
A Bíblia revela-nos um Deus cujo jeito de se relacionar é a aliança, isto é um acordo de amizade.
Logo no princípio da criação, Deus fez uma aliança com Adão, fazendo dele o chefe e a cabeça da criação (Gn 1, 28-30; 2, 15-20).
Mas Adão foi infiel e rompeu com a aliança proposta por Deus. Não aceitou ser colaborador de Deus na obra da Criação.
Numa atitude de rotura orgulhosa, Adão pretendeu ser igual a Deus. A rotura de Adão pressupõe um pecado que conduz à separação de Deus.
Como cabeça da Humanidade, Adão introduziu o Homem no caminho do malogro e do fracasso.
É muito perigoso ser infiel a Deus. Não que Deus se vingue, pois Deus é amor (1 Jo 4, 7).
É perigoso brincar com Deus porque o seu querer coincide rigorosamente com o que é melhor para nós.
Brincar com Deus, portanto, significa brincar com o que é melhor para nós. Na verdade, Deus é a fonte da vida e de todos os bens!
A pessoa que brinca com Deus está a entrar no caminho do malogro e do fracasso. Mas o coração de Deus continua sempre a tentar a restauração da aliança.
Quanto mais a Humanidade se tornava infiel em relação a Deus, mais entra no caminho do malogro e do fracasso.
Após o pecado de Adão, veio o dilúvio. Por outras palavras, ao afastar-se da comunhão com Deus, a Humanidade começa a afogar-se, isto é, a afundar-se cada vez mais no fracasso e na tragédia.
Não foi Deus que fez que o Homem se afogasse. Pelo contrário, ao vê-lo afundar-se no fracasso e na autodestruição, Deus veio em seu socorro, fazendo uma aliança com Noé e toda a sua família:
“Contigo vou estabelecer a minha aliança. Entrarás na Arca com a tua mulher, os teus filhos e as mulheres dos teus filhos” (Gn 6, 18).
A aliança de Deus com Noé tinha a finalidade de salvar a Humanidade e os todos os seres vivos.
O Livro do Génesis diz que o arco-íris passa a ser o sinal da aliança restaurada com Noé:
“Deus disse: este é o sinal da aliança que coloco entre mim e vós com todos os seres vivos que estão convosco.
Colocarei o meu arco nas nuvens. Ele será um sinal da minha aliança com toda a terra” (Gn 9, 12-13).
A aliança de Deus com Noé tem um carácter universal, diz o Livro do Génesis, pois é feita em favor de todos os seres vivos:
“Quando o arco-íris estiver nas nuvens eu, ao vê-lo, lembrar-me-ei da minha aliança eterna, aliança com todos os seres vivos que vivem sobre a terra” (Gn 9, 16).
Mas de novo o homem começa a tornar-se infiel, recusando-se a colaborar com Deus. Mais uma vez vai surgir a velha tentação de ser igual a Deus.
A ideia de construir uma torre que chegue até ao Céu é a nova maneira de concretizar a velha tentação de ser igual a Deus.
A tentação é uma insinuação subtil que emerge na mente do ser humano, fazendo-lhe acreditar que é bom o que na realidade é mau.
É verdade que nós estamos talhados para o Céu e para sermos divinos. Mas isso é um dom de Deus, não uma conquista do Homem.
A divinização do Homem só pode acontecer mediante a Encarnação, isto é, o enxerto da vida divina na humana.
Adão pecou ao rejeitar a sua condição de criatura, tentando colocar-se no lugar do Criador. É a tentação de querer ser Deus por sua conta e risco (Gn 11, 1-8).
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