quarta-feira, 17 de setembro de 2008

PASSOS PARA CRESCER COMO PESSOA-II

II-ATENÇÃO À PESSOA DO OUTRO

Uma das doenças mais perigosas dos nossos tempos é a solidão. É uma epidemia que tende a generalizar-se, pois as pessoas vivem cada vez mais enredadas numa série de solicitações e tarefas que as impedem de comunicar em profundidade.

Isto é uma ameaça muito séria para a vida em casal, pois esta não pode manter-se sem uma comunicação profunda.

Dar atenção ao seu companheiro ou companheira é tão essencial como dar de comer a uma criança que não pode alimentar-se sozinha.

Isto quer dizer que na vida de casal a pessoa precisa do outro para vencer ou não cair na solidão.
Os outros são uma mediação indispensável para a cura da solidão.

A amabilidade é uma das formas mais simpáticas de viver o amor. Um gesto amável ou uma palavra amiga ajuda o outro a sentir-se aceite e válido.

Mostrar simpatia por uma pessoa é aumentar as suas possibilidades de integração e realização social.

Não nos podemos esquecer da lei fundamental da reciprocidade: A pessoa não é capaz de gostar de si, antes de alguém ter gostado dela.

Como dissemos acima, construímo-nos em relações com os outros e encontramos a nossa plenitude pessoal na comunhão com os demais.

Emn comunhão Convosco
Calmeiro Matias

PASSOS PARA CRESCER COMO PESSOA-III

III-CAPACIDADE DE PERDOAR

A capacidade de perdoar é fundamental para poder acontecer o crescimento na vida do casal.
O perdão beneficia a pessoa perdoada, mas acima de tudo beneficia a pessoa que perdoa.

Com efeito, enquanto uma pessoa não perdoa, está amarrada e dominada pela pessoa do outro.
Por outras palavras, enquanto uma pessoa se recusa a perdoar o outro este domina-a.

De facto, enquanto não perdoamos, o outro gira dia e noite como um remoinho no nosso íntimo, sem sermos capazes de nos libertar dele.

No momento em que decidimos perdoar, a pessoa do outro deixa de ser uma presença obsessiva a girar na nossa mente, bloqueando as nossas capacidades de criar e trabalhar.

Com efeito, o ressentimento e o ódio são sentimentos que dominam e oprimem a pessoa que os tem.

A pessoa dominada pelo rancor, pela raiva ou o ódio só consegue libertar-se através do perdão.
No momento em que a pessoa decide perdoar sente-se realmente livre e desculpabilizada.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

PASSOS PARA CRESCER COMO PESSOA-IV

IV-A ARTE DE COMPREENDER

Compreender e aceitar o outro não significa anular as diferenças que existem entre ele e nós.
O amor não anula. Pelo contrário, optimiza aquilo que de bom existe na pessoa do outro.

É importante ter presente que cada pessoa é única, original e irrepetível. Compreender é procurar entender o que o outro está a querer dizer-nos e o que está a tentar fazer.

Uma pessoa que gasta a ida ao serviço do amor, mesmo que não seja cristã tem a veste nupcial para participar no banquete do Reino de Deus.

Compreender o outro é ajudá-lo a gostar de si, aceitando-o assim como é. Na medida em que a pessoa se sente aceite como é e valorizada, começa a sentir forças para se realizar, fazendo emergir o melhor das suas possibilidades.

Todos somos sensíveis às atitudes dos outros para connosco. Damo-nos muito bem conta de quando os demais nos estão a dar a mão ou nos estão a rejeitar e a marginalizar.

Uma criança é capacitada para fazer melhor quando se sente valorizada naquilo que acabou de fazer
.
Damo-nos muito bem conta de quando estamos a ser acolhidos e bem recebidos ou, pelo contrário, estamos a ser indesejados.

A pessoa só se possui plenamente na reciprocidade amorosa.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

PASSOS PARA CRESCER COMO PESSOA-V

V-AMAR E DEIXAR-SE AMAR

A pessoa ama tornando-se dom para o outro. Mas permitir ao outro que seja dom para nós é também uma forma de o amor, pois é dar-lhe a possibilidade de se realizar.

Neste mundo agitado em que vivemos, não é fácil encontrar espaço para o dom e a gratuidade.

Por isso o processo da humanização, encontra tantos bloqueios na indiferença reinante entre as pessoas e na violência, tanto a nível das famílias, das sociedades e das nações.

Vendo as coisas à luz da fé, a pessoa do outro é um dom que Deus nos dá para nos podermos humanizar.

Do mesmo modo, nós estamos chamados a ser dom para ajudar o outro a realizar-se e ser feliz.

Por outras palavras, amar o outro é acolhê-lo como dom de Deus e procurar ser dom para ele.
Apesar de estarmos chamados a ser dom para os irmãos, podemos recusar-nos.

Como sabemos, o amor propõe-se, mas nunca se impõe. No entanto, a fidelidade às propostas do amor é condição para a pessoa atingir a sua realização e felicidade.

Por outras palavras, só podemos atingir a maturidade pessoal tornando-nos dom. Com efeito, a plenitude da pessoa não está em si, mas na reciprocidade da comunhão com os outros.

Face a este apelo fundamental podíamos perguntar-nos: Em que medida uma pessoa está possibilitada para ser dom para os outros?

Esta pergunta coloca-nos no coração do mistério da reciprocidade amorosa. O princípio que nos permite dar a resposta a esta questão é o seguinte:

Estamos capacitados para ser dom, na medida em que os outros foram dom para nós. É a lei do amor: “ Ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado e o mal amado ama mal, mesmo dando o melhor de si”.

Talvez um exemplo pode ajudar-nos a compreender melhor este mistério do amor: Uma pessoa amada em densidade cinco está capacitada para amar em densidade cinco, como diz o evangelho de São Mateus (Mt 25, 20-21).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

PASSOS PARA CRESCER COMO PESSOA-VI


VI-SER MEDIAÇÃO DE FELICIDADE

O ser humano faz-se bom, fazendo o bem, isto é, agindo de acordo com as interpelações do amor, tal como estas surgem na nossa consciência.

As propostas que nos são feitas no sentido de agir de acordo com o amor surgem como apelos no íntimo da nossa consciência.

Agir de acordo com a consciência é, basicamente, responder sim aos valores que os outros nos transmitiram e agir de acordo com a voz de Deus que se faz ouvir na nossa consciência.

