quarta-feira, 23 de abril de 2008

MORTE, RESSURREIÇÃO E VIDA ETERNA-III

III-A MORTE E AS COORDENADAS DA VIDA ETERNA

A morte natural, como vimos, apenas destrói as dimensões limitativas do nosso ser exterior.
Pelo acontecimento da morte, a pessoa liberta-se das limitações do eu exterior:

Coordenadas da biologia, da raça, da cultura, da língua, da nacionalidade, do espaço e do tempo.
Por outras palavras, através do acontecimento da morte, a pessoa entra nas coordenadas da universalidade e equidistância.

Como sabemos, a pessoa humana não nasce feita. A história de cada ser humano é o processo da sua emergência pessoal-espiritual.

A morte é o parto através do qual nasce o Homem interior e definitivo. O Homem Novo não emerge se não nos dispormos a gerá-lo no nosso íntimo através de opções e compromissos de amor.

O evangelho de São João diz que temos de nascer de novo pela força vital do Espírito santo, a Água Viva (Jo 3,6).

O Homem Novo não nasce sem que vá morrendo o homem velho nas suas tendências de prepotência, domínio, exploração dos irmãos e apropriação dos bens comuns.

De entre os partos da vida nova, a morte é o que tem maior magnitude.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

MORTE, RESSURREIÇÃO E VIDA ETERNA-IV

IV-A MORTE É CONDIÇÃO DE PLENITUDE

A morte como parto de nascimento é um acontecimento exclusivamente humano. Eis a razão pela qual apenas a pessoa humana tem consciência da sua morte.

Para o ser humano, a morte é uma interpelação e um convite a aprofundar o sentido da vida.
Podemos dizer que o acontecimento da morte ajuda-nos a compreender que, de facto, nascemos para renascer, como diz o evangelho de São João (Jo 3, 3-6).

Com efeito, o sentido da vida cresce em paralelo com o sentido da morte. Graças à Palavra de Deus e à luz do Espírito Santo nós vamos compreendendo pouco a pouco que não nascemos para acabar no cemitério ou no vazio da morte.

Na medida em que o ser humano se humaniza, o seu ser espiritual emerge no seu interior como o pintainho dentro do ovo.

O acontecimento da morte, visto a esta luz, surge como o momento em que rebenta a casca do ovo e o pintainho nasce e nasce para festa da vida plena.

Por outras palavras, enquanto está dentro do ovo, o pintainho não pode participar da plenitude da festa.

Se o bebé permanecesse para sempre no útero materno nunca poderia atingir a plenitude. O acontecimento da morte é, na verdade, o parto que possibilita à pessoa a plenitude da vida.

O ser humano normal não é alheio ao acontecimento da própria morte. A meditação sobre o sentido deste acontecimento vai abrindo de modo gradual e progresso horizontes para a transcendência da vida eterna.

Por pertencer à esfera da vida transcendente, a vida pessoal-espiritual só pode encontrar a plenitude nas coordenadas que estão para além da morte.

A meditação sobre o sentido da morte cria no ser humano uma aptidão privilegiada para compreender e aceitar a Palavra de Deus.

Por ser um homem perfeito, Jesus Cristo pertence ao património global da Humanidade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

MORTE, RESSURREIÇÃO E VIDA ETERNA-V

V-ALCANCE UNIVERSAL DA RESSURREIÇÃO

Isto quer dizer que a ressurreição de Cristo, por não ser um acontecimento individual, é o início da ressurreição universal.

É verdade que pela sua condição espiritual, a pessoa humana é imortal. Mas este facto não garante ao ser humano a plenitude da ressurreição em Cristo.

Podemos dizer que, com a ressurreição de Cristo, a Humanidade deu um salto de qualidade.
Para partilhar da ressurreição com Cristo é preciso estar unidos ao Senhor como os ramos da videira à cepa (Jo 15, 1-7).

Apenas os que bebem a Água Viva que Cristo oferece aos que vivem a fraternidade, partilham da plenitude da ressurreição (Jo 4, 21-23; 7, 37-39).

Partilhar da ressurreição de Jesus Cristo é preciso formar um só corpo com ele, como diz São Paulo (1 Cor 10, 17; 12, 13; 12, 27).

Utilizando a imagem da Árvore Vida de que nos fala o Livro do Génesis, podemos dizer que a ressurreição implica comer o fruto desta árvore (Gn 3, 22).

A Árvore da Vida é Jesus Cristo. O seu fruto, isto é, o Espírito Santo, está ao alcance de todos nós, como diz o evangelho de São João:

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia (Jo 6, 54).

Depois acrescenta: “Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, também quem me come viverá por mim” Jo 6, 57).

Eis a razão pela qual a simples imortalidade não constitui a Boa Notícia do Evangelho, mas sim a ressurreição, a verdadeira condição para a pessoa humana atingir a sua plenitude.

Com efeito, a ressurreição implica a assunção da pessoa humana e a sua incorporação na plenitude na comunhão familiar da Santíssima Trindade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

MORTE, RESSURREIÇÃO E VIDA ETERNA-VI

VI-A MORTE ILUMINA O SENTIDO DA VIDA

A morte natural, portanto, é o parto final e a derradeira possibilidade de o ser humano renascer para a plenitude.

O sentido da vida cresce enormemente quando meditamos sobre o sentido da morte. Mas é sobretudo ao avizinhar-se a fase terminal da vida que o homem sábio compreende e saboreia o significado profundo da vida.

Nessa etapa avançada da vida, a pessoa compreende de modo muito claro que o amor é a grande razão que vale para viver e para morrer.

Podemos resumir esta sabedoria podemos dizer que a nossa existência histórica é válida na medida em vivemos para amar e vamos morrendo por amor.

Eis a grande razão que confere sentido de plenitude à vida. Vista a esta luz, a morte é o acontecimento que nos possibilita a entrada no regaço do próprio e acolher no nosso coração seu amor.

