sábado, 5 de julho de 2008

DO DEUS DA IRA AO PAI BONDOSO-VI

VI-A VONTADE DE DEUS É A NOSSA SALVAÇÃO

A nossa fé ensina-nos que Deus é o fundamento de toda a bondade. Deus é Bom e boas são as coisas que vêm de Deus. Deus é, na sua essência, pura bondade, pois é uma comunhão infinitamente perfeita.

Se a Divindade é amor, então devemos deduzir que tudo o que Deus diz e faz é intrinsecamente bom.

Se Deus é infinitamente bom como é possível ter-se falado do Deus severo e castigador durante tantos séculos?

Isto quer dizer que a noção de um Deus sempre disposto a castigar, tal como era apresentado pela teologia medieval não está conforme à verdade de Deus.

No fundo esta deformação deveu-se ao facto de os homens projectarem em Deus o pior que havia neles.

Acontece, porém, que Deus não é uma realidade feita à imagem e semelhança Homem. Pelo contrário, o Homem é que está a ser criado à imagem e semelhança de Deus.

O pecado, na visão tradicional, era visto como uma desobediência a um Deus arbitrário e caprichoso.

O Deus da teologia medieval era um sujeito infinitamente poderoso que mandava porque lhe apetecia que as coisas fossem assim.

Na verdade era uma Deus arbitrário e caprichoso. Por ser infinitamente livre, ele não é nunca arbitrário ou caprichoso.

Por outras palavras, o que Deus quer para nós coincide rigorosamente com o que é melhor para nós.

É muito perigoso brincar com Deus. Não porque Deus se vingue, pois Deus é amor e só pode o que pode o amor.

É perigoso brincar com Deus pois isso é o sinal evidente de que a pessoa entrou no caminho do malogro e do fracasso.

Na verdade, brincar com a vontade de Deus é brincar com o que é melhor para nós, pois as duas coisas coincidem rigorosamente.

O amor é a calda que possibilita a humanização do Homem. Por outras palavras, o amor é a temperatura exacta que possibilita a emergência e o crescimento da vida pessoal e espiritual do ser humano.

O amor humano não é igual, mas é proporcional ao amor divino. Brincar com o amor, seja o amor humano, seja o divino, é entrar no caminho do malogro e do fracasso.

O pecado é sempre uma oposição ao amor. Podemos dizer que o pecado leva sempre consigo o seu próprio castigo.

Por ser amor, Deus nunca condena ninguém. As pessoas que se condenam perdem-se por sua própria decisão.

Isto quer dizer que Deus nunca se separa do pecador. Este é que fecha as portas da reciprocidade amorosa com Deus.

O evangelho de São João diz que Deus Pai enviou o seu filho para salvar os pecadores, não para os condenar:

“Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o munda seja salvo” (Jo 3, 17).

Eis as palavras da Primeira Carta a Timóteo: “Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tim 2, 4).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quinta-feira, 3 de julho de 2008

RETRATO DO DEUS DA ALIANÇA-I

I-O DEUS FIEL E VERDADEIRO

Por ter um coração cheio de ternura para com a Humanidade, Deus relaciona-se connosco termos de aliança assente no amor.

Deus faz História connosco. Mas a História da relação de Deus com o Homem está cheia de infidelidades.

Logo no princípio da criação, Deus fez uma aliança com Adão, constituindo-o chefe e cabeça da criação (Gn 1, 28-30; 2, 15-20).

Mas Adão foi infiel, rompendo com a aliança. Numa atitude orgulhosa, Adão quis ser igual a Deus.
Devido à sua infidelidade, Adão separa-se de Deus e o mal começa a espalhar-se pela Humanidade.

É muito perigoso brincar com Deus, pois isto significa que a pessoa entrou no caminho do fracasso.

É verdade que Deus é amor e por isso não se vinga (1 Jo 4, 7-8). Mas não nos podemos esquecer que a vontade de Deus coincide com o que é melhor para nós.

Isto quer dizer que brincar com a vontade de Deus a nosso respeito é brincar com o que é o melhor para nós.

Eis a razão pela qual eu afirmei que brincar com Deus significa entrar no caminho do malogro e do fracasso.

Após cada infidelidade humana, o coração amoroso de Deus continua a tentar a restauração de uma relação de aliança com o Homem.

Mas a infidelidade do Homem continuava a progredir. O Livro do Génesis diz que quanto mais a Humanidade se tornava infiel em relação a Deus, mais se afunda no abismo do mal.

É este o significado do relato do dilúvio. Devido à sua infidelidade o Homem começou a afogar-se, isto é, a afundar-se cada vez mais no fracasso e na tragédia.

Por outras palavras, não foi Deus que afogou a Humanidade, mas sim a sua infidelidade à aliança com Deus.

Segundo o Livro do Génesis, Deus salvou a Humanidade através de um medianeiro fiel, isto é, Noé e toda a sua família:

“Contigo vou estabelecer a minha aliança. Entrarás na Arca com a tua mulher, os teus filhos e as mulheres dos teus filhos” (Gn 6, 18).

Este relato do Livro do Génesis quer dizer que Deus selou outra aliança com a Humanidade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

RETRATO DO DEUS DA ALIANÇA-II

II-NO CORAÇÃO DE DEUS CABE TODA A CRIAÇÃO

A aliança com Noé tinha como finalidade salvar a Humanidade e os seres vivos que Deus tinha confiado a Adão no momento da sua Criação (Gn 1, 26-28).

Deus assinou a aliança com Noé, diz o Livro do Génesis, desenhando o arco-íris: “Deus disse: este é o sinal da aliança que coloco entre mim e vós com todos os seres vivos que estão convosco.

Colocarei o meu arco nas nuvens. Ele será um sinal da minha aliança com toda a terra” (Gn 9, 12-13).

A aliança de Deus com Noé tem um carácter universal. A bíblia diz que foi assinada por Deus em favor de todos os seres vivos:

“Quando o arco-íris estiver nas nuvens eu, ao vê-lo, lembrar-me-ei da minha aliança eterna, aliança com todos os seres vivos que vivem sobre a terra” (Gn 9, 16).

Mas o coração do Homem é fraco e inclinado para o mal. De novo o homem começa a tornar-se infiel, recusando-se a ser colaborador e servo de Deus.

E eis que a tentação de ser igual a Deus volta a infiltrar-se no coração do Homem. Para levar este propósito em frente o Homem faz o propósito de construir uma torre que chegue ao Céu.

Deste modo, o Homem tenta ser Deus por si mesmo. Na verdade estamos talhados para ser divinos.

A plenitude do Homem não é meramente humana, mas humano-divina. Mas isso é um dom de Deus, não uma conquista do Homem.

Para ser divinizado, o Homem precisa do dom da Encarnação. Por outras palavras, o Homem não pode ser divino sem que o divino se enxerte no humano pela Encarnação (Jo 1, 12-14).

O homem peca quando rejeita a sua condição de criatura e pretende colocar-se no lugar do Criador.

É a velha tentação de o Homem querer ser igual a Deus (Gn 11, 1-8).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

RETRATO DO DEUS DA ALIANÇA-III

III-O INÍCIO DA HISTÓRIA DA REVELAÇÃO

O Homem, portanto, volta a afastar-se de Deus. Mas o Senhor vai intervir de novo, escolhendo um homem fiel e bom, a fim de salvar a humanidade.

Por outras palavras, Deus decide salvar a Humanidade escolhendo como mediação os filhos de Abraão: “Todas as Famílias da Terra serão abençoadas na tua descendência” (Gn 12,3).

