segunda-feira, 11 de agosto de 2008

FÉ CRISTÃ E O MISTÉRIO DO REINO DE DEUS-IV

IV-O REINO DE DEUS É COMUNHÃO ORGÂNICA

A realidade de Jesus Cristo é humano-divina, pois a dinâmica da Encarnação acontece como enxerto do Divino no Humano, condição para divinização da Humanidade.

Graças ao mistério da Encarnação, aconteceu uma união orgânica entre a Humanidade e a Divindade, a qual acontece como interacção directa do Homem com Deus em Jesus Cristo.

O princípio que vivifica e fortalece esta interacção humano-divina é o Espírito Santo. São Paulo diz que as pessoas que se deixam conduzir pela acção do Espírito Santo são incorporados na Família de Deus como filhos em relação a Deus Pai e como irmãos em relação ao Filho de Deus (Rm 8, 14-16).

Nesta união o Homem e Deus não se fundem nem confundem, pois trata-se de uma união orgânica onde as partes não se anulam nem mutilam.

Este mistério acontece através de Jesus Cristo, o qual é plenamente homem em união orgânica com a Humanidade.

Do mesmo modo, a Segunda pessoa da Santíssima Trindade é plenamente Deus com o Pai e o Espírito Santo.

Na verdade, a Encarnação acontece como um enxerto do divino no humano sem o alterar ou mutilar.

Do mesmo modo implica a integração do humano no divino sem o anular. Utilizando uma imagem da qual gosto muito diria que o ramo de limoeiro, enxertado na laranjeira, continua a dar limões e não laranjas.

Isto quer dizer que pela dinâmica da Encarnação nem a divindade é mutilada nem a Humanidade é anulada.

A seiva que circula e alimenta a união orgânica do enxerto é o Espírito Santo, amor de Deus derramado nos nossos corações, como diz São Paulo (Rm 5, 5).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

FÉ CRISTÃ E O MISTÉRIO DO REINO DE DEUS-V

V-CRISTO COMO FUNDAMENTO DO REINO

Por ser o ponto de encontro e interacção do humano com o divino, Jesus Cristo é o medianeiro desta comunhão humano divina:

“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir ao Pai a não ser por mim” (Jo 14, 6).
Jesus Cristo é, pois, o alicerce do Reino de Deus. É através dele que acontece o encontro definitivo e do Homem com Deus:

“Pai Santo, eu dei-lhes a glória que tu me deste, a fim de que sejam um como nós somos um.
Eu neles e tu em mim, Pai Santo, para que cheguem à perfeição da unidade e deste modo o mundo reconheça que me enviaste e os amaste como me amaste a mim” (Jo 17, 23-24).

Podemos dizer que o Reino de Deus está em génese na história e culmina na assunção do Homem em Deus.

Além de estar no centro da pregação de Jesus, o Reino de Deus constitui o horizonte máximo da Esperança Cristã.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

FÉ CRISTÃ E O MISTÉRIO DO REINO DE DEUS-VI

VI-REINO DE DEUS E IGREJA

É importante não confundir a Igreja com o Reino de Deus. A Igreja é sacramento, isto é, corporiza e torna visível a dinâmica do Reino a emergir na História.

Ao mesmo tempo, a Igreja é uma mediação do Espírito Santo para facilitar a génese histórica do Reino de Deus no mundo.

Na Carta aos Efésios, O Apóstolo São Paulo sublinha este papel da Igreja quando diz: A mim, o menor de todos os santos, foi-me dada a graça de anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo e a todos iluminar sobre a realização do mistério escondido desde todos os séculos em Deus, o Criador de todas as coisas.

E deste modo, por meio da Igreja, é agora dada a conhecer a multiforme sabedoria de Deus, de acordo com o desígnio eterno que ele planeou em Cristo Jesus nosso Senhor” (Ef 3, 8-11).

A Igreja é sacramento. A sua missão é para a História. No Reino de Deus já não há sacramentos, mas sim a realidade explicitada na História pelos sacramentos.

O Reino de Deus, na sua plenitude, coincide com a humanidade divinizada em Cristo. Todas as pessoas estão convidadas a tomar parte no Reino de Deus.

Mas para tomar parte na festa do Reino de Deus é preciso ter a veste nupcial, isto é, ter um coração capaz de comungar fraternalmente:

“Jesus disse-lhes: “Em verdade vos digo que os cobradores de impostos e as prostitutas vão preceder-vos no Reino de Deus.

João Baptista veio até vós, ensinando-vos o caminho da justiça e não acreditastes nele. Mas os cobradores de impostos e as prostitutas acreditaram, aceitando a sua mensagem” (Mt 21, 31-32).

Na Comunhão Universal do Reino, portanto, a palavra decisiva compete ao amor.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A ACÇÃO DE DEUS NA HISTÓRIA DAS PESSOAS-I

I-REALIZAÇÃO PESSOAL E REINO DE DEUS

Cada pessoa nasce chamada a realizar a tarefa da sua própria humanização. Da realização ou não desta tarefa depende a sua plenitude na Comunhão Universal do Reino de Deus.

Deus está tão interessado como nós na nossa própria realização e felicidade. Na verdade, o querer de Deus coincide com o que é melhor para nós.

Os seres humanos, portanto, não estão talhados para a inactividade ou terminar no vazio da morte.

Não somos frutos do acaso, pois nascemos para renascer, crescendo como interioridade pessoal espiritual mediante relações de amor e comunhão.

Realizamo-nos na medida em que entramos na dinâmica da humanização cuja lei é: emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a Comunhão Universal.

Emergir como pessoa significa crescer em densidade espiritual e capacidade de interagir com os outros em dinâmica de comunhão.

O crescimento interior da pessoa acontece como maior densidade de vida espiritual. Por outro lado, quanto maior for a densidade da vida espiritual, maior é a capacidade de uma pessoa interagir com os outros e dinâmica de amor e comunhão.

A plenitude da pessoa, portanto, não está em si, mas na comunhão com os outros. Na verdade, o ser humano emerge em duas dimensões: a exterior ou individual e a interior que é a sua vida espiritual.