São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).
São Lucas diz que Jesus Cristo, no momento da sua morte abriu-nos as portas do Paraíso (Lc 23, 43).

O Livro do Génesis diz que o Paraíso foi fechado à Humanidade devido ao pecado de Adão (Gn 3, 23-24).

Assim como a morte veio por Adão, diz São Paulo, a vitória sobre a morte, veio por Jesus Cristo (Rm 5, 17-18).

Podemos dizer que não basta ser imortal para atingirmos a plenitude da vida. As pessoas que porventura estejam em estado de inferno são imortais, mas não estão na plenitude dos ressuscitados com Cristo.

A plenitude da vida acontece apenas no contexto da Comunhão Universal da Família divina.
Ao criar o Universo, Deus estava a ser o princípio da Criação.

Ao assumir-nos na Comunhão da Família Divina tornou-se a plenitude desta mesma Criação.
São Paulo diz que Deus nos predestinou para sermos conformes com o seu Filho, a fim de ele ser o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 28-29).

Criados à imagem de Deus, fomos talhados para ser filhos e herdeiros de Deus Pai e co-herdeiros com Cristo que é nosso irmão (Rm 8, 14-17).

Deus Pai quis que em Cristo residisse a primazia e a plenitude de todas as realidades (Col 1, 18-19).

Meditando a morte à luz da fé cristã os crentes ficam capacitados para proclamar o Evangelho da Vida Eterna.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

terça-feira, 22 de abril de 2008

EVANGELIZAÇÃO E EXPERIÊNCIA DE DEUS-I


I-JESUS É O MEDIANEIRO DA SALVAÇÃO

Jesus Cristo não é uma ideologia, nem um sistema filosófico. O Senhor Jesus ressuscitado é uma pessoa viva, alguém que está sempre presente no mais íntimo da nossa interioridade.

Ele é a Fonte da Água viva que jorra Vida eterna no nosso íntimo (Jo 4, 14; 7, 3-39). Ele é a cepa da videira da qual nós somos os ramos. É dele que recebemos a seiva da Vida Eterna, isto é, o Espírito Santo.

Jesus Cristo é o centro da mensagem do cristão que procura evangelizar. Ao ressuscitar, Jesus tornou-se a fonte da Água viva que faz emergir no nosso íntimo uma nascente de Vida Eterna (Jo 4, 14; 7, 37-39).

A Água Viva que ele nos dá é o Espírito Santo, o amor de Deus derramado nos nossos corações, como diz São Paulo (Rm 5, 5).

Por outras palavras, Jesus Cristo é o medianeiro da nossa divinização. É um homem com o qual nos podemos relacionar com uma confiança total. É por ele que nós temos acesso ao Pai, pois ele é o “Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por ele” (Jo 14, 6).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

EVANGELIZAÇÃO E EXPERIÊNCIA DE DEUS-II



II-JESUS E A SUA EXPERIÊNCIA DE DEUS

Jesus era um homem de oração. A oração feita ao jeito de Jesus é um lugar teologal, isto é, um espaço privilegiado de encontro com Deus no Espírito Santo.

Não devemos confundir oração cristã com rezas ou multiplicação de palavras. Jesus disse que este modo de proceder não está falseado nos seus fundamentos (Mt 6, 7-8).

Orar à maneira de Jesus é entrar em diálogo familiar com Deus. A Oração à maneira de Jesus faz-nos sintonizar com o coração de Deus e com o essencial da vida humana.

Jesus tomava a oração muito a sério. Por isso fazia experiências muito profundas de Deus. De tal modo esta sintonia de Jesus com o Pai era forte que os seus ouvintes, quando o ouvia falar de Deus, tinham a sensação de Jesus acabara de ele.

Do mesmo modo, Jesus tinha uma experiência muito profunda da realidade humana.
Amava profundamente as pessoas que se cruzavam com Ele.

Jesus tinha uma visão muito positiva da pessoa humana. A pessoa humana para Jesus era um lugar teológico, isto é, uma mediação para nos encontrarmos com Deus.

Na verdade, como dizia São Paulo, as pessoas são templos de Deus: “Não sabeis, escreveu ele na Primeira Carta aos Coríntios, que sois templo de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?” (1 Cor 3, 16).

Se as pessoas são templos de Deus, então são mediação de encontro com Deus. Jesus sabia isto através de uma experiência privilegiada. Por isso ele pode dizer: “Eu e o Pai somos Um” (Jo 10, 30).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

EVANGELIZAÇÃO E EXPERIÊNCIA DE DEUS-III

III-O JEITO DE JESUS ENCONTRAR DEUS

O fundamento teológico para Jesus alicerçar a sua pregação sobre o amor fraterno era o princípio de que o amor de Deus e o amor aos irmãos não podem separar-se.

Eis o que diz a Primeira Carta de São João: “Se alguém disser que ama a Deus e odiar o seu irmão é mentiroso.

Com efeito, ninguém pode amar a Deus que não vê, se não ama ao irmão que vê (1 Jo 4, 20).
Jesus não tinha uma filosofia sobre Deus. Quando falava do Pai apenas exteriorizava a Sua experiência de diálogo e comunhão com o Pai.

Jesus descobria uma presença especial de Deus nos pobres, nos marginais, na Natureza e na vida das pessoas.

A originalidade da oração de Jesus partia do seu grito de amor quando dizia: “Abba”, isto é, papá.
Quanto mais orarmos no Espírito Santo, mais sintonizamos com a experiência que Jesus tinha de Deus e, portanto, mais eficaz será a nossa acção evangelizadora.

Eis a razão pela qual o próprio Jesus nos ensinou a dirigirmo-nos a Deus, chamando-o de Abba, ó Pai (Mt 6, 9).

Os evangelhos testemunham que Jesus rezava com muita frequência (cf. Lc 11, 2-5).
Nesses momentos, o Espírito introduzia Jesus no diálogo que Deus Pai mantém com o seu Filho Unigénito desde toda a eternidade.