Podemos dizer que a nossa consciência é o ponto de encontro com Deus e os outros. Os outros tornam-se presentes na nossa consciência através dos valores que foram inscrevendo em nós mediante o processo educativo.

O Espírito Santo, por sua vez, é uma presença constante que, no nosso íntimo nos convida a ser dom para os irmãos no concreto das situações.

Podemos estar seguros que o Espírito Santo nos ama e aceita assim como somos. Nunca nos pede para ir além das nossas possibilidades.

Mas a pessoa não é apenas fidelidade. Tem também a possibilidade de se recusar a ser dom.

Neste caso, em vez de se realizar como pessoa e facilitar a realização dos outros, o ser humano torna-se uma força de bloqueio na marcha da humanização.

Quando aceitamos ser dom para os outros estamos a ser fieis a Deus que nos chama a fazer render os nossos talentos.

Além disso, estamos a ser fieis àqueles que tendo-nos amado, nos capacitaram para amar. Finalmente, estamos a realizar-nos como pessoas e a possibilitar a realização dos outros.

Portanto, o amor dos outros não nos realiza, mas dá-nos a possibilidade de nos realizarmos, tornando-nos dom para os outros.

Isto quer dizer que, em princípio, ao encontrar-nos com o outro temos a possibilidade de ser dom.

Mas isto não é uma fatalidade, pois o outro também nos pode impedir a realização desta possibilidade de sermos dom para ele.

Não podemos ignorar a realidade do pecado, o qual actua como um conjunto de forças e atitudes bloqueadoras do amor.

Mas sempre que os nossos encontros com os outros são gnificativos, o Espírito Santo começa a actuar na nossa consciência, interpelando-nos a ser dom na medida em que estejamos possibilitados.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias


segunda-feira, 15 de setembro de 2008

ENSINAMENTOS IMPORTANTES DE JESUS-I

I-O AMOR INCONDICIONAL DE DEUS PAI

Jesus Cristo não foi um homem ambíguo. A sua mensagem era “Sim, sim, não, não”. A sua Palavra projectava luz sobre o mistério de Deus e do Homem.

Por esta razão as pessoas que acolhiam a sua palavra começavam a crescer em sabedoria. Na verdade, a palavra de Jesus capacitava as pessoas para saborearem a vida, coisas e os acontecimentos com os critérios de Deus.

Jesus foi o portador do dom da salvação para a Humanidade. Uma vez que a salvação é um dom, depende de nós umanidadehaceitá-lo ou não.

Por outras palavras, seremos salvos na medida em que aceitarmos ser incorporados na família da Santíssima Trindade.

Naturalmente que esta aceitação é uma questão de atitudes de vida pelas quais passa necessariamente o modo como optamos viver em relação ao amor fraterno.

Portanto, a salvação não se obtém de modo automático através de ritos com efeitos mágicos. A mensagem de Jesus gira à volta da proclamação de que existe apenas um Deus que ama cada pessoa de modo único, pois cada pessoa é ser único, original e irrepetível.

Este amor particular e incondicional é a expressão do desejo que Deus tem de nos integrar na sua Família como filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho de Deus.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

ENSINAMENTOS IMPORTANTES DE JESUS-II

II-ESPÍRITO SANTO E MISSÃO MESSIÂNICA

É o Espírito Santo que, com o seu jeito maternal de amar, insere nesta inter-comunhão humano-divina (Rm 8, 14-15; Gal 4, 4-7).

É isto que São Paulo quer dizer quando afirma que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações Rm 5, 5).

O Espírito Santo é o grande dom messiânico que nos vem de Cristo Ressuscitado, diz o evangelho de São João (Jo 7, 37-39).

Pelo mistério da Encarnação, diz o evangelho de São João, foi-nos dado o poder de nos tornarmos filhos de Deus, não pela vontade da carne ou os impulsos humanos, mas sim por vontade de Deus (Jo 1, 12-14).

Na sinagoga de Nazaré, Jesus declara que o Espírito o consagrou para realizar a sua missão de salvar a Humanidade:

“O Espírito de Deus está sobre mim porque me ungiu, a fim de anunciar a Boa Nova aos pobres. Enviou-me a curar os de coração despedaçado e a anunciar a libertação aos cativos.

Enviou-me a dar vista aos cegos, a enviar em liberdade os prisioneiros e a anunciar o Ano da Graça do Senhor” (Lc 4, 18-19).

São Paulo entendeu muito bem a missão salvadora de Jesus quando afirmou: “Se alguém está em Cristo é um Nova Criação. Passou o que era velho. Eis que tudo se fez novo.

Tudo isto vem de Deus que nos reconciliou consigo em Cristo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17-19).

A missão messiânica de Jesus situa-se, pois, no centro deste plano salvador de Deus. Por seu lado, esta dinâmica salvadora é obra do Espírito Santo que Jesus ressuscitado nos comunica.

O Espírito Santo é a Água Viva que faz emergir uma nascente de Vida Eterna no nosso Coração (Jo 4, 14).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ENSINAMENTOS IMPORTANTES DE JESUS-III

III-JESUS E A FAMÍLIA UNIVERSAL DE DEUS

Jesus tinha consciência de que a sua missão era construir a Família Universal de Deus, a qual não assenta nos laços do Sangue. Mas sim nos laços do Espírito Santo:

“Nisto chegou a sua mãe e os seus irmãos que, ficando do lado de fora, o mandaram chamar.
A multidão estava sentada em volta dele quando lhe disseram:

“Estão lá fora a tua mãe e os teus irmãos que te procuram”. Percorrendo com o olhar os que estavam sentados à volta dele, disse:

“Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Aquele que fizer a vontade de Deus é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc 3, 31-35).

Pertencer à Família de Deus é um dom que nos é concedido e que nós podemos aceitar ou não.
O modo de aceitar este dom diz Jesus é acolher a Palavra e fazer a vontade de Deus.

O Evangelho de São Mateus acrescenta ainda que o amor aos irmãos é uma condição para ser filho de Deus:

“Ouvistes que foi dito: amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.

Procedendo assim, tornar-vos eis filhos do vosso Pai que está nos Céus” (Mt 5, 43-45). Esta vida nova é fruto de uma novo nascimento que nos é concedido através do Espírito Santo.

O que nasce da carne é carne. Por isso é preciso nascer do Espírito Santo para entrar na família de Deus (Jo 3, 3-6).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ENSINAMENTOS IMPORTANTES DE JESUS-IV

IV-A UNIÃO A CRISTO COMO CONDIÇÃO DE SALVAÇÃO

A salvação implica um jeito novo de viver que só os que estão unidos a Cristo possuem verdadeiramente.