Podemos dizer que a vida interior de uma pessoa emerge dentro do seu ser exterior como o pintainho emerge dentro do ovo.

Esta emergência está chamada à plenitude da comunhão amorosa da Família de Deus. Virá um dia em que o ovo, isto é, o nosso ser exterior vai rebentar e o pintainho nasce para o face a face da comunhão universal do Reino de Deus.

Na plenitude desta comunhão humano-divina cada pessoa é um ponto de encontro e comunhão.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A ACÇÃO DE DEUS NA HISTÓRIA DAS PESSOAS-II

II-A PRESENÇA DO ESPÍRITO SANTO NO HOMEM

O ser humano nasce para renascer pelo Espírito Santo, o qual é a ternura maternal de Deus que nos gera para a comunhão da Família de Deus.

A pessoa humana emerge e cresce através da interacção amorosa com o Espírito Santo e as demais pessoas humanas.

A interacção amorosa com o Espírito Santo acontece no sentido da interioridade, pois Deus é a interioridade máxima de todas as coisas.

Por seu lado, a interacção amorosa com os outros seres humanos acontece de dentro para fora, isto é, do interior do coração humano para acolher o outro em reciprocidade amorosa.

O mistério da pessoa consiste em que esta só atinge e sua plenitude na dinâmica da comunhão amorosa.

Na verdade a Divindade é pessoas e a Humanidade também. O Homem foi sonhado à imagem de Deus e por isso a Humanidade caminha para a plenitude da comunhão com a Divindade.

Os seres humanos, portanto, não encontram a sua plenitude como pessoas isoladas, mas sim na comunhão as pessoas divinas.

De facto, existe uma só Divindade, apesar de serem três pessoas. Do mesmo modo só existe uma Humanidade, apesar de serem biliões as pessoas que a constituem.

Fechada em si e separada da dinâmica da comunhão, a pessoa está estado de perdição. Apenas em relação com os outros a pessoa se possui e encontra a sua plena identidade.

Isolada da comunhão, a pessoa fica em estado de inferno. Só a pessoa tem um coração capaz de eleger o outro como alvo de bem-querer.

Só a pessoa tem a capacidade de eleger os outros como irmãos, para lá dos laços do sangue. A meta desta eleição amorosa é a incorporação na comunhão da Família Divina, pela acção do Espírito Santo.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A ACÇÃO DE DEUS NA HISTÓRIA DAS PESSOAS-III

III-A PESSOA E A VIDA ETERNA

São Paulo diz que os seres humanos que se deixam conduzir pelo Espírito Santo são filhos e herdeiros de Deus Pai e co-herdeiros com o Filho de Deus (Rm 8,14-17).

Depois acrescenta que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

De facto, é no mais íntimo do nosso ser espiritual que acontece esta inserção e plenitude humano-divina.

O Espírito Santo tem aqui um papel central, pois ele é a pessoa divina que anima as relações familiares entre Deus e o Homem.

É também pelo Espírito Santo que acontece o mistério da Encarnação, isto é, o enxerto do divino no humano, possibilitando assim a nossa divinização.

O evangelho de São João diz que Deus nos deu o poder de nos tornarmos filhos de Deus, não pela vontade do Homem ou pelos apetites da carne, mas sim pela Encarnação (Jo 1, 12-14).

É verdade que a densidade espiritual e a capacidade de amar das pessoas humanas não são iguais às das pessoas divinas.

Mas graças à sua condição pessoal e à sua divinização as pessoas humanas são proporcionais às pessoas divinas.

É esta a razão pela qual foi possível acontecer o mistério da Encarnação. Por isso pode acontecer comunhão entre o Homem e Deus.

A emergência das pessoas humanas não é igual à emergência das pessoas divinas, pois as pessoas humanas são resultado de um processo de realização histórica.

Na verdade, a nossa identidade pessoal é histórica. Para nos dizermos temos de contar uma história.

Mas a nossa identidade pessoal, apesar de emergir na História, é eterna, pois tem densidade espiritual.

Por outras palavras, seremos eternamente segundo nos realizemos agora. As pessoas divinas, ao contrário das pessoas humanas, são uma emergência permanente de perfeição pessoal infinita e em total convergência de comunhão amorosa.

As pessoas divinas emergem como densidade espiritual infinitamente perfeita e total capacidade de comunhão amorosa. Os seres humanos, pelo contrário, não nascem feitos.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias




A ACÇÃO DE DEUS NA HISTÓRIA DAS PESSOAS-IV

IV-EMERGÊNCIA E PLENITUDE DO HOMEM NOVO

Como já vimos, os seres humanos nascem para renascer. Este renascimento acontece pela acção do Espírito Santo e a dinâmica das relações amorosas com os irmãos.

O mistério da vida pessoal é na sua essência um mistério de vida espiritual talhada para a comunhão amorosa.

O nosso ser exterior mede-se pelo peso. O nosso ser espiritual, pelo contrário, mede-se pela capacidade de amar e comungar.

O valor de uma pessoa não radica no que tem, mas sim no que é. A identidade definitiva de uma pessoa é constituída pelo seu jeito de amar e comungar com os irmãos.

Podemos dizer que na Comunhão Universal, o ser humano dançará eternamente o ritmo do amor com o jeito que tiver treinado na História.

É este o sentido desta fome de ser e amar que levamos connosco. Com efeito levamos no mais íntimo de nós o chamamento a transcender os limites desta nossa condição de seres inacabados e famintos de atingir a plenitude do amor.

O sentido profundo da nossa existência histórica não é apenas prolongar a vida mortal, mas sim edificar a vida eterna mediante o amor e a fidelidade aos apelos do Espírito Santo.

Por outras palavras, a nossa plenitude só pode acontecer em Deus. Dos pais recebemos a vida exterior, isto é, o nível biológico e psíquico do nosso ser.

Através do renascimento pelo Espírito e das relações de amor com os irmãos emerge e adquire a sua identidade o nosso ser espiritual.

À medida que emerge como vida espiritual, o ser humano passa a pertencer à galáxia da comunhão orgânica da das pessoas humanas com as divinas.

É a este nível que acontece o encontro universal das pessoas divinas com as humanas e todas as outras que possam existir.