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

EVANGELIZAÇÃO E EXPERIÊNCIA DE DEUS-IV

IV-A UNIÃO DE JESUS COM O PAI

Podemos dizer que era sobretudo nesses momentos que Jesus compreendia o alcance e o sentido da vontade do Pai que ele amava de modo incondicional.

Eis algumas das suas afirmações de Jesus que são a expressão desta experiência de Deus:
“Nem todo aquele que me diz: “Senhor, Senhor” entrará no reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus” (Mt 7, 21).

“Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc 3, 35; Mt 12, 50).

Ao ensinar os discípulos a orar, entre outras coisas disse-lhes: “Pai, seja feita a tua vontade, assim na Terra como no Céu” (Mt 6, 10).

Nós sabemos que Jesus era um homem em tudo igual a nós, excepto no pecado. O evangelho de São João diz que Jesus tinha a plenitude do Espírito Santo e por isso anunciava a Palavra de Deus com toda a fidelidade.

A fidelidade de Jesus à vontade do Pai nascia dessa experiência profunda que ele fazia de Deus nos momentos de oração.

O evangelho de São João diz que Jesus tinha a plenitude do Espírito, pois Deus não lhe deu o Espírito por medida (Jo, 3, 34).

Era o Espírito Santo que o fazia denunciar as opressões e maldades humanas, bem como falar de Deus como alguém como quem tinha acabado de falar.

O cristão será tanto melhor evangelizador quanto mais se aproximar do jeito com que Jesus tomava Deus e o Homem a sério.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

domingo, 20 de abril de 2008

O TEMPLO DA NOVA ALIANÇA-I

I-TUDO COMEÇOU COM UMA PROFECIA

Mil anos antes do nascimento de Jesus Cristo, o profeta Natã pronunciou uma profecia que veio alterar o rumo da história do povo bíblico.

A profecia de Natã foi dirigida ao rei David e afirmava que Deus ia enviar um mensageiro para trazer a paz e a prosperidade não só para o povo bíblico, mas também para toda a Humanidade.

Este mensageiro será o Messias, isto é, o ungido com o Espírito Santo, para trazer a felicidade e a paz ao povo de Deus.

Esta profecia dizia ainda ao rei que o Messias, isto é, o ungido de Deus, será escolhido entre os descendentes de David, e Deus vai adoptá-lo como seu Filho (2 Sam 7, 12-16).

Natã disse ainda ao rei David: o teu descendente vai construir um templo ao meu gosto, razão pela qual eu habitarei para sempre nesse santuário (2 Sam 7, 13).

O rei David ficou muito feliz com a mensagem da profecia, mas o que ele não podia imaginar é que este descendente só havia de nascer mil anos mais tarde.

Na verdade o rei David pensava que a profecia de Natã se referia ao seu filho Salomão, o filho que David escolhera para lhe suceder no trono.

A profecia que Natã dirigiu ao rei David dizia também que, graças ao filho que Deus lhe ia suscitar, o seu trono permaneceria para sempre.

David exultou de alegria pois pensava que Deus lhe estava a dizer que, graças ao seu filho Salomão, o seu trono seria um trono eterno.

Nesse dia, David sentiu-se muito feliz e orgulhoso pelo seu filho Salomão, pois este acabava de ser escolhido por Deus para construir um templo para Deus.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

O TEMPLO DA NOVA ALIANÇA-II

II-DAVID NÃO ENTENDEU A MENSAGEM DE DEUS

Logo que o profeta Natã abandonou o palácio real, David mandou chamar o seu filho Salomão e começou a dar-lhe instruções para construir o templo para Deus.

Após a morte de David, Salomão construiu um templo grandioso em Jerusalém, fazendo uma grande festa no dia da sua inauguração (1 Rs 8, 22-25).

As pessoas daquele tempo julgavam que, por terem um templo na cidade Santa de Jerusalém, já iam todas para o Céu.

Mas os profetas não falavam assim. Se fordes bons uns para os outros, o Templo e a cidade de Jerusalém serão uma fonte de bênçãos para toda a gente.

Mas se não fordes bons, não é o templo que vos vai salvar. Se fizerdes o bem, o templo será o ponto de encontro entre o povo e o seu Deus.

Eis as palavras bonitas do profeta Isaías: “Naqueles tempos os povos acorrerão ao Templo do Senhor. Jerusalém será a morada da Sabedoria e da Palavra de Deus” (Is 2, 3).

O profeta Miqueias dizia que, se o povo for fiel à aliança de Deus, vai chegar um tempo em que os povos estrangeiros se converterão a Deus e virão a Jerusalém, ao templo de Deus, a fim de encontrarem a Sabedoria e a Palavra de Deus (Mq 4, 2).

Mas o povo bíblico tornou-se infiel à aliança e eram cada vez piores. Face à maldade que não cessava de aumentar, o profeta Jeremias, em nome de Deus, avisa o povo de que o templo de Jerusalém, o edifício grandioso construído por Salomão, vai ser destruído (Jer 26, 6).

As pessoas não devem enganar-se julgando que o templo é uma porta que garante a entrada no céu.

Eis o que Deus diz ao povo através do profeta Jeremias: “ Vós vindes ao templo onde chamais pelo meu nome e me pedis ajuda. Depois dizeis: estamos salvos.

Mas logo a seguir continuais a cometer os vossos crimes e pecados graves” (Jer 7, 10). Em vez de ser um espaço para orar meditar a Palavra de Deus, o templo estava a tornar-se um lugar de traficantes desonestos que diziam estar a vender coisas sagradas e animais para sacrificar e agradar a Deus.

Estes comerciantes desonestos, em nome de Deus roubavam as pessoas. 1- Foi então que o profeta Isaías levanta a voz em nome de Deus dizendo: “Fizestes deste templo onde o meu nome é invocado um covil de ladrões” (Jer 7, 11).

