sábado, 19 de abril de 2008

HOMEM E MULHER, DEUS OS CRIOU-III

III-A COMPANHEIRA COMO FONTE DE ALEGRIA

Ao criar o Homem, diz a Bíblia, Deus criou-os varão e mulher. O Livro do Génesis diz que Adão começou logo a conviver pacificamente com os animais.

Mas Adão não falava. Foi então que Deus decidiu dar-lha uma companheira igual. Ao ver Eva, Adão deu um grito de alegria e começou a falar.

Eis as palavras do Livro do Génesis: “O Senhor Deus disse: “Não é conveniente que o homem esteja só. Vamos dar-lhe um auxiliar semelhante a ele” (Gn 2, 18-19).

Em seguida, o Livro Génesis descreve as palavras de exultação de Adão ao ver Eva: “Então o homem exclamou: Este é realmente o osso dos meus ossos, a carne da minha carne. Chamar-se à mulher, pois foi tirada do homem.

Eis o motivo pelo qual o homem deixará pai e mãe para se unir à sua mulher e os dois farão uma só carne” (Gn 2, 23-24).

O homem e a mulher de tal modo estão talhados um para o outro que é como se a mulher fosse arrancada do peito do homem e este arrancado do seio da mulher.

Como seres semelhantes a Deus, o homem e a mulher são seres criadores. Não verdade eles são capazes de fazer que o novo aconteça e que surjam realidades e projectos que antes não existiam.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

HOMEM E MULHER, DEUS OS CRIOU-IV

IV-COLABORADORES DE DEUS

Como seres capazes de criar, o homem e a mulher são realmente cooperadores de Deus na obra da Criação.

Eis a razão pela qual Deus encontra condições para fazer uma aliança com eles. Mas Deus não criou o homem e a mulher como seres acabados.

Para se realizarem como pessoas livres, conscientes e responsáveis, o homem e a mulher têm de tomar parte na sua realização.

De facto, Deus não mandou Adão realizar-se como um sujeito isolado, mas como uma união orgânica.

Eis as palavras do Génesis: “Abençoando-os, Deus disse: “crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a Terra” (Gin 1, 28) ”.

Portanto, é como varão e mulher que Deus os chama a colaborar na obra da Criação. É ao varão e à mulher que Deus chama formarem uma só carne, isto é, uma união orgânica, dinâmica e fecunda.

É ao homem e à mulher que Deus convida para que construam famílias felizes, a fim de podermos ter sociedades mais humanizadas.

É ao homem e à mulher que Deus convida a cuidar desta terra que ele nos deus como morada.
Se não tomarmos a sério esta missão que Deus nos deu, a terra converter-se-á em lugar de morte, em vez de ser o jardim maravilhoso onde brota a vida.

Na verdade, já quase não temos rios de água limpa. O ar que respiramos tem cada vez pior qualidade.

Já começamos a abrir buracos na camada de ozone correndo o risco de tornara a vida inviável sobre a terra.

O homem e a mulher estão convidados a ser bons colaboradores na nobre tarefa de construir uma sociedade mais justa e fraterna.

Como sabemos, a pessoa faz-se, fazendo. Realizamo-nos, concretizando planos, projectos e sonhos.

Esta tarefa é tanto para homens como para mulheres. De facto, é nesta possibilidade de nos construirmos em colaboração fraterna que está a nossa grandeza e dignidade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sexta-feira, 18 de abril de 2008

ESPÍRITO SANTO E O PODER DA TENTAÇÃO-I


I-A SUBTILEZA DA TENTAÇÃO

A tentação é uma insinuação subtil que acontece na nossa mente, querendo-nos fazer crer que o mal é bem e o bem é mal.

A tentação não é pecado, mas a possibilidade de pecar. Jesus foi tentado e, no entanto, não pecou. A tentação surge e insinua-se, convidando-nos a enveredar por caminhos opostos aos do bem e do amor.

A pessoa humana é um ser frágil. A tentação pode facilmente conseguir a vitória. Eis a razão pela qual Jesus, na oração do Pai-nosso, nos ensinou a pedir a Deus que não nos deixe cair na entação.

Pedir a Deus que não nos deixe cair na tentação é o mesmo que pedir ao Espírito Santo que não nos deixe ficar enredados nos meandros subtis da tentação.

Na verdade, a vitória sobre a tentação foi-nos oferecida por Jesus Cristo ressuscitado, mediante o dom do Espírito Santo.

No entanto, o Espírito Santo não se nos impõe. Por outras palavras, o Espírito Santo não nos substitui: interpela, ilumina, chama e convida no íntimo da nossa consciência.

A tentação é, no fundo, uma solicitação do homem velho que oferece resistência ao amor, pois o pecado é sempre uma resistência ao amor.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ESPÍRITO SANTO E O PODER DA TENTAÇÃO-II

II-FRAGILIDADE HUMANA E TENTAÇÃO

Podíamos dizer que a tentação não é pecado, mas sim a possibilidade do pecado em acção. Se não estivéssemos enfraquecidos pelas forças negativas que herdámos dos outros, a tentação era apenas uma possibilidade remota de o pecado acontecer.

Mas os condicionamentos que herdámos devido às recusas de amor dos outros para connosco, condicionaram as nossas possibilidades de fazer o bem.

Na verdade, os outros não só nos possibilitaram, mas também nos condicionaram. Devido a esta nossa situação de seres fragilizados precisamos de recorrer a Deus.

Não se trata de pedir ao Senhor para nos substituir. De facto, a oração não é nunca uma maneira mágica de manipular Deus.

Pedindo a Deus que não nos deixe cair na tentação estamos a abrir o nosso coração à presença do Espírito Santo que nos fortalece e configura com Cristo.

São Paulo deu provas de entender muito bem a dinâmica do Espírito Santo em nós quando disse que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Como sabemos, é o Espírito Santo quem faz ecoar no nosso coração a Palavra de Deus. Isto quer dizer que é ele quem nos capacita para valorizarmos as coisas e os acontecimentos segundo os critérios de Deus e não segundo as insinuações da tentação.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quinta-feira, 17 de abril de 2008

COMO ENCONTRAR DEUS NO NOSSO CORAÇÃO-I

I-A ARTE DE ENTRAR NO NOSSO ÍNTIMO

A palavra e os diálogos com Deus passam-se no mais íntimo de nós mesmos. Na verdade, é no nosso coração que o Espírito Santo está sempre presente para nos dizer a Palavra de Deus e nos pôr em comunicação com Deus Pai e Com o Filho de Deus.

