quinta-feira, 2 de outubro de 2008

NOVA CRIAÇÃO PARA UMA NOVA ALIANÇA-V

V-NOVA CRIAÇÃO E LIBERDADE

Para poder comprometer-se com a Nova Aliança e ser fiel a esse compromisso, o Homem não pode ser escravo.

Ao proporcionar-nos a Nova Aliança, Deus realizou a obra da libertação através de Jesus. Eis as palavras de Jesus no evangelho de São Lucas:

“O Espírito de Deus está sobre mim porque me ungiu. Consagrou-me para anunciar a Boa Nova aos pobres e realizar a libertação dos cativos.

Enviou-me conceder a vista aos cegos e a mandar em liberdade os oprimidos” (Lc 4, 18). São Paulo entendeu muito bem o alcance libertador da missão de Jesus Cristo.

Para ele a Nova Criação representa um salto de qualidade em relação à Antiga e não apenas de uma simples remodelação.

Por outras palavras, Jesus não veio a colocar apenas um remendo no rasgão provocado por Adão no tecido histórico da humanidade.

Trata-se de um salto de qualidade e não apenas de um remendo colocado na situação do Homem fracassado.

Eis o que São Paulo diz na Carta aos Gálatas: “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou.
Permanecei, pois, firmes, e não vos deixeis prender de novo ao jugo da escravidão” (Ga 5, 1).

A liberdade é a capacidade de a pessoa se relacionar amorosamente com os outros e interagir
criativamente com as coisas e os acontecimentos.
As pessoas que fazem parte de Nova Criação são seres profundamente livres.

Não devemos confundir liberdade com o livre arbítrio que é apenas a possibilidade de a pessoa chegara ser livre.

Na verdade, o livre arbítrio é a capacidade psíquica de escolher pelo bem ou pelo mal. Deus é infinitamente livre e, no entanto, não tem livre arbítrio.

Com efeito, Deus não pode escolher optar pelo mal. Por outras palavras, Deus, ao contrário do Homem, não é uma liberdade em construção.

O Homem não se pode tornar livre sem exercer o livre arbítrio, mas não lhe basta exercer o livre arbítrio para se tornar livre.

Isto quer dizer que a pessoa humana apenas se torna livre na medida em que opta pelo bem. À medida que opta pelo bem, o ser humano realiza-se como pessoa livre, consciente, responsável e capaz de comunhão amorosa.

Em Deus, a liberdade atinge o nível de perfeição máxima. Na pessoa humana, pelo contrário, a liberdade é um processo de libertação realizado pela dinâmica do amor.

O bebé não é um ser livre, mas nasceu com a possibilidade de o ser. Podemos dizer que a liberdade humana é o resultado de uma cadeia de opções, escolhas, decisões e compromissos na linha do amor e que ninguém pode realizar por nós.

Por outras palavras, os outros não são capazes de nos tornar livres, embora nós, para nos tornarmos livres, tenhamos que nos relacionar com os demais seres humanos.

São Paulo entendeu muito esta dinâmica histórica e amorosa do processo de libertação. Eis o que ele diz na Carta aos Gálatas:

“Irmãos, vós fostes chamados à liberdade. Mas tomai atenção, para que a liberdade vos não sirva de pretexto para servir a carne (a velha Criação).

Pelo contrário, colocai-vos ao serviço uns dos outros através do amor fraterno” (Gal 5, 13).
Os que fazem parte da Nova Criação participam da Vida Nova de Cristo:

“ Quem nos poderá separar do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? (…).

Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus” (Rm 8, 35-39).

As pessoas que pertencem à Nova Criação levam no seu íntimo um impulso libertador novo a que São Paulo chama a Lei do Espírito Santo.

Eis o que ele diz na Carta aos Romanos: “Agora já não há mais condenação para os que estão em Cristo Jesus.

A lei do Espírito que dá a vida libertou-vos da lei do pecado e da morte através de Cristo” (Rm 8, 1-2).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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