O amor de Deus é difusivo. Quando abençoa alguém, ele pensa logo na maneira de fazer que essa bênção se difunda por todos as pessoas que ele ama de modo incondicional.

Isto quer dizer que o coração do Deus da aliança tem um lugar para todos os seres humanos.
Deus prometeu a Abraão uma terra, a fim de formar um povo que seja, no meio dos outros
povos, uma mediação da sua Palavra e do seu Amor (Gn 15, 8).

Por outras palavras, com Abraão, a aliança de Deus com o Homem atinge o limiar da revelação.
A História de Deus com o Homem dá, pois um salto de qualidade, tornando-se um processo interactivo humano-divino no qual Deus revela o seu plano salvador em favor da Humanidade.

Eis o que Deus propõe a Abraão: “Vou fazer uma aliança entre mim e ti. Multiplicarei a tua descendência sem medida” (Gn 17, 2).

Depois acrescenta: “Serás pai de muitas nações” (Gn 17, 4). E ainda: “Vou estabelecer para sempre a minha aliança entre mim e ti.

Será uma aliança eterna, pois eu serei o teu Deus e o Deus dos teus descendentes” (Gn 17, 7).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

RETRATO DO DEUS DA ALIANÇA-IV

IV-MOISÉS E A FIDELIDADE DE DEUS

E, ao longo dos tempos, Deus foi dando provas da sua fidelidade à aliança que fizera com Abraão:
“Eu ouvi os gemidos dos filhos de Israel que os egípcios escravizaram e lembrei-me da minha aliança” (Ex 6, 5).

Após a saída do Egipto, Deus de novo renova a sua aliança como o povo de Abraão, agora liberto da escravidão:

“Se observardes a minha aliança sereis a minha propriedade especial entre todos os povos” (Ex 19, 5).

Deus renovou a sua aliança com o povo de Israel através de Moisés, entregando-lhe os dez mandamentos escritos em duas tábuas de pedra.

Ao construir a tenda da aliança, isto é, o santuário que o povo bíblico levava consigo, as tábuas dos mandamentos ficaram guardadas dentro da chamada Arca da Aliança:

“Dentro da arca coloca o documento da aliança que te dei” (Ex 25, 16). Deus entregou por escrito o documento da aliança, diz o Livro do Génesis, a fim de permanecer como testemunho:

“Deus disse ainda a Moisés: escreve estes mandamentos, pois é de acordo com eles que eu faço a aliança contigo e com Israel” (Ex 34, 27).

O livro do Deuteronómio insiste na necessidade de ser fiéis a aliança de Deus, cumprindo os Mandamentos escritos nas tábuas de pedra:

“Deus comunicou-vos a sua aliança, diz o Livro do Deuteronómio, a fim de que cumprísseis as dez palavras que Ele escreveu em duas tábuas de pedra” (Dt 4, 13).

O Deus da aliança é fiel e verdadeiro: “Reconhece que Yahvé, teu Deus, é o único Deus, o Deus fiel que mantém a sua aliança e o seu amor por mil gerações em favor dos que o amam e observam os seus mandamentos” (Dt 7, 2).

Os Dez Mandamentos, a terra prometida e uma descendência numerosa constituem os elementos básicos da aliança de Deus com o Povo bíblico:

“Inclina-te, Senhor, do Céu, a tua morada santa, e abençoa Israel, teu povo e a terra que nos deste, tal como prometestes aos nossos antepassados. Tu juraste dar-lhe uma terra onde corre leite e mel” (Dt 26, 15).
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Calmeiro Matias

RETRATO DO DEUS DA ALIANÇA-V

V-ANÚNCIO DO MESSIAS E ALIANÇA COM DAVID

Com a instituição da monarquia, surge a aliança de Deus com a casa de David. A promessa messiânica fica, pois, ligada à casa de David.

Deus fez a sua aliança com David, como ele mesmo confessa no Segundo Livro de Samuel: “A minha casa está firme junto de Deus, disse David, pois a sua aliança para comigo é para sempre e está assente sobre alicerces sólidos” (2 Sam 23, 5).

A aliança a que se refere o texto anterior é a profecia proferida por Natã ao rei David. Segundo a profecia de Natã, Deus ia suscitar um filho a David graças ao qual a monarquia davídica duraria para sempre:

“Quando chegares ao fim de teus dias e te fores juntar aos teus antepassados, eu suscitarei, depois de ti, um filho teu.

Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Se ele cometer algum erro corrigi-lo-ei com vara de homens, mas não lhe retirarei a minha graça como fiz a Saul, a quem expulsei da minha presença.

A tua casa e o teu reino serão firmes para sempre” (2 Sam 7, 12-16). A partir deste momento, os filhos de David, ao subirem ao trono, passam a chamar-se filhos de Deus:

“Vou anunciar o decreto do Senhor. Ele disse-me: Tu és meu filho, hoje mesmo te gerei” (Sal 2, 7). Esta profecia está associada à construção de um templo para Deus:

“David disse ao profeta Natã: “Como podes ver, eu estou a morar numa casa de cedro, ao passo que a Arca da Aliança de Deus está debaixo de uma tenda” (1 Cron 17, 1).

David tinha planeado construir um templo para introduzir lá a Arca da Aliança. Mas o profeta Natã fez saber ao rei que os planos de Deus são outros:

Não será David mas um filho seu quem construirá o templo do Senhor. Graças a esse filho, Deus vai abençoar para sempre a casa de David:

“Fiz uma aliança com o meu eleito, jurei a David, meu servo: estabelecerei a tua descendência para sempre e o teu trono há-de manter-se eternamente” (Sal 89, 4-5).

Depois acrescenta: “Encontrei a David, meu servo, e ungi-o com óleo santo. A minha mão estará sempre com ele e o meu braço há-de torná-lo forte” (Sal 89, 21-22).

Deus confere credibilidade à sua aliança com David empenhando a sua Palavra: “Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, és o meu Deus e o rochedo da salvação.

Eu farei dele o primogénito, o maior entre os reis da terra. Hei-de assegurar-lhe para sempre o meu favor. A minha aliança com ele há-de manter-se firme.

Estabelecerei para sempre a sua descendência e o seu trono terá a duração dos céus” (Sal 89, 27-30).

A Palavra de Deus é fiel e verdadeira. Por isso ele vai realizar o prometido: “Jurei uma vez pela minha santidade. De modo algum enganarei David!

A sua descendência permanecerá para sempre e o seu trono será como o sol, na minha presença, isto é, firme para sempre.

A Lua é um testemunho fiel no firmamento. Assim será a descendência de David” (Sal 89, 36-38).

Em virtude das infidelidades de Israel os profetas prevêem a vinda de uma tragédia sobre o povo.

Eis as palavras do profeta Isaías: “Esta terra está profanada sob os pés dos seus moradores.
Transgrediram as leis, violaram os mandamentos e romperam a minha aliança eterna” (Is 24, 5).

Apesar da infidelidade do povo, Deus será sempre fiel, pois o seu amor é incondicional, acrescenta o profeta Isaías:

“Mesmo que os montes se retirem e as colinas vacilem, o meu amor nunca se afastará de ti. A minha aliança de paz não vacilará, diz o Senhor que se compadece de ti” (Is 54, 10).

Isto quer dizer que Deus está sempre disposto a renovar a sua aliança. Mas esta renovação pressupõe a fidelidade das duas partes.

Por outras palavras, Israel não é capaz de fazer que Deus deixe de o amar, pois o seu amor é incondicional.