O nosso ser exterior acaba no silêncio da morte ou da solidão cósmica. O nosso ser interior, pelo contrário, está chamado à plenitude amorosa da Santíssima Trindade.

O nosso ser interior é o santuário que não foi construído pela mão do homem, mas sim pelo Espírito Santo.

É neste santuário que Deus habita e se torna o Emanuel, isto é, o Deus connosco.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

terça-feira, 5 de agosto de 2008

A NOVIDADE DO BAPTISM0 NO ESPÍRITO SANTO-I

I-BAPTISMO NO ESPÍRITO E VIDA CRISTÃ

Os evangelhos falam claramente da diferença essencial que existe entre o baptismo de João e o baptismo instituído por Jesus.

O baptismo de João não passava de uma lavagem ritual de purificação destinada a preparar as pessoas para a vinda do Messias.

O baptismo de Jesus, pelo contrário, é chamado pelo Novo Testamento como o baptismo no Espírito:

“Depois de mim, disse João Baptista, vai chegar alguém que é maior do que eu. Eu nem sou digno de levar as suas sandálias. Ele vos baptizará no Espírito Santo e no fogo” (Mt 3, 11).

Podemos dizer que o baptismo no Espírito é a dinâmica pentecostal da vida cristã, a qual perdura ao longo de toda a vida cristã.

O Espírito Santo comunica-nos a Sabedoria que vem de Deus (Act 15, 28; 1 Cor 2, 10-12). O evangelho de São João diz que o Espírito Santo nos ensina (Jo 14, 26).

Ele consagra-nos, isto é, optimiza as nossas capacidades, tornando-as carismas ou dons em favor dos irmãos (Act 13, 2; 20, 28).

Com o seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo introduz-nos na Família de Deus: filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho de Deus (Rm 8, 14-17).

Habita no nosso coração como num templo, diz São Paulo: “Não sabeis que sois templos de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?” (1 Cor 3, 16).

A presença do Espírito Santo em nós é dinâmica e criadora. A Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios diz que o Espírito Santo exerce uma acção libertadora no nosso coração:

“Onde está o Espírito de Cristo ressuscitado aí está a liberdade” (2 Cor 3, 17).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A NOVIDADE DO BAPTISM0 NO ESPÍRITO SANTO-II

II-BAPTISMO NO ESPÍRITO E HOMEM NOVO

Os crentes que vivem a dinâmica do baptismo no Espírito Santo são realmente homens novos, tanto pela transformação interior como pelo seu jeito de se relacionarem com os outros.

As pessoas que vivem o baptismo no Espírito são realmente um Nova Criação, pois vivem uma união orgânica e dinâmica com o Senhor ressuscitado.

Através desta união, os cristãos tornam-se membros do corpo de Cristo, isto é, mediações para o mundo se poder encontrar com Cristo ressuscitado (1 Cor 10, 17; 12, 27).

Mas além desta união sacramental ou mediação de encontro com Cristo, os crentes animados possuem uma força interior que vem de Cristo e optimiza a sua vida espiritual, tornando-os fecundos (Jo 15, 4-5)

Por ser o amor maternal de Deus, o Espírito Santo é o princípio divino da fecundidade. É ele que nos faz renascer para a vida espiritual, superando o nascimento natural.

Com efeito, diz o evangelho de São João, é preciso renascer pelo Espírito, pois o que nasce da carne é carne.

Na verdade, só é espiritual o que nasce do Espírito Santo (Jo 3, 3-6).

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A NOVIDADE DO BAPTISM0 NO ESPÍRITO SANTO-III

III-BAPTISMO NO ESPÍRITO E MISSÃO CRISTÃ

Nas vésperas de morrer, Jesus pede aos Apóstolos para permanecerem em Jerusalém, a fim de receberem a força do Espírito Santo e, deste modo, poderem anunciar o Evangelho até aos confins da terra (Act 1, 8).

A primeira Carta aos Coríntios diz que uma pessoa animada pelo Espírito Santo é incapaz de amaldiçoar Jesus.

Do mesmo modo, acrescenta, só uma pessoa animada pelo Espírito Santo é capaz de proclamar Jesus como o Senhor, isto é, o Messias ungido e entronizado no Céu à direita de Deus (1 Cor 12, 3).

O Espírito que ressuscitou Jesus é o mesmo que faz germinar em nós a Fé e nos capacita para proclamar a Boa Nova da ressurreição.

Na Primeira Carta aos Coríntios, São Paulo diz que a sua pregação não se apoiava na sabedoria humana ou em palavras persuasivas, mas na manifestação do Espírito Santo (1 Cor 2, 4-5).

O profeta Joel, referindo-se à vinda do Messias, dizia que os tempos messiânicos os tempos da abundância do Espírito:

“Depois disto derramarei o meu Espírito sobre toda a Humanidade. Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão. Os vossos anciãos terão sonhos e os vossos jovens terão visões.

Naqueles dias derramarei o meu Espírito até sobre os vossos servos e servas” (Jl 3, 1-2). Ao experimentarem a presença do Espírito Santo no Pentecostes, os Apóstolos vão interpretar a comunicação do Espírito, após a Páscoa, como a realização desta profecia de Joel (cf. Act 2, 16-21).

São Paulo diz que apenas as pessoas que possuem em si a dinâmica do Espírito Santo, pertencem a Cristo (Rm 8, 9).

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

A NOVIDADE DO BAPTISM0 NO ESPÍRITO SANTO-IV


IV-O ESPÍRITO SANTO CONFIGURA-NOS COM CRISTO

O Espírito Santo é uma pessoa divina. Isto quer dizer que ter o Espírito Santo significa interagir com a terceira pessoa da Santíssima Trindade.

Por outras palavras, ter o Espírito Santo não significa ter uma coisa estática dentro de nós. Com efeito, o Espírito Santo é uma pessoa cujo jeito de ser consiste em dinamizar as relações de amor entre as pessoas e fortalecer a união orgânica e amorosa entre elas.

