
Felizes dos que sabem ir morrendo, dando vida aos outros, pois estão a renascer para a plenitude da comunhão.
A pessoa só se encontra e possui na reciprocidade da comunhão amorosa. Reduzida a si, a pessoa está em estado de malogro e perdição.
Na verdade, a plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão com os outros. Só o ser humano tem consciência de que um dia vai morrer. Esta certeza é um convite a descobrir razões mais profundas para viver.
Felizes dos que descobrem que a grande razão para viver e morrer é o amor. Na verdade, dançaremos eternamente o ritmo do amor com o jeito que tivermos treinado agora na história.
Levamos no nosso íntimo um ser espiritual em construção, o qual emerge no nosso íntimo, graças à força das relações de amor.
A morte é o último dos partos que foram possibilitando o nascimento do Homem para a vida plena.
A morte é o rebentar da casca do ovo, a fim de possibilitar a entrada do pintainho na Festa da Vida Plena.
Ao anular o nosso ser exterior, a morte possibilita a libertação definitiva do nosso ser interior, o qual é pessoal e, portanto, espiritual.
Na verdade, a morte não mata a pessoa, mas destrói o exterior que a envolve. Nesse momento Cristo surge como a Árvore da Vida cujo fruto, o Espírito Santo, nos dá a vida eterna.
O Paraíso, fechado por causa do pecado de Adão, foi reaberto para a Humanidade por Jesus Nazaré, diz o evangelho de São Lucas (Lc 23, 43).
Com o acontecimento da ressurreição de Cristo, a nossa vida fica iluminada no seu sentido mais profundo:
De Adão, o homem tirado da terra, veio o nosso ser exterior que é biológico, psíquico e mortal.
De Cristo Ressuscitado, o Novo Adão, veio-nos a Vida Eterna.
Ao ressuscitar, Jesus Cristo comunica-nos a semente da Vida Divina, isto é, o Espírito Santo que nos introduz na Família de Deus (Ga 4, 4-7).
O Espírito Santo é a Água Viva que Jesus nos dá, a qual faz jorrar no nosso íntimo o manancial da Vida Eterna.
Por Cristo ressuscitado a Humanidade foi assumida e incorporada na Família da Santíssima Trindade.
Perante a vitória da ressurreição, a morte é apenas a possibilidade de entrarmos na Comunhão Universal do Reino de Deus.
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