
No entanto, o prólogo de São João dá um salto de qualidade em relação ao Génesis. No livro do Génesis a criação é iniciada em simultâneo com a marcha do tempo.
No prólogo de São João ela é concebida no interior da eternidade. Os possíveis da criação surgem antes do tempo.
Brotam das relações amorosas que existem na Comunidade Divina. Mas o início da génese criadora é temporal (Jo 1.12-14).
A estrutura literária do prólogo de João é a dos hinos sapienciais (cf. Prov 8, 22; Si 24, 3-12; Sb 9, 9-12).
Existe um ser preexistente à criação, isto é, o Logos, a Palavra que é causa exemplar da mesma.
Na perspectiva do evangelho de João, Cristo é o princípio e o fim da Criação (cf. Apc 1, 17; 22, 13).
A chave de leitura da teologia bíblica sobre a criação é a Aliança e o plano salvador de Deus. O Novo Testamento, por seu lado, faz uma leitura cristocêntrica do projecto criador de Deus.
Podemos dizer que o documento fundamental da teologia bíblica sobre a criação não é o livro do Génesis mas sim o prólogo de São João, o qual explica e dá sentido aos relatos do Génesis.
Segundo o Livro do Génesis, Deus viu que todas as coisas eram boas (cf. Gn 1, 3-27). Para o prólogo de São João a plenitude desta bondade acontece pelo mistério da Encarnação, graças ao qual os homens foram divinizados e introduzidos na Família de Deus (Jo 1, 12-14).
Calmeiro Matias
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