Mas este povo pode impedir que aconteça a comunhão com Deus. Com efeito, a comunhão assenta sobre a reciprocidade amorosa e não num amor unidireccional:

“Dai-me ouvidos. Vinde a mim. Escutai-me e vivereis. Farei convosco uma aliança definitiva. Serei fiel à minha amizade com David” (Is 55, 3).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

RETRATO DO DEUS DA ALIANÇA-VI

VI-A NOVA ALIANÇA

Devido às constantes infidelidades do povo, Deus começa a anunciar, através dos profetas, uma nova aliança.

O Espírito de Deus é a garantia da permanência da Nova Aliança. Mesmo as vidas estéreis se tornarão fecundas, diz o profeta Isaías:

“Isto diz o Senhor aos eunucos que observam os sábados, que escolhem o que lhe agrada e ficam firmes na aliança:

“Dar-lhes-ei, no meu templo e dentro das minhas muralhas, um monumento e um nome mais valioso que os filhos e as filhas” (Is 56, 4-5).

Na economia da Nova Aliança, os estrangeiros terão lugar em Jerusalém e entrarão, cheios de alegria, no templo de Deus.

Deus acolherá os seus sacrifícios com agrado, acrescenta Isaías (cf. Is 56, 6-7). A Nova Aliança será um manancial da Palavra de Deus:

“Esta é a minha aliança com eles, diz o Senhor. O meu Espírito está sobre ti, e as palavras que coloquei em ti, jamais se afastarão da tua boca e da boca dos teus filhos, desde agora e para sempre” (Is 60, 19-22).

Quando o Senhor estabelecer a Nova Aliança, Jerusalém será totalmente renovada. Já não será iluminada pelo sol durante o dia nem pela lua durante a noite, pois Deus será a sua luz eterna” (Is 60, 19-22).

A Nova Aliança já não será estabelecida sobre as tábuas da Lei, as quais desapareceram quando os caldeus invadiram Jerusalém.

O profeta Jeremias, contemporâneo deste facto, diz claramente que a nova aliança não assenta num coração de pedra, alusão às tábuas de pedra, mas num coração de carne.

A nova aliança não assenta na letra da Lei, mas no grande dom do Espírito. A Arca da Aliança guardava o coração de pedra. Mas a nova aliança vai assentar num coração novo, não de pedra mas de carne.

A Arca da Aliança não tem cabida na dinâmica da Nova Aliança, diz o profeta Jeremias:
“Quando crescerdes e vos multiplicardes no país, oráculo do Senhor, já ninguém mais falará na Arca da Aliança do Senhor.

Ninguém mais se lembrará dela, nem sentirão a sua falta, nem voltarão a fazer outra” (Jer 3, 16).
Deus tem em mente um plano para realizar uma Nova Aliança, acrescenta Jeremias:

“Dias virão em que farei uma Nova Aliança com Israel e Judá. Não será como a aliança que fiz com seus pais quando os tomei pela mão e os tirei da terra do Egipto.

A Nova Aliança é assinada no coração das pessoas e não em tábuas de pedra, diz Jeremias:
“A aliança que vou fazer com Israel, oráculo do Senhor, será assim: colocarei as minhas leis no seu peito, gravá-las-ei no seu coração.

Eles serão o meu povo e eu serei o seu Deus” (Jer 31, 31-33). E ainda: “Farei com eles uma aliança eterna. Nunca deixarei de lhes fazer bem.

Colocarei no seu coração o meu temor, a fim de que não se afastem de mim” (Jer 32, 40).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

RETRATO DO DEUS DA ALIANÇA-VII

VII-NOVA ALIANÇA E FIDELIDADE DE DEUS

O Novo Testamento reconhece que, em Jesus Cristo, se realizou a Nova Aliança. Jesus tinha uma consciência muito clara de ser ele o medianeiro da Nova Aliança:

“Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança que é derramado em favor de muitos, para remissão dos pecados”(Mt 26, 28).

São Lucas diz que Zacarias, o pai de João Baptista, reconhece que, em Jesus, Deus realizou a sua misericórdia, tal como tinha prometido aos patriarcas e aos profetas:

“Deus realizou a misericórdia que prometera aos nossos pais, recordando a sua santa aliança” (Lc 1, 72).

A Nova Aliança leva consigo o grande dom do perdão total do pecado, diz a Carta aos Romanos:
“Essa será a aliança com eles quando eu perdoar os seus pecados” (Rm 11, 27).

Ao Apóstolos, diz a Segunda Carta aos Coríntios, foram constituídos ministros de uma Nova Aliança:

“Foi Deus quem nos tornou capazes de sermos ministros de uma Nova Aliança, não da letra, mas do Espírito, pois a letra mata e o Espírito é que dá vida” (2 Cor 3, 6).

A Carta aos Hebreu diz que Jesus se tornou o medianeiro de uma Nova aliança, pois a antiga tinha limitações e, por isso, não era perfeita:

“Jesus tornou-se a garantia de uma aliança melhor” (Heb 7, 22). “Recebeu um sacerdócio superior, pois é mediador de uma aliança melhor.

Se a primeira aliança não fosse deficiente não havia lugar para uma Nova Aliança” (Heb 8, 6-7).
“Jesus é o mediador de uma Aliança Nova.

Ao morrer livrou-nos das faltas cometidas durante a primeira, a fim de os eleitos receberem a herança definitiva que lhes foi prometida” (Heb 9, 15).

A Nova Aliança é fecunda, pois assenta na dinâmica do Espírito Santo, o qual é a fonte divina da fecundidade.

A antiga aliança, diz o livro do Levítico, não permitia aos eunucos, mesmo sendo filhos de Aarão, oferecer sacrifícios no altar (Lv 21, 20-21).

O profeta Isaías, prevendo a dinâmica da Nova Aliança declara que a fecundidade da Nova Aliança emerge do Espírito Santo e, portanto, é superior à fecundidade biológica:

“Que o eunuco não diga: não passo de uma árvore seca” (Is 56, 3). Para dizer que a Nova Aliança está inaugurada, os Actos dos Apóstolos dizem que o primeiro pagão a ser baptizado, foi um etíope que era eunuco (cf. Act 8, 36).

Foi ele o primeiro pagão que, perante o diácono Filipe, confessa a fé em Cristo de é baptizado (cf. Act 8, 37).

A Nova Aliança é a génese da Nova Humanidade reconciliada com Deus: “Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. Passou o que era velho. Eis que tudo se fez novo.

Tudo isto vem de Deus que nos reconciliou consigo por meio de Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação” (2 Cor 5, 17-18).

Os que fazem parte da Nova Aliança são movidos pelo Espírito Santo. Por isso são membros da Família de Deus:

Filhos e herdeiros em relação e Deus Pai; irmãos e co-herdeiros em relação a Deus Filho (Rm 8, 14- 16).

A Nova Aliança é a fase da plenitude dos tempos. O projecto de Deus entrou na fase dos acabamentos.

A vida de Deus já circula no coração das pessoas humanas, tornando-as membros da Família Divina.

Na sua profundidade pessoal e espiritual os seres humanos já estão divinizados, pois o divino já se enxertou no humano, graças ao mistério da Encarnação.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

segunda-feira, 30 de junho de 2008

AS CRIANÇAS PRECISAM DE AMOR-I

I-OS FILHOS DOS HOMENS SÃO FILHOS DE DEUS

A Criança é um feixe enorme de possibilidades de realização humana. Mas a criança não é um adulto em miniatura.

Para se tornar um adulto realizado, a criança precisa de adquirir muitos dados que ainda não possui.

Se comparássemos a criança ao computador, diríamos que ela tem um hardware perfeito, mas falta-lhe ainda o software para funcionar como adulto.