É esta a razão pela qual Jesus dizia aos discípulos para buscarem de vez em quando momentos de silêncio e sossego, a fim de entrarem no seu íntimo e aí poderem encontrar-se e dialogar com Deus.

De facto, não é possível ouvir a Palavra de Deus no nosso coração sem fazermos de vez em quando uma pausa, a fim de prestarmos atenção ao Espírito Santo que está no nosso coração.

Por outras palavras, para ouvirmos de modo nítido a voz suave do Espírito Santo que nos comunica a Palavra de Deus é preciso saber deixar as preocupações, o trabalho e os divertimentos.

Certo dia Jesus foi a casa de três irmãos que eram grandes amigos seus: Lázaro, Marta e Maria.
Naquele dia, Lázaro tinha saído e só estavam em casa Marta e Maria, as quais eram as duas grandes amigas de Jesus.

Marta sabia que Jesus gostava muito de uma comida que ela cozinhava muito bem. Marta convidou Jesus para almoçar e começou logo a preparar o prato favorito de Jesus.

Por seu lado, Maria sentou-se junto a Jesus a ouvir as suas Palavras. Maria eras capaz de fi9car horas a ouvir a palavras de Jesus. Nesses momentos o seu coração ficava muito feliz.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

COMO ENCONTRAR DEUS NO NOSSO CORAÇÃO-II

II-SABER DISPOR DE TEMPO PARA DEUS

Como conhecia muito bem os mistérios de Deus, Jesus anunciava a salvação e o Reino de Deus de um modo tão claro que encantava a pessoas.

Ao ver que a hora do almoço se estava a aproximar e que a comida estava atrasada, Marta começou a ficar nervosa.

Sentia-se um pouco incomodada por Maria estar sentada junto de Jesus e não a vir a ajudar.
Num tom um pouco agressivo, Marta diz a Jesus: “Senhor diz à minha irmã para me vir ajudar, pois estou a fazer todo o trabalho sozinha”.

Jesus aproveitou para transmitir à sua amiga Marta um ensinamento muito importante: devemos pôr em primeiro lugar a Palavra de Deus e tudo o resto se há-de resolver de modo adequado.

As palavras de Jesus foram mais ou menos estas: “Marta, estás demasiado envolvida e preocupada com o almoço.

Eu sei que estás a preparar uma comida de que eu gosto muito. Também sei que preparar essa comida dá muito trabalho.

Mas olha que por vezes é muito importante saber parar, a fim de ouvirmos com atenção a Palavra de Deus. Nesses dias, o almoço até pode ser mais simples”.

Jesus disse estas palavras a Marta, não por ser mal agradecido, mas como era muito seu amigo, queria ajudá-la a saber escolher o mais importante.

Depois, Jesus acrescentou: “Sabes Marta, Maria escolheu a melhor parte ao decidir ouvir a Palavra de Deus. Por isso não a vamos impedir nem perturbar”.

E Jesus continuou a explicar a Palavra de Deus a Maria, enquanto Marta acabava o almoço.
Jesus gostava muito da comida que Marta estava a preparar, mas ainda gostava mais de ensinar a Palavra de Deus às pessoas.

Numa outra ocasião, Jesus já tinha dito que o pão é importante para nos alimentarmos, mas acrescentou que a pessoa humana não vive só de pão, pois precisa também, e muito, da Palavra de Deus.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

COMO ENCONTRAR DEUS NO NOSSO CORAÇÃO-III

III-JESUS E O PÃO ESSENCIAL

Jesus tinha a certeza de que a Palavra de Deus é um alimento fundamental para a pessoa encontrar sentidos para viver e, assim, atingir a sua felicidade.

O pão é fundamental para alimentar a vida, mas a pessoa, não é capaz de viver sem sentidos profundos.

Os evangelhos dizem que Jesus se retirava muitas vezes para o campo ou para lugares silenciosos, a fim de falar com Deus, seu Pai.

Como a Palavra de Deus é dita no nosso interior pelo Espírito Santo, é preciso parar, fazer silêncio e escutar.

Jesus passava muitas horas a ensinar as multidões que se juntavam para o escutar. Por esta razão, às vezes sentia-se cansado e sentia necessidade de encontrar força na oração.

Nesses momentos retirava-se para o monte e, em silêncio, ouvia a Palavra do seu Pai que, no seu coração, o Espírito Santo lhe ia comunicando.

Por vezes via-se mesmo que estava cheio de uma grande alegria interior que lhe vinha do Espírito Santo.

Uma vez Jesus disse aos discípulos: “quando quiserdes orar entrai no vosso quarto e aí, em silêncio, falai com o vosso Pai do Céu”.

Jesus queria dizer que há dois modos muito importantes de rezar: a oração da pessoa sozinha e em silêncio e a oração em comunidade quando celebramos a Eucaristia ou outras celebrações da fé.

Para ensinar que Deus está sempre connosco quando oramos, Jesus dizia: “Tudo o que pedirdes com fé na oração ser-vos-à concedido”.

E ainda: “pedi e ser-vos-à dado, buscai e achareis, batei à porta e a porta será aberta (...).
Se os pais humanos, apesar de serem pecadores sabem dar coisas boas aos seus filhos, quanto mais o vosso Pai do Céu que é todo bondade e amor vos dará coisas boas”.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

COMO ENCONTRAR DEUS NO NOSSO CORAÇÃO-IV

IV-BUSCANDO A VONTADE DE DEUS

Jesus disse ainda que, na nossa oração, devemos falar com Deus como um filho fala com um pai bondoso.

Não é preciso dizer muitas palavras, como fazem os que não conhecem o Deus verdadeiro, dizia Jesus.

Devemos pedir a Deus que nos ajude a fazer a sua vontade. A vontade de Deus coincide sempre com o que é melhor para nós.

Além disso o querer de Deus para todos os seres humanos é que se amem uns aos outros como irmãos.

Por isso Jesus disse: “Não são os que dizem Senhor, Senhor, que entram no Céu, mas sim os que fazem a vontade do Pai que está nos Céus”.

