
A fé cristã é uma realidade teologal, isto é, assenta sobre a revelação de Deus. Isto torna a oração cristã um acontecimento original, pois falar a Deus em horizontes teologais é dialogar com Deus com a Sabedoria do Espírito Santo.
Eis a razão pela qual o evangelho de São Mateus nos diz para não sermos como os pagãos que multiplicam palavras, pensando que, desse modo, influenciam o próprio Deus (Mt 6, 7-8).
Deus é Amor. Tudo o que Deus deseja para nós é apenas o que o amor é capaz de querer: o bem incondicional para as pessoas amadas.
Por outras palavras, se Deus é Amor, o poder de Deus é apenas o poder do Amor e o seu querer coincide rigorosamente com o que é melhor para nós.
Eis a razão pela qual a oração cristã só tem sentido se for um diálogo de amor e confiante, cujo princípio animador é o Espírito Santo.
São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).
A oração no Espírito Santo é, pois, um diálogo que culmina na comunhão amorosa da Santíssima Trindade.
Pouco a pouco, a oração vai-nos transformando e fazendo que os nossos critérios coincidam com os critérios de Deus.
Na oração o Espírito Santo vai-nos confidenciando o que só ele nos pode confidenciar: a verdade do projecto de Deus que engloba a Encarnação, a ressurreição e, portanto, a nossa divinização.
Eis as palavras de Jesus este respeito: “Eu fui-vos revelando estas coisas enquanto tenho permanecido convosco.
Mas quando eu partir, o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo e há-de recordar-vos tudo o que eu vos disse” (Jo 14, 25-26).
Depois de nos revelar os mistérios da fé, o Espírito Santo envia-nos para a vida, pois a comunhão com o Senhor não nos aliena nem afasta dos nossos compromissos e do amor aos irmãos.
Confiante e fortalecido, o crente que faz oração no Espírito Santo confia e encontra força para actuar, pois sabe que Deus está com ele e para ele.
O crente que confia no Senhor age como se tudo dependesse de si, sabendo que o fundamental é obra de Deus.
Na verdade, Deus está connosco, embora nunca nos substitua. É importante resistir à tentação de querer sentir Deus, pois a sua presença é espiritual e, portanto, não pode ser apreendida pelos sentidos.
Quando tivermos a sensação de estar a sentir Deus devemos saber que não é Deus que estamos a sentir, mas um sentimento nosso.
A oração implica uma atitude de gratuidade. Não te sinto, mas mesmo assim, quero partilhar contigo o meu tempo.
Num mundo onde a gratuidade está a definhar, é importante criarmos espaços e tempos de gratuidade.
Não pode haver fidelidade a Deus sem oração. Não somos capazes de responder de modo perfeito às interpelações do Amor sem oração.

Calmeiro Matias
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