quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A NATUREZA HUMANA É IMAGEM DA DIVINA-III

III-POSSIBILIDADES E LIMITES DA NATUREZA HUMANA

Sem tomarmos os relatos bíblicos à letra, devemos ter presente que eles transmitem uma verdade importante: Deus não é uma realidade estática.

O mesmo acontece com a natureza humana. Começa por ser uma realidade biológica, a qual contém em si um leque imenso de possibilidades de realização pessoal e espiritual.

A vertente biológica da natureza, interagindo com a vertente social e cultural constituem o leque primordial dos nossos talentos ou possibilidades de realização.

Com efeito, o ser humano começa por ser o que os outros fizeram dele. Cada pessoa recebe o seu leque próprio de talentos.

No evangelho de São Mateus, Jesus diz que uns recebem cinco talentos, outros três, dois ou um (Mt 25, 14-30).

Ninguém é herói por receber cinco, como ninguém é culpado por receber um. Com efeito, a heroicidade radica na fidelidade. A pessoa realiza-se de modo pessoal e espiritual na medida em que procura realizar os talentos que recebeu como possíveis.

À medida que se realiza como pessoa, o ser humano está a edificar aquilo que vai ser por toda a eternidade.

A luta das ciências contra o envelhecimento e a morte pode conseguir maravilhas. Mas não será nunca uma vitória total no sentido de atingir a a-mortalidade, isto é, não passar pela situação da morte.

A verdadeira a-mortalidade é a imortalidade, o que não significa o continuação indefinida da vida biológica.

O sentido mais profundo da nossa existência não é manter a qualquer preço a vida mortal, mas edificar a vida imortal.

A razão de ser da nossa vida na história é edificar a vida imortal, isto é, a vida pessoal-espiritual, a qual encontra a sua plenitude na comunhão com as pessoas divinas.

É esta a verdadeira vitória sobre o envelhecimento e a morte, como diz São Paulo: “Por isso não desfalecemos.

E apesar de em nós, o homem exterior caminhar progressivamente para a ruína e a morte, o homem interior renova-se e robustece-se dia a pós dia.

De facto, a nossa tribulação momentânea proporciona-nos um peso eterno de glória, muito além do que possamos calcular.

Por isso não olhamos para as coisas visíveis, mas para as invisíveis, pois as coisas visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas” (2 Cor 4, 16-18).

Em comunhão convosco
Calmeiro Matias

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