As relações cujo dinamismo vem do Espírito Santo, o grande dom dos tempos messiânicos. Não possui esta dinâmica vital quem não estiver unido a Cristo de modo orgânico.

Na verdade, Jesus Cristo é o coração da Humanidade divinizada, através da incorporação na Família de Deus.

A nossa união orgânica com Jesus é semelhante à união da cepa da videira com os seus ramos.
Os ramos vivem e são fecundos na medida em que estão unidos à cepa (Jo 15, 4-5).

A Primeira carta a Timóteo diz que Jesus é o único homem constituído medianeiro entre nós e Deus (1 Tim 2, 5).

O Filho está organicamente unido ao Pai pelo Espírito santo. Nós estamos organicamente unidos ao Filho por este mesmo Espírito.

É este o mistério da comunhão mediante a qual nós somos incorporados na comunhão da Santíssima Trindade (cf. Jo 17, 21-23).

No evangelho de São João, Jesus diz que ele é o único caminho pelo qual nós podemos chegar ao Pai:

“Jesus disse-lhe: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai a não ser por mim” (Jo 14, 6).

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

ENSINAMENTOS IMPORTANTES DE JESUS-V


V-A MISSÃO DE JESUS CORRESPONDE À VONTADE DO PAI

Jesus dizia que recebeu directamente do Pai a tarefa de realizar a sua missão. Esta missão faz parte do amor de Deus Pai por nós, diz Jesus:

“De tal modo Deus amou o mundo que lhe deu o seu único Filho, a fim de que todo aquele que acredita nele não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).

Jesus é o enviado de Deus, a fim de a humanidade ser salva: “A vontade de Deus é que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade.

Existe apenas um só Deus e um só medianeiro entre Deus e o Homem, Jesus Cristo homem” (1 Tim 2, 4-5).

Jesus declarou que a sua mensagem e o seu modo agir correspondiam rigorosamente ao querer de do Pai:

“O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).
O Novo Testamento, por vezes, relaciona Jesus com Adão e salienta o contraste existente entre os dois:

Adão foi criado à imagem de Deus (Gn 1, 26-27). Mas não aceitou a sua condição de criatura.
Enchendo-se de orgulho, Adão quis ser igual a Deus (Gn 3, 1-6).
No evangelho de São João, Jesus declara-se totalmente fiel à vontade de Deus:

“Não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 5, 30). Como cabeça da humanidade, Adão colocou os seres humanos no caminho do malogro e do fracasso.

Jesus Cristo, com sua fidelidade, fez de nós uma Nova Criação reconciliada com Deus (2 Cor 5, 17-19).

Servindo-se desta analogia, a Carta aos Filipenses diz o seguinte: “Sendo imagem perfeita de Deus, Cristo Jesus não reivindicou ser igual a Deus, mas assumiu a condição de servo em tudo igual aos homens.

Considerado como simples homem tornou-se obediente até à morte e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou e lhe deu um nome que está acima de qualquer outro.

Por esta razão toda a Criação se ajoelha diante dele, tanto as do Céu, como as da Terra e as que estão abaixo da terra, a fim de que toda a língua confesse que Jesus Cristo é Senhor para glória de Deus Pai” (Flp 2, 6-11).

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

ENSINAMENTOS IMPORTANTES DE JESUS-VI

VI- A NOVIDADE DA MENSAGEM DE JESUS

A novidade da mensagem de Jesus tem a ver com o amor. É certo que Jesus não foi o primeiro mestre espiritual a insistir na necessidade de amar o próximo.

A obrigação de amar o próximo para agradar a Deus e obter as suas bênçãos é proclamada ao longo de todo o Antigo testamento.

Os profetas insistiam em que, sem o amor fraterno, os cultos não podiam agradar a Deus: Eis o que o profeta Isaías disse setecentos e tal anos antes de Cristo:

“De que me serve a multidão das vossas vítimas, diz o senhor. Estou cansado de holocaustos de carneiros e de gordura de bezerros.

Não me agrada o sangue dos vitelos, dos cordeiros ou dos bodes. Quando viestes ao meu santuário para me prestar culto, quem reclamou de vós semelhantes dons?

Não me ofereçais dons inúteis. O vosso incenso é-me abominável. As celebrações lunares, os sábados, as reuniões de culto, e as solenidades são-me insuportáveis.

Quando levantais as vossas mãos para mim afasto de vós os meus olhos. Podeis multiplicar as vossas preces que eu não as atendo, pois as vossas mãos estão cheias de sangue inocente.

Lavai-vos, purificai-vos e tirai da frente dos meus olhos a malícia das vossas acções. Cessai de fazer o mal e aprendei a fazer o bem. Procurai o que é justo, socorrei os oprimidos.

Fazei justiça aos órfãos e defendei as viúvas. Agora podeis vir, pois vamo-nos a entender, diz o Senhor.

Mesmo que os vossos pecados sejam vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã” (Is 11-18).

Como vemos, a primazia do amor está no centro das grandes mensagens proféticas. A novidade de Jesus, em relação ao amor, está no facto de nos mandar amar ao jeito de Deus, isto é, com amor caridade.

Segundo Jesus, a lógica humana não é a medida do amor. A medida perfeita do amor é o coração de Deus, do qual nos devemos aproximar o mais possível.

Eis as palavras de Jesus no evangelho de São Mateus: “Ouvistes o que foi dito: amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, digo-vos:

"Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. Procedendo deste modo tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que está nos Céu, pois ele faz com que o sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores.

Se amais apenas os que vos amam que recompensa haveis de ter? Não fazem assim também os cobradores de impostos?

E se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isso os pagãos?
Portanto, sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai do Céu” (Mt 5, 43-48).

Jesus aponta aos discípulos a perfeição do amor de Deus como meta para o seu amor. Com esta proposta, Jesus não queria dizer que o homem pode igualar a perfeição do amor de Deus, mas sim afirmar que o amor não pode encerrar-se em normas, leis e preceitos criados pelo Homem.

A vida teologal é a única realidade que distingue o cristão do não cristão. O amor dos não cristãos é amor verdadeiro e, por conseguinte, dinâmica da salvação.

Mas o amor caridade, isto é, o amor ao jeito de Deus adquire um horizonte novo graças à Palavra e à acção Espírito Santo no coração dos crentes.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ENSINAMENTOS IMPORTANTES DE JESUS-VII

VII-JESUS E A ORAÇÃO

Os evangelhos insistem em que Jesus tomava a oração muito a sério. A oração, para Jesus, não era um vista como um conjunto de palavras mágicas, mas antes como um diálogo familiar com Deus, a quem ele chamava “Abba” isto é, Papá.

