vão sendo inscritos na consciência, os valores tornam-se, pois, uma voz que interpela a pessoa a agir de acordo com eles.

Como a pessoa é um ser que vive e se realiza em sociedade, os valores interpelam tanto no sentido da humanização da pessoa como no sentido da humanização da sociedade.

À medida que a pessoa responde ao chamamento dos valores estes começam a moldar e a estruturar o próprio modo de ser da pessoa.

Eis alguns exemplos que nos ajudam a compreender a interacção entre os valores, a consciência e a estruturação humana:

A pessoa que age em conformidade com o valor “verdade” vai-se tornando verdadeira. À medida que a pessoa age em harmonia com os apelos da liberdade, torna-se livre.

O ser humano que age em conformidade com o valor “Justiça” torna-se uma pessoa justa. Do mesmo modo, a pessoa que age em harmonia com o valor fidelidade, torna-se cada vez mais fiel.

Os valores não são inscritos em todas as pessoas da mesma maneira. É por esta razão que as consciências não são todas iguais.

Recorrendo ao exemplo dos talentos, diríamos que o amor com que os outros nos amaram e os valores que inscreveram em nós, há pessoas que receberam cinco talentos, outras receberam apenas três, dois ou um.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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