quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A NATUREZA HUMANA É IMAGEM DA DIVINA-IV

IV-A COMUNHÃO ORGÂNICA COM DEUS

O evangelho de São João diz que a vida eterna se conquista através de um segundo nascimento através do Espírito Santo (Jo 3, 6).

Isto quer dizer que crescer espiritualmente é um processo e uma tarefa. Graças ao acontecimento da Encarnação, a comunhão humana universal está já divinizada, pois o divino enxertou-se no humano, a fim de este ser divinizado.

A natureza humana, tal como a divina concretiza-se em pessoas.A plenitude da pessoa não está em si, mas na plenitude da comunhão.

A Divindade é uma família de três pessoas, onde cada pessoa encontra a sua plenitude na reciprocidade da comunhão com as outras.

É por esta razão que a Santíssima Trindade não é um conjunto de três deuses, mas uma divindade constituída pela comunhão de três pessoas.

Do mesmo modo, a Humanidade é apenas uma, apesar de estar a edificar-se como uma comunhão universal constituída por biliões de pessoas.

As pessoas humanas estão a realizar-se à imagem e semelhança de Deus. Por outras palavras, as pessoas humanas não são iguais às divinas, mas são-lhe proporcionais e por isso foi possível acontecer a Encarnação, isto é, a união orgânica e interactiva do divino com o humano.

Segundo o plano criador de Deus, a plenitude da natureza humana acontece na interacção amorosa com a Divindade.

Este plano de Deus concretizou-se no mistério da Encarnação essa interacção dinâmica que une de modo orgânico a pessoa do Filho Eterno de Deus com a pessoa de Jesus de Nazaré.

Do mesmo modo, a pessoa de Deus Pai e a pessoa de Deus Filho formam uma interacção orgânica e dinâmica que levou Jesus a declarar: “Eu e o Pai somos Um” (Jo 10, 30).

Ao falar da comunhão eucarística, Jesus disse que nós fazemos uma união com ele em tudo semelhante à união orgânica que existe entre ele e o seu Pai:

“Quem come a minha carne bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, também, quem me come viverá por mim” (Jo 6, 57-58).

O mistério da Encarnação realiza uma união orgânica em tudo idêntica à união que existe entre Deus Pai e o Filho eterno de Deus.

No evangelho de São João, Jesus explica de modo genial o carácter orgânico da união que nos liga a ele:

“Permanecei em mim que eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco se não permanecerdes em mim.

Eu sou a videira e vós os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer (Jo 15, 4-5).

A salvação das pessoas humanas, portanto, consiste na sua incorporação e assunção na comunhão com as pessoas divinas.

A plenitude da natureza humana é, pois, a sua divinização, a qual acontece como incorporação na comunhão orgânica da Santíssima Trindade.

Como podemos ver, os mistérios de Deus e de Cristo são como que dois faróis que fazem ver o sentido mais profundo da natureza e da vida humana.

No evangelho de São João, Jesus explicita de modo perfeito a união orgânica que liga humanidade com a Divindade:

“Pai, não rogo apenas por estes mas por todos os que hão-de crer em mim, por meio da sua Palavra, a fim de todos serem um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti.

Faz que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste. Eu dei-lhes a glória que tu me deste, de modo que eles sejam um, como nós somos um:

Eu neles e tu em mim, a fim de poderem chegar á plenitude da unidade e assim o mundo reconheça que tu me enviaste e que os amaste a eles como me amaste a mim”. (Jo 17, 20-23).

É nesta interacção orgânica e dinâmica que a natureza humana atinge a sua plenitude divina.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

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