
A nossa fé ensina-nos que Deus é o fundamento de toda a bondade. Deus é Bom e boas são as coisas que vêm de Deus. Deus é, na sua essência, pura bondade, pois é uma comunhão infinitamente perfeita.
Se a Divindade é amor, então devemos deduzir que tudo o que Deus diz e faz é intrinsecamente bom.
Se Deus é infinitamente bom como é possível ter-se falado do Deus severo e castigador durante tantos séculos?
Isto quer dizer que a noção de um Deus sempre disposto a castigar, tal como era apresentado pela teologia medieval não está conforme à verdade de Deus.
No fundo esta deformação deveu-se ao facto de os homens projectarem em Deus o pior que havia neles.
Acontece, porém, que Deus não é uma realidade feita à imagem e semelhança Homem. Pelo contrário, o Homem é que está a ser criado à imagem e semelhança de Deus.
O pecado, na visão tradicional, era visto como uma desobediência a um Deus arbitrário e caprichoso.
O Deus da teologia medieval era um sujeito infinitamente poderoso que mandava porque lhe apetecia que as coisas fossem assim.
Na verdade era uma Deus arbitrário e caprichoso. Por ser infinitamente livre, ele não é nunca arbitrário ou caprichoso.
Por outras palavras, o que Deus quer para nós coincide rigorosamente com o que é melhor para nós.
É muito perigoso brincar com Deus. Não porque Deus se vingue, pois Deus é amor e só pode o que pode o amor.
É perigoso brincar com Deus pois isso é o sinal evidente de que a pessoa entrou no caminho do malogro e do fracasso.
Na verdade, brincar com a vontade de Deus é brincar com o que é melhor para nós, pois as duas coisas coincidem rigorosamente.
O amor é a calda que possibilita a humanização do Homem. Por outras palavras, o amor é a temperatura exacta que possibilita a emergência e o crescimento da vida pessoal e espiritual do ser humano.
O amor humano não é igual, mas é proporcional ao amor divino. Brincar com o amor, seja o amor humano, seja o divino, é entrar no caminho do malogro e do fracasso.
O pecado é sempre uma oposição ao amor. Podemos dizer que o pecado leva sempre consigo o seu próprio castigo.
Por ser amor, Deus nunca condena ninguém. As pessoas que se condenam perdem-se por sua própria decisão.
Isto quer dizer que Deus nunca se separa do pecador. Este é que fecha as portas da reciprocidade amorosa com Deus.
O evangelho de São João diz que Deus Pai enviou o seu filho para salvar os pecadores, não para os condenar:
“Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o munda seja salvo” (Jo 3, 17).
Eis as palavras da Primeira Carta a Timóteo: “Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tim 2, 4).
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