Possuir o Espírito Santo significa ser dinamizado com o próprio dinamismo vital de Deus. O Espírito Santo confere um jeito especial às nossas relações, conferindo-lhe a força do amor, da alegria, da paz, da paciência, da amabilidade, da bondade, da fidelidade, da gentileza e do auto-controle (Gal 5, 22-23).

Segundo o evangelho de São Lucas Jesus, no momento da sua Ascensão, pede aos Apóstolos para aguardarem o prometido pelo Pai.

Os discípulos devem permanecer em Jerusalém, a fim de serem revestidos com o poder do alto (Lc 24, 49).

A vida no Espírito é uma força que nos impele para vivermos de maneira nova. Por isso, diz a carta aos Filipenses, tudo podemos na força do Espírito que nos anima (Flp 4, 13).

São Paulo diz que o Espírito Santo, no nosso interior, vai facilitando a emergência do homem novo, configurado com Jesus Cristo.

Mas subsiste ainda em nós o homem velho. Por isso nos sentimos divididos. Se vivemos segundo o homem velho, diz São Paulo, estamos a caminhar para a morte.

Mas se vivemos em sintonia com o Espírito Santo, estamos a caminhar para a vida eterna, a qual culmina na nossa incorporação na família de Deus (Rm 8, 12-14).

O baptismo vai gerando em nós um horizonte teologal de vida, isto é, explicita a Palavra no nosso coração, fazendo-a encarnar, realizando o que ela significa.

Deste modo vamos crescendo na sabedoria que vem do alto e nos faz ver as coisas com os olhos de Deus.

O baptismo no Espírito capacita-nos para vivermos ao jeito de Jesus diz a carta aos Efésios: “No que toca à vossa conduta, deveis despir-vos do homem velho, corrompido por desejos enganadores e renovar-vos de acordo com a acção do Espírito que anima as vossas mentes.

Revesti-vos do homem novo, criado em conformidade com Deus na justiça e na santidade verdadeiras” (Ef 4, 22-24).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A NOVIDADE DO BAPTISM0 NO ESPÍRITO SANTO-V

V-A NOVIDADE DO BAPTISMO NO ESPÍRITO

Aos crentes que vivem a Graça do baptismo no Espírito Santo, Deus revela os mistérios do Reino de Deus:

“Foi em Cristo que vós ouvistes a Palavra da verdade, o Evangelho que vos salva. Foi neste Evangelho que acreditastes e, por isso, fostes marcados com o selo do Espírito Santo prometido, o qual é a garantia da nossa redenção” (Ef 1, 13-14).

São Paulo encontrou um grupo de pessoas que tinham sido baptizadas por João Baptista mas ainda não conheciam a Boa Nova de Jesus Cristo.

São Paulo concluiu logo que estas pessoas ainda não estavam a viver o baptismo no Espírito.
Então o Apóstolo baptizou-as em nome de Jesus Cristo, e impõe-lhes as mãos, ritos muito de iniciação e introdução dos crentes na dinâmica do baptismo do Espírito (Act 19, 1-6).

A vida cristã é alimentada pela Palavra de Deus e a acção do Espírito Santo. O baptismo no Espírito tem relação com o rito baptismal da liturgia, mas não se reduz a ele.

Na verdade, no caso do baptismo dos adultos, o baptismo no Espírito começa antes da celebração litúrgica do baptismo.

Podemos dizer que o baptismo no Espírito tem início no momento em que a Pessoa começa a acolher a Palavra de Deus no seu coração.

A palavra de Deus é sempre um acontecimento vivo iniciado pela acção do Espírito Santo que torna eficaz o anúncio do Apóstolo.

Na verdade, o anúncio da Palavra só é eficaz, graças à acção do Espírito Santo. Por outras palavras, a Palavra de Deus não é letra morta nem um acontecimento cuja eficácia seja obra do Apóstolo.

A eficácia da Palavra acontece no coração do crente que a acolhe pela acção do Espírito Santo que faz emergir e crescer a vida cristã.

A vida cristã concretiza-se em atitudes de fé, esperança e amor ao jeito de Deus, isto é, caridade.
São Pedro e o grupo dos cristãos que o acompanharam tiveram esta experiência admirável na casa de Cornélio, um pagão disposto a acolher a palavra.

Quando São Pedro começou a anunciar a Palavra de Deus, Cornélio e toda a sua família começam a entrar na dinâmica do baptismo no Espírito, apesar de ainda não estarem baptizados:

“Ainda Pedro estava a falar, quando o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a Palavra.

Os fiéis circuncisos que tinham vindo com Pedro ficaram estupefactos, ao verem que o dom do Espírito Santo fora derramado também sobre os pagãos, pois ouviam-nos falar línguas e glorificar a Deus.

Pedro, então, declarou: “Poderá alguém recusar a água do baptismo aos que receberam o Espírito Santo como nós?”

Então, Pedro ordenou que eles fossem baptizados em nome de Jesus Cristo” (Act 10, 44-48).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A NOVIDADE DO BAPTISM0 NO ESPÍRITO SANTO-VI

VI- SÃO PAULO E O SEU BAPTISMO NO ESPÍRITO

Também no caso da conversão de São Paulo o baptismo no Espírito teve início antes do baptismo de água em nome de Jesus Cristo (Act 9, 18).

É verdade que os não cristãos também se salvam. No entanto, estas pessoas não saboreiam a vida com os horizontes e a sabedoria da Palavra de Deus, pois não vivem a Palavra de Deus.
Eis o que o evangelho de São João diz a este respeito:

“O mundo não vê nem conhece o Espírito da Verdade (revelação). Mas vós conhecei-lo, pois ele está convosco e em vós” (Jo 14, 17).

O baptismo no Espírito significa que os cristãos que se deixam conduzir pelo Espírito Santo têm um guia e um mestre que os conduz para a Verdade plena, como Jesus disse aos Apóstolos no decorrer da Última Ceia:

“Fui-vos revelando estas coisas enquanto permaneci convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e recordar-vos-á tudo o que eu vos disse” (Jo 14, 25-26).

Apesar da sua condição de excelente teólogo judeu, São Paulo viveu teve de passar do judaísmo para a vivência do baptismo no Espírito.

