
Apesar do pecado do Homem, Deus não abandonou o seu projecto. Após a sua infidelidade, Adão sentiu que estava nu, isto é, sem possibilidades de sair do seu fracasso (Gn 3, 9-11).
Logo que Adão se sentiu nu, isto é, incapaz de atingir a sua plenitude, Deus começou logo a revesti-lo, isto é, a dar-lhe novas possibilidades de realização:
“Adão pôs à sua mulher o nome de Eva, pois ela seria a mãe de todos os viventes. Depois o Senhor Deus fez túnicas de peles para Adão e sua mulher e vesti-os” (Gn 3, 20-21).
Ao revestir o Homem, Deus inicia o processo da recriação do homem, corrigindo as distorções que o afastavam de Deus e de si próprio.
O evangelho de São João diz que o Homem só pode atingir a plenitude do seu ser se nascer de novo, pois o facto de ser filho de Adão não o conduz à comunhão com Deus (Jo 3, 3-6).
A recriação do Homem dá-se no interior de cada ser humano. Ainda que o homem exterior envelheça, degradando-se e perdendo energias, o homem interior vai-se renovando gradualmente pela acção do Espírito Santo, diz São Paulo (2 Cor 4, 16-17).
São João diz que Cristo ressuscitado nos dá a Água Viva que faz jorrar Vida Eterna no nosso íntimo (Jo 4, 14; 7, 37-39).
Na verdade, diz a Carta aos Romanos, os que são movidos pelo Espírito Santo são filhos de Deus Pai e irmãos do Filho de Deus (Rm 8, 14-16).
O Novo Testamento tem uma visão optimista da Criação: Tudo é visto sob o prisma da plenitude em Jesus Cristo.
Por outras palavras, em Jesus Cristo, Criador e Criação interligam-se amorosa e definitivamente. Não tem sentido criar uma dicotomia entre Deus e a Criação como se de coisas opostas se tratasse.
Em Jesus Cristo Deus realizou a reconciliação de todas as coisas, tanto as da Terra como as do Céu (2 Cor 5, 17-19).
Mas a Criação ainda está em génese. Deus não criou de uma só vez. Por outras palavras, a Criação está em marcha. O Deus criador convida-nos a ser seus colaboradores, conduzindo a Criação à sua plenitude.
Unido a Cristo de modo orgânico, o Homem tornou-se a cúpula da Criação assumida e incorporada na própria Família Divina.
Calmeiro Matias
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