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

O TEMPLO DA NOVA ALIANÇA-III


III-UM NOVO TEMPLO PARA UMA NOVA ALIANÇA

O profeta Zacarias, apesar anuncia que Deus vai enviar o Messias para mudar o coração das pessoas.

Deus mostrou-lhe, numa visão grandiosa, um templo santo e renovado. Eis as suas palavras: “Naqueles dias não haverá mais comerciantes no templo de Yahvé” (Zc 14, 21).

Quando Jesus apareceu, o povo, ao ver o seu poder e o seu amor extraordinário a Deus, começa a suspeitar que ele é o Filho prometido a David.

Para os judeus isto significava que Ele ia ser rei e ia construir um templo santo para Deus.
Depois de Jesus ter Ressuscitado, os Apóstolos, iluminados pelo Espírito Santo, descobrem que Jesus Cristo é o templo da Nova Aliança.

Dizer que Jesus ressuscitado é o templo da Nova Aliança significa que Jesus é o ponto de encontro com Deus.

Ao ressuscitar deu-nos o Espírito Santo, essa Águas viva que faz jorrar a Vida de Deus no coração das pessoas (Jo 7, 37-39; cf. 4, 14).

Afinal o templo da Nova Aliança é próprio Jesus ressuscitado. Ele é o templo que Deus tinha planeado, o qual não é construído pela mão doa homens, mas sim pela força do Espírito Santo, como afirma o livro dos Actos dos Apóstolos:

“O Deus que criou o mundo e tudo o que nele existe é o Senhor do Céu e da Terra. Ele não habita em santuários feitos pela mão do homem, nem é servido por mãos humanas como se precisasse de alguma coisa” (Act 17, 24-25).

E é assim que os autores do Novo Testamento começam a afirmar que Jesus ressuscitado é o templo da Nova Aliança.

Ele é também o nosso sumo-sacerdote, o qual, devido à sua ressurreição, já não pode morrer.
A Carta aos Hebreus diz que Jesus está no Céu sentado à direita de Deus Pai, onde intercede de modo permanente por nós.

Ele é, na verdade, o templo que não é feito pelos homens mas por Deus, acrescenta a Carta aos Hebreus (Heb 8, 2).

Portanto, Jesus ressuscitado é o nosso sumo-sacerdote em funções eternas de medianeiro sacerdotal junto do Pai.

Por outras palavras, Jesus está no Céu junto de Deus Pai exercendo o seu ministério sacerdotal, enviando-nos de modo permanente o dom do Espírito Santo que nos incorpora na Família de Deus.

Graças ao Espírito Santo nós somos filhos e herdeiros de Deus Pai e co-herdeiros do Filho de Deus, como diz São Paulo (Rm 8, 14-17).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O TEMPLO DA NOVA ALIANÇA-IV

IV-O NOVO TEMPLO NÃO É OBRA DO HOMEM

Eis o que diz a Carta aos Hebreus: “De facto, Jesus ressuscitado não entrou num templo feito por mãos humanas. Estes templos são apenas a imagem e a figura do verdadeiro santuário.

Pelo contrário, Jesus entrou no Céu, a fim de se apresentar diante de Deus e interceder em nosso favor” (Heb 9, 24).

No momento em que Jesus estava pregado na cruz, os sacerdotes judeus passavam diante do Senhor e riam-se dizendo:

“Tu que destruías o templo e o reconstruías em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz” (Mt 21, 15).

De facto, no dia em que expulsou do templo um grupo de comerciantes desonestos, Jesus disse aos sacerdotes e doutores da Lei:

“Destruí este templo e eu, em três dias, o reedificarei” (Jo 2, 18-19). O Evangelho de São João acrescenta: “Jesus falava do templo do seu corpo” (Jo 2, 21).

A partir deste ensinamento de Jesus, os discípulos começara a compreender que o templo da Nova Aliança é Jesus ressuscitado e o coração das pessoas que estão unidas a Jesus.

Eis as palavras de São Paulo: “Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?

Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus é santo e esse templo sois vós” (1 Cor. 3, 16-17).

A Primeira Carta de São Pedro vai nesta mesma linha ao afirmar que a comunidade é o templo de Deus e cada membro da comunidade é uma pedra viva deste templo.

Além disso, todos os membros da comunidade participam do sacerdócio de Jesus Cristo e, portanto, estão capacitados para oferecer um culto ao Deus vivo que não habita em templos feitos pela mão dos homens:

“Como pedras vivas, entrai na edificação de um templo espiritual, formando um sacerdócio santo cuja missão é oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por meio de Cristo” (1 Pd 2, 5).

No evangelho de São João, Jesus diz que o antigo templo de Jerusalém não tem mais razão de ser, pois Deus já aprecia apenas o culto em Espírito e Verdade, isto é, a oração no Espírito Santo e a meditação da Palavra de Deus.

São Paulo diz ainda uma verdade importante quando afirma: “O templo de Deus é Santo. Ora, esse templo sois vós e vós sois de Cristo” (1 Cor 6, 19).

Isto quer dizer que os crentes, unidos a Cristo ressuscitado, são o verdadeiro templo que Deus planeou e anunciou a David através do profeta Natã (2 Sam 7, 12-16).

A Carta aos Efésios diz o seguinte: “Em Cristo, a comunidade é uma construção que se ergue harmoniosa, a fim de formar um templo santo no Senhor” (Ef 2, 2).

O Templo de Deus é constituído por pessoas em comunhão com Cristo ressuscitado. O alicerce e a cúpula deste templo é Jesus Cristo ressuscitado.



Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias








sábado, 19 de abril de 2008

HOMEM E MULHER, DEUS OS CRIOU-I

I-DUAS FACES DE UM ROSTO HARMONIOSO

A Humanidade é um rosto com duas faces: a face masculina e a face feminina. Somos seres sexuados. Isto significa que todas as nossas relações são sexuadas, isto é, diferentes consoante as pessoas com as quais nos relacionemos. Diferente não significa ser melhor ou pior.