Depois da ressurreição de Jesus, os discípulos reuniam todos os dias para fazerem oração.
Certo dia, estando eles a orar, veio o Espírito Santo sobre eles e transformou totalmente o seu coração.

A partir desse momento, os discípulos sentiam-se interiormente cheios de força e alegria.
Corriam perigos enormes para anunciarem Jesus ressuscitado, pois já não tinham medo de nada.

Também nós, se aprendermos a parar para falar com Deus o Espírito Santo está connosco para nos ajudar.

Eis algumas coisas importantes que a bíblia diz sobre a oração: “Apresentai as vossas preocupações a Deus na oração”.

Noutra passagem, acrescenta: “Vivei alegres e orai todos os dias”. “Os ouvidos do Senhor estão sempre atentos para escutar os que fazem oração”. “Orai, a fim de ficardes fortes e não terdes medo de nada”.

Orar, portanto, é encontrar-se com Deus no nosso coração. Quando oramos podemos dizer a Deus as coisas que nos alegram e também as que nos entristecem.

Quando oramos, Deus enche-nos da força do Espírito Santo, a fim de vencermos as nossas dificuldades e fazermos coisas boas para nós e para aqueles que se encontram connosco na vida.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quarta-feira, 16 de abril de 2008

DIMENSÃO ESPIRITUAL DO REINO DE DEUS-I

I-A PRIMEIRA PROFECIA DO REINO

O Reino de Deus foi a grande aspiração do Povo Bíblico durante cerca de mil anos. Tudo começou quando o profeta Natã anunciou a David que o Senhor Deus lhe ia suscitar um filho, o qual construiria um templo para Deus e reinaria com grande poder e majestade.

Deus prometeu a David adoptar este seu filho como filho de Deus, fazendo que o seu reino permaneça para sempre (2 Sam 7, 12-16).

Durante séculos o povo bíblico suspirou pela vinda do filho de David aguardando a restauração do Reino de David com todo o seu esplendor.

Segundo o sonho do profeta Isaías, os povos da terra viriam a Jerusalém procurando a Sabedoria de Deus, trazendo as suas riquezas, fazendo de Jerusalém a capital mais rica do mundo (Is 60, 1-
11).

Esta expectativa permaneceu até à vinda de Jesus. Eis as palavras que o anjo comunica a Maria no momento em que lhe comunica que ela vai ser a mãe do Messias:

“Disse-lhe o anjo: “Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus.Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus.

Ele será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu Pai David.

Reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim” (Lc 1, 30-33).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DIMENSÃO ESPIRITUAL DO REINO DE DEUS-II

II-A VIRAGEM OPERADA POR JESUS

Era assim que os Apóstolos imaginavam a missão messiânica de Jesus. Jesus não via as coisas do mesmo modo.

O Espírito Santo tinha-o feito compreender que a sua missão se orientava num sentido bem diferente:

Eis o modo como o evangelho de Lucas descreve a descoberta de Jesus: “Jesus veio a Nazaré onde se tinha criado. Segundo o seu costume entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para ler.

Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías e, desenrolando-o deparou com a passagem em que está escrito:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres.
Enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista.

Enviou-me para libertar os oprimidos e a proclamar um ano favorável do Senhor (…). Começou, então, a dizer-lhes: “Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura que acabais de ouvir” (Lc 4, 18-21).

Ao contrário de Jesus, os Apóstolos esperavam que ele viesse restaurar o reino de David e fazer de Jerusalém a capital mais rica do mundo.

Eis a razão pela qual Jesus chama Satanás a Pedro, pois este não entende as coisas segundo Deus, mas sim segundo os critérios dos homens (Mt 16, 23).

Era normal que, perante uma compreensão destas eles aspirassem aos lugares mais importantes na corte messiânica.

E foi assim que Tiago e João seu irmão se dirigiram a Jesus pedindo-lhe que lhes cedesse os dois lugares mais importante na corte.

Os outros dez, ao verem este comportamento começaram a protestar. Jesus aproveitou a oportunidade para lhes explicar a sua missão não se encaixava na visão messiânica tradicional, segundo a qual a o Messias seria um rei poderoso.

Pelo contrário, diz-lhes Jesus, ele veio para servir e dar a vida pela salvação do mundo (cf. Mc 10, 35-45).

O evangelho de São Lucas tem um texto muito sugestivo sobre o lugar de destaque que os Apóstolos terão no banquete do Reino de Deus.

Mas é evidente que estas palavras, na boca de Jesus, não se referiam a um poder de domínio terreno:

“Vós permanecestes sempre a meu lado nas minhas provações. Por isso disponho do Reino em vosso favor, como meu Pai dispõe dele em meu favor, a fim de que comais e bebais à minha mesa no meu reino.

E haveis de sentar-vos em doze tronos para julgardes as doze tribos de Israel (Lc 22, 28-30).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DIMENSÃO ESPIRITUAL DO REINO DE DEUS-III

III-A GRANDE MUDANÇA DOS APÓSTOLOS

Após a Ressurreição de Jesus, o Espírito Santo foi conduzindo os discípulos no sentido de estes compreenderem o alcance da missão messiânica de Jesus.

Nos finais do século primeiro, o Evangelho de São João já tem uma visão totalmente distinta:
“Jesus, sabendo que viriam arrebatá-lo para o fazer rei, retirou-se de novo sozinho para o monte” (Jo 6, 15).

Mais à frente acrescenta: “ Pilatos perguntou a Jesus:’ tu és rei dos judeus?’ (...). Jesus respondeu, o meu reino não é deste mundo.

Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que eu não fosse entregue às autoridades judaicas.

Portanto, o meu reino não é de aqui. Disse-lhes Pilatos: ’logo, tu és rei? Respondeu-lhe Jesus: ‘é como dizes: eu sou rei’ Para isto nasci e vim ao mundo: dar testemunho da verdade” (Jo 18, 33-37).

Estas palavras do evangelho de São João já não têm qualquer conotação de poder terreno.
As primeiras gerações cristãs, no entanto, esperavam uma segunda vinda de Jesus para julgar os vivos e os mortos e restaurar o Reino de David (Act 3, 19-21; Lc 22, 28-30).

Está nesta mesma linha a visão milenarista do Apocalipse (Apc 20, 4-6). Estamos no terceiro milénio.

Isto significa que temos muitos séculos de reflexão sobre o mistério do Reino e o projecto salvador de Deus. Como resultado, temos um maior aprofundamento e enriquecimento na compreensão deste mistério.

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DIMENSÃO ESPIRITUAL DO REINO DE DEUS-IV

IV-NOVOS CÉUS E UMA NOVA TERRA

Para os cristãos do terceiro milénio, o Reino de Deus é a comunhão humano-divina da Família de Deus.

Por outras palavras, o Reino de Deus, para nós, significa a assunção e incorporação da Humanidade na comunhão orgânica da Santíssima Trindade.

Esta assunção e incorporação acontece pelo facto de estarmos organicamente unidos a Jesus ressuscitado.

No evangelho de São João, Jesus afirma que ele e o Pai fazem um (Jo 10, 30). Por outro lado, Jesus faz com a Humanidade uma união orgânica, pois ele é a cepa da videira da qual nós somos os ramos (Jo15, 1-7).

A união orgânica que nos une a Jesus Cristo é idêntica, diz o evangelho de São João, à união que existe entre Cristo e o Pai.

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, do mesmo modo quem me come viverá por mim” (Jo 6, 56-57).

A carne e o sangue de Cristo ressuscitado é o Espírito Santo, o princípio vital que alimenta a união orgânica que une o Filho Eterno de Deus e Jesus de Nazaré, o Filho de Maria.

É a Água viva que Jesus nos dá, a qual faz jorrar uma nascente de vida eterna nos nosso coração, comunicando-nos a vida humano-divina de Jesus Cristo (Jo 7, 37-39; 4, 14; 6, 62-63).

O Espírito Santo é o princípio animador da comunhão universal do Reino que faz de Cristo um com o Pai e de nós um com Cristo, consumando assim a união humano-divina do Reino de Deus (Jo 17, 21-23)

Todos os que são animados pelo Espírito Santo, diz São Paulo, são filho e herdeiros de Deus Pai e irmãos e co-herdeiros do Filho de Deus (Rm 8, 14-17).

Podemos dizer que o Reino de Deus é a plenitude da Vida Eterna com o nosso Deus, como diz o Apocalipse:

“Vi, então, um novo céu e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia.

Vi descer do céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a nova Jerusalém, preparada, qual noiva adornada para o seu esposo.

E ouvi uma voz potente que vinha do trono e dizia: “Esta é a morada de Deus entre os homens.
Ele habitará com os homens, e estes serão o seu povo. Deus será o seu Deus e estará com eles enxugando todas as lágrimas dos seus olhos.

Então não haverá mais morte, nem luto, nem pranto nem dor, pois as primeiras coisas passaram. O que estava sentado no trono disse: eu renovo todas as coisas” (Jo 21, 1-5).

O Reino de Deus é a Festa da comunhão universal. Todos dançam o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito com que tenha treinado enquanto viveu na História.

Todos reinam e comungam com Deus formando um povo de reis, sacerdotes e profetas, como diz a Primeira Carta de São Pedro:

“Vós porém, sois povo eleito, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido, a fim de proclamardes as maravilhas daquele que vos chamou das trevas para a sua luz admirável” (1 Pd 2, 9).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

terça-feira, 15 de abril de 2008

A EPOPEIA DO HOMEM EM CONSTRUÇÃO-I

I-O SENTIDO DA HUMANIZAÇÃO

O Homem faz parte da cúpula personalizada do Universo! Nesta perspectiva, podemos dizer que o Homem faz parte do melhor que a génese criadora já produziu.

A Humanidade concretiza-se em pessoas, isto é, em seres com uma interioridade espiritual.
É verdade que o ser humano não é Deus, mas devido ao facto de ser pessoa é proporcional à própria Divindade.

Com efeito, a Divindade é pessoas em comunhão e a Humanidade também. Eis a razão pela qual o Homem é o sonho e a paixão de Deus.

Está em processo de realização histórica. Por isso, para se dizer, precisa de contar uma história.
A vida humana já tem sabor a eternidade, pois devido à sua densidade espiritual deu o salto para a imortalidade.

Como realidade em construção na História, o Homem está a emergir em cada ser humano de forma única, original e irrepetível.

Mas a Humanidade não se esgota nas pessoas actualmente em construção na História. Na verdade, a multidão dos seres humanos que nos precederam nesta aventura da humanização já está incorporada na comunhão Universal da Família de Deus.

Com a Encarnação do Filho Eterno de Deus, a Humanidade deu um salto de qualidade e entrou na plenitude dos tempos.

Com o termo plenitude dos tempos, São Paulo quer significar e a fase dos acabamentos, isto é, o processo da divinização do Homem.

Foi no interior espiritual de Jesus de Nazaré que o divino se enxertou no humano, formando uma união orgânica e dinâmica de grandeza humano-divina.

Nesta interacção humano-divina nem o humano é anulado pelo divino, nem o divino é diminuído pelo humano.

Com Jesus Cristo, portanto, começou a marcha da divinização do Homem mediante a inserção dos seres humanos na Família de Deus.

Eis a maneira Como São Paulo exprime esta dinâmica da divinização do Homem:“De facto, todos os que são conduzidos pelo Espírito Santo são filhos de Deus.

Vós não recebestes um espírito de escravidão para andardes com medo.Pelo contrário, recebestes um Espírito de adopção que faz de vós filhos adoptivos de Deus e vos leva a clamar “Abba”, isto é, Pai!

É o próprio Espírito Santo que no nosso íntimo dá testemunho de que somos realmente filhos de Deus.

Ora, se somos filho de Deus somos também herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo” (Rm 8, 14-17).

A partir de Jesus Cristo, portanto, a divinização do Homem está em marcha. Podemos dizer que será eternamente mais divino quem mais se humanizar na História.

Por outras palavras, comungará mais com Deus quem mais crescer na capacidade de comungar com os irmãos.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A EPOPEIA DO HOMEM EM CONSTRUÇÃO-II

II-DA ORIGEM À PLENITUDE

Como sabemos, o Reino de Deus é a Festa Universal da Família de Deus. Nesta Festa todos dançam o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que tiver treinado agora na História.

É exactamente isto que significa dizer que a pessoa é um ser em construção histórica. Por outras palavras, o ser humano faz-se, fazendo. Realiza-se, realizando. Ninguém o pode substituir nesta tarefa da sua realização.

No entanto, a pessoa humana só pode realizar-se em relações com as outras, pois não somos ilhas.

Podemos dizer que começamos por ser aquilo que os outros fizeram de nós. Mas o mais importante e decisivo é o modo como nos realizamos a partir do que recebemos dos demais.

Ao falar da Encarnação, o evangelho de São João diz que o Filho de Deus, ao encarnar, nos deu o poder de nos tornarmos nos filhos de Deus.

Eis as suas palavras: “Mas a quantos o receberam, aos que nele crêem deu-lhe o poder de se tornarem filhos de Deus.

Estes não nasceram dos laços do sangue, nem dos impulsos da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus.

E o Verbo de Deus encarnou e veio habitar no nosso meio. E nós vimos a sua glória, essa glória que ele possui como filho unigénito do Pai cheio de graça e de verdade” (Jo 1, 12-14).

Na sua configuração espiritual, o ser humano é uma pessoa semelhante às pessoas divinas.
Como cada ser humano é único, podemos dizer que a pessoa é um ser alicerçado na sua unicidade, mas talhado para a reciprocidade da comunhão amorosa.

Isto quer dizer que a plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão amorosa. Eia a razão pela qual a Divindade, apesar de ser três pessoas, é apenas uma plenitude divina.

Por outras palavras, o Uno, em Deus, é a comunhão trinitária. O plural, são as pessoas. Tal como acontece com a Divindade, também a Humanidade forma uma unidade orgânica e dinâmica, onde cada pessoa encontra a sua plenitude.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A EPOPEIA DO HOMEM EM CONSTRUÇÃO-III

III- CRISTO COMO FONTE DA PLENITUDE

Por ser um homem plenamente realizado, Jesus de Nazaré faz um todo com a Humanidade.
Pelo facto de formar uma interacção humano-divina, Jesus é a fonte a partir da qual emana a Água Viva, isto é, o Espírito Santo que diviniza a diviniza toda a Humanidade.

Como vimos acima, foi no coração de Jesus que aconteceu o enxerto do divino no humano, a fim de este ser divinizado.

De facto, a Encarnação é a cúpula da criação do Homem. No princípio, Deus iniciou a génese histórica do Homem através dessa intervenção especial em que Deus insufla o sopro do Espírito Santo no coração do Homem (Gn 2, 7).

Utilizando o cenário simbólico apresentado pelo Livro do Génesis, podíamos dizer que Deus amassou o barro e talhou-o, dando-lhe uma configuração humana.

Esta imagem significa que a marcha evolutiva caminhou no sentido da complexidade cerebral específica do ser humano.

Quando a marcha evolutiva entrou no limiar da hominização, Deus interveio, comunicando ao Homem a dinâmica do Espírito Santo, dando início ao processo histórica da Humanização.

A Hominização é a estrutura natural do Homem. A Humanização é o processo histórico da personalização e espiritualização do mesmo Homem.

Deus não realizou qualquer outra intervenção especial no que se refere à criação dos outros animais.

Utilizando a imagem bíblica do relato da criação, podíamos dizer que Deus, ao introduzir o hálito da vida espiritual no coração da pessoa humana, fez que esta se tornasse barro com coração.

Barro com coração é a pessoa humana capaz de eleger os outros como alvo de bem-querer e de realizar com eles alianças de amor.

Barro com coração é o ser humano dotado de livre arbítrio, isto é, com a capacidade psíquica de optar pelo bem e pelo mal.

Barro com coração é o ser humano chamado a construi-se como pessoa a partir dos talentos que recebeu dos outros.

Barro com coração é o ser humano chamado a optar pelo bem, rejeitando o mal, tornando-se assim um ser com uma vida ética.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A EPOPEIA DO HOMEM EM CONSTRUÇÃO-IV

IV-O IMPULSO PRIMODIAL DA HUMANIZAÇÃO

No interior de cada ser humano, o Espírito Santo dá o impulso primordial à marcha da humaniza e depois acompanha esta marcha no concreto das situações onde se jogam as questões importantes para a humanização.

E é assim que o Espírito Santo se torna o arquitecto da humanização do Homem, inspirando e insinuando, mas sem jamais substituir a pessoa.

É o Espírito Santo que faz emergir no coração do Homem a Sabedoria que o ajuda a saborear o sentido da Vida, da História e do Universo com os critérios do próprio Deus.

Podemos dizer que a História do Homem está marcada pelo amor e a presença de Deus, nosso Criador e Salvador.

O Deus bíblico é, de facto, o Emanuel, pois está connosco desde os primórdios da História Humana.

Ao nascer da aurora, Deus foi amassando o barro que constitui a base orgânica e psíquica do nosso ser.

Ao chegar o meio-dia, concedeu-nos o dom da salvação em Cristo. Após o meio-dia, somos convidados a aceitar o dom da salvação vivendo como membros da Família de Deus:

Filho de Deus Pai, irmãos do filho de Deus e dos demais seres humanos. Os cristãos estão chamados a celebrar este plano amoroso de Deus, a fim de melhor o saborearem e poderem anunciar a todos os homens.

Podemos dizer com toda a verdade que Deus no amou antes de nos criar. A paixão que Jesus Cristo sentia pela libertação e salvação dos seres humanos é a expressão do amor incondicional de Deus pelo Homem.

Na verdade, Deus não esteve à esperou que fossemos bons para gostar de nós. Mesmo após a rotura do pecado, Deus continuou a amar-nos incondicionalmente.

Jesus ensinou-nos esta verdade com a parábola do Filho Pródigo: Todos os dias Deus, como um Pai bondoso, subia ao alto da colina, na esperança de ver o filho regressar.

Ao ressuscitar, Jesus Cristo deu-nos a Água Viva que faz jorrar em nós um manancial de Vida Eterna, incorporando-nos na Família de Deus.

Ao nascer do dia, Deus Pai sonhou o Homem à sua imagem e semelhança. Quando chegou o meio-dia, Deus Filho, mediante a Encarnação, levou este sonho à plenitude, enxertando o divino no humano e assumindo o humano na plenitude da comunhão divina.

E foi assim que a Humanidade passou a ser uma Nova Criação reconciliada com Deus, como diz São Paulo:

“Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. Passou o que era velho e eis que tudo se fez novo.

Tudo isto vem de Deus que, em Cristo, nos reconciliou consigo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17-19).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A EPOPEIA DO HOMEM EM CONSTRUÇÃO-V

V-HUMANIZAR-SE PARA SER DIVINO

Podemos dizer que, em Jesus Cristo, os anseios mais profundos do coração humano encontraram a sua resposta!

Na verdade, a fome de plenitude que grita no mais íntimo do nosso ser encontrou a sua resposta plena.

É por esta razão que o Espírito Santo, no íntimo do nosso ser não cessa de nos convidara crescer, dando-nos a garantia de que não estamos a caminhar para o vazio da morte.

O facto de não nascermos acabados faz parte do projecto amoroso de Deus. Na verdade nós temos que tomar parte na nossa realização, a fim de nos realizarmos como pessoas livres, conscientes, responsáveis e capazes de amar.

Precisamos de tomar parte na nossa própria realização, a fim de podermos tomar parte na reciprocidade da Comunhão do Reino de Deus.

Por outras palavras, Deus criou-nos para que nos criemos, a fim de emergirmos como pessoas livres, conscientes e responsáveis.

A História é o útero em cujo seio está a emergir o Homem a caminhar para Deus. Hoje estamos nós a construir esta Humanidade a talhada para Deus. Muitos outros edificaram antes de nós.

E se não destruirmos a nossa Terra bonita e fecunda, outros virão enriquecer o património universal da Família de Deus.

A humanização é a grande tarefa do ser humano a caminhar para a plenitude da comunhão com Deus e os irmãos.

A lei da humanização é: Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a comunhão universal.

Realizar-se é fazer emergir o que ainda existe em nós como possibilidade de ser. Quanto mais a pessoa emerge, maior é a sua capacidade de interagir amorosamente com Deus e os irmãos.

É este o caminho que conduz à Família Universal de Deus onde os laços do sangue, da raça, da língua, da nacionalidade, do espaço e do tempo são superados.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

domingo, 13 de abril de 2008

ALEGORIA SOBRE OS DISCÍPULOS DE JESUS-I

I-A ALEGRIA DA EVANGELIZAÇÃO

Naquele dia, os discípulos de Jesus ficaram muito felizes, pois o que lhes acontecera era de facto muito bonito.

Logo de manhã juntaram-se a Jesus junto ao lago onde costumavam ir pescar. Jesus mandou-os a anunciar o Evangelho às aldeias vizinhas e o resultado foi extraordinário, pois as pessoas vinham em multidão atrás deles felizes pela mensagem que tinham ouvido.

Ao enviá-los a anunciar a Palavra de Deus, Jesus tinha-lhes comunicado a força da Palavra, e a luz da fé, a fim de eles anunciarem o amor de Deus de modo muito claro e simples para as pessoas compreenderem.

Ao mesmo tempo, Jesus tinha-lhes dado o poder de curar doentes. As pessoas começaram a seguir atrás dos apóstolos felizes por ouvi-los falar do amor de Deus e verem como eles curavam alguns doentes.

Isto também acontece nos nossos dias aos apóstolos que anunciam o Evangelho de Cristo. O facto de as pessoas virem em multidão atrás dos apóstolos faz-nos pensar no mistério que envolve os anunciadores do Evangelho.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ALEGORIA SOBRE OS DISCÍPULOS DE JESUS-II

II-ANIMADOS APENAS PELA SABEDORIA DA FÉ

Como sabemos, os discípulos de Jesus não eram atletas de alta competição com uma fama internacional.

Também não eram cantores de bandas famosas, nem jogadores de futebol. Não eram actores de cinema nem ídolos do cinema ou da televisão.

Pelo contrário, os Apóstolos eram pessoas muito simples. Alguns deles mal sabiam ler. Vestiam de maneira pobre e, como eram pescadores, as suas roupas, por vezes, cheiravam a peixe.

O segredo deste sucesso estava no facto de eles terem no seu coração uma força que os tornava capazes de realizar maravilhas em favor dos outros.

O que fazia dos apóstolos pessoas especiais era o facto de viverem com Jesus, o qual tinha o coração cheio do Espírito Santo e da Palavra de Deus.

Quando os mandava anunciar o Evangelho, Jesus passava para eles as mesmas forças que enchiam o seu coração.

Jesus preferia chamar sempre pessoas simples para anunciar o Evangelho. Ao mesmo tempo, ele preferia anunciar o amor de Deus às pessoas simples, pois estas têm o coração mais aberto à Palavra de Deus.

Um dia Jesus estava a anunciar o Evangelho a um grupo de pessoas muito simples. Enquanto falava, apercebeu-se de que essas pessoas estavam a compreender e a aceitar muito bem a Palavra e Jesus ficou muito feliz.

Eis como o evangelho de São Lucas descreve o que aconteceu: “Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse:

“Bendigo-te ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado” (Lc 10, 21).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ALEGORIA SOBRE OS DISCÍPULOS DE JESUS-III

III-A FÉ OPERA MILAGRES

Aos que aceitavam ser seus discípulos, Jesus tornava-os capazes de realizar maravilhas, como as que aconteceram naquela manhã em que Jesus os mandou anunciar o Evangelho às aldeias vizinhas.

Jesus disse-lhes: “ide pelas aldeias e anunciai às pessoas a bondade e o amor que Deus lhes tem.
Fazei o bem a todos, curando os enfermos ajudando os que não têm razões válidas para viver”.

Naquela manhã, enquanto os apóstolos foram a anunciar o Evangelho, Jesus ficou à espera deles num sítio que tinham combinado.

Ao regressarem, os discípulos vinham tão contentes que não podiam calar a alegria que traziam no seu coração.

Ao enviá-los, Jesus tinha-lhes dito: “Dou-vos o poder do Espírito Santo, a fim de libertardes as pessoas dos males que as oprimem”.

Sem entenderem muito bem o que isso queria dizer, os discípulos partiram cheios de confiança nas Palavras de Jesus.

Mas nunca podiam imaginar as maravilhas que lhes viriam a acontecer. Quando regressavam da sua missão, São Pedro, caminhando à frente de todos, não conseguia conter a sua alegria. Correu para Jesus e deu-lhe um abraço. Depois disse:

“Nem imaginas as maravilhas que aconteceram! Nós nem podíamos acreditar. As pessoas juntavam-se a nós felizes por ouvirem a nossa mensagem e as maravilhas que aconteceram.
Muitos doentes ficavam curados quando nós os tocávamos!”.

Os apóstolos não compreendiam que Jesus, ao enviá-los, lhes tinha comunicado o seu próprio poder de Filho de Deus.

Por outras palavras, os apóstolos ainda não compreendiam que o principal agente da evangelização é o Espírito Santo.

Na verdade, eles só vieram a compreender isto depois da ressurreição de Jesus. As pessoas que vieram atrás dos discípulos acabaram por se juntar, formando uma multidão à volta do Senhor e dos apóstolos.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ALEGORIA SOBRE OS DISCÍPULOS DE JESUS-IV

IV-A FORÇA LIBERTADORA DO EVANGELHO

Jesus olhou para a multidão e sentiu pena de ver as pessoas cansadas. A gente daquelas aldeias era pobre e sofriam devido à dureza da sua vida.

Os sacerdotes e os fariseus, em vez de as ajudarem ainda as sobrecarregavam mais com normas, leis e preceitos.

Na verdade, os sacerdotes só estavam preocupados com o seu poder e com ter muito dinheiro.
Jesus dava-se muito bem conta de que os sacerdotes não estavam preocupados com o bem do povo.

Por isso, ao olhar para aquelas pessoas Jesus disse: “parecem ovelhas sem pastor”. Depois de ter dito isto, subiu para uma colina e começou a falar às pessoa, dizendo-lhes:

“Deus enviou-me para vos dizer que gosta muito de vós.O meu Pai do Céu ama-vos como um Pai ou uma mãe bondosos amam os seus filhos.

Eu fui enviado para construir a Família de Deus, fazendo de vós filhos de Deus Pai e meus irmãos, pois eu sou o Filho de Deus.

O Pai do Céu enviou-me para eu vos ajudar a descobrir a força maravilhosa que está dentro de vós e vos pode ajudar a vencer as dificuldades que vos oprimem.

Entretanto, os discípulos começavam a ficar nervosos, pois começava a ficar tarde e não havia de comer para aquela multidão.

Então um dos discípulos aproximou-se de Jesus e disse-lhe: “Manda as pessoas embora, pois estão cheias de fome e aqui não lhes podemos dar de comer.

Apesar das maravilhas que tinham visto, os discípulos ainda não compreendiam que o poder de Deus estava no interior de Jesus. Emtão Jesus disse ao apóstolo Filipe: “Dai vós de comer a essa gente”.

Filipe assustou-se e disse: “nós?”. Como podemos nós alimentar esta multidão imensa?” Depois acrescentou:

“Está ali um jovem com cinto pães e dois peixes, mas que é isso para tanta gente?” Jesus disse a André, irmão de Pedro:

“Diz ao jovem que traga aqui os cinco pães e os dois peixes”. O jovem aproximou-se. Jesus olhou para ele com amizade, sorriu-lhe e disse-lhe:

“Estás disposto a partilhar a tua merenda, a fim de podermos comer todos?”. O jovem acedeu ao convite de Jesus, entregando os cinco pães e os dois peixes.

Em seguida, Jesus pediu aos discípulos para mandarem sentar as pessoas sobre a relva em grupos de cinquenta e cem pessoas.

Nesse momento, Jesus abençoou os pães e os peixes, dando graças a Deus, seu Pai, pela força libertadora da partilha e do amor.

Depois partiu os pães e os peixes, mandando-os distribuir pela multidão. As pessoas comeram até ficarem saciadas. No final, os discípulos recolheram o que sobrou.

Nesse momento, a mente dos discípulos abriu-se e lembraram-se de um ensinamento de Jesus em que ele lhes tinha explicado que a partilha é o caminho da abundância.

Associando o milagre dos pães e dos peixes com as maravilhas que aconteceram na pregação dessa manhã, os discípulos entenderam finalmente que o Reino de Deus já a actuar no coração das pessoas.

Nesse momento compreenderam esta verdade importante: Quando as pessoas se dispõem a partilhar com os irmãos entram no caminho da abundância.

Deste modo vencem o drama da fome e também o drama da solidão. Ser apóstolo é anunciar o amor de Deus e o seu plano de salvação, o qual consiste em fazer de nós membros da sua Família.

Eis a razão pela qual o apóstolo anuncia às pessoas que a sua vocação fundamental é tornar-se irmão dos outros, sobretudo dos mais pobres e necessitados.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quinta-feira, 10 de abril de 2008

JESUS BUSCAVA FORÇA NA ORAÇÃO-I

I-A ORAÇÃO DE JESUS ERA SEMPRE EFICAZ

Em todos os momentos importantes da sua vida, Jesus falava orava, falando com Deus como um filho fala com o Pai de quem gosta muito.

Depois de ter sido baptizado, diz São Lucas, Jesus afastou-se um pouco para orar. Nesse momento, os Céus abriram-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma de pomba.

No mesmo instante ouviu-se a voz de Deus Pai dizendo: “Tu és o meu Filho muito amado no qual ponho o meu enlevo” (Lc 3, 21-22).

No momento de escolher os doze Apóstolos, Jesus retirou-se para uma montanha e passou a noite em oração (Lc 6, 12-13).

São Lucas diz que Jesus, antes de perguntar aos discípulos o que significava o Messias para eles, esteve em oração (Lc9, 18).

Se lermos atentamente os evangelhos, verificamos que Jesus é apresentado como um verdadeiro modelo de oração.

No momento em que se transfigurou sobre o monte Tabor, Jesus estava em oração, diz Lucas (Lc 9, 28-29).

Na penúltima noite da sua vida, Jesus apercebeu-se de que os sacerdotes tinham enviado soldados para o prenderem e matarem, Jesus entrou em pânico.

Isto passou-se no Jardim das Oliveiras. Nesse momento, começou a falar com o Pai sobre o pavor que sentia face aos maus-tratos e à morte que o aguardavam.

Ao sentir-se só, pediu aos discípulos para orarem também, a fim de não caírem na tentação de o abandonarem. (Lc 22, 39-42).

Mesmo pregado na cruz, Jesus orou, pedindo a Deus Pai que perdoasse o pecado daqueles que decidiram a suas morte (Lc 23, 34).

Os evangelhos apresentam Jesus como um homem que orava sempre, mas de modo particular quando tinha de tomar decisões ou enfrentar dificuldades.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

JESUS BUSCAVA FORÇA NA ORAÇÃO-II

II-A ORAÇÃO DE JESUS ERA UM DIÁLOGO AMOROSO

Jesus não entendia a oração como um conjunto de Palavras capazes de modificar Deus de modo mágico e automático.

Pelo contrário, ele procurava na oração a força necessária para ser fiel à vontade de Deus Pai.
Jesus costumava dizer que a sua felicidade estava em fazer a vontade do Pai que está nos Céus.

Eis algumas das suas afirmações: “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).

Ou então: “Eu não procuro a minha vontade, mas a vontade de quem me enviou” (Jo 5, 30).
Certo dia, enquanto falava às pessoas, Jesus disse:

“Se alguém é temente a Deus e faz a sua vontade, a esse, Deus o ouve” (Jo 9, 312). Ao ensinar os discípulos a orar, Jesus disse-lhes entre outras coisas para dizerem ao Pai:

“Venha a nós o vosso Reino, faça-se a vossa vontade assim na terra como no Céu” (Mt 6, 10).
Jesus tinha consciência de que a vontade de Deus coincide rigorosamente com o que é melhor para nós.

Como vemos, Jesus não entendia a oração como um conjunto de palavras mágicas capazes de modificar a vontade de Deus.

O querer de Deus a nosso respeito é a nossa realização e felicidade. Isto quer dizer que a oração não modifica Deus, mas modifica-nos a nós, capacitando-nos para fazermos a vontade de Deus, a fim de encontrarmos o que é melhor para nós.

Mediante a oração, a pessoa vai descobrindo a vontade de Deus e ater força para agir de acordo com o que é melhor para si.

Jesus não orava apenas por si, mas também pelos discípulos e pela humanidade, pois a comunhão com Deus não o afastava da comunhão com os irmãos.

Certo dia, Jesus disse a Pedro: “ Eu rezei por ti, Pedro, a fim de que a tua fé não vacile (Lc 22, 32).

No Evangelho de São João aparece Jesus a orar pelos Apóstolos e por todas as pessoas que um dia, haviam de acreditar através da sua pregação (Jo 17, 9-16).

Eis algumas palavras dessa oração de Jesus: “Pai, não peço apenas por eles (os discípulos), mas também por todos aqueles que irão acreditar em mim através da sua Palavra” (Jo 17, 20).

Poucos momentos antes de morrer, Jesus faz esta oração a Deus Pai: “Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que estão a fazer” (Lc 23, 34).

Uma vez ressuscitado, Jesus entrou na plenitude do Reino. A Carta aos Hebreus diz que Jesus, agora, no Céu, continua a interceder por nós ao Pai e a enviar-nos o Espírito Santo (Heb 7, 25).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

JESUS BUSCAVA FORÇA NA ORAÇÃO-III

III-ORAÇÃO E EXULTAÇÃO NO ESPÍRITO SANTO

Graças ao Espírito Santo que ele nos envia, Jesus faz uma união orgânica connosco. Por isso São Paulo nos diz para orarmos no Espírito Santo, isto é, em união com Cristo ressuscitado.

Quando oramos no Espírito Santo, estamos a orar em união com Jesus Cristo e participamos plenamente da eficácia da oração de Jesus.

Certo dia em que Jesus estava orando, os discípulos aproximaram-se e pediram-lhe para que os ensinasse a orar ao seu jeito.

Nesse momento, Jesus ensinou-lhes o “Pai-Nosso”, não como uma fórmula para recitar de cor como se recita a tabuada, mas como modelo do que deve ser uma oração à maneira de Jesus.

Por não se tratar de uma fórmula para se repetir de cor como a tabuada, é que o Pai-Nosso de São Lucas não é igual ao de São Mateus (cf. Lc11, 1; Mt 6, 9-13).

Uma vez em que as pessoas simples compreenderam e aceitaram a Palavra de Jesus, este ficou muito feliz e rezou um Pai-Nosso diferente:

“Eis o que diz o evangelho de São Lucas: “Nesse mesmo instante, Jesus exultou de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse:

“Bendigo-te ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelastes aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado” (Lc 10, 21).

Os evangelhos dizem que Jesus, depois de ter falado às multidões retirava-se para um lugar isolado e, sozinho, falava com o Pai (Mt 14, 23).

Todas as horas e todos os lugares são bons para orar desde que nos possibilitem chegar ao mais íntimo do nosso coração, pois é aí que podemos encontrar um Deus sempre disponível para nós.
Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quarta-feira, 9 de abril de 2008

MORTE DE JESUS E SALVAÇÃO-I

I-A DIFICULDADE DOS DISCÍPULOS

Os discípulos de Jesus sentiram a morte do mestre como um verdadeiro fracasso.
Eles esperavam que ele fosse o filho de David, o rei messiânico anunciado pelos profetas (Lc 4, 19-21).

Como Messias ele é o filho amado de Deus, como Pedro se apressa a proclamar (cf. Mt 16, 16).
Alguns deles já tinham feito os seus planos para ocuparem os lugares de destaque na corte (Mc 10, 35 s).

O facto de Jesus ter morrido sem subir ao trono significava para os discípulos que Deus rejeitou as suas pretensões messiânicas.

Os Actos dos Apóstolos falam de outros que se apresentaram em público afirmando ser o Messias, entre os quais surgiu um tal Judas e um Teudas, os quais desapareceram sem deixar rasto (Act 5, 36-37).

Devemos reconhecer que entre a visão messiânica de Jesus e a visão dos discípulos havia uma distância enorme.

Certo dia, Jesus irritou-se com os discípulos por estes serem tão lentos na compreensão do plano messiânico de Deus, chegando mesmo a chamar Pedro de Satanás.

Pedro estava a ser um obstáculo para Jesus, pois apenas entendia as coisas segundo os critérios dos homens e não segundo os critérios de Deus.

Nesse momento Jesus repreendeu Pedro e chamou-lhe Satanás, pois este está sempre a tentar equacionar o mistério de Cristo com os critérios do mundo.

Em comunhão convosco
Calmeiro Matias