O software, neste caso, é o conjunto das experiências, dos conteúdos aprendidos, dos projectos ensaiados etc.

São os adultos que proporcionam os primeiros elementos do software que vão possibilitar a realização da pessoa em construção que é a criação.

Mas os dados recebidos dos adultos, infelizmente, não só possibilitam como também condicionam.

Cada vez que manifestamos apreço pelas realizações de uma criança estamos a facilitar a emergência do melhor que há nela.

À medida que os adultos conseguem fazer emergir o melhor que há nas crianças, a humanização destes seres em génese vai-se solidificando.

A lei da humanização acontece como emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a comunhão universal.

A emergência pessoal significa não apenas o crescimento físico ou psico-social, mas igualmente o seu crescimento pessoal-espiritual.

Crescer como interioridade pessoal-espiritual significa que o feixe interior de energias espirituais cresce em densidade e capacidade de interacção amorosa ou comunhão.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

AS CRIANÇAS PRECISAM DE AMOR-II

II-A CRIANÇA PRECISA DE UMA CALDA HUMANIZANTE

Assim como a pessoa só pode realizar-se em relações interpessoais de amor, do mesmo modo só pode atingir a plenitude na comunhão com os outros.

O melhor termómetro para medirmos o grau de humanização de uma família ou uma sociedade é olhar para o modo como ajudam as crianças a crescer e a realizarem-se como seres felizes e bem-amados.

Felizes as crianças que crescem em contexto familiar, escolar e cultural marcado pelo amor ao novo e a abertura à criatividade.

É fundamental possibilitar uma grande capacidade criativa às crianças. Quando contamos histórias às crianças estamos a ajudá-las a sonhar com os olhos abertos.

É um modo excelente de as ajudar a ser adultos criativos. Além das histórias que as fazem sonhar, as crianças precisam de modelos com os quais se possam identificar.

É bem conhecido o papel e a importância da imitação no desenvolvimento das crianças. As crianças percebem o que os adultos são, não pelo que eles dizem, mas pelo que fazem. Por isso os imitam.

A melhor herança que os pais podem deixar aos seus filhos é um modelo de realização feliz e dispensar-lhes todos os dias alguns minutos de atenção.

Os pais que ensinam os filhos a programar, decidir e executar planos e projectos de vida estão a comunicar-lhes uma sabedoria que é mais importante para a sua felicidade do que os saberes que vão adquirir nas escolas.

Os pais e educadores devem lembrar-se de que as crianças precisam mais de modelos do que de pessoas sempre dispostas a corrigir.

É o que fazemos que faz desabrochar nelas o desejo de se realizarem segundo o modelo que lhes é proposto pelo nosso modo de estar e agir.

Não nos podemos esquecer de que as crianças precisam sempre de ternura e amor, mas de modo particular quando se portam mal.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

AS CRIANÇAS PRECISAM DE AMOR-III

III-OS FILHOS SÃO DONS DE DEUS

As crianças são o maior dom de Deus para os pais e para as sociedades. É verdade que os pais são a grande mediação de Deus para os filhos crescerem seguros e felizes.

Mas também é verdade que as crianças são um grande dom de Deus para os pais. As crianças têm tendência a viver e agir de acordo com a fé e confiança que os pais e educadores depositam nelas.

Há dois modos de destruir a felicidade de uma criança: dar-lhe castigos injustos e iniciá-las na prática do erro e da mentira.

Os pais não devem desanimar quando lhes parece que os filhos não escutam ou desprezam os seus conselhos.

Podem estar seguros que esses conselhos se foram comunicados com amor, ficam registados como pontos de referência dos seus filhos para toda a vida.

A sabedoria e o amor semeado no coração das crianças nunca mais desaparecerão. O amor dos pais actua nos filhos como força estruturante que os capacita para amar e se realizarem de modo satisfatório e feliz.

Os pais têm de ter presente que os seus filhos crescem depressa. Isto é importante, pois os pais, em geral, são as últimas pessoas a aperceberem-se de que os seus filhos já não são crianças.

Além disso, devem compreender que os filhos estão a crescer, não para serem seus filhos, mas para serem pais e mães dos seus netos.

É muito importante que os pais não tentem encerrar os filhos nos moldes que aprenderam dos seus pais.

É necessário compreender que os pais viveram noutros tempos, com padrões culturais diferentes.

Não se esqueçam de que é muito mau mentir às crianças. Uma mentira acaba sempre por se descobrir, acabando por desiludir e magoar as crianças.

Os pais e educadores nunca devem tratar as crianças como seres inferiores. É verdade que as crianças não são adultos, mas são pessoas humanas em pleno processo de humanização.

Os pais recordem-se de que o maior sucesso da sua missão é dar aos filhos a possibilidade de se realizarem e movimentar-se na vida com verdadeira autonomia.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

AS CRIANÇAS PRECISAM DE AMOR-IV

IV-MODELANDO A PERSONALIDADE DA CRIANÇA

Podemos dizer que a criança é um barro que precisa de ser modelado pelos outros. Cada criança é um feixe de possibilidades que falta realizar, uma história que é preciso construir para contar e um romance que falta escrever.

O jeito de nos relacionarmos com as crianças facilita ou dificulta a sua emergência e estruturação pessoal.

Apesar de a imitação dos adultos ter um papel fundamental na estruturação da criança, esta imitação não é obstáculo à emergência da sua originalidade pessoal.

Utilizando a imagem bíblica do barro, podemos dizer que a argila humana se vai modelando através das relações.

Ao nível da criança, as relações são, sobretudo, estruturantes, pois moldam-na e conferem-lhe traços de personalidade que perdurarão para o resto da sua vida.

A sabedoria popular sintetiza isto de modo sugestivo quando diz: “O que o berço dá a tumba o leva”. Isto é verdade tanto para o bem como para o mal.

A criança emerge e cresce estruturando-se de modo orgânico com o todo da Humanidade As pessoas não são ilhas.

Conhecemos bem o efeito mágico das agulhas nas mãos da bordadeira: entretecem o fio, dando origem a filigranas maravilhosas de renda.

Do mesmo modo, as relações humanas criam registos de experiências humanas que se vão estruturando de modo interactivo, influenciando-se mutuamente entre os seres humanos.

Estas experiências interagem e condicionam ou possibilitam as decisões da vida inteira de uma pessoa.

A criança é, de facto, um barro que vai sendo modelado pelos outros. A orientação básica do carácter de uma pessoa depende da qualidade das relações que os adultos mantiveram com essa pessoa quando ela era criança.

É bem conhecido de todos nós a fragilidade deste ser precioso que é a criança. Daqui a importância de estabelecermos com ela relações de amor e ternura, a fim deste barro se moldar como barro com coração, isto é, um ser capaz de amar e criar relações de fraternidade.

Só assim poderá atingir uma verdadeira maturidade humana e ser feliz.As relações são tão fundamentais para a criança se realizar, como o pão para crescer fisicamente.

Estamos talhados para a relação. A dinâmica das relações em que a criança cresceu capacita-a para se relacionar bem ou mal ao longo da vida.

Lembremo-nos de que ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado. É por esta razão que o mal amado ama mal, isto é, com bloqueios e tropeções que tiram qualidade a muitas das suas relações com os outros.

A lei do amor é esta: O amor dos outros capacita-nos para amar. Por seu lado, a pessoa que foi mal amada, ama mal, apesar de não ter culpado disso.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sexta-feira, 27 de junho de 2008

REALIZAÇÃO PESSOAL E FRACASSOS-I

I-SABER CONTORNAR OS FRACASSOS

Como Processo histórico, a realização pessoal exige decisões, opções e compromissos. Pressupõe fazer projectos e procurar atingir metas e objectivos.