É importante termos consciência deste facto e assumi-lo, a fim de nos aceitarmos e procurarmos dar o melhor de nós na edificação da sociedade em que vivemos.

Deus é uma comunidade amorosa de três pessoas. Isto significa que Deus, ao criar o Homem à Sua imagem e semelhança, não podia deixar de o criar como um talhado para as relações de amor e comunhão.

Estamos, pois talhados para o encontro. Podemos dizer que uma pessoa sozinha não é uma pessoa em estado plenitude.

Na verdade, a pessoa só se conhece e possui plenamente no face a face com os outros. Como seres sexuados, as pessoas humanas estão estruturadas para a relação de comunhão de diferenças.

Eis as palavras do Livro do Génesis ao falar da criação do Homem: “Deus criou o Homem à Sua imagem e semelhança, varão e mulher os criou” (Gin 1, 27).

A relação do pai com a filha é diferente da relação do pai com o filho. Diferente, aqui, não significa melhor ou pior, mas simplesmente que interagimos constantemente como seres sexuados.
O mesmo se passa com a relação da mãe com o filho ou a filha.

O varão e a mulher são absolutamente iguais em dignidade, apesar de serem distintos e diferenciados.

Ao criar a mulher, Deus está a fazer emergir o amor em ondas de doação muito especial no que se refere à ternura.

Ao criar o Homem, Deus faz emergir o amor em ondas de bem-querer, coragem e firmeza.
A Face feminina confere ao amor sobretudo um colorido de tolerância e perdão.

A face masculina, por seu lado, confere ao amor a firmeza capaz de significar há coisas que não podem ser postas em causa.

Criando a mulher, Deus demonstrou entender de ternura, pois o coração maternal é um manancial extraordinário de ternura.

Criando o varão, Deus demonstrou ser o Deus da Aliança, a qual assenta na firmeza e na autoridade da Palavra.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

HOMEM E MULHER, DEUS OS CRIOU-II

II-UNIDOS A CAMINHAR PARA DEUS

A Humanidade, portanto, está a emergir e a fluir como um rio com duas margens. As margens deste rio conduzem as águas no sentido desse Oceano Infinito que é a Comunhão da Santíssima Trindade.

O nosso corpo é uma mediação básica para acontecer o encontro com os outros. O simbolismo da nossa realidade corporal indica que estamos talhados para a comunicação e o face a face.

Na verdade, ninguém vê directamente o seu rosto, mas apenas o rosto dos outros. A pessoa que pretende anular esta dimensão básica da abertura ao outro, está a estruturar-se de modo neurótico, podendo malograr a sua realização pessoal de homem ou mulher.

A nível espiritual acontece exactamente a mesma coisa: a plenitude da pessoa não está em si, mas na reciprocidade da comunhão.

Reduzida a si, a pessoa está em estado de malogro e perdição. A família humana realizada e feliz é o sacramento da Família de Deus, a qual é a plenitude da família humana.

O Céu é a comunhão Universal da Família de Deus cujo coração é a comunhão amorosa da Santíssima Trindade.

Ao criar o Homem, Deus fê-lo através de uma intervenção especial: depois de preparar o barro orgânico que é a dimensão biológica do Homem, soprou-lhe o Sopro de Vida, isto é, o Espírito Santo (Gin 2, 7).

Nesse momento, o ser humano tornou-se barro com coração, isto é, um ser com interioridade espiritual e capaz de amar.

Barro com coração é o marido que se esforça para que não falte o essencial lá em casa. Barro com coração é a esposa que se esforça para que não falte o apoio afectivo ao marido.

Barro com coração é a mãe que, após um dia de trabalho, ainda arranja tempo para preparar uns miminhos para os filhos.

Barro com coração é o jovem que é capaz de correr riscos para defender os valores que reconhece como essenciais, mesmo que à sua volta esses valores sejam desprezados.

Barro com coração é a jovem que procura agir de acordo com o que lhe parece certo e justo.
Barro com coração é o adolescente capaz de ser diferente, mesmo que isso, por vezes, o torne menos popular.

Barro com coração é a pessoa humana que procura tratar os outros como deseja ser tratado por eles.

Barro com coração é a pessoa que decide falar com alguém que lhe parece estar muito ecessitado de desabafar.

Barro com coração é o jovem consciente que se mantém firme nas suas opiniões e não anda simplesmente ao sabor das opiniões dos outros.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

HOMEM E MULHER, DEUS OS CRIOU-III

III-A COMPANHEIRA COMO FONTE DE ALEGRIA

Ao criar o Homem, diz a Bíblia, Deus criou-os varão e mulher. O Livro do Génesis diz que Adão começou logo a conviver pacificamente com os animais.

Mas Adão não falava. Foi então que Deus decidiu dar-lha uma companheira igual. Ao ver Eva, Adão deu um grito de alegria e começou a falar.

Eis as palavras do Livro do Génesis: “O Senhor Deus disse: “Não é conveniente que o homem esteja só. Vamos dar-lhe um auxiliar semelhante a ele” (Gn 2, 18-19).

Em seguida, o Livro Génesis descreve as palavras de exultação de Adão ao ver Eva: “Então o homem exclamou: Este é realmente o osso dos meus ossos, a carne da minha carne. Chamar-se à mulher, pois foi tirada do homem.

Eis o motivo pelo qual o homem deixará pai e mãe para se unir à sua mulher e os dois farão uma só carne” (Gn 2, 23-24).

O homem e a mulher de tal modo estão talhados um para o outro que é como se a mulher fosse arrancada do peito do homem e este arrancado do seio da mulher.

Como seres semelhantes a Deus, o homem e a mulher são seres criadores. Não verdade eles são capazes de fazer que o novo aconteça e que surjam realidades e projectos que antes não existiam.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

HOMEM E MULHER, DEUS OS CRIOU-IV

IV-COLABORADORES DE DEUS

Como seres capazes de criar, o homem e a mulher são realmente cooperadores de Deus na obra da Criação.