Os Actos dos Apóstolos descrevem de modo muito bonito esta experiência de São Paulo, dizendo que a sua passagem para a condição de cristão aconteceu através da mudança do coração do Apóstolo, o qual passou a ver as coisas de modo distinto.

Eis as palavras dos Actos dos apóstolos: “Então, Ananias partiu, entrou na casa indicada, e impôs as mãos sobre Saulo, dizendo:

“Saulo, meu irmão, foi o senhor que me enviou, esse Jesus que te apareceu no caminho, a fim de recobrares a vista e ficares cheio do Espírito Santo”.

Nesse mesmo instante caíram dos olhos de Saulo uma espécie de escamas e recobrou a vista.
Depois, levantou-se e recebeu o baptismo” (Act 9, 17-18).

Como vemos, também aqui o baptismo no Espírito aconteceu antes da celebração litúrgica do baptismo.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sábado, 2 de agosto de 2008

A SEGUNDA VINDA DE CRISTO EM SÃO JOÃO-I

I-O JUÍZO DECISIVO JÁ ESTÁ EM PROCESSO

É o único documento do Novo Testamento que supera definitivamente o conceito de uma segunda vinda apocalíptica.

O juízo de Deus dá-se mediante o encontro com Jesus, o portador da vida nova que brota do Espírito Santo.

Cristo é o juiz por ser o Filho do Homem, isto é, o Messias glorificado no céu à maneira do Filho do Homem de Daniel (Dan 7, 12s).

Após a Sua glorificação, Jesus torna-se a fonte da vida e da ressurreição: “O Pai tem a vida em si mesmo. Do mesmo modo concedeu ao Filho ter a vida em si mesmo.

E deu-lhe o poder de julgar por ser o Filho do Homem (...). Vai chegar a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão a Sua voz.

Os que tiverem praticado boas obras ressuscitarão para a vida. Os que tiverem praticado o mal ressuscitarão para a condenação.

Eu nada faço por mim mesmo. Conforme oiço é que julgo, e o meu juízo é justo porque não busco a minha vontade, mas a daquele que me enviou” (Jo 5, 26-30).

O juízo realizado é, pois, o reconhecimento da verdade e da fidelidade de Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A SEGUNDA VINDA DE CRISTO EM SÃO JOÃO-II


II-O ESPÍRITO SANTO INTERPELA-NOS

Este reconhecimento é realizado em nós pelo Espírito Santo: “Convém-vos que eu vá. Se eu não for, o Consolador (Paráclito) não virá a vós.

Se eu for, enviar-vo-lo-ei. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16, 7).

Para p evangelho de São João, o juízo começou com a ressurreição e a glorificação de Jesus. Foi nesta altura que o Espírito entrou na marcha da humanidade exercendo a sua missão de defensor e introduzindo-nos na Família de Deus:

“Mas os que o receberam, aos que acreditam nele, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.

Estes não nasceram do sangue, nem da vontade carnal, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo 1, 12-13).

O Espírito convencerá igualmente o mundo do juízo no sentido de que desmascara e condena as forças do mal.

Os judeus julgam segundo a carne, isto é, segundo os critérios do judaísmo. Jesus não julga assim:
“Quando vier o Consolador que vos hei-de enviar da parte do Pai, o Espírito da verdade que procede do Pai, ele dará testemunho de mim” (Jo 15-26).

A segunda vinda de Jesus no evangelho de São João nada tem a ver com o modelo apocalíptico de um acontecimento cósmico.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A SEGUNDA VINDA DE CRISTO EM SÃO JOÃO-III

II-O ESPÍRITO SANTO INTERPELA-NOS

Este reconhecimento é realizado em nós pelo Espírito Santo: “Convém-vos que eu vá. Se eu não for, o Consolador (Paráclito) não virá a vós.

Se eu for, enviar-vo-lo-ei. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16, 7).

Para p evangelho de São João, o juízo começou com a ressurreição e a glorificação de Jesus.
Foi nesta altura que o Espírito entrou na marcha da humanidade exercendo a sua missão de defensor e introduzindo-nos na Família de Deus:

“Mas os que o receberam, aos que acreditam nele, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.

Estes não nasceram do sangue, nem da vontade carnal, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo 1, 12-13).

O Espírito convencerá igualmente o mundo do juízo no sentido de que desmascara e condena as forças do mal.

Os judeus julgam segundo a carne, isto é, segundo os critérios do judaísmo. Jesus não julga assim:
“Quando vier o Consolador que vos hei-de enviar da parte do Pai, o Espírito da verdade que procede do Pai, ele dará testemunho de mim” (Jo 15-26).

A segunda vinda de Jesus no evangelho de São João nada tem a ver com o modelo apocalíptico de um acontecimento cósmico. Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A SEGUNDA VINDA DE CRISTO EM SÃO JOÃO-IV

IV-DEUS QUER A SALVAÇÃO, NÃO A CONDENAÇÃO

Deus não anda à procura de razões para condenar o homem. Pelo contrário, antes de nós o amarmos ele amou-nos a nós:

“Nós amamo-lo porque Ele nos amou primeiro” (1Jo 4, 19). O amor a Deus torna-se visível no nosso amor aos irmãos.

A verdade do juízo está precisamente nesta interacção: amor a Deus, amor aos irmãos: “Se alguém disser: “Amo a Deus, mas odiar o seu irmão, é mentiroso”.

"De facto, quem não ama o irmão que vê não pode amar a Deus que não vê” (1Jo 4, 20). A missão de Cristo, diz o evangelho de São João, não é condenar, mas salvar o Homem:

“Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, não sou eu que o condeno, pois eu não vim para condenar o mundo, mas para o salvar” (Jo 12, 47).

No último dia, o homem será confrontado com a verdade da mensagem e com o modo como a aceitou ou a rejeitou:

“Quem me rejeita e não acolhe as minhas palavras tem quem o condene. A mensagem que anunciei é que há-de condená-lo no último dia” (Jo 12, 48).

Confrontar-se com a mensagem de Jesus é confrontar-se com o Espírito Santo que habita no íntimo do nosso coração:

“Quando vier o Espírito da Verdade, guiar-vos-á para a verdade total. Ele não falará de si mesmo. Dirá tudo o que tiver ouvido e anunciar-vos-á o que há-de vir.

Glorificar-me-á porque há-de receber do que é meu para vo-lo anunciar” (Jo 16, 13-14).
Em Jesus ressuscitado Deus oferece ao homem o maior de todos os dons, isto é, a possibilidade de participar na comunhão universal da Família de Deus.

Glorificar-me-á porque há-de receber do que é meu para vo-lo anunciar” (Jo 16, 13-14). Em Jesus ressuscitado Deus oferece ao homem o maior de todos os dons, isto é, a possibilidade de participar na comunhão universal do Reino que é o mesmo que pertencer à Família de Deus.

Trata-se de um dom, que o homem pode aceitar ou não. De outro modo não seria um dom, mas uma imposição.

O juízo de Deus joga-se nesta opção fundamental que determina a salvação ou a perdição da pessoa.

Por outras palavras, Deus não condena ninguém. As pessoas que vão para a morte eterna condenam-se por sua própria decisão.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

segunda-feira, 14 de julho de 2008

A FORÇA CRIADORA DA ESPERANÇA CRISTÃ-I

I-ESPERANÇA CRISTÃ E REVELAÇÃO DE DEUS

A esperança é uma dimensão fundamental da pessoa em construção na história. Pela esperança a pessoa antecipa um resultado positivo ou uma expectativa que se apresenta como promissora de um futuro bom.

É pela porta da esperança que a pessoa entra positivamente na dimensão do futuro. O futuro de uma pessoa humana é o que lhe falta para atingir a sua plenitude.

A esperança cristã abre o coração da pessoa não apenas para o futuro histórico, como também para o futuro de Deus.

A esperança cristã não se confunde com a utopia, essa capacidade humana de imaginar uma nova Humanidade, mas sem quaisquer alicerço sólido no presente.

Como sabemos, o futuro para o ser humano só pode acontecer a partir do alicerce do passado e do presente.

Somo seres históricos. Para nos dizermos temos de contar uma história cujo presente assenta num passado.

Do mesmo modo, o que iremos fazer amanhã depende em grande parte do que fizermos hoje.
Quando o ser humano se abre à Palavra de Deus o seu presente é optimizado e o seu futuro ganha horizontes novos.

Por outras palavras, a Palavra de Deus confere horizontes novos e inimagináveis à dimensão da esperança.

Na verdade, a esperança cristã tem os horizontes da Palavra de Deus e não apenas os da razão humana.

O crente que se alimenta das Escrituras começa a olhar os acontecimentos com a luz do plano de Deus e do seu cuidado providencial pelas criaturas.

A esperança cristã não é um desejo vago do coração humano. Pelo contrário, é uma abertura ao futuro, tal como ele é delineado pelo conhecimento do Deus que se revela nas Escrituras.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A FORÇA CRIADORA DA ESPERANÇA CRISTÃ-II

II-ESPERANÇA E PLANO SALVADOR DE DEUS

A esperança cristã tem um fundamento sólido, pois alicerça-se no conhecimento do plano de Deus e da vontade divina a respeito de cada ser humano.

Os cristãos sabem que a sua fé e a sua esperança são um dom de Deus e não uma mera conquista da inteligência humana.

O conteúdo da esperança assenta na revelação do plano de Deus para a Humanidade. O Espírito Santo ajuda os crentes a saberem integrar a sua história pessoa dentro da História humana.

Ao integrar a sua história no plano universal de Deus, o crente torna-se capaz de inserir a sua história pessoal no plano salvador de Deus.

Ao inserir a sua história pessoa na História geral da Salvação, a pessoa fica forte para transformar os acontecimentos que podem ser transformados e integrar na sua história pessoal os acontecimentos que não pode transformar.

A esperança cristã, por assentar na Palavra de Deus, abrindo-nos os horizontes da nossa incorporação na Família de Deus.

São Paulo rejubilava ao aperceber-se de os seres humanos são incorporados pelo Espírito Santo na Família de Deus.

Somos, dizia ele, filhos e herdeiros de Deus Pai, bem como irmãos e co-herdeiros do Filho de Deus (Rm 8, 14-16).

Graças à força da sua esperança, os cristãos. Tenho a certeza, diz São Paulo, de que os sofrimentos do tempo presente nada são em comparação com a alegria e felicidade que nos aguarda o futuro em Deus (Rm 8, 18).

A Esperança cristã facilita aos crentes a vivência do baptismo no Espírito, isto é, essa abertura permanente à acção do Espírito Santo no seu coração.

São Paulo dizia que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado n os nossos corações (Rm 5,5)
Devemos estar abertos aos apelos e inspirações do Espírito Santo, continua São Paulo, pois ele habita em nós como num templo (1 Cor 3, 16).

A confiança no amor e na fidelidade deste Deus, dinamiza a nossa vida e abre o nosso coração para compromissos novos, que nos ajudem a alcançar os horizontes da nossa esperança.

A esperança cristã capacita-nos para vivermos intimamente unidos a Deus e cooperar com a presença do Espírito que nos quer conduzir para plenitude da Família Divina.

Dirigindo-se aos pagãos que aderiram ao Evangelho, a Carta aos Efésios diz-lhes que antes de serem cristãos eles viviam sem esperança no mundo (Ef 2,12).

Isto quer dizer que não saboreavam os acontecimentos como fazendo parte de um projecto de amor e salvação.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A FORÇA CRIADORA DA ESPERANÇA CRISTÃ-III

III-JESUS É O FUNDAMENTO DA NOSSA ESPERANÇA

Ao abolir as normas, preceitos e distinções da Lei de Moisés, Cristo tornou-se a Paz da Nova humanidade, pois destruiu o muro que dividia judeus e pagãos (Ef 2, 14-16).

O Espírito Santo é a Nova Lei, a Lei da Vida que se opõe à lei da morte (2 Cor 3, 6). Agora a Nova lei habita dentro de nós, pois o Espírito Santo, diz São Paulo, é amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

A nossa esperança dá-nos a certeza de que, graças a este presença do Espírito Santo em nós, somos filhos de Deus Pai e irmãos do Filho de Deus (Rm 8, 14-17).

