sexta-feira, 12 de setembro de 2008

CHAMADOS A REVELAR O ROSTO DE DEUS-III

III-JESUS E O ROSTO DE DEUS

Jesus Cristo é a melhor expressão do rosto de Deus na História da Salvação. O Novo testamento diz que Jesus, antes de revelar o rosto de Deus aos homens, comunicou face a face com o próprio Deus.

“Após ter sido baptizado, Jesus entrou em oração. Nesse momento, o Céu abriu-se e o Espírito Santo desceu sobre ele, tendo a forma corporal de uma pomba.

Nesse momento, desceu do Céu uma voz que disse: “Tu és o meu filho bem-amado. Hoje mesmo te gerei” (Lc 3, 21-22).

Antes de iniciar a sua missão, Jesus foi consagrado pelo Espírito santo e o Pai declara que ele é o Messias, o filho de Deus.

Tal como aconteceu com Moisés, Jesus procurava as montanhas, as colinas e os lugares silenciosos para contemplar o rosto de Deus, isto é, entrar em comunhão com a intimidade de Deus.

O ruído e a dispersão não são boas mediações para nos encontrarmos face a face com Deus. Eis o que diz o evangelho de São Lucas:

“Tomando consigo Pedro, João e Tiago, Jesus subiu à montanha para orar. Enquanto orava, o aspecto do seu rosto alterou-se e as suas vestes tornam-se brilhantes” (Lc 9, 28-29).

Não é difícil descobrir a relação desta e outras passagens com os relatos que falam dos encontros de Moisés com Deus:

“De madrugada, estando ainda escuro, Jesus levantou-se e retirou-se para um lugar deserto, a fim de orar (Mc 1, 35).

Ou então: “Tendo despedido as multidões, Jesus subiu ao monte para orar a sós” (Mt 14, 23).
Olhando para os seus ensinamentos, vemos como Moisés e os profetas ficaram muito aquém de Jesus no que se refere à profundidade do conhecimento e da experiência de Deus.

Antes de Jesus, ninguém chegou tão longe na revelação do rosto de Deus aos homens. Basta olhar para a profundidade deste e outros textos do Novo Testamento para compreendermos o salto de qualidade que a revelação deu com Jesus:

“Jesus disse-lhe: “Há tanto tempo que estou convosco e não ficaste a conhecer-me, Filipe?
Quem me vê, vê o Pai. Como é que ainda me pedes para te mostrar o Pai?

Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?” (Jo 14, 9-10). Noutra passagem do quarto evangelho, Jesus diz: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30).

Quando a bíblia diz que Deus nos mostra o seu rosto, não está a falar de um acontecimento exterior.

Deus revela-se ao Homem a partir de dentro. Deus é a interioridade máxima da realidade.
Por outras palavras, quando Deus vem ao encontro do Homem não vem a partir de fora.

A Primeira Carta aos Coríntios diz que o nosso coração é um templo onde o Espírito de Deus habita (1 Cor 3, 16).

O evangelho de São João diz que a revelação do rosto de Deus acontece porque Deus faz uma união orgânica connosco:

“Nesse dia, disse Jesus, compreendereis que eu estou no Pai, vós em mim e eu em vós” (Jo 14, 20).

Por ser homem como nós, Jesus é o medianeiro entre Deus o Homem, diz a primeira Carta a Timóteo (1 Tim 2, 5).

No Evangelho de São João diz que a função do medianeiro leva consigo a missão de revelar o rosto de Deus:

“Jesus respondeu: eu sou o Caminho a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir ao Pai senão por mim.
Se me conheceis, conhecereis também o Pai. E já o conheceis, pois estais a vê-lo” (Jo 14, 6-7).

Jesus é, portanto, a revelação máxima do rosto de Deus. É verdade que olhar para Jesus era olhar para um homem.

Mas a sua fidelidade incondicional à vontade de Deus é o meio mais perfeito de Deus nos revelar o seu rosto.

Este mistério da união orgânica da Humanidade com a Divindade através de Cristo é reforçada noutra passagem do evangelho de São João:

“Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti. Que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste.

Dei-lhes a glória que tu me deste, de modo que sejam um como nós somos um. Eu neles e tu em mim, a fim de eles poderem chegar à perfeição da unidade” (Jo 17, 21-23).

Na verdade, o rosto de Deus revelou-se de uma maneira única neste homem de Nazaré.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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