Eis a razão pela qual Deus encontra condições para fazer uma aliança com eles. Mas Deus não criou o homem e a mulher como seres acabados.

Para se realizarem como pessoas livres, conscientes e responsáveis, o homem e a mulher têm de tomar parte na sua realização.

De facto, Deus não mandou Adão realizar-se como um sujeito isolado, mas como uma união orgânica.

Eis as palavras do Génesis: “Abençoando-os, Deus disse: “crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a Terra” (Gin 1, 28) ”.

Portanto, é como varão e mulher que Deus os chama a colaborar na obra da Criação. É ao varão e à mulher que Deus chama formarem uma só carne, isto é, uma união orgânica, dinâmica e fecunda.

É ao homem e à mulher que Deus convida para que construam famílias felizes, a fim de podermos ter sociedades mais humanizadas.

É ao homem e à mulher que Deus convida a cuidar desta terra que ele nos deus como morada.
Se não tomarmos a sério esta missão que Deus nos deu, a terra converter-se-á em lugar de morte, em vez de ser o jardim maravilhoso onde brota a vida.

Na verdade, já quase não temos rios de água limpa. O ar que respiramos tem cada vez pior qualidade.

Já começamos a abrir buracos na camada de ozone correndo o risco de tornara a vida inviável sobre a terra.

O homem e a mulher estão convidados a ser bons colaboradores na nobre tarefa de construir uma sociedade mais justa e fraterna.

Como sabemos, a pessoa faz-se, fazendo. Realizamo-nos, concretizando planos, projectos e sonhos.

Esta tarefa é tanto para homens como para mulheres. De facto, é nesta possibilidade de nos construirmos em colaboração fraterna que está a nossa grandeza e dignidade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sexta-feira, 18 de abril de 2008

ESPÍRITO SANTO E O PODER DA TENTAÇÃO-I


I-A SUBTILEZA DA TENTAÇÃO

A tentação é uma insinuação subtil que acontece na nossa mente, querendo-nos fazer crer que o mal é bem e o bem é mal.

A tentação não é pecado, mas a possibilidade de pecar. Jesus foi tentado e, no entanto, não pecou. A tentação surge e insinua-se, convidando-nos a enveredar por caminhos opostos aos do bem e do amor.

A pessoa humana é um ser frágil. A tentação pode facilmente conseguir a vitória. Eis a razão pela qual Jesus, na oração do Pai-nosso, nos ensinou a pedir a Deus que não nos deixe cair na entação.

Pedir a Deus que não nos deixe cair na tentação é o mesmo que pedir ao Espírito Santo que não nos deixe ficar enredados nos meandros subtis da tentação.

Na verdade, a vitória sobre a tentação foi-nos oferecida por Jesus Cristo ressuscitado, mediante o dom do Espírito Santo.

No entanto, o Espírito Santo não se nos impõe. Por outras palavras, o Espírito Santo não nos substitui: interpela, ilumina, chama e convida no íntimo da nossa consciência.

A tentação é, no fundo, uma solicitação do homem velho que oferece resistência ao amor, pois o pecado é sempre uma resistência ao amor.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ESPÍRITO SANTO E O PODER DA TENTAÇÃO-II

II-FRAGILIDADE HUMANA E TENTAÇÃO

Podíamos dizer que a tentação não é pecado, mas sim a possibilidade do pecado em acção. Se não estivéssemos enfraquecidos pelas forças negativas que herdámos dos outros, a tentação era apenas uma possibilidade remota de o pecado acontecer.

Mas os condicionamentos que herdámos devido às recusas de amor dos outros para connosco, condicionaram as nossas possibilidades de fazer o bem.

Na verdade, os outros não só nos possibilitaram, mas também nos condicionaram. Devido a esta nossa situação de seres fragilizados precisamos de recorrer a Deus.

Não se trata de pedir ao Senhor para nos substituir. De facto, a oração não é nunca uma maneira mágica de manipular Deus.

Pedindo a Deus que não nos deixe cair na tentação estamos a abrir o nosso coração à presença do Espírito Santo que nos fortalece e configura com Cristo.

São Paulo deu provas de entender muito bem a dinâmica do Espírito Santo em nós quando disse que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Como sabemos, é o Espírito Santo quem faz ecoar no nosso coração a Palavra de Deus. Isto quer dizer que é ele quem nos capacita para valorizarmos as coisas e os acontecimentos segundo os critérios de Deus e não segundo as insinuações da tentação.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quinta-feira, 17 de abril de 2008

COMO ENCONTRAR DEUS NO NOSSO CORAÇÃO-I

I-A ARTE DE ENTRAR NO NOSSO ÍNTIMO

A palavra e os diálogos com Deus passam-se no mais íntimo de nós mesmos. Na verdade, é no nosso coração que o Espírito Santo está sempre presente para nos dizer a Palavra de Deus e nos pôr em comunicação com Deus Pai e Com o Filho de Deus.

É esta a razão pela qual Jesus dizia aos discípulos para buscarem de vez em quando momentos de silêncio e sossego, a fim de entrarem no seu íntimo e aí poderem encontrar-se e dialogar com Deus.

De facto, não é possível ouvir a Palavra de Deus no nosso coração sem fazermos de vez em quando uma pausa, a fim de prestarmos atenção ao Espírito Santo que está no nosso coração.

Por outras palavras, para ouvirmos de modo nítido a voz suave do Espírito Santo que nos comunica a Palavra de Deus é preciso saber deixar as preocupações, o trabalho e os divertimentos.

Certo dia Jesus foi a casa de três irmãos que eram grandes amigos seus: Lázaro, Marta e Maria.
Naquele dia, Lázaro tinha saído e só estavam em casa Marta e Maria, as quais eram as duas grandes amigas de Jesus.