A Palavra de Deus dá conteúdos à nossa esperança e dá-nos a certeza de que estamos a caminhar para uma plenitude sem condicionamentos:

“Foi assim que Deus nos escolheu em Cristo, antes da fundação do mundo, a fim de sermos santos e irrepreensíveis no amor, caminhando na sua presença.

Predestinou-nos para sermos adoptados como seus filhos, por meio de Jesus Cristo, de acordo com o beneplácito da sua vontade” (Ef 1, 4-5).

A Carta aos Romanos aconselha os crentes a viverem alegres na Esperança, pacientes nos sofrimentos e fiéis na oração (Rm 12, 12).

São Paulo diz que as Sagradas Escrituras foram escritas para alimentar e fortalecer a nossa esperança:

“Tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para alimentar a nossa esperança” (Rm 15, 4).
Quanto mais cresce em nós a fé, a esperança e a caridade, mais a nossa vida começa a estar em função de Cristo.

Isto vale tanto para viver como para morrer, pois Cristo é a garantia de que estamos a caminhar para a plenitude da vida:

“Para mim viver é Cristo e morrer é um lucro” (Flp 1, 21).

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A FORÇA CRIADORA DA ESPERANÇA CRISTÃ-IV

IV-ESPERANÇA E CONFIANÇA EM DEUS

Graças à nossa esperança, temos a certeza de que não estamos abandonados por Deus.
Eis o que o Senhor diz através do profeta Jeremias:

“Conheço muito bem os planos que fiz para vós, diz o Senhor, planos para prosperardes e não serdes aniquilados, planos para vos dar esperança e um futuro bom.

Então chamareis por mim, far-me-eis a vossa oração e eu escutar-vos-ei” (Jer 29, 11-12).
Mesmo quando surgem as dificuldades, a esperança assegura-nos de que não estamos sós.

Deus é fiel e, por isso, podemos estar seguros de que não nos abandona: “Basta-te a minha graça, pois o meu poder libertador é perfeito quando ajuda a fraqueza” (2 Cor 12, 9).

Segundo o Evangelho de São João, Jesus robustece a esperança dos Apóstolos, a fim suportarem a dura prova da morte de Jesus:

“Agora estais abatidos, mas ver-vos-ei de novo e vós vos alegrareis e ninguém poderá tirar-vos a vossa alegria” (Jo 16, 22).

A Carta aos Colossenses indica uma norma sábia para o amadurecimento da esperança:
“Colocai a vossa mente nas coisas do alto e não nas terrenas” (Col 3, 2).

A esperança deve ser cultivada, a fim de a podermos testemunhar junto dos outros, diz a primeira carta de Pedro:

“Acolhei nos vossos corações Jesus Cristo, o Senhor. Estai sempre preparados para responder aos que procuram compreender as razões da vossa esperança” (1 Ped 3, 15).

Os horizontes da nossa esperança, no presente, são vividos na fé, não na evidência. Mas a esperança dá-nos a certeza de que nos encontraremos face a face com Deus, a fim de o contemplarmos na evidência (1 Jo 3, 2).

São Paulo diz que a esperança nos garante que, apesar dos sofrimentos e dificuldades da vida presente, Deus tem para nós uma plenitude de alegria sem limites.

O único limite será a nossa capacidade de saborearmos essa alegria: “Bem-aventurados os que agora chorais, pois haveis de rir” (Lc 6, 21).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A FORÇA CRIADORA DA ESPERANÇA CRISTÃ-V

V-ESPERANÇA E FIDELIDADE DE DEUS

A Carta aos Hebreus diz que Abraão foi um modelo de esperança: “E assim, depois de ter esperado pacientemente, Abraão recebeu o conteúdo da promessa” (Heb 6, 15).

A Esperança é como uns binóculos que nos ajudam a ver o nosso futuro com os olhos da revelação de Deus e não apenas com os olhos da inteligência humana.

A esperança cristã é alimentada pela Palavra e dinamizada pelo Espírito Santo que habita em nós.

A esperança cristã ultrapassa os muros apertados e estreitos da vida que morre, abrindo-nos os olhos do nosso coração para saborearmos não apenas os bens da terra como também os do Céu.

Mas isto não que dizer que Deus nos distrai dos compromissos históricos. Pelo contrário, envia-nos para o mundo com critérios diferentes dos do mundo.

Por isso os cristãos são sal, luz e fermento no mundo (cf. Mt 5, 13-16). A esperança cristã ajuda os crentes a compreender que os sofrimentos e a própria morte fazem parte de uma história cheia de sentido.

Tenho a certeza, diz São Paulo, de que os sofrimentos do tempo presente nada são em comparação com a alegria e felicidade que nos aguarda o futuro em Deus (Rm 8, 18).

A esperança de um jovem cristão surge como apelo a construir um projecta de vida onde o amor e a solidariedade surjam como dimensão fundamental.

À medida que o crente se vai tornando adulto, a esperança começa a abrir-se para horizontes mais vastos, os quais têm este sentido: “o melhor ainda está para vir!”.

Que segurança e que felicidade este novo horizonte da esperança confere aos cristãos idosos.
À medida que esta caminhada se vai fazendo, torna-se muito clara a passagem da segunda Carta aos Coríntios que diz:

“Por isso não desfalecemos e mesmo se, em nós, o homem exterior vai caminhando para a ruína, o homem interior renova-se todos os dias.

Com efeito, a nossa momentânea e leve tribulação proporciona-nos um peso eterno de glória além de toda e qualquer medida.

Não olhamos para as coisas visíveis, pois estas são passageiras. Olhamos para as realidades invisíveis, as quais são eternas” (2 Cor 4, 16-18).

Por ser alimentada pela Palavra de Deus, a esperança cristã garante-nos que não estamos a caminhar para o vazio da morte.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sábado, 12 de julho de 2008

BREVE HISTÓRIA DA TERNURA DE DEUS-I

I-A SORTE DE TERMOS UM DEUS QUE É AMOR

Vamos partir de uma base essencial para compreendermos o nosso tema: Deus é amor. Isto que dizer que para Deus é possível tudo o que é possível ao amor.