Para Jesus é preciso orar sempre, não para fazer que Deus nos oiça, mas sim para podermos ouvir a Deus.

A oração não é para mudar o querer de Deus a nosso respeito. Na verdade, a vontade de Deus a nosso respeito coincide exactamente com o melhor para nós.

A oração, na perspectiva de Jesus, é uma relação amorosa com Deus. Como sabemos, as relações modificam as pessoas. Ora se a oração é uma relação com as pessoas divinas que se vai modificando é o ser humano.

Com efeito, Deus é amor. Isto quer dizer que a sua vontade é o nosso bem. Por ser uma relação amorosa com Deus, a oração configura o nosso coração com o coração de Deus, capacitando-nos para irmos mais longe na vivência do amor.

A nossa oração, quando é feita em união com Cristo, diz o evangelho de São João, será sempre atendida.

Eis as palavras de Jesus: “E o que pedirdes em meu nome, eu o farei, a fim de que a glória do Pai se revele no Filho” (Jo 14, 13).

Depois acrescenta: “Até agora não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis e, deste modo, a vossa alegria será completa” (Jo 16, 24).

A oração feita em união com Jesus é atendida pelo Pai como se fosse a própria oração de Jesus:
“Nesse dia, apresentareis em meu nome os vossos pedidos ao Pai e não vos digo que vou rogar por vós ao Pai.

Na verdade, é o próprio Pai que vos ama, pois vós amais-me e acreditais que eu saí de Deus.
Eis o que diz a Carta aos Efésios: “Mediante a fé em Jesus Cristo podemos aproximar-nos de Deus com toda a liberdade e confiança” (Ef 3, 12).

Segundo o evangelho de São Lucas, Jesus orava sempre nos momentos importantes da sua vida.
Após o seu baptismo, diz Lucas, Jesus começou a orar e, nesse momento, os Céus abriram-se e o Espírito Santo desceu sobre Jesus em forma de pomba.

No mesmo instante ouviu-se a voz de Deus Pai dizendo: “Tu és o meu Filho muito amado no qual ponho o meu encanto” (Lc 3, 21-22).

No momento de escolher os doze Apóstolos, Jesus retirou-se para a montanha e passou a noite em oração (Lc 6, 12-13).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

CHAMADOS A REVELAR O ROSTO DE DEUS-I

I-O ROSTO DE DEUS COMO MISTÉRIO

O rosto de Deus, na Bíblia, significa o ser e a identidade de Deus. Quando a bíblia diz que um patriarca ou um profeta procurava o rosto de Deus queria dizer que esse personagem desejava entrar em intimidade com Deus.

Quando a bíblia fala da impossibilidade de ver a face de Deus, quer dizer que a capacidade humana para saborear a intimidade e a comunhão com Deus é limitada.

Com o acontecimento da morte, a nossa capacidade de ver a face de Deus é optimizada, pois já não está condicionada pelas limitações do nosso ser exterior.

Procurar o rosto de Deus, portanto, é o mesmo que procurar o coração de Deus e a comunhão com ele.

Procurar o rosto de Deus é desejar conhecer mais profundamente o plano de Deus, a fim ter os seus critérios para agir e valorizar as coisas, amando o que Deus ama.

Na medida que tenhamos critérios idênticos aos de Deus, o nosso querer e o nosso agir estarão em sintonia com a vontade divina.

Os santos, na Bíblia, são os seres humanos que viviam atentos à vontade e ao plano de Deus.
Quando procuramos a face de Deus estamos a responder ao apelo do Espírito Santo que, no nosso íntimo, desperta a o desejo de encontrar o amor incondicional de Deus.

Consciente de que a presença e a acção do Espírito Santo acontece no mais íntimo da pessoa, São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Isto quer dizer que é no íntimo do nosso coração que somos incorporados na comunhão orgânica da Família de Deus.

Com o seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo põe-nos face a face com o Pai que nos acolhe como filhos e com o Filho de Deus que nos acolhe como irmãos com os quais partilha a sua herança (Rm 8, 14-17).

Quanto maior for a nossa fidelidade ao Espírito que nos habita mais profunda será a nossa comunhão familiar com o Espírito de Deus.

O livro do Génesis diz que numa certa noite o patriarca Jacob passou a noite a lutar com uma figura desconhecida.

Pela manhã, ao aperceber-se de que se tratava de Deus, Jacob ficou espantado, pois viu Deus face a face e não morreu (Gn 32, 30).

Subjacente a este relato está a ideia de que o homem não pode ver o rosto de Deus, isto é, não pode entrar no mistério do ser e da identidade de Deus.

O rosto de Deus, na bíblia é um mistério, isto é, uma realidade secreta e oculta à qual o Homem não tem acesso por si.

Por outras palavras, o mistério, na bíblia, é um segredo, isto é, uma realidade desconhecida à qual o ser humano só pouco a pouco pode ter acesso quando Deus o revelar.

Eis as palavras de São Paulo na Carta aos Efésios: “Por revelação me foi dado conhecer o mistério, tal como vo-lo apresentei de modo sumário.

Ao lê-lo podereis compreender a compreensão que eu tenho do mistério de Cristo, o qual não foi dado a conhecer dos homens do passado.

Mas agora Deus o revelou pelo Espírito Santo aos seus santos Apóstolos e Profetas” (Ef 3, 3-5).

A Carta aos Colossenses diz que a missão de São Paulo é anunciar a rique3za e profundidade do mistério de Cristo, a fim de as pessoas poderem dar a conhecer o mistério de Deus em quem se encontram escondidos os tesouros da Sabedoria e do conhecimento de Cristo” (Col 2, 2-3).

No evangelho de São Mateus, Jesus diz aos seus discípulos que eles têm o privilégio de aceder aos mistérios do Reino:

“A vós foi-vos dado conhecer o mistério do Reino dos Céus, mas aos de fora não” (Mt 13, 11).
No evangelho de São Lucas, Jesus é ainda mais explícito quando afirma:

“Felizes os olhos que vêem o que estais a ver. Na verdade, muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não o ouviram!” (Lc 10, 23-24).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CHAMADOS A REVELAR O ROSTO DE DEUS-II

II- MOISÉS E A REVELAÇÃO DO ROSTO DE DEUS

O Livro do Êxodo relata-nos um episódio onde aparece Moisés a pedir a Deus para lhe mostrar o seu rosto.