Marta sabia que Jesus gostava muito de uma comida que ela cozinhava muito bem. Marta convidou Jesus para almoçar e começou logo a preparar o prato favorito de Jesus.

Por seu lado, Maria sentou-se junto a Jesus a ouvir as suas Palavras. Maria eras capaz de fi9car horas a ouvir a palavras de Jesus. Nesses momentos o seu coração ficava muito feliz.

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Calmeiro Matias

COMO ENCONTRAR DEUS NO NOSSO CORAÇÃO-II

II-SABER DISPOR DE TEMPO PARA DEUS

Como conhecia muito bem os mistérios de Deus, Jesus anunciava a salvação e o Reino de Deus de um modo tão claro que encantava a pessoas.

Ao ver que a hora do almoço se estava a aproximar e que a comida estava atrasada, Marta começou a ficar nervosa.

Sentia-se um pouco incomodada por Maria estar sentada junto de Jesus e não a vir a ajudar.
Num tom um pouco agressivo, Marta diz a Jesus: “Senhor diz à minha irmã para me vir ajudar, pois estou a fazer todo o trabalho sozinha”.

Jesus aproveitou para transmitir à sua amiga Marta um ensinamento muito importante: devemos pôr em primeiro lugar a Palavra de Deus e tudo o resto se há-de resolver de modo adequado.

As palavras de Jesus foram mais ou menos estas: “Marta, estás demasiado envolvida e preocupada com o almoço.

Eu sei que estás a preparar uma comida de que eu gosto muito. Também sei que preparar essa comida dá muito trabalho.

Mas olha que por vezes é muito importante saber parar, a fim de ouvirmos com atenção a Palavra de Deus. Nesses dias, o almoço até pode ser mais simples”.

Jesus disse estas palavras a Marta, não por ser mal agradecido, mas como era muito seu amigo, queria ajudá-la a saber escolher o mais importante.

Depois, Jesus acrescentou: “Sabes Marta, Maria escolheu a melhor parte ao decidir ouvir a Palavra de Deus. Por isso não a vamos impedir nem perturbar”.

E Jesus continuou a explicar a Palavra de Deus a Maria, enquanto Marta acabava o almoço.
Jesus gostava muito da comida que Marta estava a preparar, mas ainda gostava mais de ensinar a Palavra de Deus às pessoas.

Numa outra ocasião, Jesus já tinha dito que o pão é importante para nos alimentarmos, mas acrescentou que a pessoa humana não vive só de pão, pois precisa também, e muito, da Palavra de Deus.
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Calmeiro Matias

COMO ENCONTRAR DEUS NO NOSSO CORAÇÃO-III

III-JESUS E O PÃO ESSENCIAL

Jesus tinha a certeza de que a Palavra de Deus é um alimento fundamental para a pessoa encontrar sentidos para viver e, assim, atingir a sua felicidade.

O pão é fundamental para alimentar a vida, mas a pessoa, não é capaz de viver sem sentidos profundos.

Os evangelhos dizem que Jesus se retirava muitas vezes para o campo ou para lugares silenciosos, a fim de falar com Deus, seu Pai.

Como a Palavra de Deus é dita no nosso interior pelo Espírito Santo, é preciso parar, fazer silêncio e escutar.

Jesus passava muitas horas a ensinar as multidões que se juntavam para o escutar. Por esta razão, às vezes sentia-se cansado e sentia necessidade de encontrar força na oração.

Nesses momentos retirava-se para o monte e, em silêncio, ouvia a Palavra do seu Pai que, no seu coração, o Espírito Santo lhe ia comunicando.

Por vezes via-se mesmo que estava cheio de uma grande alegria interior que lhe vinha do Espírito Santo.

Uma vez Jesus disse aos discípulos: “quando quiserdes orar entrai no vosso quarto e aí, em silêncio, falai com o vosso Pai do Céu”.

Jesus queria dizer que há dois modos muito importantes de rezar: a oração da pessoa sozinha e em silêncio e a oração em comunidade quando celebramos a Eucaristia ou outras celebrações da fé.

Para ensinar que Deus está sempre connosco quando oramos, Jesus dizia: “Tudo o que pedirdes com fé na oração ser-vos-à concedido”.

E ainda: “pedi e ser-vos-à dado, buscai e achareis, batei à porta e a porta será aberta (...).
Se os pais humanos, apesar de serem pecadores sabem dar coisas boas aos seus filhos, quanto mais o vosso Pai do Céu que é todo bondade e amor vos dará coisas boas”.

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Calmeiro Matias

COMO ENCONTRAR DEUS NO NOSSO CORAÇÃO-IV

IV-BUSCANDO A VONTADE DE DEUS

Jesus disse ainda que, na nossa oração, devemos falar com Deus como um filho fala com um pai bondoso.

Não é preciso dizer muitas palavras, como fazem os que não conhecem o Deus verdadeiro, dizia Jesus.

Devemos pedir a Deus que nos ajude a fazer a sua vontade. A vontade de Deus coincide sempre com o que é melhor para nós.

Além disso o querer de Deus para todos os seres humanos é que se amem uns aos outros como irmãos.

Por isso Jesus disse: “Não são os que dizem Senhor, Senhor, que entram no Céu, mas sim os que fazem a vontade do Pai que está nos Céus”.

Depois da ressurreição de Jesus, os discípulos reuniam todos os dias para fazerem oração.
Certo dia, estando eles a orar, veio o Espírito Santo sobre eles e transformou totalmente o seu coração.

A partir desse momento, os discípulos sentiam-se interiormente cheios de força e alegria.
Corriam perigos enormes para anunciarem Jesus ressuscitado, pois já não tinham medo de nada.

Também nós, se aprendermos a parar para falar com Deus o Espírito Santo está connosco para nos ajudar.

Eis algumas coisas importantes que a bíblia diz sobre a oração: “Apresentai as vossas preocupações a Deus na oração”.