Mas devido ao facto de ser amor, Deus só pode aquilo que o amor pode e nada contra o amor, pois não se pode negar a si mesmo.

Se a realidade é esta, podemos estar tranquilos e não temos razões de ter medo de Deus. De facto, ninguém tem medo do amor, a não ser a pessoa que não queira deixar o seu egoísmo.

Pelo facto de ser amor, Deus toca-nos no mais íntimo do nosso ser e comunica connosco em atitudes exclusivas de bem-querer.

O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão. Deus é assim!

O amor leva a pessoa a eleger o outro como alvo de bem-querer, facilitando a sua realização e felicidade. Deus é assim!

O amor confere às relações humanas a força capaz de fazer emergir a interioridade pessoal livre, consciente, responsável e capaz de comunhão do ser humano. Deus é assim!

Jesus entendeu muito bem o que é o amor ao fazer dele o seu único mandamento. Do mesmo modo São Paulo entendeu muito bem o mistério do amor quando disse:

“Ainda que fale as línguas dos homens e dos anjos, se não amar, sou como um bronze que soa ou um címbalo que retine.

Ainda que tenha o dom da profecia, conheça a totalidade dos mistérios, possua toda a ciência, ainda que tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada sou.

Ainda que distribua todos os meus bens pelos pobres e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, de nada me aproveita” (1 Cor 13, 1-3)

Depois acrescenta: “O amor é paciente e prestável. Não é invejoso, nem arrogante, nem orgulhoso.

O amor nada faz de inconveniente, nem gira só à volta do seu interesse. O Amor não se irrita nem guarda ressentimento. Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade.

Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor é eterno, pois nunca passará” (1 Cor 13, 4-8).

Deus é assim! Eis a razão pela qual nunca nos afasta de si. Mas nós podemos afastar-nos dele.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

BREVE HISTÓRIA DA TERNURA DE DEUS-II

II-INTERAGIR COM O AMOR INFINITO

Deus interage connosco de modo contínuo e permanente através do Espírito Santo que habita em nós, como diz São Paulo:

“Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?” (1 Cor 3,16). Nesta mesma linha vai o evangelho de São Lucas quando afirma: “O Reino de Deus está no vosso íntimo” (Lc17, 21).

Esta presença do Espírito Santo no nosso íntimo vai recriando o nosso coração, a fim de assarmos das obras do egoísmo, para os frutos do amor.

Eis as palavras de Jesus no evangelho de São João: “Permanecei em mim que eu permaneço em vós.

O ramo da videira não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira. Assim também acontece convosco.

Eu sou a videira e vós sois os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 4-5).

O Espírito Santo é a seiva da videira que vem da cepa para os ramos, tornando-se assim o alimento da vida nova em nós.

Com efeito, a glória de Deus é o Homem vivo e fecundo, diz Jesus: “Nisto se manifesta a glória de meu Pai: em que deis muito fruto e vivais como meus discípulos” (Jo 15, 8).

Graças à presença desta seiva vivificante que vem de Cristo, nós somos iluminados para compreendermos a presença de Deus em nós e a sua bondade para com todas as criaturas.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

BREVE HISTÓRIA DA TERNURA DE DEUS-III

III-ASSUMIDOS EM DEUS PELO AMOR

Deus é, de facto, a fonte da Vida e do bem. O Espírito Santo ajuda-nos a compreender este mistério da fecundidade de Deus em nós e capacita-nos para o anunciarmos aos nossos irmãos.

Se vivermos o mandamento do amor, tal como Jesus nos propõe, ficamos aptos para conhecer Deus, pois Deus é amor.

Eis as palavras da Primeira Carta de São João a este respeito: “O amor vem de Deus. Todo o que ama nasceu de Deus e faz a experiência de Deus, pois Deus é amor” (l Jo 4. 7-8).

Depois acrescenta: “Ninguém jamais viu a Deus. Mas se nos amarmos uns aos outros, Deus prova que está em nós, e o seu amor, em nós, é fecundo.

Deste modo tomamos consciência de que partilhamos a vida divina, pois temos em nós o Espírito Santo” (1 Jo 4, 12-13).

O Espírito Santo é a ternura maternal de Deus. Assim como Deus Pai ama com um jeito paternal, o Espírito Santo ama com um jeito maternal.

Ele é, como diz São Paulo, o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5). É por esta razão que habita nos nossos corações como num templo (1 Cor 3, 16).

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo é um princípio animador de relações de amor e é vínculo de comunhão orgânica.

É o Espírito Santo que anima a nossa comunhão com Deus e os irmãos. Para Santo Agostinho a nossa vivência diária do amor aos irmãos é o critério para sabermos o grau de comunhão que temos com a Santíssima Trindade:

“Quando amamos o amor estamos a amar a Deus, pois Deus é amor” (Tratado das Cartas de São João, 9, 10).

Amar é libertar, possibilitando a realização do outro e facilitando a emergência da riqueza que há nele.

Eis a dinâmica do Espírito Santo em nós, como diz São Paulo: “Todos os que vivem animados pelo Espírito são filhos de Deus.

De facto não recebestes um espírito de escravidão para andardes no temor. Pelo contrário, recebestes um Espírito de adopção graças ao qual clamais, “Abba”, Papá.

Se somos filhos somos também herdeiros. Herdeiros de Deus Pai e co-herdeiros de Jesus Cristo” (Rm 8, 14-16).

Se vivemos em comunhão com o Espírito Santo estamos organicamente unidos à Santíssima Trindade.

É o Espírito Santo que provoca no nosso coração o eco da Palavra de Deus, fazendo-nos entender o nosso lugar no projecto criador e salvador de Deus.

O Espírito Santo ajuda-nos a encontrar a resposta à interrogação fundamental do homem: “Quem sou eu e para onde vou?

A resposta correcta a esta questão só pode ser dada pela Sabedoria que vem de Deus e nos é comunicada pelo Espírito Santo.

A Divindade é uma comunhão familiar de três pessoas. O Coração de Deus é uma comunhão orgânica animada pelo Espírito Santo.As pessoas divinas relacionam-se em clima de amor infinito.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matiaas