Deus respondeu-lhe dizendo que o ser humano não pode ver o rosto de Deus e continuar a viver.
“Não podes ver o meu rosto, disse Deus, pois o homem não me pode ver e continuar a viver” (Ex 33, 20).

É evidente que um texto como este não é para ser tomado à letra. Na verdade, o autor quer dizer apenas que Deus e Moisés não são iguais. O ser humano é imperfeito e limitado.

Deus, pelo contrário, é perfeito e infinito em todas as suas perfeições. Dizer que o homem não pode ver o rosto de Deus quer dizer que o Homem não tem capacidade para captar Deus de modo perfeito.

A prova de que o autor não pretende ser tomado à letra, é que no capítulo vinte e quatro do mesmo Livro do Êxodo o autor diz que Moisés viu a face de Deus.

Apesar de ter visto a face de Deus e ter comunicado face a face com ele, Moisés não morreu (Ex 24, 10-11).

O livro do Deuteronómio diz que Moisés foi especial entre os profetas, pois Deus comunicou face a face com ele (Dt 34, 10).

Estes textos pretendem afirmar a excepcional intimidade que existia na relação de Deus com Moisés.

A aparente contradição destes textos não é mais que uma tentativa de afirmar por um lado a total transcendência de Deus e, por outro, a sua presença junto do Homem.

Por vezes a bíblia dá a entender que Deus esconde o seu rosto quando está magoado com os pecados do povo.

Neste caso, esconder o rosto corresponde a afastar-se do Homem. A palavra hebraica “Paniym” significa rosto e presença. Portanto, esconder o rosto é retirar-se, afastar-se.

O livro do Êxodo apresenta Moisés como o grande revelador do rosto de Deus. A maneira de ele realizar esta missão consiste em fazer de medianeiro entre Deus e o povo.

Moisés realiza esta missão indo ao encontro de Deus e vindo ao encontro do Povo com a mensagem de Deus.

Por outras palavras, o medianeiro da Palavra de Deus é alguém que fala de Deus como de alguém com quem acabou de se encontrar.

Eis alguns textos significativos: E Moisés subiu até Deus (Ex 19, 3). Então Moisés desceu de junto de Deus e falou aos anciãos do Povo (Ex 19, 7).

Moisés levou as palavras do Povo até junto de Deus (Ex 19, 8). Então Moisés desceu da montanha até à planície onde se encontrava o Povo (Ex 19, 14).

O Senhor chamou Moisés do alto da montanha. Moisés subiu até ao topo da montanha, encontrando-se com Deus (Ex 19, 20).

Depois, Moisés desceu até junto do Povo e disse (Ex 19, 25). Moisés foi receber as tábuas da Lei. O Povo, aterrorizado, mantinha-se à distância e não quis aproximar-se da nuvem densa na qual Deus se tornava presente a Moisés (Ex 20, 18-21).

O Povo mantinha-se à distância, enquanto Moisés se aproximou da densidade da nuvem na qual Deus estava presente (Ex 20, 21).

Então Moisés desceu até junto do Povo e relatou todas as palavras do senhor e os seus preceitos (Ex 24, 3);

De novo Moisés subiu à montanha e a nuvem cobriu o topo da montanha (Ex 24, 15). Então, Moisés recebeu as tábuas da Lei, as quais foram escritas pelo próprio dedo de Deus (31, 18).

Depois, Moisés desceu da montanha, trazendo as Tábuas da Lei, as quais estavam escritas dos dois lados (Ex 32, 15).

Depois, Moisés voltou até junto de Deus (Ex 32, 31). Então, Deus disse a Moisés: “Agora vai e conduz o Povo até onde eu te disse” (Ex32, 34).

Moisés desceu da montanha, mas não sabia que o seu rosto brilhava em virtude de ter falado com Deus (Ex 34, 29).

O rosto do portador da Palavra de Deus leva em si a marca da própria Palavra.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CHAMADOS A REVELAR O ROSTO DE DEUS-III

III-JESUS E O ROSTO DE DEUS

Jesus Cristo é a melhor expressão do rosto de Deus na História da Salvação. O Novo testamento diz que Jesus, antes de revelar o rosto de Deus aos homens, comunicou face a face com o próprio Deus.

“Após ter sido baptizado, Jesus entrou em oração. Nesse momento, o Céu abriu-se e o Espírito Santo desceu sobre ele, tendo a forma corporal de uma pomba.

Nesse momento, desceu do Céu uma voz que disse: “Tu és o meu filho bem-amado. Hoje mesmo te gerei” (Lc 3, 21-22).

Antes de iniciar a sua missão, Jesus foi consagrado pelo Espírito santo e o Pai declara que ele é o Messias, o filho de Deus.

Tal como aconteceu com Moisés, Jesus procurava as montanhas, as colinas e os lugares silenciosos para contemplar o rosto de Deus, isto é, entrar em comunhão com a intimidade de Deus.

O ruído e a dispersão não são boas mediações para nos encontrarmos face a face com Deus. Eis o que diz o evangelho de São Lucas:

“Tomando consigo Pedro, João e Tiago, Jesus subiu à montanha para orar. Enquanto orava, o aspecto do seu rosto alterou-se e as suas vestes tornam-se brilhantes” (Lc 9, 28-29).

Não é difícil descobrir a relação desta e outras passagens com os relatos que falam dos encontros de Moisés com Deus:

“De madrugada, estando ainda escuro, Jesus levantou-se e retirou-se para um lugar deserto, a fim de orar (Mc 1, 35).

Ou então: “Tendo despedido as multidões, Jesus subiu ao monte para orar a sós” (Mt 14, 23).
Olhando para os seus ensinamentos, vemos como Moisés e os profetas ficaram muito aquém de Jesus no que se refere à profundidade do conhecimento e da experiência de Deus.

Antes de Jesus, ninguém chegou tão longe na revelação do rosto de Deus aos homens. Basta olhar para a profundidade deste e outros textos do Novo Testamento para compreendermos o salto de qualidade que a revelação deu com Jesus:

“Jesus disse-lhe: “Há tanto tempo que estou convosco e não ficaste a conhecer-me, Filipe?
Quem me vê, vê o Pai. Como é que ainda me pedes para te mostrar o Pai?

Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?” (Jo 14, 9-10). Noutra passagem do quarto evangelho, Jesus diz: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30).