Noutra passagem, acrescenta: “Vivei alegres e orai todos os dias”. “Os ouvidos do Senhor estão sempre atentos para escutar os que fazem oração”. “Orai, a fim de ficardes fortes e não terdes medo de nada”.

Orar, portanto, é encontrar-se com Deus no nosso coração. Quando oramos podemos dizer a Deus as coisas que nos alegram e também as que nos entristecem.

Quando oramos, Deus enche-nos da força do Espírito Santo, a fim de vencermos as nossas dificuldades e fazermos coisas boas para nós e para aqueles que se encontram connosco na vida.

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Calmeiro Matias

quarta-feira, 16 de abril de 2008

DIMENSÃO ESPIRITUAL DO REINO DE DEUS-I

I-A PRIMEIRA PROFECIA DO REINO

O Reino de Deus foi a grande aspiração do Povo Bíblico durante cerca de mil anos. Tudo começou quando o profeta Natã anunciou a David que o Senhor Deus lhe ia suscitar um filho, o qual construiria um templo para Deus e reinaria com grande poder e majestade.

Deus prometeu a David adoptar este seu filho como filho de Deus, fazendo que o seu reino permaneça para sempre (2 Sam 7, 12-16).

Durante séculos o povo bíblico suspirou pela vinda do filho de David aguardando a restauração do Reino de David com todo o seu esplendor.

Segundo o sonho do profeta Isaías, os povos da terra viriam a Jerusalém procurando a Sabedoria de Deus, trazendo as suas riquezas, fazendo de Jerusalém a capital mais rica do mundo (Is 60, 1-
11).

Esta expectativa permaneceu até à vinda de Jesus. Eis as palavras que o anjo comunica a Maria no momento em que lhe comunica que ela vai ser a mãe do Messias:

“Disse-lhe o anjo: “Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus.Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus.

Ele será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu Pai David.

Reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim” (Lc 1, 30-33).

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Calmeiro Matias

DIMENSÃO ESPIRITUAL DO REINO DE DEUS-II

II-A VIRAGEM OPERADA POR JESUS

Era assim que os Apóstolos imaginavam a missão messiânica de Jesus. Jesus não via as coisas do mesmo modo.

O Espírito Santo tinha-o feito compreender que a sua missão se orientava num sentido bem diferente:

Eis o modo como o evangelho de Lucas descreve a descoberta de Jesus: “Jesus veio a Nazaré onde se tinha criado. Segundo o seu costume entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para ler.

Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías e, desenrolando-o deparou com a passagem em que está escrito:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres.
Enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista.

Enviou-me para libertar os oprimidos e a proclamar um ano favorável do Senhor (…). Começou, então, a dizer-lhes: “Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura que acabais de ouvir” (Lc 4, 18-21).

Ao contrário de Jesus, os Apóstolos esperavam que ele viesse restaurar o reino de David e fazer de Jerusalém a capital mais rica do mundo.

Eis a razão pela qual Jesus chama Satanás a Pedro, pois este não entende as coisas segundo Deus, mas sim segundo os critérios dos homens (Mt 16, 23).

Era normal que, perante uma compreensão destas eles aspirassem aos lugares mais importantes na corte messiânica.

E foi assim que Tiago e João seu irmão se dirigiram a Jesus pedindo-lhe que lhes cedesse os dois lugares mais importante na corte.

Os outros dez, ao verem este comportamento começaram a protestar. Jesus aproveitou a oportunidade para lhes explicar a sua missão não se encaixava na visão messiânica tradicional, segundo a qual a o Messias seria um rei poderoso.

Pelo contrário, diz-lhes Jesus, ele veio para servir e dar a vida pela salvação do mundo (cf. Mc 10, 35-45).

O evangelho de São Lucas tem um texto muito sugestivo sobre o lugar de destaque que os Apóstolos terão no banquete do Reino de Deus.

Mas é evidente que estas palavras, na boca de Jesus, não se referiam a um poder de domínio terreno:

“Vós permanecestes sempre a meu lado nas minhas provações. Por isso disponho do Reino em vosso favor, como meu Pai dispõe dele em meu favor, a fim de que comais e bebais à minha mesa no meu reino.

E haveis de sentar-vos em doze tronos para julgardes as doze tribos de Israel (Lc 22, 28-30).

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Calmeiro Matias

DIMENSÃO ESPIRITUAL DO REINO DE DEUS-III

III-A GRANDE MUDANÇA DOS APÓSTOLOS

Após a Ressurreição de Jesus, o Espírito Santo foi conduzindo os discípulos no sentido de estes compreenderem o alcance da missão messiânica de Jesus.

Nos finais do século primeiro, o Evangelho de São João já tem uma visão totalmente distinta:
“Jesus, sabendo que viriam arrebatá-lo para o fazer rei, retirou-se de novo sozinho para o monte” (Jo 6, 15).

Mais à frente acrescenta: “ Pilatos perguntou a Jesus:’ tu és rei dos judeus?’ (...). Jesus respondeu, o meu reino não é deste mundo.

Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que eu não fosse entregue às autoridades judaicas.

Portanto, o meu reino não é de aqui. Disse-lhes Pilatos: ’logo, tu és rei? Respondeu-lhe Jesus: ‘é como dizes: eu sou rei’ Para isto nasci e vim ao mundo: dar testemunho da verdade” (Jo 18, 33-37).

Estas palavras do evangelho de São João já não têm qualquer conotação de poder terreno.
As primeiras gerações cristãs, no entanto, esperavam uma segunda vinda de Jesus para julgar os vivos e os mortos e restaurar o Reino de David (Act 3, 19-21; Lc 22, 28-30).

Está nesta mesma linha a visão milenarista do Apocalipse (Apc 20, 4-6). Estamos no terceiro milénio.

Isto significa que temos muitos séculos de reflexão sobre o mistério do Reino e o projecto salvador de Deus. Como resultado, temos um maior aprofundamento e enriquecimento na compreensão deste mistério.

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Calmeiro Matias