domingo, 27 de abril de 2008

HINO À FIDELIDADE DE DEUS-I

I-VÓS SOIS UM DEUS FIEL

Deus Santo,
Vós sois verdadeiramente um Deus fiel.
Quando Abraão quis oferecer-vos em sacrifício o seu filho Isaac,
vós não permitistes tal coisa.

Na verdade vós tínheis Associado a Isaac uma grande promessa
que iria terminar em Jesus Cristo.

Do mesmo modo, o pecado humano, apesar de atrasar
o vosso projecto salvador, não o conseguiu anular.

Como homem incondicionalmente ao vosso plano, Jesus
Cristo tornou-se o alicerce sólido da Nova e Eterna
Aliança, fazendo de nós filhos de Deus.

Filho Eterno de Deus,
Tu eras o único Filho de Deus.
Mas ao fazer-te nosso irmão tornaste-te o primogénito
de muitos irmãos como diz São Paulo (Rm 8, 29).

Espírito Santo,
com o teu jeito maternal de amar, tu vais-nos conduzindo
à comunhão com Deus Pai, o qual nos acolhe como filhos
e à comunhão com o Filho de Deus, que nos recebe como
irmãos.

Eis as palavras de São Paulo a este respeito:
“Quando chegou a plenitude dos tempos,
Deus enviou o seu Filho (…), a fim
de recebermos a adopção de filhos.

E porque somos filhos,
Deus enviou o Espírito de seu filho
que clama: “Abba”, ó Pai!

Deste modo já não és escravo, mas filho.
E se és filho és também herdeiro,
Pela graça de Deus” (Ga 4, 4-7).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

HINO À FIDELIDADE DE DEUS-II


II-COMO NÃO VOS MERECEMOS, VÓS DAIS-VOS DE GRAÇAG

Vós destes provas de ser um Deus fiel em relação a Jesus Cristo,
livrando-o da morte, pois ele foi plenamente fiel à missão que recebeu de Vós.

Deste modo, ele tornou-se o medianeiro da Salvação,
assumindo e incorporando a Humanidade na Vossa Família.


Deus Santo,
Vós sois um Deus sempre fiel e por isso nos acolheis
como membros da vossa Família.

Ninguém vos merece Deus de toda a bondade.
Vós estais para além de todo o mérito que possamos ter.

Mas apesar disto, estais sempre connosco.
E para realizardes a vossa promessa de modo plenamente fiel,
Vós vos dias de modo totalmente gratuito ao Homem que não vos merece.

Glória a Vós, Deus Bendito, que sois Pai, filho e Espírito Santo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sábado, 26 de abril de 2008

DEUS E A MARCHA CRIADORA DO UNIVERSO-I

I-A BELEZA DO UNIVERSO

É imenso este Universo em cujo seio no encontramos como seres em realização. Há milhões de anos que está em génese e ainda é um projecto não acabado.

São biliões de estrelas, a maior parte delas rodeadas por planetas que gravitam fielmente à sua volta.

Só a nossa Galáxia contém aproximadamente cem mil milhões destes sois que são bolas enormes de fogo.

Mas há biliões de galáxias enormes, muitas das quais são bastante maiores do que aquela em que habitamos.

As galáxias são pinhas enormes de estrelas, distando anos-luz umas das outras. É lógico este Universo no qual nascemos e estamos em realização.

As leis da gravitação são as mesmas em qualquer quadrante do Cosmos que habitamos. Somos aquecidos por essa bola enorme de fogo a que damos o nome de Sol e sem o qual não podia haver vida sobre a terra.

As reacções nucleares que alimentam o fogo solar, são a origem da luz que nos ilumina e do calor que nos aquece.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DEUS E A MARCHA CRIADORA DO UNIVERSO-II

II-AS RELAÇÕES HARMONIOSAS

O Universo é lógico. A nossa mente está estruturada de modo a compreender a dinâmica e as leis que o regem dia e noite.

Na verdade existe uma harmonia entre a génese criadora do Universo e a estruturação da mente humana.

Os planetas, movidos pela força da gravidade descrevem uma elipse no percurso que fazem à volta da estrela que seguem fielmente.

A terra, Marte, a Lua e Vénus estão constituídos por solo rochoso. A Terra, além disso, tem ainda a beleza azul dos oceanos nos quais se reflectem as estrelas do céu.

Bem diferente é Júpiter, o gigante no qual caberiam mil terras como a nossa. Ao contrário dos outros planetas do sistema solar, Júpiter não tem uma superfície rochosa, sólida e dura.

É um planeta gasoso composto por hidrogénio, hélio, pequenas quantidades de metano e água em estado gasoso.

Um meteorito, ao embater em Júpiter, apenas suscita um buraco momentâneo nas nuvens gasosas que constituem o maior dos planetas que giram à volta do Sol.

Não há crateras de impacto neste gigante formado apenas de elementos gasosos. Os anéis de Saturno não são mais que biliões de bolas de gelo que giram à volta do planeta.

Os raios solares, ao reflectirem-se nessa multidão de blocos de gelo que rodeiam Saturno, dão origem aos anéis que são arcos íris formando círculos à volta do planeta.

e nos quais se reflecte a luz solar. Estes pequenos pedaços de gelo talvez sejam os destroços de cometa que se aproximou demasiado do planeta.

Mas o mais caprichoso dos planetas é Vénus: gira à volta do Sol em sentido contrário ao dos seus irmãos, os outros planetas do sistema Solar.

O dia de Vénus, isto é, o tempo que este planeta demora a girar uma vez em volta do seu eixo é de 243 dias.

Está constantemente a chover ácido sulfúrico em Vénus. Devido à temperatura da sua atmosfera, seiscentos graus, as gotas de ácido sulfúrico evaporam-se antes de tocarem a superfície do planeta.

Ao contrário de Vénus, Marte é demasiado frio e árido. Mas Deus suscitou as condições ideais para o aparecimento da vida nesta terra bonita e fecunda que o capricho humano ameaça destruir.

Marte não tem uma camada protectora como o nosso céu azul composto por partículas de ozone.
Eis a razão pela qual, em Marte, as radiações mortíferas do Sol atingem constantemente a superfície do planeta.

Saturno está tão longe do Sol que as plantas não conseguiriam realizar a fotossíntese.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DEUS E A MARCHA CRIADORA DO UNIVERSO-III

III-O AMOR PRECEDE O COSMOS

Antes de ter início a génese do Universo, só existia uma comunhão familiar da Santíssima Trindade.

A Família e o amor precedem o início da marcha criadora. No interior do seu diálogo familiar, Deus sonhou o plano harmonioso de um Universo em construção.

Por ter sito criado por um Deus que é relações amorosas, o Cosmos está marcado com o selo das relações.

Deus é comunhão de pessoas. A Divindade é relações. Por isso o Universo está todo marcado com o selo das relações.

Podemos dizer que o Universo está estruturado de harmonia com leis matemáticas acessíveis à inteligência humana.

Na verdade, a ordem do Universo é inteligente. A harmonia e a finalidade inscritas na génese do Universo revelam-nos a perfeição do seu Criador.

Meditando a beleza e harmonia do Universo podemos compreender melhor como não somos fruto do acaso.

Na marcha do Universo as coisas acontecem segundo uma sequência de causas e efeitos.
A marcha da Criação é uma sucessão maravilhosa de concretizações dos muitos possíveis inscritos na no tecido da criação.

Na génese do processo criador apenas acontece aquilo que é possível. O impossível não acontece.
Nada é estático neste Universo em génese. Com o aparecimento do Homem, a Criação dá um salto de qualidade:

A vida atinge a densidade pessoal-espiritual, tornando-se proporcional ao próprio Criador.
Com efeito, a Divindade é pessoas e a Humanidade também.

Eis a razão pela qual, ao longo da História Humana, a Divindade foi fazendo alianças com a Humanidade.

A cúpula destas alianças é a Nova e Eterna Aliança realizada em Jesus Cristo. Ele é o ponto de encontro do melhor de Deus com o melhor da Humanidade.

Nele, o divino enxertou-se no humano, a fim de todos nós sermos divinizados.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

quinta-feira, 24 de abril de 2008

ACÇÃO ESPECIAL DE DEUS AO CRIAR O HOMEM-I

I-O MODO SOLENE DE DEUS CRIAR O HOMEM
O Livro do Génesis chama a atenção para o facto de Deus, ao criar o Homem, ter realizado uma intervenção especial, a qual não teve lugar no momento de Deus criar os outros animais.

Eis as palavras do Génesis: “Façamos o Homem à nossa imagem e à nossa semelhança, para que domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.

Deus criou o ser humano à sua imagem. Criou-o à imagem de Deus, e criou-os varão e mulher” (Gn 1, 26-27).

Depois acrescenta: “O Senhor Deus formou o Homem do pó da Terra e insuflou-lhe pelas narinas o sopro da vida” (Gn 2,7).

Segundo o relato bíblico da criação, o momento da criação do Homem reveste-se de uma solenidade especial.

Na verdade, Deus tinha pensado em estabelecer uma interacção especial entre a interioridade do ser humano e o Espírito Santo.

É este o significado do sopro primordial de Deus, o qual faz do ser humano um ser capaz de comunicar com Deus e fazer aliança com ele.

O Deus que não falava com os animais, ao criar o Homem logo começou a falar com ele e a fazer-lhe propostas:

“Abençoando-os, Deus disse-lhes: “Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se movem na terra.”

Deus disse: “Também vos dou todas as ervas com sementes que existem à superfície da terra, as árvores de fruto com semente, a fim de vos servirem de alimento.

Dou-vos ainda todos os animais de terra, as aves do céu e todos os seres vivos que existem e se movem sobre a terra, bem como toda a erva verde que a terra produz. E assim aconteceu” (Gn 1, 28-30).

Logo no início da sua acção criadora, Deus deu provas de ser o Deus da aliança, pois fez logo uma aliança com Adão, colocando-o à frente da Criação.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


ACÇÃO ESPECIAL DE DEUS AO CRIAR O HOMEM-II

II-A VOCAÇÃO FUNDAMENTAL DO HOMEM

A pessoa que actua de acordo com a sua consciência está a agir de acordo com os valores que os outros lhe transmitiram.

Na verdade, o ser humano está chamado a realizar-se em relações com os outros e numa abertura à transcendência, pois ele transcende os animais.

O ponto de encontro com Deus e os outros acontece no mais íntimo de si. Os não crentes encontram-se com Deus de modo existencial, isto é, procurando realizar os valores fundamentais da humanização.

Os cristãos, além deste encontro existencial, têm ainda a possibilidade de se encontrar com Deus de modo teologal graças à palavra de Deus que os via transformando.

Como sabemos, ninguém se realiza sozinho. Começámos por ser o que os outros fizeram de nós, pois é deles que recebemos o leque primordial dos talentos.

Mas o fundamental é o modo como nos realizamos com os possíveis que recebemos dos demais.
Sempre que decidimos e optamos numa linha de fidelidade, ou recusa, face às propostas do amor, estamos a dialogar com Deus e os outros seres humanos.

É verdade que nós não nos podemos realizar sozinhos. Mas os outros não nos podem substituir na tarefa da nossa realização.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ACÇÃO ESPECIAL DE DEUS AO CRIAR O HOMEM-III

III-A COMUNICAÇÃO DO HÁLITO DA VIDA

Aquilo a que o Livro do Génesis chama de comunicação do hálito da vida é, na realidade, o dom do Espírito Santo que, no nosso interior actua como o grande agente da nossa realização.

Trata-se, na verdade, da acção personalizante do Espírito Santo, a qual consiste em nos ajudar na grande tarefa da nossa realização como pessoas.

A Divindade é relações de amor. De facto, o nosso Deus é uma comunhão familiar de três pessoas.

Isto quer dizer que o Universo leva consigo as impressões digitais do Criador, isto é, a marca das relações.

A Génese criadora do Universo caminhou no sentido de atingir a vida espiritual, a qual, na medida em que emerge, se estrutura na originalidade de pessoas livres, conscientes, responsáveis e capazes de comunhão amorosa.

Eis a razão pela qual, Criador e Criação já podem estabelecer uma Aliança de Amor, pois a Divindade é pessoas e a Humanidade também.

As pessoas divinas, as humanas e todas as outras que possam existir formam a cúpula personalizada do Universo.

É verdade que as pessoas humanas e as divinas não são iguais, mas são-lhe proporcionais.
Na verdade, as pessoas divinas são infinitamente perfeitas e as humanas estão em processo histórico de realização.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ACÇÃO ESPECIAL DE DEUS AO CRIAR O HOMEM-IV


IV-ÉTICA E HUMANIZAÇÃO

A realização das pessoas humanas é uma tarefa ética, isto é, depende da sua fidelidade às propostas do amor.

A humanização do Homem corresponde à tarefa da realização pessoal de cada pessoa. Não nascemos como seres acabados.

Deus criou-nos de modo a que nos criemos. Com efeito, como diz o evangelho de São João, nascemos para renascer (Jo 3, 6).

O ser humano humaniza-se na medida em que age de acordo com as propostas que o amor nos vai fazendo no concreto das situações.

A capacidade de responder aos apelos do amor difere de pessoa para pessoa, pois depende das possibilidades de amar que recebeu dos outros.

De facto, ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado e o mal amado fica a amar mal, pois fica condicionado nas capacidades de amar.

Por outras palavras, dos outros recebemos os talentos, os quais constituem a nossa capacidade de realização.

De Deus recebemos esse hálito da vida que Deus nos concedeu, aquando do sopro no barro primordial do qual saiu Adão.

O sopro original não é mais que o início da acção personalizante do Espírito Santo. O ser humano nasce hominizado, isto é, com uma estrutura perfeita de Homem. Mas não nasce humanizado.

A humanização é a tarefa fundamental de cada pessoa. A lei da humanização é esta: Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a Comunhão Universal.

A criança não é um adulto em miniatura. Utilizando a imagem do computador podemos dizer que tem o “hardware” perfeito, mas falta-lhe ainda muito de “software” para atingir uma plena realização: experiências, conceitos, capacidade de decidir e optar, etc.

Enquanto estamos na história somos seres em realização. A meta da nossa humanização é a assunção na comunhão da Família Divina.

Podemos dizer que será eternamente mais divino quem mais se humanizar na história. Gosto muito desta imagem que utilizo quase sempre que medito na meta para a qual estamos a caminhar através do processo da humanização:

No Reino de Deus todas as pessoas dançam o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que adquiriu enquanto esteve em realização na História.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quarta-feira, 23 de abril de 2008

MORTE, RESSURREIÇÃO E VIDA ETERNA-I

I-MORTE E VIDA NATURAL

A morte não mata a pessoa. Apenas o nosso ser exterior é aniquilado pelo acontecimento da morte.

Como fenómeno natural, a morte, atinge os seres vivos naquilo que têm de vida natural, isto é, de vida biológica e psíquica.

Mas a vida pessoal-espiritual já não é produto da natureza. Na verdade, a marcha da evolução natural chega até à hominização, isto é, ao nível biológico com a complexidade própria do Homem.

No entanto, a Humanização é uma tarefa de cada pessoa e que mais ninguém pode realizar. Isto quer dizer que a morte domina em tudo o que é obra da natureza.

Mas o nível da vida pessoal e espiritual escapa ao domínio da morte, pois não é obra da natureza.
Na verdade, a pessoa humana é um ser em construção.

Somos autores de nós mesmos, a partir dos talentos que recebemos dos outros. A nossa realização pessoal acontece como fruto de um processo de humanização.

De facto, temos de nos humanizar, pois a natureza não nos humaniza. Além ninguém nos pode substituir na tarefa da nossa humanização, pois esta concretiza-se num crescimento pessoal livre, consciente e responsável.

A natureza humana é princípio de acção e estruturação do Homem. Fornece-nos os dados da Hominização, isto é, o nosso ser exterior que é biológico e psíquico.

O crescimento do nosso ser interior acontece mediante saltos de qualidade que acontecem a partir de decisões, escolhas e realizações com a densidade do amor.

A lei da humanização é: Emergência e estruturação pessoal-espiritual em relações de amor e convergência para a Comunhão Humana Universal.

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

MORTE, RESSURREIÇÃO E VIDA ETERNA-II

II-MORTE E VIDA ESPIRITUAL

Como vemos, humanizar-se é emergir, isto é, desabrochar como interioridade pessoal livre, consciente, responsável, única, original, irrepetível e capaz de comunhão amorosa.

A dinâmica do amor é a força que faz emergir a nossa interioridade pessoal-espiritual. Na medida em que emerge e se fortalece o nosso ser espiritual, tornamo-nos capazes de comungar com os irmãos.

Com efeito, a morte mata apenas o que pertence à esfera da natureza. Existe a possibilidade de uma Segunda morte, mas esta passa-se, não ao nível do biológico, mas sim do pessoal-espiritual.

É verdade que a dimensão espiritual é imortal na sua essência, mas não na possibilidade de se possuir plenamente em contexto de comunhão amorosa.

Com efeito, a plenitude da pessoa não está em si, mas na reciprocidade da comunhão. A pessoa pode reduzir-se a si, opondo-se de modo gradual, progressivo e incondicional ao amor.

A Segunda morte não é obra da natureza, mas das nossas escolhas, decisões e opções egoístas.
Se isto acontecer, a pessoa auto enrosca-se, fechando-se ao amor e à comunhão do Reino de Deus.

A Segunda, portanto, só existe se nós decidirmos optar por ela. Como sabemos, Deus é amor e não pode negar-se a si mesmo.

Isto quer dizer que Deus não é o criador do estado de inferno ou da morte eterna. Por outras palavras, por ser amor, Deus não condena ninguém.

As pessoas que se condenam vão para a morte eterna por sua própria decisão. Se Deus é amor não tem sentido ter medo de Deus, pois não é normal ter medo do amor.

No entanto, não devemos esquecer-nos de que é muito perigoso brincar com Deus, pois a vontade de Deus coincide rigorosamente com o que é melhor para nós.

Na verdade, brincar com Deus significa brincar com o que é melhor para nós. O resultado desta atitude só pode ser o malogro e o fracasso.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

MORTE, RESSURREIÇÃO E VIDA ETERNA-III

III-A MORTE E AS COORDENADAS DA VIDA ETERNA

A morte natural, como vimos, apenas destrói as dimensões limitativas do nosso ser exterior.
Pelo acontecimento da morte, a pessoa liberta-se das limitações do eu exterior:

Coordenadas da biologia, da raça, da cultura, da língua, da nacionalidade, do espaço e do tempo.
Por outras palavras, através do acontecimento da morte, a pessoa entra nas coordenadas da universalidade e equidistância.

Como sabemos, a pessoa humana não nasce feita. A história de cada ser humano é o processo da sua emergência pessoal-espiritual.

A morte é o parto através do qual nasce o Homem interior e definitivo. O Homem Novo não emerge se não nos dispormos a gerá-lo no nosso íntimo através de opções e compromissos de amor.

O evangelho de São João diz que temos de nascer de novo pela força vital do Espírito santo, a Água Viva (Jo 3,6).

O Homem Novo não nasce sem que vá morrendo o homem velho nas suas tendências de prepotência, domínio, exploração dos irmãos e apropriação dos bens comuns.

De entre os partos da vida nova, a morte é o que tem maior magnitude.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

MORTE, RESSURREIÇÃO E VIDA ETERNA-IV

IV-A MORTE É CONDIÇÃO DE PLENITUDE

A morte como parto de nascimento é um acontecimento exclusivamente humano. Eis a razão pela qual apenas a pessoa humana tem consciência da sua morte.

Para o ser humano, a morte é uma interpelação e um convite a aprofundar o sentido da vida.
Podemos dizer que o acontecimento da morte ajuda-nos a compreender que, de facto, nascemos para renascer, como diz o evangelho de São João (Jo 3, 3-6).

Com efeito, o sentido da vida cresce em paralelo com o sentido da morte. Graças à Palavra de Deus e à luz do Espírito Santo nós vamos compreendendo pouco a pouco que não nascemos para acabar no cemitério ou no vazio da morte.

Na medida em que o ser humano se humaniza, o seu ser espiritual emerge no seu interior como o pintainho dentro do ovo.

O acontecimento da morte, visto a esta luz, surge como o momento em que rebenta a casca do ovo e o pintainho nasce e nasce para festa da vida plena.

Por outras palavras, enquanto está dentro do ovo, o pintainho não pode participar da plenitude da festa.

Se o bebé permanecesse para sempre no útero materno nunca poderia atingir a plenitude. O acontecimento da morte é, na verdade, o parto que possibilita à pessoa a plenitude da vida.

O ser humano normal não é alheio ao acontecimento da própria morte. A meditação sobre o sentido deste acontecimento vai abrindo de modo gradual e progresso horizontes para a transcendência da vida eterna.

Por pertencer à esfera da vida transcendente, a vida pessoal-espiritual só pode encontrar a plenitude nas coordenadas que estão para além da morte.

A meditação sobre o sentido da morte cria no ser humano uma aptidão privilegiada para compreender e aceitar a Palavra de Deus.

Por ser um homem perfeito, Jesus Cristo pertence ao património global da Humanidade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

MORTE, RESSURREIÇÃO E VIDA ETERNA-V

V-ALCANCE UNIVERSAL DA RESSURREIÇÃO

Isto quer dizer que a ressurreição de Cristo, por não ser um acontecimento individual, é o início da ressurreição universal.

É verdade que pela sua condição espiritual, a pessoa humana é imortal. Mas este facto não garante ao ser humano a plenitude da ressurreição em Cristo.

Podemos dizer que, com a ressurreição de Cristo, a Humanidade deu um salto de qualidade.
Para partilhar da ressurreição com Cristo é preciso estar unidos ao Senhor como os ramos da videira à cepa (Jo 15, 1-7).

Apenas os que bebem a Água Viva que Cristo oferece aos que vivem a fraternidade, partilham da plenitude da ressurreição (Jo 4, 21-23; 7, 37-39).

Partilhar da ressurreição de Jesus Cristo é preciso formar um só corpo com ele, como diz São Paulo (1 Cor 10, 17; 12, 13; 12, 27).

Utilizando a imagem da Árvore Vida de que nos fala o Livro do Génesis, podemos dizer que a ressurreição implica comer o fruto desta árvore (Gn 3, 22).

A Árvore da Vida é Jesus Cristo. O seu fruto, isto é, o Espírito Santo, está ao alcance de todos nós, como diz o evangelho de São João:

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia (Jo 6, 54).

Depois acrescenta: “Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, também quem me come viverá por mim” Jo 6, 57).

Eis a razão pela qual a simples imortalidade não constitui a Boa Notícia do Evangelho, mas sim a ressurreição, a verdadeira condição para a pessoa humana atingir a sua plenitude.

Com efeito, a ressurreição implica a assunção da pessoa humana e a sua incorporação na plenitude na comunhão familiar da Santíssima Trindade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

MORTE, RESSURREIÇÃO E VIDA ETERNA-VI

VI-A MORTE ILUMINA O SENTIDO DA VIDA

A morte natural, portanto, é o parto final e a derradeira possibilidade de o ser humano renascer para a plenitude.

O sentido da vida cresce enormemente quando meditamos sobre o sentido da morte. Mas é sobretudo ao avizinhar-se a fase terminal da vida que o homem sábio compreende e saboreia o significado profundo da vida.

Nessa etapa avançada da vida, a pessoa compreende de modo muito claro que o amor é a grande razão que vale para viver e para morrer.

Podemos resumir esta sabedoria podemos dizer que a nossa existência histórica é válida na medida em vivemos para amar e vamos morrendo por amor.

Eis a grande razão que confere sentido de plenitude à vida. Vista a esta luz, a morte é o acontecimento que nos possibilita a entrada no regaço do próprio e acolher no nosso coração seu amor.

São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).
São Lucas diz que Jesus Cristo, no momento da sua morte abriu-nos as portas do Paraíso (Lc 23, 43).

O Livro do Génesis diz que o Paraíso foi fechado à Humanidade devido ao pecado de Adão (Gn 3, 23-24).

Assim como a morte veio por Adão, diz São Paulo, a vitória sobre a morte, veio por Jesus Cristo (Rm 5, 17-18).

Podemos dizer que não basta ser imortal para atingirmos a plenitude da vida. As pessoas que porventura estejam em estado de inferno são imortais, mas não estão na plenitude dos ressuscitados com Cristo.

A plenitude da vida acontece apenas no contexto da Comunhão Universal da Família divina.
Ao criar o Universo, Deus estava a ser o princípio da Criação.

Ao assumir-nos na Comunhão da Família Divina tornou-se a plenitude desta mesma Criação.
São Paulo diz que Deus nos predestinou para sermos conformes com o seu Filho, a fim de ele ser o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 28-29).

Criados à imagem de Deus, fomos talhados para ser filhos e herdeiros de Deus Pai e co-herdeiros com Cristo que é nosso irmão (Rm 8, 14-17).

Deus Pai quis que em Cristo residisse a primazia e a plenitude de todas as realidades (Col 1, 18-19).

Meditando a morte à luz da fé cristã os crentes ficam capacitados para proclamar o Evangelho da Vida Eterna.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

terça-feira, 22 de abril de 2008

EVANGELIZAÇÃO E EXPERIÊNCIA DE DEUS-I


I-JESUS É O MEDIANEIRO DA SALVAÇÃO

Jesus Cristo não é uma ideologia, nem um sistema filosófico. O Senhor Jesus ressuscitado é uma pessoa viva, alguém que está sempre presente no mais íntimo da nossa interioridade.

Ele é a Fonte da Água viva que jorra Vida eterna no nosso íntimo (Jo 4, 14; 7, 3-39). Ele é a cepa da videira da qual nós somos os ramos. É dele que recebemos a seiva da Vida Eterna, isto é, o Espírito Santo.

Jesus Cristo é o centro da mensagem do cristão que procura evangelizar. Ao ressuscitar, Jesus tornou-se a fonte da Água viva que faz emergir no nosso íntimo uma nascente de Vida Eterna (Jo 4, 14; 7, 37-39).

A Água Viva que ele nos dá é o Espírito Santo, o amor de Deus derramado nos nossos corações, como diz São Paulo (Rm 5, 5).

Por outras palavras, Jesus Cristo é o medianeiro da nossa divinização. É um homem com o qual nos podemos relacionar com uma confiança total. É por ele que nós temos acesso ao Pai, pois ele é o “Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por ele” (Jo 14, 6).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

EVANGELIZAÇÃO E EXPERIÊNCIA DE DEUS-II



II-JESUS E A SUA EXPERIÊNCIA DE DEUS

Jesus era um homem de oração. A oração feita ao jeito de Jesus é um lugar teologal, isto é, um espaço privilegiado de encontro com Deus no Espírito Santo.

Não devemos confundir oração cristã com rezas ou multiplicação de palavras. Jesus disse que este modo de proceder não está falseado nos seus fundamentos (Mt 6, 7-8).

Orar à maneira de Jesus é entrar em diálogo familiar com Deus. A Oração à maneira de Jesus faz-nos sintonizar com o coração de Deus e com o essencial da vida humana.

Jesus tomava a oração muito a sério. Por isso fazia experiências muito profundas de Deus. De tal modo esta sintonia de Jesus com o Pai era forte que os seus ouvintes, quando o ouvia falar de Deus, tinham a sensação de Jesus acabara de ele.

Do mesmo modo, Jesus tinha uma experiência muito profunda da realidade humana.
Amava profundamente as pessoas que se cruzavam com Ele.

Jesus tinha uma visão muito positiva da pessoa humana. A pessoa humana para Jesus era um lugar teológico, isto é, uma mediação para nos encontrarmos com Deus.

Na verdade, como dizia São Paulo, as pessoas são templos de Deus: “Não sabeis, escreveu ele na Primeira Carta aos Coríntios, que sois templo de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?” (1 Cor 3, 16).

Se as pessoas são templos de Deus, então são mediação de encontro com Deus. Jesus sabia isto através de uma experiência privilegiada. Por isso ele pode dizer: “Eu e o Pai somos Um” (Jo 10, 30).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

EVANGELIZAÇÃO E EXPERIÊNCIA DE DEUS-III

III-O JEITO DE JESUS ENCONTRAR DEUS

O fundamento teológico para Jesus alicerçar a sua pregação sobre o amor fraterno era o princípio de que o amor de Deus e o amor aos irmãos não podem separar-se.

Eis o que diz a Primeira Carta de São João: “Se alguém disser que ama a Deus e odiar o seu irmão é mentiroso.

Com efeito, ninguém pode amar a Deus que não vê, se não ama ao irmão que vê (1 Jo 4, 20).
Jesus não tinha uma filosofia sobre Deus. Quando falava do Pai apenas exteriorizava a Sua experiência de diálogo e comunhão com o Pai.

Jesus descobria uma presença especial de Deus nos pobres, nos marginais, na Natureza e na vida das pessoas.

A originalidade da oração de Jesus partia do seu grito de amor quando dizia: “Abba”, isto é, papá.
Quanto mais orarmos no Espírito Santo, mais sintonizamos com a experiência que Jesus tinha de Deus e, portanto, mais eficaz será a nossa acção evangelizadora.

Eis a razão pela qual o próprio Jesus nos ensinou a dirigirmo-nos a Deus, chamando-o de Abba, ó Pai (Mt 6, 9).

Os evangelhos testemunham que Jesus rezava com muita frequência (cf. Lc 11, 2-5).
Nesses momentos, o Espírito introduzia Jesus no diálogo que Deus Pai mantém com o seu Filho Unigénito desde toda a eternidade.

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

EVANGELIZAÇÃO E EXPERIÊNCIA DE DEUS-IV

IV-A UNIÃO DE JESUS COM O PAI

Podemos dizer que era sobretudo nesses momentos que Jesus compreendia o alcance e o sentido da vontade do Pai que ele amava de modo incondicional.

Eis algumas das suas afirmações de Jesus que são a expressão desta experiência de Deus:
“Nem todo aquele que me diz: “Senhor, Senhor” entrará no reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus” (Mt 7, 21).

“Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc 3, 35; Mt 12, 50).

Ao ensinar os discípulos a orar, entre outras coisas disse-lhes: “Pai, seja feita a tua vontade, assim na Terra como no Céu” (Mt 6, 10).

Nós sabemos que Jesus era um homem em tudo igual a nós, excepto no pecado. O evangelho de São João diz que Jesus tinha a plenitude do Espírito Santo e por isso anunciava a Palavra de Deus com toda a fidelidade.

A fidelidade de Jesus à vontade do Pai nascia dessa experiência profunda que ele fazia de Deus nos momentos de oração.

O evangelho de São João diz que Jesus tinha a plenitude do Espírito, pois Deus não lhe deu o Espírito por medida (Jo, 3, 34).

Era o Espírito Santo que o fazia denunciar as opressões e maldades humanas, bem como falar de Deus como alguém como quem tinha acabado de falar.

O cristão será tanto melhor evangelizador quanto mais se aproximar do jeito com que Jesus tomava Deus e o Homem a sério.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

domingo, 20 de abril de 2008

O TEMPLO DA NOVA ALIANÇA-I

I-TUDO COMEÇOU COM UMA PROFECIA

Mil anos antes do nascimento de Jesus Cristo, o profeta Natã pronunciou uma profecia que veio alterar o rumo da história do povo bíblico.

A profecia de Natã foi dirigida ao rei David e afirmava que Deus ia enviar um mensageiro para trazer a paz e a prosperidade não só para o povo bíblico, mas também para toda a Humanidade.

Este mensageiro será o Messias, isto é, o ungido com o Espírito Santo, para trazer a felicidade e a paz ao povo de Deus.

Esta profecia dizia ainda ao rei que o Messias, isto é, o ungido de Deus, será escolhido entre os descendentes de David, e Deus vai adoptá-lo como seu Filho (2 Sam 7, 12-16).

Natã disse ainda ao rei David: o teu descendente vai construir um templo ao meu gosto, razão pela qual eu habitarei para sempre nesse santuário (2 Sam 7, 13).

O rei David ficou muito feliz com a mensagem da profecia, mas o que ele não podia imaginar é que este descendente só havia de nascer mil anos mais tarde.

Na verdade o rei David pensava que a profecia de Natã se referia ao seu filho Salomão, o filho que David escolhera para lhe suceder no trono.

A profecia que Natã dirigiu ao rei David dizia também que, graças ao filho que Deus lhe ia suscitar, o seu trono permaneceria para sempre.

David exultou de alegria pois pensava que Deus lhe estava a dizer que, graças ao seu filho Salomão, o seu trono seria um trono eterno.

Nesse dia, David sentiu-se muito feliz e orgulhoso pelo seu filho Salomão, pois este acabava de ser escolhido por Deus para construir um templo para Deus.

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Calmeiro Matias

O TEMPLO DA NOVA ALIANÇA-II

II-DAVID NÃO ENTENDEU A MENSAGEM DE DEUS

Logo que o profeta Natã abandonou o palácio real, David mandou chamar o seu filho Salomão e começou a dar-lhe instruções para construir o templo para Deus.

Após a morte de David, Salomão construiu um templo grandioso em Jerusalém, fazendo uma grande festa no dia da sua inauguração (1 Rs 8, 22-25).

As pessoas daquele tempo julgavam que, por terem um templo na cidade Santa de Jerusalém, já iam todas para o Céu.

Mas os profetas não falavam assim. Se fordes bons uns para os outros, o Templo e a cidade de Jerusalém serão uma fonte de bênçãos para toda a gente.

Mas se não fordes bons, não é o templo que vos vai salvar. Se fizerdes o bem, o templo será o ponto de encontro entre o povo e o seu Deus.

Eis as palavras bonitas do profeta Isaías: “Naqueles tempos os povos acorrerão ao Templo do Senhor. Jerusalém será a morada da Sabedoria e da Palavra de Deus” (Is 2, 3).

O profeta Miqueias dizia que, se o povo for fiel à aliança de Deus, vai chegar um tempo em que os povos estrangeiros se converterão a Deus e virão a Jerusalém, ao templo de Deus, a fim de encontrarem a Sabedoria e a Palavra de Deus (Mq 4, 2).

Mas o povo bíblico tornou-se infiel à aliança e eram cada vez piores. Face à maldade que não cessava de aumentar, o profeta Jeremias, em nome de Deus, avisa o povo de que o templo de Jerusalém, o edifício grandioso construído por Salomão, vai ser destruído (Jer 26, 6).

As pessoas não devem enganar-se julgando que o templo é uma porta que garante a entrada no céu.

Eis o que Deus diz ao povo através do profeta Jeremias: “ Vós vindes ao templo onde chamais pelo meu nome e me pedis ajuda. Depois dizeis: estamos salvos.

Mas logo a seguir continuais a cometer os vossos crimes e pecados graves” (Jer 7, 10). Em vez de ser um espaço para orar meditar a Palavra de Deus, o templo estava a tornar-se um lugar de traficantes desonestos que diziam estar a vender coisas sagradas e animais para sacrificar e agradar a Deus.

Estes comerciantes desonestos, em nome de Deus roubavam as pessoas. 1- Foi então que o profeta Isaías levanta a voz em nome de Deus dizendo: “Fizestes deste templo onde o meu nome é invocado um covil de ladrões” (Jer 7, 11).

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Calmeiro Matias

O TEMPLO DA NOVA ALIANÇA-III


III-UM NOVO TEMPLO PARA UMA NOVA ALIANÇA

O profeta Zacarias, apesar anuncia que Deus vai enviar o Messias para mudar o coração das pessoas.

Deus mostrou-lhe, numa visão grandiosa, um templo santo e renovado. Eis as suas palavras: “Naqueles dias não haverá mais comerciantes no templo de Yahvé” (Zc 14, 21).

Quando Jesus apareceu, o povo, ao ver o seu poder e o seu amor extraordinário a Deus, começa a suspeitar que ele é o Filho prometido a David.

Para os judeus isto significava que Ele ia ser rei e ia construir um templo santo para Deus.
Depois de Jesus ter Ressuscitado, os Apóstolos, iluminados pelo Espírito Santo, descobrem que Jesus Cristo é o templo da Nova Aliança.

Dizer que Jesus ressuscitado é o templo da Nova Aliança significa que Jesus é o ponto de encontro com Deus.

Ao ressuscitar deu-nos o Espírito Santo, essa Águas viva que faz jorrar a Vida de Deus no coração das pessoas (Jo 7, 37-39; cf. 4, 14).

Afinal o templo da Nova Aliança é próprio Jesus ressuscitado. Ele é o templo que Deus tinha planeado, o qual não é construído pela mão doa homens, mas sim pela força do Espírito Santo, como afirma o livro dos Actos dos Apóstolos:

“O Deus que criou o mundo e tudo o que nele existe é o Senhor do Céu e da Terra. Ele não habita em santuários feitos pela mão do homem, nem é servido por mãos humanas como se precisasse de alguma coisa” (Act 17, 24-25).

E é assim que os autores do Novo Testamento começam a afirmar que Jesus ressuscitado é o templo da Nova Aliança.

Ele é também o nosso sumo-sacerdote, o qual, devido à sua ressurreição, já não pode morrer.
A Carta aos Hebreus diz que Jesus está no Céu sentado à direita de Deus Pai, onde intercede de modo permanente por nós.

Ele é, na verdade, o templo que não é feito pelos homens mas por Deus, acrescenta a Carta aos Hebreus (Heb 8, 2).

Portanto, Jesus ressuscitado é o nosso sumo-sacerdote em funções eternas de medianeiro sacerdotal junto do Pai.

Por outras palavras, Jesus está no Céu junto de Deus Pai exercendo o seu ministério sacerdotal, enviando-nos de modo permanente o dom do Espírito Santo que nos incorpora na Família de Deus.

Graças ao Espírito Santo nós somos filhos e herdeiros de Deus Pai e co-herdeiros do Filho de Deus, como diz São Paulo (Rm 8, 14-17).

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Calmeiro Matias

O TEMPLO DA NOVA ALIANÇA-IV

IV-O NOVO TEMPLO NÃO É OBRA DO HOMEM

Eis o que diz a Carta aos Hebreus: “De facto, Jesus ressuscitado não entrou num templo feito por mãos humanas. Estes templos são apenas a imagem e a figura do verdadeiro santuário.

Pelo contrário, Jesus entrou no Céu, a fim de se apresentar diante de Deus e interceder em nosso favor” (Heb 9, 24).

No momento em que Jesus estava pregado na cruz, os sacerdotes judeus passavam diante do Senhor e riam-se dizendo:

“Tu que destruías o templo e o reconstruías em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz” (Mt 21, 15).

De facto, no dia em que expulsou do templo um grupo de comerciantes desonestos, Jesus disse aos sacerdotes e doutores da Lei:

“Destruí este templo e eu, em três dias, o reedificarei” (Jo 2, 18-19). O Evangelho de São João acrescenta: “Jesus falava do templo do seu corpo” (Jo 2, 21).

A partir deste ensinamento de Jesus, os discípulos começara a compreender que o templo da Nova Aliança é Jesus ressuscitado e o coração das pessoas que estão unidas a Jesus.

Eis as palavras de São Paulo: “Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?

Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus é santo e esse templo sois vós” (1 Cor. 3, 16-17).

A Primeira Carta de São Pedro vai nesta mesma linha ao afirmar que a comunidade é o templo de Deus e cada membro da comunidade é uma pedra viva deste templo.

Além disso, todos os membros da comunidade participam do sacerdócio de Jesus Cristo e, portanto, estão capacitados para oferecer um culto ao Deus vivo que não habita em templos feitos pela mão dos homens:

“Como pedras vivas, entrai na edificação de um templo espiritual, formando um sacerdócio santo cuja missão é oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por meio de Cristo” (1 Pd 2, 5).

No evangelho de São João, Jesus diz que o antigo templo de Jerusalém não tem mais razão de ser, pois Deus já aprecia apenas o culto em Espírito e Verdade, isto é, a oração no Espírito Santo e a meditação da Palavra de Deus.

São Paulo diz ainda uma verdade importante quando afirma: “O templo de Deus é Santo. Ora, esse templo sois vós e vós sois de Cristo” (1 Cor 6, 19).

Isto quer dizer que os crentes, unidos a Cristo ressuscitado, são o verdadeiro templo que Deus planeou e anunciou a David através do profeta Natã (2 Sam 7, 12-16).

A Carta aos Efésios diz o seguinte: “Em Cristo, a comunidade é uma construção que se ergue harmoniosa, a fim de formar um templo santo no Senhor” (Ef 2, 2).

O Templo de Deus é constituído por pessoas em comunhão com Cristo ressuscitado. O alicerce e a cúpula deste templo é Jesus Cristo ressuscitado.



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Calmeiro Matias








sábado, 19 de abril de 2008

HOMEM E MULHER, DEUS OS CRIOU-I

I-DUAS FACES DE UM ROSTO HARMONIOSO

A Humanidade é um rosto com duas faces: a face masculina e a face feminina. Somos seres sexuados. Isto significa que todas as nossas relações são sexuadas, isto é, diferentes consoante as pessoas com as quais nos relacionemos. Diferente não significa ser melhor ou pior.

É importante termos consciência deste facto e assumi-lo, a fim de nos aceitarmos e procurarmos dar o melhor de nós na edificação da sociedade em que vivemos.

Deus é uma comunidade amorosa de três pessoas. Isto significa que Deus, ao criar o Homem à Sua imagem e semelhança, não podia deixar de o criar como um talhado para as relações de amor e comunhão.

Estamos, pois talhados para o encontro. Podemos dizer que uma pessoa sozinha não é uma pessoa em estado plenitude.

Na verdade, a pessoa só se conhece e possui plenamente no face a face com os outros. Como seres sexuados, as pessoas humanas estão estruturadas para a relação de comunhão de diferenças.

Eis as palavras do Livro do Génesis ao falar da criação do Homem: “Deus criou o Homem à Sua imagem e semelhança, varão e mulher os criou” (Gin 1, 27).

A relação do pai com a filha é diferente da relação do pai com o filho. Diferente, aqui, não significa melhor ou pior, mas simplesmente que interagimos constantemente como seres sexuados.
O mesmo se passa com a relação da mãe com o filho ou a filha.

O varão e a mulher são absolutamente iguais em dignidade, apesar de serem distintos e diferenciados.

Ao criar a mulher, Deus está a fazer emergir o amor em ondas de doação muito especial no que se refere à ternura.

Ao criar o Homem, Deus faz emergir o amor em ondas de bem-querer, coragem e firmeza.
A Face feminina confere ao amor sobretudo um colorido de tolerância e perdão.

A face masculina, por seu lado, confere ao amor a firmeza capaz de significar há coisas que não podem ser postas em causa.

Criando a mulher, Deus demonstrou entender de ternura, pois o coração maternal é um manancial extraordinário de ternura.

Criando o varão, Deus demonstrou ser o Deus da Aliança, a qual assenta na firmeza e na autoridade da Palavra.

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Calmeiro Matias

HOMEM E MULHER, DEUS OS CRIOU-II

II-UNIDOS A CAMINHAR PARA DEUS

A Humanidade, portanto, está a emergir e a fluir como um rio com duas margens. As margens deste rio conduzem as águas no sentido desse Oceano Infinito que é a Comunhão da Santíssima Trindade.

O nosso corpo é uma mediação básica para acontecer o encontro com os outros. O simbolismo da nossa realidade corporal indica que estamos talhados para a comunicação e o face a face.

Na verdade, ninguém vê directamente o seu rosto, mas apenas o rosto dos outros. A pessoa que pretende anular esta dimensão básica da abertura ao outro, está a estruturar-se de modo neurótico, podendo malograr a sua realização pessoal de homem ou mulher.

A nível espiritual acontece exactamente a mesma coisa: a plenitude da pessoa não está em si, mas na reciprocidade da comunhão.

Reduzida a si, a pessoa está em estado de malogro e perdição. A família humana realizada e feliz é o sacramento da Família de Deus, a qual é a plenitude da família humana.

O Céu é a comunhão Universal da Família de Deus cujo coração é a comunhão amorosa da Santíssima Trindade.

Ao criar o Homem, Deus fê-lo através de uma intervenção especial: depois de preparar o barro orgânico que é a dimensão biológica do Homem, soprou-lhe o Sopro de Vida, isto é, o Espírito Santo (Gin 2, 7).

Nesse momento, o ser humano tornou-se barro com coração, isto é, um ser com interioridade espiritual e capaz de amar.

Barro com coração é o marido que se esforça para que não falte o essencial lá em casa. Barro com coração é a esposa que se esforça para que não falte o apoio afectivo ao marido.

Barro com coração é a mãe que, após um dia de trabalho, ainda arranja tempo para preparar uns miminhos para os filhos.

Barro com coração é o jovem que é capaz de correr riscos para defender os valores que reconhece como essenciais, mesmo que à sua volta esses valores sejam desprezados.

Barro com coração é a jovem que procura agir de acordo com o que lhe parece certo e justo.
Barro com coração é o adolescente capaz de ser diferente, mesmo que isso, por vezes, o torne menos popular.

Barro com coração é a pessoa humana que procura tratar os outros como deseja ser tratado por eles.

Barro com coração é a pessoa que decide falar com alguém que lhe parece estar muito ecessitado de desabafar.

Barro com coração é o jovem consciente que se mantém firme nas suas opiniões e não anda simplesmente ao sabor das opiniões dos outros.

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Calmeiro Matias