Quando a bíblia diz que Deus nos mostra o seu rosto, não está a falar de um acontecimento exterior.

Deus revela-se ao Homem a partir de dentro. Deus é a interioridade máxima da realidade.
Por outras palavras, quando Deus vem ao encontro do Homem não vem a partir de fora.

A Primeira Carta aos Coríntios diz que o nosso coração é um templo onde o Espírito de Deus habita (1 Cor 3, 16).

O evangelho de São João diz que a revelação do rosto de Deus acontece porque Deus faz uma união orgânica connosco:

“Nesse dia, disse Jesus, compreendereis que eu estou no Pai, vós em mim e eu em vós” (Jo 14, 20).

Por ser homem como nós, Jesus é o medianeiro entre Deus o Homem, diz a primeira Carta a Timóteo (1 Tim 2, 5).

No Evangelho de São João diz que a função do medianeiro leva consigo a missão de revelar o rosto de Deus:

“Jesus respondeu: eu sou o Caminho a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir ao Pai senão por mim.
Se me conheceis, conhecereis também o Pai. E já o conheceis, pois estais a vê-lo” (Jo 14, 6-7).

Jesus é, portanto, a revelação máxima do rosto de Deus. É verdade que olhar para Jesus era olhar para um homem.

Mas a sua fidelidade incondicional à vontade de Deus é o meio mais perfeito de Deus nos revelar o seu rosto.

Este mistério da união orgânica da Humanidade com a Divindade através de Cristo é reforçada noutra passagem do evangelho de São João:

“Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti. Que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste.

Dei-lhes a glória que tu me deste, de modo que sejam um como nós somos um. Eu neles e tu em mim, a fim de eles poderem chegar à perfeição da unidade” (Jo 17, 21-23).

Na verdade, o rosto de Deus revelou-se de uma maneira única neste homem de Nazaré.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CHAMADOS A REVELAR O ROSTO DE DEUS-IV

IV-OS CRISTÃOS E O ROSTO DE DEUS

À imitação de Jesus, as comunidades cristãs estão chamadas as ser no mundo uma revelação do rosto de Deus.

Como sabemos, o Corpo de Jesus ressuscitado é um corpo glorioso, isto é, espiritual (1 Cor 15, 44- 45).

Isto quer dizer que Cristo já não tem um corpo físico para se comunicar com os homens. Esta é a razão pela qual os cristãos estão chamados a ser no mundo o corpo de Cristo, a fim de serem no mundo uma revelação do rosto de Deus.

A comunidade é uma mediação privilegiada para revelar o rosto de Deus, pois é animada pelo Espírito que consagrou Jesus, a fim de revelar o rosto comunitário de Deus.

Na verdade, Deus não é uma pessoa mas uma comunidade amorosa de três pessoas. A primeira Carta aos Coríntios diz que fomos baptizados no mesmo Espírito, a fim de formarmos um só corpo (1 Cor 12, 13).

Podemos dizer que a comunidade cristã está chamada a ser sacramento do amor salvador de Deus pela Humanidade.

Além da união orgânica que liga Cristo e a Humanidade, os cristãos estão ligados a Cristo mediante um vínculo sacramental.

Na Primeira Carta aos Coríntios, São Paulo não se cansa de afirmar que a comunidade cristã é o Corpo de Cristo (1 Cor 10, 17; 12, 27; 12, 13).

O Corpo de Cristo é, pois, uma comunhão orgânica dinamizada pelo Espírito Santo. Este mistério é revelado de modo sacramental pela comunhão eucarística (1 Cor 10, 17).

Mas para lá disso, as comunidades cristãs são alimentadas pela Palavra e pelo Espírito, os dois pilares da vida teologal de fé, esperança e amor-caridade, isto é, o amor ao jeito de Deus.

A vida teologal é o que distingue o cristão do não cristão. Isto quer dizer que temos um dado original em relação a todos os outros seres humanos.

Este dado original é a novidade que nos constitui como um sacramento que explicita a presença de Cristo e revela ao mundo o rosto de Deus.

É esta a razão pela qual os cristãos estão chamados a ser evangelizadores no mundo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CHAMADOS A REVELAR O ROSTO DE DEUS-V

V-CHAMADOS A REVELAR O ROSTO DE DEUS

Quando acolhemos a Palavra no nosso coração, o Espírito Santo consagra-nos para evangelizar o mundo, anunciando a ressurreição de Cristo e revelar ao mundo o rosto amoroso de Deus Salvador.

Eis o que diz a Primeira Carta a Timóteo: “A vontade de Deus é que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tim 2, 4).

Para poder revelar o rosto de Deus ao mundo, o Apóstolo precisa de possuir uma fé sólida e uma experiência de oração semelhante à de Jesus Cristo.

Por outras palavras, enquanto orava, Jesus fazia a experiência do face a face com Deus, condição essencial para revelar o rosto de Deus ao mundo.

Ao consagrar-nos, o Espírito Santo comunica-nos a coragem necessária para podermos denunciar os falsos deuses que dominam os homens de hoje:

A ânsia de poder, a fome de riquezas excessivas, o desejo da fama, a tentação de oprimir e explorar os outros.

São Paulo diz que a missão do Apóstolo é uma graça de Deus: “Foi-nos dada a graça de anunciar aos gentios a maravilhosa salvação de Jesus Cristo” (Ef 3, 8).

Ao recebermos a Palavra de Deus, o Espírito Santo envia-nos ao mesmo tempo, a fim de realizarmos a missão de sermos no mundo um sinal do rosto amoroso de Deus.

Eis as palavras de Jesus ao enviar os Apóstolos para a missão: “A Seara é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da seara que mande operários para a sua seara” (Lc 10, 4-5).

É urgente trabalharmos para que o Evangelho seja anunciado com eficácia ao nosso mundo como diz Jesus no evangelho de São Mateus:

“Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se corromper, com que se há-de salgar? Não serve para mais nada, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens” (Mt 5, 13).

Depois acrescenta: “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre o monte.

Nem se acende a candeia para a colocar debaixo da mesa, mas sim em cima, a fim de iluminar todas as pessoas” (Mt 5, 14-16).

O Apóstolo sabe que não leva Deus às pessoas. A sua missão é ajudar as pessoas a descobrirem o rosto de Deus e a sua presença salvadora no íntimo do seu coração.

Revelar o rosto amoroso de Deus às pessoas significa que a Palavra de Deus é comunicada de tal modo que as pessoas, animadas pelo Espírito Santo, vislumbram Deus, não como alguém distante e assustador, mas como uma presença amorosa no seu íntimo.

Como membro do Povo de Deus, o evangelizador faz parte de uma parcela de Humanidade que tem a missão de dizer a Boa Nova da Salvação ao mundo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

terça-feira, 9 de setembro de 2008

O AMOR COMO ALICERCE DA CRIAÇÃO-I

I-SEM AMOR, A PESSOA NÃO EMERGE

No princípio era o amor. E o amor activou o impulso primordial que iniciou a génese criadora do Universo.

O amor deixou as suas impressões digitais em todas as obras da Criação, mas no Homem que deixou a marca fundamental:

Ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado. Eis os fundamentos da lei do amor: “O amor dos outros capacita-nos para amar e por isso ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado.

Por seu lado, o mal amado fica a amar mal, isto é, com bloqueios e tropeções, mês quando dá o melhor de si.”

O amor tem como alicerce o dom. É por esta razão que o amor nunca se impõe. A pessoa que ama na proporção do amor que recebeu dos outros está a ser fiel aos talentos recebidos.

Do mesmo modo, o mal amado que tropeça e dá cabeçadas é sobretudo vítima das recusas de amor dos outros.

Tal como a vida natural não pode subsistir sem água, assim a pessoa humana, privada de amor, não consegue viver uma vida verdadeiramente humana.

É o amor confere à vida dos seres humanos uma densidade que transcende a vida animal. Na verdade, a interioridade espiritual da pessoa humana emerge e robustece-se na calda das relações e da comunhão amorosa.

Por outras palavras, o amor é a força que faz emergir e robustece a interioridade espiritual da pessoa humana.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O AMOR COMO ALICERCE DA CRIAÇÃO-II

II-DEUS E O HOMEM ENCONTRAM-SE NO AMOR

O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a Comunhão Universal!

O amor das pessoas humanas encontra a sua plenitude na comunhão familiar das pessoas divinas.

É verdade que o amor das pessoas humanas não tem a mesma densidade que o amor das pessoas divinas.

Mas o amor das pessoas humanas é proporcional ao amor das pessoas divinas. É por esta razão que as pessoas humanas e as divinas já podem fazer uma comunhão familiar.

O amor é o fundamento do Universo, pois Deus é amor, diz a Primeira Carta de São João (1 Jo 4, 8; 16).

Deus é amor por ser três pessoas em relações de comunhão amorosa. O amor tem a capacidade de se auto gerar e robustecer. É por esta razão que Deus é autor de si mesmo.

Também o ser humano está chamado a ser autor de si mesmo, relacionando-se de modo amoroso e comunitário com os outros.

Esta vocação básica do ser humano nasce do amor com que os outros o amaram, pois ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado.

A dignidade da pessoa está na sua vocação a ser autora de si própria. A dignidade da pessoa humana começa neste chamamento fundamental e no facto de não ter nascido determinada.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O AMOR COMO ALICERCE DA CRIAÇÃO-III

III-O AMOR FOI PRIMEIRO

O amor com que os outros nos amaram, unido ao património genético que recebemos dos demais é a matéria-prima de que a pessoa dispõe para se realizar.

Os talentos ou possibilidades de que dispomos à partida difere de pessoas para pessoa. No evangelho de São Mateus, Jesus diz que uns recebem cinco talentos, outros dois ou um (Mt 25, 14-30).

É por isso que os seres humanos nunca se repetem. De facto, cada pessoa é única, original e irrepetível.

Também neste aspecto as pessoas humanas são seres criados à imagem e semelhança de Deus.
Por ser uma comunhão amorosa de três pessoas, temos de dizer que o amor foi primeiro.

Mais, se Deus é amor, então temos de dizer que o amor é a única realidade sempiterna. Ainda não tinha sido iniciada a génese criadora das galáxias, e do Universo e já existia o amor.

Só o amor é uma força capaz de fazer emergir e estruturar de modo equilibrado a realidade espiritual da pessoa humana.

Quando meditamos nos mistérios de Deus e do Homem, compreendemos que, de facto, o amor está primeiro.

O amor é também a dinâmica que possibilita a plenitude, tanto das pessoas humanas como das divinas.

Como sabemos, a plenitude da pessoa não está em si, mas na reciprocidade da comunhão amorosa. Reduzida a si, a pessoa está em estado de perdição.

Se Deus é comunhão amorosa de três pessoas, então temos de dizer que a comunhão amorosa é o começo e o fim da criação, o Alfa e o Ómega, como diz o Livro do Apocalipse (Apc 21, 5-6).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O AMOR COMO ALICERCE DA CRIAÇÃO-IV

IV- AMOR E DIVINIZAÇÃO DO HOMEM

A vida pessoal ou é divina ou proporcional à Divindade. É por esta razão que Deus sonhou a divinização como plenitude do Homem.

A veste nupcial para a pessoa tomar parte nesta festa da plenitude divina é o seu jeito de amar e comungar.

Não se trata de uma realidade física mas espiritual. A densidade espiritual de uma pessoa mede-se pela capacidade de interagir amorosamente com os outros.

Trata-se de uma realidade espiritual que não se pesa ao quilo, não se avalia pelo volume, não se mede ao metro, nem se analisa pelo cálculo das superfícies.

Para conhecer a qualidade e a grandeza da vida espiritual de uma pessoa basta analisar o seu jeito de amar.

É por esta razão que, no Reino de Deus, as pessoas são todas evidentes umas para as outras.
Na situação presente, as pessoas não são evidentes, mas revelam-se pouco a pouco através das relações com os outros.

Podemos dizer que a identidade espiritual de uma pessoa consiste no seu jeito de amar. Por outras palavras, a pessoa estará presente na festa da Família de Deus, com o jeito de amar que tiver adquirido enquanto viveu na História.

O amor é, portanto, o critério definitivo. O ser humano está a caminhar para a plena reciprocidade onde cada pessoa se possui na medida em que se dá.

Ao dar-se, a pessoa não se perde. Pelo contrário, encontra-se na plenitude da comunhão com pessoas humanas e as divinas.

Através do amor, Deus recria e conduz o Homem à plenitude da comunhão do Reino. Eis as palavras do Apocalipse: “O que estava sentado no trono disse:

“Eis que renovo todas as coisas (...). Depois acrescentou: “Eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim (Apc 21, 5-6).

Será eternamente mais divino quem mais se humanizar na história em dinâmica de amor.
“Dei-lhes a conhecer o teu nome, Pai Santo, e dá-lo-ei a conhecer ainda mais, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu também esteja neles (Jo 17, 26).

O Espírito Santo que habita no nosso coração vai-nos configurando com Cristo. São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Agora já podemos compreender a razão pela qual Jesus aboliu todas as normas e preceitos da Lei de Moisés reduzindo-os a um só mandamento.

Eis as palavras de Jesus: “Este é meu mandamento: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.
Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 12- 13).

Amar é eleger o outro como alvo de bem-querer, aceitando-o, apesar de ser original e agir de modo a facilitar a sua felicidade.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sábado, 6 de setembro de 2008

QUANDO DEUS SE NOS REVELA-I

I-CRIAÇÃO E A REVELAÇÃO DE DEUS

Acordei com os sons matinais das aves que saudavam ruidosamente o nascer do novo dia. O Sol começava a irromper.

A luz brilhante daquela manhã quente de um Outono avançado fez-me lembrar o início da Criação.

Tornaram-se-me presentes aquelas palavras que o livro do Génesis põe na boca de Deus:
“Haja luz. E a luz surgiu.

Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas” (Gn 1, 3-4). Na verdade, o aparecimento da luz em cada manhã é como que um novo início da Criação.

As plantas tornam-se verdes e o céu ganha a sua cor azul. Pouco a pouco, as aves iniciam os seus cantos e as crianças começam a saltitar.

Aquela manhã de sol brilhante fazia lembrar a manhã primordial do primeiro dia da Criação.
Deixando-me conduzir pela magia daquele dia a nascer, pude saborear a presença criadora de Deus a acontecer ontem como hoje, e hoje como amanhã.

Isto fez-me pensar que Deus não é um mágico que faz aparecer as coisas através de um gesto carregado de magia.

Saboreei os ritmos e a harmonia que o Criador imprimiu na marcha da Criação a acontecer.

Em Comunhão Com Deus
Calmeiro Matias

QUANDO DEUS SE NOS REVELA-II

II-QUANDO DEUS SE FAZ DOM

Envolto naquela atmosfera de sabor primordial, aprendi um jeito novo de olhar a vida e as coisas:
Compreendi como é importante fazer de Deus uma questão primeira.

Compreendi que é realmente perigoso brincar com Deus. Não porque Deus se vingue. Deus é amor e, portanto, nunca se vinga.

É perigoso brincar com Deus porque o querer de Deus coincide com o que é melhor para nós. As pessoas que brincam com Deus já entraram no caminho do malogro e do fracasso, pois estão a brincar com o que é melhor para si.

Nessa manhã predispus-me a acolher as bênçãos que o Criador, sempre presente, deposita nos corações dos que lhe dizem: “Bom dia, Senhor da Vida e da História.

Vós sois, Deus Santo, um Pai amoroso na primeira pessoa da Santíssima Trindade. E tu, Filho Eterno de Deus, elegeste-nos como irmãos através do mistério da Encarnação.

E tu, Espírito Santo, és o amor maternal de Deus a actuar nos nossos corações!

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

QUANDO DEUS SE NOS REVELA-III

III-QUANDO BASTA O PÃO DE CADA DIA

Nessa manhã de sabor divino, Deus ajudou-me a compreender o seu jeito gratuito de nos querer bem.

Compreendi que o Deus do qual Jesus falava está sempre disposto a dar-nos o pão da palavra e a Força regeneradora do Espírito Santo.

Senti-me feliz, pois compreendi que logo pela manhã Deus está disponível para mim. O Espírito Santo, no íntimo do nosso coração, capacita-nos para saborearmos o sentido da vida e de cada novo dia.

De modo espontâneo e quase inconsciente senti que os meus lábios estavam a murmurar uma oração de gratidão:

“Tu és o Deus connosco. Tenho a certeza de que este dia vai ser muito bom. Obrigado, Deus Santo, por colocares em cada manhã a felicidade ao nosso alcance.

Tu és verdadeiramente o Emanuel, isto é, o Deus connosco”. Fazer de Deus uma questão central é dizer a Deus em cada manhã que nos dê o pão nosso de cada dia:

As necessidades materiais desse dia. A Palavra de Deus, pois nem só de pão vive o Homem.
Também faz parte do pão nosso de cada dia, o dom do Espírito Santo que, no nosso coração, está disponível e presente de modo adequado à realidade de cada pessoa.

Esta experiência deu-me a certeza de que as pessoas podem marcar encontro com Deus logo ao romper do dia sem precisar de se deslocar para longe.

É este, de facto, o modo de acolher o dom do alto. Não apenas as coisas que Deus nos dá, mas o próprio Deus se torna dom para nós como pão nosso de cada dia.

Nesse momento pude saborear de modo muito especial as palavras que São Paulo escreveu aos cristãos de Roma:

“O Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações” (Rm 5, 5). Nessa manhã em que experimentei a Sabedoria como dom de Deus saboreei o sentido da História e da Vida.

Experimentei a disponibilidade da Palavra de Deus que em cada manhã se dá a nós de modo gratuito como o orvalho da manhã.

Compreendi também a importância de Deixar o Criador entrar na nossa morada. Nessa manhã quente de Outono avançado, tornou-se claro para mim que Deus se propõe de modo gratuito, tal como o sol quando nasce.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A PALAVRA DE DEUS COMO FONTE DA VERDADE-I

I-VERDADE E COMUNICAÇÃO

A verdade é um veículo fundamental para que possam acontecer relações de comunhão entre as pessoas.

Quando as pessoas humanas comunicam na verdade, o Espírito Santo surge no coração dessa comunicação, a fim de a optimizar e tornar fecunda.

A presença do Espírito Santo na dinâmica das relações humanas não acontece nunca para manipular, mas sim para as optimizar.

As pessoas humanas são seres talhados para a verdade. Estamos constantemente a comunicar experiências ou factos que não são evidentes, não podem ser comprovados e, no entanto, as pessoas aceitam naturalmente essas comunicações como verdadeiras.

Por outras palavras, se as pessoas exigissem umas às outras a comprovação daquilo que comunicam, as relações humanas tornavam-se impossíveis.

À luz do Novo Testamento a verdade é uma condição básica para amarmos os irmãos. A verdade, para o Novo Testamento, é o que está de acordo com a realidade de Deus, do Homem e do Cosmos.

Podemos dizer que a verdade é a compreensão e enunciação correcta e adequada da realidade de Deus, do Homem, da História e do Universo.

O Novo Testamento diz que o Espírito Santo é a fonte da verdade. Por isso lhe chama o Espírito da Verdade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias