quinta-feira, 3 de julho de 2008

RETRATO DO DEUS DA ALIANÇA-V

V-ANÚNCIO DO MESSIAS E ALIANÇA COM DAVID

Com a instituição da monarquia, surge a aliança de Deus com a casa de David. A promessa messiânica fica, pois, ligada à casa de David.

Deus fez a sua aliança com David, como ele mesmo confessa no Segundo Livro de Samuel: “A minha casa está firme junto de Deus, disse David, pois a sua aliança para comigo é para sempre e está assente sobre alicerces sólidos” (2 Sam 23, 5).

A aliança a que se refere o texto anterior é a profecia proferida por Natã ao rei David. Segundo a profecia de Natã, Deus ia suscitar um filho a David graças ao qual a monarquia davídica duraria para sempre:

“Quando chegares ao fim de teus dias e te fores juntar aos teus antepassados, eu suscitarei, depois de ti, um filho teu.

Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Se ele cometer algum erro corrigi-lo-ei com vara de homens, mas não lhe retirarei a minha graça como fiz a Saul, a quem expulsei da minha presença.

A tua casa e o teu reino serão firmes para sempre” (2 Sam 7, 12-16). A partir deste momento, os filhos de David, ao subirem ao trono, passam a chamar-se filhos de Deus:

“Vou anunciar o decreto do Senhor. Ele disse-me: Tu és meu filho, hoje mesmo te gerei” (Sal 2, 7). Esta profecia está associada à construção de um templo para Deus:

“David disse ao profeta Natã: “Como podes ver, eu estou a morar numa casa de cedro, ao passo que a Arca da Aliança de Deus está debaixo de uma tenda” (1 Cron 17, 1).

David tinha planeado construir um templo para introduzir lá a Arca da Aliança. Mas o profeta Natã fez saber ao rei que os planos de Deus são outros:

Não será David mas um filho seu quem construirá o templo do Senhor. Graças a esse filho, Deus vai abençoar para sempre a casa de David:

“Fiz uma aliança com o meu eleito, jurei a David, meu servo: estabelecerei a tua descendência para sempre e o teu trono há-de manter-se eternamente” (Sal 89, 4-5).

Depois acrescenta: “Encontrei a David, meu servo, e ungi-o com óleo santo. A minha mão estará sempre com ele e o meu braço há-de torná-lo forte” (Sal 89, 21-22).

Deus confere credibilidade à sua aliança com David empenhando a sua Palavra: “Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, és o meu Deus e o rochedo da salvação.

Eu farei dele o primogénito, o maior entre os reis da terra. Hei-de assegurar-lhe para sempre o meu favor. A minha aliança com ele há-de manter-se firme.

Estabelecerei para sempre a sua descendência e o seu trono terá a duração dos céus” (Sal 89, 27-30).

A Palavra de Deus é fiel e verdadeira. Por isso ele vai realizar o prometido: “Jurei uma vez pela minha santidade. De modo algum enganarei David!

A sua descendência permanecerá para sempre e o seu trono será como o sol, na minha presença, isto é, firme para sempre.

A Lua é um testemunho fiel no firmamento. Assim será a descendência de David” (Sal 89, 36-38).

Em virtude das infidelidades de Israel os profetas prevêem a vinda de uma tragédia sobre o povo.

Eis as palavras do profeta Isaías: “Esta terra está profanada sob os pés dos seus moradores.
Transgrediram as leis, violaram os mandamentos e romperam a minha aliança eterna” (Is 24, 5).

Apesar da infidelidade do povo, Deus será sempre fiel, pois o seu amor é incondicional, acrescenta o profeta Isaías:

“Mesmo que os montes se retirem e as colinas vacilem, o meu amor nunca se afastará de ti. A minha aliança de paz não vacilará, diz o Senhor que se compadece de ti” (Is 54, 10).

Isto quer dizer que Deus está sempre disposto a renovar a sua aliança. Mas esta renovação pressupõe a fidelidade das duas partes.

Por outras palavras, Israel não é capaz de fazer que Deus deixe de o amar, pois o seu amor é incondicional.

Mas este povo pode impedir que aconteça a comunhão com Deus. Com efeito, a comunhão assenta sobre a reciprocidade amorosa e não num amor unidireccional:

“Dai-me ouvidos. Vinde a mim. Escutai-me e vivereis. Farei convosco uma aliança definitiva. Serei fiel à minha amizade com David” (Is 55, 3).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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