Mas também há fracassos pelo meio. É sinal de maturidade ser capaz de aceitar os fracassos que possam surgir ao longo do percurso da sua realização pessoal.

Perante os fracassos, a pessoa amadurecida sabe que existem mais oportunidades. Por isso não desiste.

A grandeza de uma pessoa não consiste em nunca experimentar o fracasso, mas em saber levantar-se e recomeçar.

Se não estivéssemos na disposição de correr o risco do fracasso nunca podíamos sonhar novas metas e objectivos.

Muitas das indecisões e adiamentos das pessoas assentam no medo do fracasso. É importante tomarmos consciência deste facto para nos decidirmos a agir de modo determinado, lembrando-nos que depois de um fracasso surge sempre uma nova oportunidade.

O maior fracasso é recusar-se a recomeçar depois de um fracasso. As pessoas persistentes acabam sempre por descobrir a via do sucesso, apesar dos fracassos que possam surgir a longo da caminhada.

Um dos maiores obstáculos para vencer os fracassos é a tentação de colocarmos as causas fora de nós, culpando os outros e armando-nos em vítima.

Procedendo deste modo, a pessoa não é capaz de contornar ou superar sadiamente os obstáculos que estão ligados fracassos.

Não podemos esquecer que nascemos para renascer (Jo 3, 1-6). A vida coloca-nos em cada dia que começa face ao leque dos nossos talentos.

Não devemos perder o sentido da oportunidade, tentando descobrir o que nos é possível realizar hoje no contexto em que nos encontrarmos.

É verdade que a elaboração de planos e projectos de vida leva consigo o risco de fracassar.
Mas é a única maneira de podermos realizar e amadurecer a pessoa que temos a missão de construir.

O mal não estar em experimentar o fracasso, mas em recusar-se a recomeçar. Após um fracasso, a pessoa amadurecida tenta sempre recomeçar.

O fracasso da pessoa que está predisposta para recomeçar sempre não é obstáculo para atingirmos o melhor das nossas aspirações.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

REALIZAÇÃO PESSOAL E FRACASSOS-II


II-FELICIDADE E FRACASSOS

A felicidade é um estado de espírito que assenta no ser e não no ter. O Evangelho é muito claro neste ponto: “Felizes os pobres de Espírito porque deles é o Reino dos Céus.

Felizes os mansos, os aflitos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os perseguidos por causa de justiça, os que sofrem injúrias” (cf. Mt 5, 3-12).

A felicidade resulta da arte de sabermos construir a vida segundo o melhor das nossas possibilidades, mesmo que o fracasso possa surgir de vez em quando.

A pessoa feliz tende a fazer feliz os outros. De facto, não é possível ser-se feliz sem amar os demais.

Quanto mais uma pessoa partilha a alegria e a felicidade que a habitam mais esta cresce dentro de si.

Uma pessoa que pretenda reter a felicidade só para si nunca chegará a ser feliz de verdade.
Quando mais realista e determinada for uma pessoa mais longe chegará no caminho da sua felicidade.

Há pessoas que, no início, tinham um leque limitado de possibilidades ou talentos, mas acabaram por chegar longe devido à sua persistência.

Não nos esqueçamos de que o leque dos talentos é dinâmico. A fidelidade às possibilidades de hoje amplia o leque das possibilidades de amanhã.

É fundamental ter presente a acção do Espírito de Deus no nosso coração. A fé na presença e na força de Deus em nós optimiza o leque das nossas possibilidades e talentos.

A pessoa determinada sabe que não pode desperdiçar o tempo. Na verdade, o tempo perdido nunca mais é recuperado.

Lembremo-nos de que o tempo é a possibilidade que Deus nos dá para realizarmos o melhor dos nossos talentos.

Lembremo-nos sobretudo de que a nossa plenitude depende da nossa realização no tempo.

Tenhamos presente de que os nossos talentos são apenas possibilidades. Estas não se tornarão realidade enquanto a pessoa os não fizer acontecer.

O ovo de galinha fecundado não é o pintainho. No entanto está cheio de possibilidades para que este possa acontecer.

Por outras palavras, o ovo fecundado está cheio de possibilidades que não existem no ovo não fecundado.

Se estrelarmos o ovo fecundado, as possibilidades de dar pintainho não acontecem. Mas se iniciarmos a génese dos possíveis presentes no ovo fecundado teremos um pintainho no curo espaço de três semanas.

No caso do ovo não fecundado, mesmo que o mantenhamos durante dez anos na chocadeira não obteremos pintainho.

Isto é apenas para dizer que não devemos estrelar as nossas possibilidades que nos vêm dos nossos talentos.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

REALIZAÇÃO PESSOAL E FRACASSOS-III

III-COMUNHÃO E LIDERANÇA

Lembremo-nos de que a nossa identidade espiritual é igual ao jeito de amar que fomos obtendo ao longo da nossa vida na história.

Por outras palavras, é agora o tempo de edificar aquilo que seremos para sempre. Este apelo é tanto mais sério quanto é verdade que ninguém nos pode substituir na tarefa da nossa realização.

É certo que o pensamento precede a acção. Mas também é verdade que o pensamento que não conduz à acção e à vida comprometida não passa de um pensamento estéril.

A responsabilidade implica a capacidade de fazer projectos e correr riscos. Quando é a Palavra de Deus a inspirar os nossos projectos e realizações, os nossos compromissos e acções são optimizados, pois estão de acordo com a verdade do Homem e a verdade de Deus.

Não nos esqueçamos de que ninguém se realiza sozinho. Precisamos dos outros para ter sucesso nos nossos projecto e realizações.

No entanto, os outros só estarão dispostos a caminhar connosco se estivermos dispostos a caminharmos com eles.

Tenhamos cuidado para não nos aproximarmos dos outros com a atitude de que sabe tudo.
A maneira válida de nos aproximarmos dos outros e obtermos a sua colaboração é a humildade e a simplicidade de quem deseja descobrir a verdade em comunhão com os demais.

Não conseguiremos criar comunhão se não nos alegrarmos com o sucesso dos que vivem ao nosso lado.

O melhor sinal de que realmente queremos crescer com os outros é a determinação de caminhar a seu lado.

É importante estimularmo-nos no sentido de voar cada vez mais alto. A pessoa que se limita a fazer o que faz a multidão nunca irá além de mediocridade.

A pessoa que se fundiu na mediocridade, nunca será seguida pela multidão à qual se juntou.
A pessoa que quer caminhar com outros deve ter a coragem de confiar neles.

O bom líder, apesar das dificuldades que possam surgir, consegue manter o facho da fé e da esperança aceso.

A pessoa autoritária procura agitar a bandeira do medo. O verdadeiro líder, pelo contrário, procura suscitar entusiasmo e gosto pela acção.

A pessoa autoritária está sempre a dizer “eu”. O líder competente, pelo contrário, prefere dizer sempre “nós”.

A pessoa autoritária gosta de dizer “vão”. O bom líder prefere dizer “vamos”. O autêntico líder é forte. Mas a sua fortaleza não o impede de ser próximo dos outros.

O bom líder é amável, mas não frágil, pois é uma pessoa determinada. O grande segredo da boa liderança está no diálogo e na arte de influenciar as pessoas pela via da motivação.

O bom líder consegue conduzir as pessoas para realizar mais, com mais qualidade e menos desgaste.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quarta-feira, 25 de junho de 2008

OS TALENTOS E A TAREFA DA HUMANIZAÇÃO-I

I-ATENÇÃO AOS SINAIS DE DEUS

Gerir bem os próprios talentos é um dom do Espírito Santo e uma condição fundamental para a sua realização.

Podemos dizer que o sucesso ou o fracasso de uma realização pessoal depende da consciência dos próprios talentos e do modo como orientou as suas possibilidades de realização.

Eis alguns ensinamentos sugestivos de Jesus a este propósito:
“Felizes os servos que o Senhor, ao chegar, encontrar vigilantes” (Mt 12, 37).

Ou então: “Estai atentos e vigiai, pois não sabeis quando será o momento (...).
Vigiai, pois não sabeis quando o senhor da casa voltará: à tarde, à meia-noite, ao cantar do galo, ou de manhã.

Vigiai para que o Senhor, ao chegar de repente, não vos encontre a dormir. O que vos digo a todos é que vigeis (Mc 13, 33-37).

O aproveitamento de uma oportunidade que Deus nos concede pode proporcionar-nos um salto de qualidade ou bloquear o feixe das nossas possibilidades e talentos.

É um erro desprezar as pequenas oportunidades, pensando que só devemos ligar aos grandes momentos.

Cruzar os braços à espera de grandes oportunidades pode significar o malogro da própria vida.
Por vezes as grandes oportunidades surgem apenas após uma cadeia de fidelidades às pequenas oportunidades.

A pessoa que procura dar o melhor nas situações comuns acaba por encontrar sempre oportunidades de excepção.

É sinal de grande sabedoria saber dar o melhor com os meios que temos e as circunstâncias em que nos encontramos.

Por outras palavras, não anulemos projectos de vida só porque não aparecem situações extraordinárias.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

OS TALENTOS E A TAREFA DA HUMANIZAÇÃO-II

II-TALENTOS E CORAGEM DE CORRER RISCOS

Outro aspecto que devemos ter presente é a importância de correr riscos. Por vezes as grandes oportunidades levam consigo alguns riscos.

Há muitas pessoas que perderam o comboio de uma excelente realização devido ao facto de medo de correr riscos.

É importante olhar a vida com fé, estando atentos à hora de Deus. A capacidade de vencer obstáculos e contornar riscos depende da nossa atenção à presença de Deus que habita no mais íntimo do nosso coração.

A fé convida-nos a não nos comportarmos de modo passivo, à espera que as oportunidades caiam do céu.

Tenhamos presente que Deus está connosco, mas não nos substitui. O Senhor convida-nos a descobrir as possibilidades ocultas no concreto das situações e a contar com a força do Deus que está em nós.

Eis as palavras de Jesus a este respeito: “Se tiverdes fé e disserdes a este monte sem duvidar: “Ergue-te e lança-te ao mar,” isso acontecerá.

Tudo o que pedirdes com fé, na vossa oração, acreditai que o recebereis” (Mt 21, 21-22). A Palavra de Deus ensina-nos a criar oportunidades. Recordemo-nos de que saber recomeçar após um fracasso pode ser a grande oportunidade que Deus nos dá.

Os fracassos nunca dependem da presença de Deus em nós. Tenhamos sempre presente de que toda a vida de sucesso leva fracassos pelo meio.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

OS TALENTOS E A TAREFA DA HUMANIZAÇÃO-III

III-SABER RECONHECER OS PRÓPRIOS TALENTOS

Como sabemos, o feixe dos talentos varia de uma pessoa para outra. Os seres humanos não são peças de cerâmica feitas em série.

O facto de não termos os mesmos talentos de outras pessoas não significa que sejamos inferiores. Ser diferente é um valor e uma porta para acontecer a novidade no projecto humano.

Na verdade, a pessoa humana realiza-se como ser único, original e irrepetível. Quanto mais conscientes estivermos dos nossos talentos, melhor os podemos fazer render.

Se fizermos render o melhor dos nossos talentos conseguiremos a melhor realização possível.
A nossa vida está cheia de oportunidades, seja qual for o leque dos nossos talentos, como diz Jesus no evangelho de São João:

“Acreditai que eu estou no Pai e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa das obras que faço.
Em verdade vos digo: quem crê em mim fará as obras que eu faço e fará outras ainda maiores, pois eu vou para o Pai” (Jo 14, 11-12).

É muito importante saber que não estamos sós nesta tarefa da nossa realização. A presença do Espírito Santo em nós optimiza as nossas capacidades capacitando-nos para darmos frutos de vida.

Os Actos dos Apóstolos dizem que Jesus passou a vida fazendo o bem e curando a todos porque o Espírito Santo estava com Ele” (Act 10, 38).

A Atenção aos nossos talentos e a fé na acção de Deus em nós são os pilares fundamentais para edificarmos a casa sobre rocha firme:

“Todo o que ouve as minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem sensato que construiu a sua casa sobre rocha (...).

Todo o que ouve as minhas palavras e não as põe em prática pode ser comparado a um insensato que construiu a sua casa sobre areia” (Mt 7, 24-26).

Não nos esqueçamos que os dons de Deus são-nos sempre comunicados em forma de talentos ou possibilidades.

Por outras palavras, aceitar os dons de Deus é começar a realizar o melhor das possibilidades que temos em nós.

Possibilidade ou talento é apenas o que pode emergir no concreto das situações em que nos encontramos.

Ao tomarmos consciência deles surge o chamamento de Deus, convidando-nos a dar o melhor de nós, como diz Jesus:

“Nem todo o que me diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos Céus” (Mt 7, 21).

É importante não desanimar nesta tarefa da nossa humanização.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

OS TALENTOS E A TAREFA DA HUMANIZAÇÃO-IV

IV-FIDELIDADE AOS TALENTOS

Como Já vimos, a fidelidade aos talentos não implica sucessos contínuos. Uma vida de sucesso é o prémio da pessoa que tentou sempre, apesar dos fracassos que tenham surgido pelo caminho.

Há pessoas que se lamentam por não terem a sorte de outras pessoas que elas conhecem. A sorte que essas pessoas invejam, no entanto, não é fruto do mero acaso, mas o resultado de estar atento à hora de Deus.

É sinal de grande sabedoria habituar-se a decidir e fazer planos. Por outras palavras, não basta fazer coisas. É fundamental agir com sabedoria e método.

A sabedoria é, no fundo, a capacidade de saborear o sentido, e o alcance daquilo que fazemos. Não basta falar. Os seres humanos não são iguais ao que dizem, mas sim aos que faz.

Os talentos são apenas possíveis. É preciso que estes se realizem, isto é, deixem de ser realidade virtual para se converterem em realização pessoal. Ninguém pode fazer isto por nós.

A pessoa inteligente e sensata sabe que não pode sonhar o futuro com os modelos do passado.
Em termos de realização humana, o futuro é o que nos falta para atingirmos a nossa plenitude, a qual passa pelo novo e não pela mera repetição do passado.

Não passemos a vida a adiar. Não percamos as oportunidades que o dia de hoje nos oferece.
Na verdade, só nos podemos construir amanhã a partir do que fizermos hoje.

É verdade que é mais cómodo descansar no passado do que inventar o futuro. Mas não tenhamos ilusões, pois a vida não se compadece com os que desistem de ser fermento de futuro.

Não percamos as oportunidades que o dia de hoje nos oferece. Há pessoas que por terem lido um bom livro viram a sua vida transformar-se e dar um salto de qualidade.

O nosso dia de ontem pertence à história. Pelo contrário, o nosso dia de amanhã será fruto do que nós tenhamos feito no dia de hoje.

Isto quer dizer que o futuro não é algo totalmente novo e estranho onde temos de entrar. Pelo contrário, é algo que vamos projectando através das opções, escolhas e acções que realizemos no dia de hoje, como diz São Paulo:

“Não desanimemos na prática do bem, pois, se não desfalecermos, a seu tempo colheremos os frutos.

Por conseguinte, enquanto temos fé pratiquemos o bem para com todos, sobretudo com os irmãos na fé” (Ga 6, 9-10).

Os cristãos devem estar atentos às mudanças profundas que estão a acontecer no mundo devido às novas ideias e aos avanços a nível das ciências, das técnicas, das artes e das culturas.

É importante que os crentes acompanhem estas mudanças e as iluminem com a luz e a sabedoria que vem da Palavra de Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

OS TALENTOS E A TAREFA DA HUMANIZAÇÃO-V

V-A AUTOCONFIANÇA

É importante eliminar os pensamentos e sentimentos negativos, a fim de nos construirmos de maneira positiva. Com efeito, tornamo-nos em grande parte naquilo que pensamos.

A falta de confiança em si leva as pessoas a ter medo das novidades e dos desafios. Nunca chegamos além do que pensamos e esperamos.

A autoconfiança é um pouco o índice que nos indica o ponto onde podemos chegar. Se o horizonte da nossa confiança incluir a presença do dinamismo de Deus no nosso interior, certamente que a nossa esperança apontará para horizontes bastantes mais vastos.

Mas não devemos concluir que uma vida de sucesso se constrói apenas com feitos grandiosos. Muitas vidas de sucesso construíram-se, sobretudo, com realizações a que poderíamos chamar discretas e modestas.

A confiança que temos em nós faz germinar confiança nos outros, gerando uma dinâmica positiva que conduz a realizações mais ricas de conteúdos e perfeição.

A pessoa confiante consegue ainda antes de ter começado. A confiança conduz ao sucesso e este fortalece a confiança.

Sem autoconfiança até as mais pequenas realizações se tornam um tormento e fonte de um cansaço desproporcionado. A confiança e a motivação optimizam o nosso leque de possibilidades.

Uma pessoa sem motivações fortes e com um baixo índice de autoconfiança está condenada à mediocridade.

A autoconfiança abre-nos para o dinamismo amoroso e criador de Deus no nosso íntimo, levando a pessoa a dar frutos que ninguém podia imaginar:

“Se trabalhamos e lutamos, é porque colocamos a nossa esperança no Deus Vivo, Salvador de todos os homens” (1 Tim 4, 10).

A autoconfiança predispõe a pessoa para programar, decidir e executar projectos e tarefas, a fim de atingir os seus objectivos de realização pessoal.

A pessoa confiante não se deixa esmagar pelas preocupações. Acredita seriamente no dinamismo de Deus que actua no seu íntimo.

A pessoa confiante limpa a mente de preocupações e o coração de ressentimentos, ansiedades, invejas ou remorsos, substituindo-os por pensamentos e sentimentos de confiança em Deus.

Acredita nas suas capacidades, pois sabe que tudo pode graças à acção de Deus em si.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

segunda-feira, 23 de junho de 2008

QUANDO O ESPÍRITO SANTO ESTÁ CONNOSCO-I

I-JESUS E A PROMESSA DO ESPÍRITO SANTO

O evangelho de São João diz que durante a Ceia Pascal, Jesus tranquilizou os discípulos, dizendo-lhes que, após a sua partida, eles ficariam assistidos pelo Espírito Santo:

“O Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo e há-de recordar-vos tudo o que eu vos disse” (Jo 14, 26).

E assim aconteceu, de facto. Após a ressurreição de Jesus, o Espírito Santo foi revelando aos discípulos o plano salvador de Deus.

Ao mesmo tempo deu-lhes força para que anunciassem à Humanidade a vitória de Cristo sobre a morte e o amor salvador de Deus em favor de toda a Humanidade.

Pelo facto de emergir da Palavra de Deus, a nossa fé tem densidade teologal, isto é, capacita-nos para olhar a vida, os acontecimento e a História de acordo com o sentido que Deus inscreveu neles.

Ao dizer no nosso coração a Palavra de Deus, o Espírito Santo capacita-nos para proclamarmos a Boa Nova da salvação, a qual transforma os critérios e atitudes das pessoas que a acolhem.

Eis alguns aspectos importantes desta Boa Nova que o Espírito Santo inspirou aos Apóstolos:
A meta para a qual estamos a caminhar é a comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Deste modo o Homem faz uma só comunhão orgânica com a Trindade divina: “Não rogo só por estes, mas também por todos que hão-de acreditar em mim por meio da sua palavra, para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mime eu em ti.

Deste modo eles estarão em nós e o mundo acreditará que tu me enviaste. Eu dei-lhes a glória que tu me deste, a fim de que eles sejam um como nós somos um: eu neles e tu em mim, a fim de que eles cheguem à perfeição na unidade.

Deste modo o mundo reconhecerá que tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim” (Jo 17, 21-23).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

QUANDO O ESPÍRITO SANTO ESTÁ CONNOSCO-II

II-ESPÍRITO SANTO E OS APÓSTOLOS

O Evangelho dito pelo Espírito Santo no coração dos Apóstolos inclui a Boa Notícia da nossa incorporação na Família de Deus.

Somos incorporados na Família Divina como Filhos e herdeiros de Deus Pai e irmãos e co-herdeiros do Filho de Deus:

“De facto, todos os que são movidos pelo Espírito Santo são filhos de Deus. Vós não recebestes um espírito que vos oprima e escravize, mas sim um Espírito de adopção graças ao qual clamais que faz de vós filhos adoptivos.

É por ele que clamamos: Abba, ó Pai! É este Espírito que, no íntimo dos nossos corações nos assegura de que somos realmente filhos de Deus.

Ora, se somos filhos somos também herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo” (Rm 8, 14-17).

Tudo isto nos vem pela mediação de Jesus Cristo, o nosso Salvador: “Se alguém está em Cristo é um Nova Criação. Passou o que era velho!

Tudo isto nos vem de Deus em nos reconciliou consigo em Jesus Cristo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17-19).

A Palavra de Deus enche o nosso coração de esperança, pois sabemos que levamos no nosso interior um ser pessoal e espiritual a emergir de modo permanente e a fortalecer-se pela acção do Espírito Santo.

Eis a maneira como a Segunda Carta aos Coríntios descreve esta emergência permanente do nosso ser interior espiritual:

“Por isso não desfalecemos. E mesmo que o homem exterior vá caminhando para a ruína, o homem interior renova-se dia após dia pela acção do Espírito Santo” (2 Cor 4, 16).

Este ser interior e espiritual a emergir no íntimo do nosso ser exterior assemelha-se à emergência do pintainho dentro do ovo.

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Calmeiro Matias

QUANDO O ESPÍRITO SANTO ESTÁ CONNOSCO-III

III-ESPÍRITO SANTO E O NOVO ADÃO

Adão pôs-nos numa situação desfavorável face às nossas possibilidades de comunhão com Deus.
Cristo veio como o Novo Adão, colocando-nos de novo em situação de comunhão com Deus.

Cristo realizou esta obra de reconciliação com Deus obtendo-nos o perdão e a reconciliação (Col 1, 13-14).

A Carta aos Efésios diz que estamos salvos pela graça de Deus que nos é dada por Cristo através da fé (Ef 2, 8).

Todos nós estávamos numa situação desfavorável em relação a Deus devido à infidelidade de Adão.

Mas ao ressuscitar, Jesus deu-nos o dom do Espírito Santo que nos reconciliou e incorporou na Família Divina:

“Todos os que são movidos pelo Espírito Santo, diz São Paulo, são filhos de Deus” (Rm 8, 14-17).
A Carta aos Efésios diz isto mesmo, q1uando afirma:

“ É por isso que eu dobro os joelhos diante do Pai do qual toda a família recebe o nome, tanto nos Céus como na Terra.

Que ele vos conceda de acordo com a riqueza da sua glória que sejais cheios de força pelo Espírito Santo, a fim de se robustecer em vós o homem interior” (Gal 3, 14-16).

Graças ao Espírito Santo, somos participantes da natureza de Deus, diz a Segunda Carta de São Pedro (2 Ped 1, 4).

A natureza, para os gregos, significa princípio de acção. Pela Encarnação o Espírito Santo passou a circular em nós de modo intrínseco, como a seiva da videira circula da cepa para os ramos (Jo 15, 1-8).

Deus chama-nos a testemunhar sem medo a verdade, pois foi para isto que ele nos consagrou com o Espírito que consagrou Jesus (cf. Lc 4, 18-21).

O Espírito Santo, diz a Carta aos Romanos, é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

É o Espírito Santo, diz Jesus que nos conduz à verdade e a verdade torna-nos livres (Jo 8, 31-32).

Isto quer dizer que o Espírito Santo, em nós, é uma presença libertadora.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

QUANDO O ESPÍRITO SANTO ESTÁ CONNOSCO-IV

IV-E SE O ESPÍRITO SANTO NOS FALASSE DE SI?

Apesar de o Espírito Santo ser uma pessoa com identidade própria, ele nunca fala de si. Na verdade, a sua missão junto dos seres humanos não consiste em falar de si, mas do Pai, do Filho e do nosso lugar na família de Deus, disse Jesus:

“Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, e há-de recordar-vos tudo o que eu vos disse” (Jo 14, 26).

O facto de o Espírito não falar de si não significa que não tenha coisas muito bonitas que nos pudesse comunicar.

Vejamos o que o Espírito nos podia dizer se nos falasse de si: Eu sou a terceira pessoa da Santíssima Trindade.

O meu jeito de ser é animar as relações de amor na comunhão divina e incorporar as pessoas humanas na Família de Deus (8, 14-17).

Assim como o Pai ama com um jeito paternal e o Filho ama de modo filial, eu tenho um jeito maternal de amar. Na verdade, eu sou a ternura maternal de Deus.

Tenho a missão de vos conduzir ternamente ao Pai que vos acolhe como filhos e ao Filho que vos acolhe como irmãos.

Fui eu que consagrei Jesus como Messias, pondo-o em total sintonia com a vontade do Pai e capacitando-o para ser plenamente fiel à sua missão.

Estive presente, ao mistério da Encarnação. Ainda agora continuo a ser o animador da interacção directa que existe entre o Filho Eterno de Deus e Jesus de Nazaré, o Filho de Maria.

Por outras palavras, sou eu quem anima a interacção directa que existe entre a interioridade espiritual do Filho eterno de Deus com a interioridade espiritual de Jesus de Nazaré.

De tal modo esta união orgânica é plena e total que o filho e Maria e o Filho de Deus formam um e o mesmo, apesar de um ser plenamente humano e o outro plenamente divino.

O Baptismo no Espírito significa que eu vou dizendo a Palavra de Deus no interior dos cristãos, ajudando-os a viver como filhos de Deus e a anunciar a Boa Nova da Salvação aos que não são cristãos (Mt.3,11).

Sou eu que vos introduzo no íntimo da família de Deus, fazendo de vós filhos e herdeiros de Deus Pai e co-herdeiros de Deus Filho (Rm.8,14-16).

Fui eu que conduzi Jesus para anunciar o Evangelho aos pobres, curar os doentes, fazer que os coxos caminhem e os cegos vejam (Lc.4,16-21).

Eu sou a Água viva que Jesus prometeu à Samaritana e, mais tarde, aos judeus quando lhes falou à porta do Templo (Jo 4,14; 7, 37-39).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

QUANDO O ESPÍRITO SANTO ESTÁ CONNOSCO-V

V-E SE OESPÍRITO SANTO DISSESSE O QUE FAZ EM NÓS?

Eu habito no vosso coração, iluminando-vos e conduzindo-vos para a compreensão perfeita do Plano Salvador de Deus.

Sou o Consolador que vos conforta e dá força no momento das dificuldades e a luz que vos conduz para a verdade total (Jo.16,7-15).

Quando os inimigos da Fé vos atacarem estai confiantes, pois eu porei na vossa boca as palavras certas para vos defenderdes e dardes provas de que existe um Deus que é justo e verdadeiro (Mt 10,20; Mc 13,11).

Sou eu que faço cair dos olhos dos que aceitam Jesus Cristo essas escamas que obscurecem a mente e impedem a pessoa de compreender o mistério do Senhor ressuscitado.

Foi isto que eu fiz com o grande adversário da Fé, Paulo de Tarso que, depois, se tornou o grande Apóstolo São Paulo.

Por outras palavras, quando as escamas da escuridão mental caiem, as pessoas tornam-se apóstolos como São Paulo (Act 10, 44-47).

Sou eu quem dinamiza a acção salvadora de Deus a actuar nos vossos corações. Com o meu jeito especial de inspirar as pessoas, faço-as compreender a profundidade do mistério de Cristo e o plano salvador de Deus para toda a Humanidade.

Sou eu que vos dou a Sabedoria que vem do alto, conferindo-vos razões para celebrar com alegria o amor salvador de Deus (1Cor 2,10-15).

Se orardes comigo a vossa oração deixará de ser multiplicidade de rezas à maneira dos pagãos (Mt 6,7-8).

Eis o que São Paulo diz sobre o meu jeito de optimizar a vossa oração, fazendo dela um verdadeiro diálogo com Deus:

“Deste modo, o Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza, pois na oração não sabemos como orar de modo perfeito, nem o que devemos pedir.

Mas o Espírito Santo vem em nossa ajuda e intercede por nós com gemidos inefáveis. E Deus, como bom conhecedor dos nossos corações acolhe a intercessão do Espírito Santo, pois é de acordo com Deus que ele intercede por nós” (Rm 8, 26-27).

Sou eu quem vos introduz na família de Deus e vos faz compreender o significado profundo dessa expressão original que Jesus vos ensinou como modo de vos dirigirdes ao Pai dizendo: “Pai-Nosso”.

Só orando comigo a vossa oração será diálogo e comunhão com Deus. Como São Paulo disse, eu sou o selo de Deus que, no nosso coração, é a garantia de estardes marcados para o dia da Salvação (2Cor 1,22-23).

As profecias são inspiradas por mim. A pessoa que profere uma profecia verdadeira está comunicando a mensagem que eu lhe inspiro no mais íntimo do seu coração.

Como diz a Segunda Carta de São Pedro, nenhuma profecia verdadeira é simples produto da sabedoria humana ou da inteligência humana (2 Ped 1,21).

Eu sou em voz o princípio da Vida Nova. Eis a razão pela qual Jesus disse a Nicodemos que tendes de nascer de novo, através de mim (Jo 3,6).

Eu sou a seiva que vem de Jesus Cristo, a cepa da Videira, para vós que sois os ramos dessa mesma videira (Jo 15, 1-7).

Por outras palavras, se estiverdes unidos a Cristo recebereis a seiva da Vida Eterna, isto é, o meu dinamismo criador que faz de vós homens novos e membros da Família de Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias