quarta-feira, 9 de abril de 2008

MORTE DE JESUS E SALVAÇÃO-II

II-JESUS E A SUA MORTE

Jesus apercebeu-se de que o iam matar, mas nunca interpretou a sua morte violenta como uma exigência de Deus.

Pelo contrário, entendeu-a como um crime perpetrado pelos príncipes dos sacerdotes e os doutores da Lei.

O contexto de despedida da Ceia Pascal e o mandato para repetir o ritual eucarístico em Sua memória, denotam que Jesus tinha consciência de que a sua missão histórica estava a chegar ao fim (1 Cor 11, 23-25).

Por outro lado, os relatos da última Ceia revelam que Jesus não interpretava a sua morte como um fracasso.

A tomada de consciência da sua morte violenta, levaram Jesus a interpretar a sua missão no sentido do servo de Deus, tal como o vê o Salmo 22 e os textos de Is 52, 13-53, 12).

Segundo o Salmo 22, o justo ao ver-se abandonado pelos homens, fazem-no sentir abandonado por Deus.

Clama por Deus, mas o seu clamor parece não ser escutado (Sal 22, 2). Noutra passagem do mesmo Salmo, o justo sentiu-se o opróbrio dos homens (Sal 22, 7).

Os seus adversários riem-se dele dizendo ” confiou em Deus, Ele que o livre se é que o ama”(Sal 22, 9).

No entanto, ele foi escolhido desde o seio materno (Sal 22, 11). Os malfeitores trespassaram-lhe as mãos e os pés (Sal 22, 17).

O servo foi maltratado e despojado de tudo. Os seus inimigos repartiram as suas vestes, lançando sorte sobre elas (Sal 22, 19). Mas o justo mantém-se fiel. Acredita que Deus ouvirá o seu clamor (Sal 22, 25).

Graças à sua fidelidade, os pobres terão pão e (22, 27) Os povos da Terra vão conhecer o Senhor, graças à sua doação total ao plano de Deus (Sal 22, 28).

Ao elaborarem os seus relatos da Paixão, os evangelistas elaboram os relatos da Paixão tendo como pano de fundo o salmo 22 e os relatos do Servo Sofredor de Isaías (cf. Mc 15, 31-32; Lc 23, 35).

Para melhor fazerem coincidir os relatos da Paixão com os textos do Antigo Testamento os evangelistas dizem que os soldados dividiram entre si as roupas (Lc 23, 35).

Para fazer coincidir o seu relato com o salmo 22, São João diz que os quatro soldados dividiram a roupa de Jesus entre si, mas a túnica, por não Ter costura, foi sorteada (Jo 19, 23-24).

Os relatos da paixão têm uma intencionalidade teológica muito clara: afirmar que Jesus é o Messias anunciado pelos profetas.

Eis a razão pela qual os relatos da paixão chegam a estes pormenores.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

MORTE DE JESUS E SALVAÇÃO-III


III-JESUS RESSUSCITADO E A SUA MORTE

Ao tomarem contacto com o Senhor ressuscitado, os discípulos começam a entender pouco a pouco as coisas segundo os critérios de Deus.

Antes, como diz Jesus no evangelho de São Mateus, os discípulos só entendiam a missão de Jesus com os critérios da carne e do sangue (Mt 16, 21-23).

Na verdade, após a Páscoa, os discípulos recebem a força do Espírito Santo que os capacita para ver as coisas segundo Deus (1 Cor 12, 3).

Jesus, pelo contrário, já antes da Páscoa possuía a plenitude do Espírito Santo (Jo 3, 34). O Espírito Santo consagrou-o para anunciar o Evangelho aos pobres, libertar os cativos fazer com que os cegos vejam e os surdos ouçam (Lc 4, 18-21).

Só após a Páscoa, portanto, a compreensão dos discípulos se vai aproximando da compreensão que Jesus tinha antes da Páscoa.

Tal como Jesus lhes prometeu, após a Páscoa, os discípulos seriam conduzidos pelo Espírito Santo para a verdade total (Jo 16, 13).

Jesus apercebeu-se de que o plano salvador de Deus encontrava resistência por parte das forças homicidas do egoísmo humano.

Mas ele sabia que o Espírito é mais forte que as forças de morte que habitam o coração do Homem.

Após a Páscoa, os discípulos perceberam muito bem como a fidelidade incondicional de Jesus foi fecunda, pois dela emergiu a força do Espírito Santo que suscita comunidades cristãs por todo o Império.

Por vezes esta verdade é expressa em termos de resgate ou expiação por associação com os modelos cultuais do Templo.

É por esta razão que o Novo testamento fala várias vezes de resgate realizado pelo sangue de Jesus (1 Ped 2, 9; Act 20, 28; Ef 1, 14).

Paulo afirma que a morte de Jesus foi a condição da nossa justificação ( Rm 4, 25). Noutra parte afirma que Jesus foi a vítima de propiciação cujo sacrifício nos tornou agradáveis a Deus (Rm 3, 25).

Por detrás destas afirmações está a tentativa de justificar o sofrimento e a morte de Jesus.
Para o judaísmo a morte violenta de Jesus era a prova de que Deus não confirmou as suas pretensões messiânicas.

Os textos que falam do sofrimento redentor do Justo, o Novo Testamento vê no sofrimento de Jesus, homem inocente e justo, a redenção do Homem pecador.

Trata-se naturalmente de uma visão orgânica da Humanidade como os textos do Justo Sofredor têm uma visão orgânica do Povo de Deus.

Apoiando-se nos textos do sofrimento redentor do justo, sobretudo o Salmo 22 e Isaías 52,13-53-12, São Paulo faz uma leitura redentora do sofrimento e morte de Jesus.

Mas esta leitura nada tem a ver com a exigência de Deus que, para perdoar aos pecadores, exige o sofrimento do Justo.

Pelo contrário, o sofrimento do justo é redentor para os pecadores porque Deus não suporta o sofrimento dos justos.

Ao libertar o justo do sofrimento, os pecadores, por fazerem uma unidade orgânica com os justos são salvos com ele.

Deste modo, o sofrimento do justo se torna redentor para o pecador e o pecador é salvo pelo sofrimento do justo.

Aplicando esta teologia do a Jesus torna-se claro o sentido da nossa salvação em Cristo. Devido à sua fidelidade incondicional, Deus glorificou Jesus livrando-o da morte.

Como todos fazemos uma união orgânica com ele, todos nós fomos justificados, isto é, incorporados como fiéis a Deus e todos nele fomos redimidos.

São Paulo chega a dizer que Deus identificou Cristo com os pecadores e condenou nele o nosso pecado (2 Cor 5, 21; Gal 3, 13; Rm 8, 3; Col 2, 14).

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

MORTE DE JESUS E SALVAÇÃO-IV

IV-OS DISCÍPULOS E A REDENÇÃO

Temos de reconhecer que a fidelidade incondicional de Jesus foi a condição fundamental para acontecer a nossa salvação.

No evangelho de João, a morte de Jesus coincide com a Sua hora que é o momento de Jesus entrar na intimidade do Pai e nos comum içar o dom do Espírito (Jo 7, 34, 36; 8, 21-22; 13,33; 13, 36; 14, 2-4).

É nesse momento que Jesus nos dá a Água viva que faz jorrar a Água Viva, isto é, o Espírito Santo no nosso coração.

No evangelho de São João, Jesus diz que é preciso ele entrar na intimidade do Pai, a fim de nos enviar o Espírito Santo (J0 7, 37-39; 16, 7-8).

Na Carta aos Romanos, São Paulo afirma que todos os que se deixam conduzir pelo Espírito Santo são incorporados na Família de Deus:

Filhos e herdeiros de Deus Pai e irmãos e co-herdeiros com Cristo (Rm 8, 14-17). Noutra passagem desta Carta ele afirma que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

É com o Espírito Santo que acontece a acção divinizante do Espírito Santo na marcha da histórica da Humanidade:

Pela Encarnação, o divino enxertou-se no humano no coração de Jesus. Este enxerto era a condição indispensável para sermos divinizados.

No momento da sua morte e ressurreição, Jesus entra nas coordenadas da universalidade, tornando-se presente a todos a partir de dentro.

Nesse momento, a sua condição humano-divina passa a circular em todos nós, graças ao dom do Espírito Santo que se torna o sangue de Cristo a circular no coração da Nova Humanidade.

Por outras palavras, com a sua morte e ressurreição Jesus tornou-se o medianeiro universal da salvação.

Ele é, diz a Primeira Carta a Timóteo, o único medianeiro entre Deus e o Homem (1Tm 2, 5).
Em si mesmo, Jesus Cristo é o ponto de encontro de Deus com o Homem.

É a partir deste ponto de encontro que se difunda e dinâmica da divinização para toda a Humanidade.

Podemos dizer que com a ressurreição de Cristo o sangue de Deus passa a circular nas nossas veias.

Isto quer dizer que a morte de Jesus era condição essencial para a nossa plenitude, a qual consiste na comunhão orgânica com a Divindade.

Nos somos os ramos da videira que permanecem vivos na medida em que estão unidos à cepa (Jo 15, 1-7).

Ninguém pode ir ao Pai, diz Jesus, senão por mim (Jo 14, 6). Podemos concluir dizendo que Deus Pai não precisava da morte violenta de Jesus para perdoar aos homens.

Como sabemos, Deus é três pessoas em total sintonia e comunhão. O que Deus Pai sente por nós, também o sentem o Filho e o Espírito Santo.

Jesus exprimiu isto de modo muito bonito no evangelho de São João quando afirmou: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9).

Esta expressão significa que ao vermos o amor incondicional de Jesus pela Humanidade vemos o amor incondicional de Deus Pai por todos nós.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

terça-feira, 8 de abril de 2008

A ESPIRITUALIDADE DA NOVA ALIANÇA-I

I-TRAÇOS DA ESPIRITULIDADE BÍBLICA

A bíblia proporciona-nos uma espiritualidade rica, profunda e bem alicerçada nos elementos essenciais da fé.

A espiritualidade do Povo de Deus manifesta-se no modo como reza ou celebra os mistérios da fé e no modo como a fé marca a vida dos crentes.

Por outras palavras, a espiritualidade bíblica não é uma ideologia, mas um modo de viver e se relacionar com Deus e os irmãos.

Através do seu jeito de viver a pessoa revela o rosto do Deus em que acredita, seja o Deus vingativo, justiceiro e legalista dos fariseus ou o Deus faminto de cultos e sacrifícios.

O Deus que Jesus Cristo nos revelou criou todas as coisas movido por um impulso amoroso.
Eis a razão pela qual este Deus ama a Criação como a menina dos olhos, é um Deus que quer fazer uma Aliança Familiar com o Homem.

Para isso, a ternura maternal de Deus, isto é, o Espírito Santo, introduz-nos na Família Divina como filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho de Deus (Rm 8, 14, 17).

E foi assim que o Filho Unigénito de Deus encarnou, a fim de se tornar nosso irmão. Deste modo, diz São Paulo, o Filho único de Deus tornou-se o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A ESPIRITUALIDADE DA NOVA ALIANÇA-II

II-A FÉ NO DEUS ÚNICO

Outro aspecto importante da espiritualidade da Aliança é a fé num Deus que é único. O Deus da Aliança é único. Não por ser uma unicidade pessoal, mas uma unicidade de natureza e essência são as relações de comunhão amorosa.

Na verdade, o Deus da Fé cristã não é uma pessoa, mas uma comunhão familiar de três pessoas.
O Deus da aliança toma-nos a sério, pois é fiel e verdadeiro.

O Deus da Aliança elege-nos por sua livre iniciativa. O Deus da Aliança não se impõe. Na verdade o amor propõe-se, mas nunca se impõe.

Além disso, ao fazer Aliança connosco já está a pensar na multidão dos seres humanos a quem deseja acolher amorosamente na sua família.

Jesus Cristo, ao ressuscitar, passou a fazer uma união connosco, a qual é alimentada pelo mesmo Espírito Santo que anima a união orgânica que une a sua humanidade com a Divindade.

São Paulo exprime este mistério de modo muito bonito, dizendo que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Ao longo da história de Israel, nós verificamos que o povo bíblico foi muitas vezes infiel ao Povo de Deus.

Por isso o Senhor Deus pensou numa Nova Aliança que durasse para sempre. Uma aliança Eterna não pode assentar em simples meros preceitos, normas e leis.

Através dos profetas Jeremias e Ezequiel Deus fala de uma Nova Aliança que vai realizar com o povo de Israel.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A ESPIRITUALIDADE DA NOVA ALIANÇA-III

III-A NOVA E ETERNA ALIANÇA

Esta Aliança, para ser definitiva, isto é, eterna, tem de assentar, não em normas e preceitos, mas na força do Espírito Santo (Jer 31, 31-33; Ez 36, 26-27).

O Novo Testamento é a proclamação da Nova e eterna aliança realizada em Cristo. Na verdade, o melhor de Deus encontra-se como o melhor do Homem no coração de Jesus Cristo.

Em Jesus ressuscitado, diz a segunda Carta aos Coríntios, tudo se fez novo. O velho passou. A Nova Aliança assenta numa Nova Criação reconciliada com Deus (2 Cor 5, 17-19).

Ao selar a Nova Aliança em Cristo ressuscitado, Deus oferece ao Homem o dom do perdão e da reconciliação definitiva.

O Povo de Israel não se apercebeu deste salto de qualidade que implica a passagem da Antiga para a Nova Aliança.

São Paulo diz que os judeus ainda continuam a ler as Escrituras com um véu sobre o rosto, o qual não lhes permite ver o alcance da Nova Aliança.

Depois acrescenta que esse véu só cairá quando se converterem (2 Cor 3, 15-16). Com efeito, acrescenta ele, esse véu só pode ser removido em por Cristo ressuscitado (2 Cor 3, 14).

Jesus Cristo é o único medianeiro capaz de garantir a permanência da Nova Aliança (Heb 7, 22; 2 Cor 3, 6; Lc 22, 20; Mt 26, 28; Mc 14, 24).

Graças à sua fidelidade incondicional, Deus encontrou uma razão suficiente para perdoar as nossas infidelidades.

É por esta razão, acrescenta a Carta aos Hebreus que já não precisamos de andar a oferecer sacrifícios pelo perdão do pecado (Hb 10, 5-17).

Citando Isaías, São Paulo insiste em que Cristo é o prometido Por Deus e anunciado pelos profetas.

Foi nele e por ele que Deus realizou de modo pleno as promessas feitas aos patriarcas e anunciadas pelos profetas:

”Esta é a Aliança que eu farei com eles quando lhes tiver tirado os seus pecados” (Rm 11, 27).
Os cristãos são membros de um corpo cuja cabeça é Cristo (1 Cor 10, 17; 12, 27).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A ESPIRITUALIDADE DA NOVA ALIANÇA-IV

IV-CONTINUADORES DA MISSÃO DE CRISTO

Os cristãos estão chamados a continuar missão de Jesus Cristo, tornando-nos ministros da Nova Aliança, isto é, servidores da reconciliação de Deus com a Humanidade e, deste modo, servidores da reconciliação de Deus com os homens (2 Cor 5, 20-21).

Nós somos, diz São Paulo, corpo de Cristo (1Cor 10, 17; 12, 27). Como sabemos o corpo é uma mediação fundamental de encontro.

De facto, é através dos crentes que os seres humanos podem conhecer Cristo e o plano salvador de Deus para eles.

Os profetas anunciaram que a Nova Aliança não assenta em leis, ou preceitos, mas numa mudança de coração, graças à acção do Espírito Santo no nosso íntimo (Ez 36, 26-27; Jer 31, 31-33).

Os profetas que se referiram à Nova Aliança viam os tempos messiânicos como o período de uma grande actividade do Espírito de Deus.

Jovens e idosos, diz o profeta Joel, exultarão de alegria sob a acção do Espírito Santo (Jl 2, 28).
A vivência da Nova Aliança implica, pois, uma espiritualidade renovada, assente numa grande fidelidade ao Espírito Santo e não à letra.

A segunda Carta aos Coríntios, referindo a esta mudança operada pelo Espírito Santo, diz que a letra mata, mas o Espírito Santo comunica vida (2 Cor 3, 6).

A espiritualidade da Nova Aliança é uma espiritualidade de Louvor. O Povo de Deus reconhece que Deus é a fonte de tudo o que nos acontece de bom.

Os salmos bíblicos de louvor e gratidão são um verdadeiro monumento da gratidão do povo bíblico à bondade e ao amor de Deus por nós.

Uns louvam a Deus pelos benefícios concedidos ao povo como tal (Sal 129). Outros agradecem favores concedidos a uma pessoa em particular (Sal 9).

Há também os salmos que louvam a Deus pelas maravilhas da natureza nas quais estão impressas as impressões digitais do Criador (Sal 104).

Os salmos são um testemunho magnífico do que é uma espiritualidade de louvor. A fé do povo bíblico, ao olhar os acontecimentos, a vida e a Criação, tem sempre como pano de fundo a presença bondosa de Deus (Sal 35, 18; 69, 31; 109, 30; 89, 2).

São Lucas descreve as manifestações de gratidão de Jesus em forma de exultações no Espírito Santo (Lc 10, 21-22).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

segunda-feira, 7 de abril de 2008

SER IMITADORES DE JESUS CRISTO-I

I-SER IMITADORES DOS CRITÉRIO DE JESUS

Imitar Jesus Cristo é uma opção de vida que exige um grande dinamismo.
Supõe identificar-se com os critérios de Jesus e entrar no jeito de viver de Jesus, mas como pessoas do nosso tempo.

Só conseguiremos ser verdadeiros imitadores de Jesus de Nazaré se formos pessoas livres e criativas.

Além disso exige uma grande atenção à Palavra de Deus e ao Espírito Santo que nos interpela no mais íntimo do nosso coração.

Como vemos, imitar Jesus Cristo não é uma questão teórica de adesão a doutrinas ou sistemas morais.

Pelo contrário, implica uma opção de vida nova, pois não podemos ser fieis às interpelação do Espírito Santo se não estivermos disponíveis para acolher a novidade de Deus com as mudanças que isso implica.

Se nos deixarmos conduzir pelo Espírito de Cristo, começamos a tomar uma série de atitudes que, sem serem uma cópia das de Jesus enquanto ao modo, são idênticas quanto à dinâmica do amor libertador.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SER IMITADORES DE JESUS CRISTO-II

II-IMITAÇÃO DE CRISTO E MATURIDADE DE FÉ

A imitação de Cristo conduz-nos a uma grande maturidade cristã, a qual implica uma profunda experiência de Deus.

Imitar Jesus é caminhar no sentido de uma experiência de tipo familiar, tanto em relação a Deus como em relação ao Homem.

O caminho da imitação de Cristo conduz-nos ao encontro de um homem cujo coração é o ponto de encontro da Humanidade com a Divindade.

Em comunhão convosco
Calmeiro Matias

SER IMITADORES DE JESUS CRISTO-III

III-A CAPACIDADE DE CORRER RISCOS

A imitação de Cristo conduz-nos a uma enorme capacidade de correr riscos. Esta capacidade é um dom que o Espírito Santo concede apenas às pessoas com capacidade de sonhar um mundo novo e melhor.

Acontece apenas às pessoas que estão dispostas a mudar, tal como aconteceu com Zaqueu (Lc 19, 1-10).

Eis alguns pilares importantes para levarmos por diante a imitação de Cristo:
1-Tomar Deus e o Homem a sério (Lc 7, 29-35).

2) Cultivar uma atenção muito especial em relação aos outros (Jo 2, 1-10).

3) Defesa incondicional da dignidade da pessoa humana, a qual é a menina dos olhos de Deus.
O amor de Deus pelas pessoas é tão grande que nem o pecado do Homem o consegue como Jesus diz nos evangelhos (cf. Lc 7, 36-50).

4) Tomar a sério e empenhar-se com a causa do projecto de Deus que é a humanização do homem e a sua incorporação na Família Divina.

5) Fazer do amor a única razão válida tanto para viver como para morrer: “É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 12-14).

O amor ao jeito de Jesus implica a eleição dos outros como próximo, como fez o Bom Samaritano (Lc 10, 25-37).

Só o amor confere validade à vida, bem como aos cultos, sacrifícios e orações (1 Cor 13, 1-13).
Quanto mais imitamos Jesus Cristo a nossa vida se vai configurando com a vida de Jesus, pois a pessoa faz-se fazendo.

A imitação de Cristo leva-nos a completar em nós a paixão de Cristo, isto é, a apaixonar-nos pelas mesmas causas pelas quais Jesus se apaixonou.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sábado, 5 de abril de 2008

A EMERGÊNCIA DO HOMEM DEFINITIVO-I

I-AS NOSSAS POSSIBILIDADES DE EMERGIR

1- Usando uma imagem muito bonita, que o Livro do Génesis nos apresenta, nós podemos dizer que o ser humano, ao nível do seu exterior, é uma obra-prima feita de barro.

Ao nível interior, pelo contrário, a pessoa é outra obra-prima, mas feita de Espírito. O nosso ser interior vai-se estruturando através das relações.

A nível da criança as relações são estruturantes, pois amassam e moldam o barro dando-lhe a configuração com a qual vai ficar para a vida.

A pessoa é um ser talhado para as relações e o encontro. Eis a razão pela qual só pode realizar-se em relações com os demais.

Com efeito, os seres humanos não são ilhas. Ninguém pode realizar-se sozinho, embora os outros não possam substituir-nos na nossa realização pessoal.

Vistos com o olhar da Fé, os outros são dons de Deus para nós, pois são mediações fundamentais par nos podermos realizar.

Levamos os outros connosco, sobretudo os que nos marcaram na infância. Podemos dizer que a qualidade das nossas relações cós os demais está grandemente condicionada pelas relações que os outros tiveram connosco, sobretudo na nossa infância.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A EMERGÊNCIA DO HOMEM DEFINITIVO-II

II-NÃO SOMOS A MEDIDA DOS OUTROS

Como sabemos, a opção pelo amor é a única opção verdadeiramente livre que a pessoa realiza. É por esta razão que ninguém é capaz de nos obrigar à amar.

O outro torna-se nosso próximo a partir do momento em que o elegemos como tal no íntimo do nosso coração.

Eleger o outro como próximo é bom para ele mas também é muito bom para nós. Na verdade, ao elegermos o outro como nosso próximo, isto é, como alvo do nosso bem-querer, o nosso coração dilata-se e, portanto, aumenta a nossa capacidade de participarmos na plenitude da Comunhão da Família de Deus.

Somo, realmente, seres talhados para a reciprocidade da comunhão.Sem o amor dos outros não somos capazes de gostarmos de nós nem somos capazes de resolver da melhor maneira as nossas dificuldades.

Pretender que os outros sejam à nossa medida ou que actuem de acordo com o nosso modo de ver é recusar-se a amar o irmão, deixando-o emergir na sua originalidade.

Pelo contrário, amar é facilitar a emergência espiritual do outro, a fim de se poder realizar de acordo com o melhor das suas possibilidades, as quais são diferentes das minhas, pois cada pessoa é única, original e irrepetível.

Por outras palavras, a pessoa que pretende colocar-se no lugar do outro e ser a medida dele, não o está a amar.

À medida em que se realiza, a pessoa emerge como novidade constante. Um dos aspectos fundamentais da dignidade do Homem em construção consiste em ser autor de si mesmo.

Quando um pessoa responde fielmente aos apelos do amor, a sua vida espiritual dilata-se na nossa interioridade, capacitando-nos para estabelecermos relações mais profundas e para podermos comungarmos mais plenamente com Deus e os outros.

Quanto mais vazia de amor for a vida de uma pessoa, mais pesada e difícil se torna.


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A EMERGÊNCIA DO HOMEM DEFINITIVO-III

III-A PRESENÇA DOS OUTROS NA NOSSA VIDA

Eis o retrato de uma pessoa que, ao longo da sua vida, foi dizendo não ao amor de modo continuado: não ao amor de modo sistemático e incondicional:

Nada, no seu íntimo, está estruturado de modo harmonioso e sólido. Nada em si é autêntico ou genuíno.

Tudo o que comunica está desfocado. Nada é firme e sólido. Nada do que fez valeu a pena ter sido feito.

Nada de verdadeiramente belo aconteceu naquela existência. Não há uma capacidade de amar solidamente edificada no seu coração.

Será que valeu a pena ter vivido? A pessoa humana situa-se na cúpula da Criação, pois está a emergir como realidade espiritual.

Por ser uma realidade espiritual, a pessoa, ao dar-se, não se perde. Pelo contrário, encontra-se e possui-se mais plenamente.

Como sabemos, o crescimento da vida espiritual não é uma questão de quantidade. Não se mede ao quilo, nem se avalia pelo volume. Não se mede ao metro, nem se analisa pelo método das superfícies.

Na verdade, o ser humano só se pode valorizar pela qualidade das suas relações. A pessoa em realização caminha para a perfeita reciprocidade a qual consiste em a pessoa se possui na medida em que se dá.

Na verdade, a plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão amorosa. Deus é a plenitude Da Humanidade, na medida em que esta forma uma união orgânica e dinâmica.

Por outras palavras, Deus é a plenitude do Homem, mas nãos de homens isolados. Como sabemos, a Divindade é uma comunhão orgânica infinitamente perfeita.

A Humanidade será assumida na medida em que forme uma união orgânica cujo coração é o Homem Jesus Cristo.

Na verdade, o ponto de encontro da Humanidade com a Divindade dá-se em Jesus Cristo.
A meta do nosso ser espiritual em construção é atingir esse ponto de encontro para o qual convergem todas as pessoas, isto é, a Família de Deus.

Estamos a construir na história o que o que seremos eternamente. O que fazemos hoje está relacionado com o resto da nossa história e também com a nossa eternidade.

Na verdade, o que fazemos hoje está mais ou menos condicionado pelo que fizemos no passado.
Mas é também o que fazemos hoje que possibilita ou condiciona o que faremos amanhã.

O critério do nosso agir deve ser o amor. A grande finalidade da nossa vida na história não é prolongar a qualquer preço a nossa vida mortal, mas amar, a fim de construirmos com o amor a nossa vida Eterna.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

sexta-feira, 4 de abril de 2008

CRISTO FOI MUITO ALÉM DO ANUNCIADO-I

I-FOI ANUNCIADO ANTES DE NASCER

Jesus Cristo é um caso único na História da Humanidade. Foi anunciado e esperado durante séculos antes de ter nascido. Nasceu, realizou a Sua missão e começa a ser anunciado como Salvador da Humanidade.

Apesar de anunciado antes de nascer foi muito além das previsões que os profetas fizeram sobre o seu ser e a sua missão.

Os que acreditam nele sabem que todos os homens foram beneficiados pela sua capacidade de dom. Alterou qualitativamente a condição da Humanidade.

Pela sua ressurreição venceu a nossa morte. Introduziu na História Humana a plenitude dos tempos, isto é, a fase dos acabamentos e da plenitude: a divinização do Homem, mediante a sua incorporação na família divina.

Os que o precederam na História foram assumidos na comunhão da Família Divina no momento da sua morte e ressurreição.

Deste modo, o humano é optimizado e organicamente incorporado na comunhão da Santíssima Trindade.

Ao ressuscitar, Cristo difundiu para nós o princípio divinizante do Espírito Santo. Isto foi possível porque nos assumiu como membros de um corpo cuja cabeça é Ele (1 Cor 10, 17; 12, 27; 12, 13).

É verdade que o Espírito Santo já actuava na História antes do acontecimento de Encarnação.
Mas foi com a ressurreição de Jesus que a Humanidade ficou organicamente unida à Divindade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRISTO FOI MUITO ALÉM DO ANUNCIADO-II

II-DESCEU À MORADA DOS MORTOS

No momento da sua morte, Jesus entrou nas coordenadas da Comunhão Universal, comunicando a toda a Humanidade a sua condição humano-divina.

No momento da sua morte e ressurreição, a multidão que o precedeu na marcha da história entra na plenitude da Comunhão da Família divina.

O projecto humano entra na plenitude dos tempos, isto é, na fase dos acabamentos, pois a Humanidade, talhada para a comunhão com Deus, é divinizada.

Durante cerca de trinta anos, o manancial da Água viva que jorra rios de Vida Eterna em nós circulou apenas em Jesus.

No momento da sua ressurreição ele torna-se a Cabeça da Humanidade e a Água Viva passa a circular em todos os ramos que estão unidos à cepa da videira.

Nesse momento deu-se a divinização do Homem e a salvação passou a circular por todos os seres humanos que estão incorporados na comunhão da Família Divina.

O Espírito é que dá Vida, diz Jesus, a carne não serve para nada (Jo 6, 63). O evangelho de São João diz que a dinâmica divinizante só nos é comunicada pelo Senhor Jesus ressuscitado (Jo 7, 39).

Ao falar da Encarnação, São João diz ao que o Filho de Deus, ao Encarnar deu-nos o poder de nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1, 12-14).

Por isso, todos os que acolhem o Espírito Santo são filhos e herdeiros de Deus, diz São Paulo (Rm 8, 14-16; Ga 4, 4-7).

Jesus Cristo amou-nos de modo incondicional, levando o seu amor até ao extremo de dar a vida pela causa de Deus e da Humanidade.

Por ser o ponto de encontro do humano com o divino, Jesus Cristo vive em plenitude humano-divina.

O evangelho de São João diz que ele levou o seu amor até ao fim, isto é, até à sua densidade máxima (Jo 13, 1).

No momento da ressurreição de Cristo a multidão dos que tinham vivido antes dele foi assumida na Família Divina.

Além disso, difunde-se pela terra inteira a dinâmica histórica da divinização. São Paulo diz que em Cristo tudo se fez novo. O que era velho passou e a Humanidade foi reconciliada com Deus Pai (2 Cor 5, 17-19).

Jesus é o Novo Adão que reparou os estragos realizados pelo primeiro (Rm 5, 18-19; Col 1, 15-20: Flp 2, 6-10).

No momento da Sua morte e ressurreição, Jesus abre as portas do Paraíso à Humanidade, como Jesus garante ao Bom Ladrão (Lc 23, 43).

Ele foi constituído a Cabeça da Nova Humanidade. Isto significa que os nossos pecados estão perdoados (2 Cor 5, 18-19).

Eis a razão pela qual já não é preciso oferecer sacrifícios pelo perdão dos pecados, acrescenta a Carta aos Hebreus (Heb 10, 5-17).

Como Cabeça da Nova Humanidade Jesus ressuscitado ligou-nos para sempre à comunhão da Santíssima Trindade.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

CRISTO FOI MUITO ALÉM DO ANUNCIADO-III


III-FOI MUITO ALÉM DO ANUNCIADO

Com o mistério da encarnação fica consumado o projecto da criação, da revelação e da Salvação.
O Homem, cabeça da Criação, torna-se membro da Família Divina.

Com a divinização do Homem, a Criação atinge a sua plenitude. A Criação está plenamente inserida no projecto salvador de Deus que é o Senhor do Céu e da Terra (Mt11, 25).

Se o mundo é criação de Deus, então a meta da criação é o bem. A bondade das coisas, proclamada pelo Génesis (cf. Gn 1, 1-2, 7) é reafirmada pelo Novo Testamento agora.

Mas o Novo Testamento dá um salto de qualidade em relação ao Antigo, pois agora a Criação é vista à luz do acontecimento salvador de Cristo.

O farisaísmo com as suas distorções tentaram dividir as coisas entre puras e impuras, boas e más, benditas e malditas.

Jesus opõe-se a estes tabus e reafirma a bondade essencial de todas as coisas. Os alimentos são todos puros. O que mancha o homem é a maldade que lhe sai do coração e não os alimentos que possa ingerir (Mc 7, 14-20).

O Sábado, sinal da aliança, aparece no livro do Génesis como a consumação e santificação da criação.

Jesus entende a santificação do Sábado como compromisso com a libertação, restauração e salvação do Homem.

A Salvação é uma verdadeira recriação. Deus cuida com ternura de todas as criaturas. Nem um só pássaro cai por terra sem que Deus o permita (Mt 10, 29).

Foi Deus quem deu beleza aos lírios do campo e agilidade às aves do céu (Mt 6, 25-34). Ele é o princípio de todas as coisas. Do Senhor é a terra e tudo quanto ela contém (1 Cor 10, 26).

Deus é invisível, mas o invisível de Deus mostra-se-nos de modo analógico através das criaturas (Rm 1, 19; cf. Sb 13).

A plenitude da Criação é a Salvação. Como ele é o Salvador, então ele é a cabeça da Criação em estado de plenitude.

O mundo foi criado por Cristo e para Cristo, insiste o Novo Testamento (1 Cor 8, 6; Col 1, 15-20; Flp 2, 6-11).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quinta-feira, 3 de abril de 2008

ESTAMOS SALVOS EM CRISTO RESSUSCITADO-I

I-FOI DELE QUE RECEBEMOS A VIDA NOVA

Jesus Cristo é um caso único na História da Humanidade. Foi anunciado e esperado durante séculos antes de ter nascido.

Nasceu, realizou a Sua missão e começa a ser anunciado como Salvador da Humanidade.
Apesar de anunciado antes de nascer foi muito além das previsões que os profetas fizeram sobre o seu ser e a sua missão.

Os que acreditam nele sabem que todos os homens foram beneficiados pela sua capacidade de dom. Alterou qualitativamente a condição da Humanidade.

Pela sua ressurreição venceu a nossa morte. Introduziu na História Humana a plenitude dos tempos, isto é, a fase dos acabamentos e da plenitude: a divinização do Homem, mediante a sua incorporação na família divina.

Os que o precederam na História foram assumidos na comunhão da Família Divina no momento da sua morte e ressurreição.

Deste modo, o humano é optimizado e organicamente incorporado na comunhão da Santíssima Trindade.

Ao ressuscitar, Cristo difundiu para nós o princípio divinizante do Espírito Santo. Isto foi possível porque nos assumiu como membros de um corpo cuja cabeça é Ele (1 Cor 10, 17; 12, 27; 12, 13).

Ele deu-nos, pois, a Água viva que jorra torrentes de Vida Eterna no nosso íntimo (Jo 4, 14; 7, 37-39).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ESTAMOS SALVOS EM CRISTO RESSUSCITADO-II


II-CRISTO E A PLENITUDE DOS TEMPOS

A união da Humanidade com Cristo, sua cabeça, é semelhante à que existe entre a cepa da videira e os seus ramos (Jo 15, 1-7).

A seiva que vem da cepa é o Espírito Santo cuja dinâmica divinizante circula para todos os que estão organicamente unidos a Ele.

É verdade que o Espírito Santo já actuava na História antes do acontecimento de Encarnação.
Mas foi com a ressurreição de Jesus que a Humanidade ficou organicamente unida à Divindade.

No momento da sua morte, Jesus entrou nas coordenadas da Comunhão Universal, comunicando a toda a Humanidade a sua condição humano-divina.

No momento da sua morte e ressurreição, a multidão que o precedeu na marcha da história entra na plenitude da Comunhão da Família divina.

O projecto humano entra na plenitude dos tempos, isto é, na fase dos acabamentos, pois a Humanidade, talhada para a comunhão com Deus, é divinizada.

Durante cerca de trinta anos, o manancial da Água viva que jorra rios de Vida Eterna em nós circulou apenas em Jesus.

No momento da sua ressurreição ele torna-se a Cabeça da Humanidade e a Água Viva passa a circular em todos os ramos que estão unidos à cepa da videira.

Nesse momento deu-se a divinização do Homem e a salvação passou a circular por todos os seres humanos que estão incorporados na comunhão da Família Divina.

O Espírito é que dá Vida, diz Jesus, a carne não serve para nada (Jo 6, 63). O evangelho de São João diz que a dinâmica divinizante só nos é comunicada pelo Senhor Jesus ressuscitado (Jo 7, 39).
Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

ESTAMOS SALVOS EM CRISTO RESSUSCITADO-III

III-ASSUMIDOS EM DEUS COM CRISTO

Ao falar da Encarnação, São João diz que o Filho de Deus, ao Encarnar deu-nos o poder de nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1, 12-14).

Por isso, todos os que acolhem o Espírito Santo são filhos e herdeiros de Deus, diz São Paulo (Rm 8, 14-16; Ga 4, 4-7).

Jesus Cristo amou-nos de modo incondicional, levando o seu amor até ao extremo de dar a vida pela causa de Deus e da Humanidade.

Por ser o ponto de encontro do humano com o divino, Jesus Cristo vive em plenitude humano-divina.

O evangelho de São João diz que ele levou o seu amor até ao fim, isto é, até à sua densidade máxima (Jo 13, 1).

No momento da ressurreição de Cristo a multidão dos que tinham vivido antes dele foi assumida na Família Divina.

Além disso, difunde-se pela terra inteira a dinâmica histórica da divinização. São Paulo diz que em Cristo tudo se fez novo. O que era velho passou e a Humanidade foi reconciliada com Deus Pai (2 Cor 5, 17-19).

Jesus é o Novo Adão que reparou os estragos realizados pelo primeiro (Rm 5, 18-19; Col 1, 15-20: Flp 2, 6-10).

No momento da Sua morte e ressurreição, Jesus abre as portas do Paraíso à Humanidade, como Jesus garante ao Bom Ladrão (Lc 23, 43).

Ele foi constituído a Cabeça da Nova Humanidade. Isto significa que os nossos pecados estão perdoados (2 Cor 5, 18-19).

Eis a razão pela qual já não é preciso oferecer sacrifícios pelo perdão dos pecados, acrescenta a Carta aos Hebreus (Heb 10, 5-17).

Como Cabeça da Nova Humanidade Jesus ressuscitado ligou-nos para sempre à comunhão da Santíssima Trindade.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

terça-feira, 1 de abril de 2008

O HOMEM E A MULHER NO PLANO DE DEUS-I

I-HOMEM E MULHER, DEUS OS CRIOU

A Humanidade é um rosto com duas faces: a face masculina e a face feminina. Segundo a Bíblia, a Humanidade recebeu o mandato de encher e dominar a Terra.

Mas esta tarefa, para ser humanizante, tem de ser feita em dinâmica de amor. Deus é três pessoas em relações de amor e comunhão.

Ainda antes de existir a terra, os planetas, as estrelas, as galáxias ou o Universo, já existia uma Família de três pessoas.

A Criação, portanto, brota desta comunhão familiar amorosa. Ao criar o Homem à sua imagem e semelhança, Deus não podia deixar de o criar como um ser aberto às relações de amor.

Eis a razão pela qual as pessoas humanas estão talhadas para o encontro e a comunhão. A Divindade é pessoas e a Humanidade também.

Uma pessoa sozinha não é capaz de se realizar e, portanto, não está a caminho da plenitude. A pessoa humana é um ser sexuado, isto é, talhado para a relação de comunhão, a qual pressupõe interacção de diferenças.

A sexualidade, portanto, é condição de realização e amadurecimento humano. Por ser imagem de Deus, a pessoa humana foi talhada para o encontro.

Eis o que diz o Livro do Génesis: “Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança. Varão e mulher os criou (Gn 1, 27).

Encontramo-nos no mundo como seres sexuados. Mas a sexualidade humana é uma realidade inacabada, pois implica uma longa tarefa de humanização através de relações de amor.

A condição sexual de uma pessoa é muito mais que uma simples questão genital, pois engloba a toda a nossa história de encontros e desencontros.

Por outras palavras, a sexualidade humana tem uma vertente biológica e outra psíquica, onde está presente a cadeia das relações e experiências positivas e negativas.

É sobretudo como realidade psíquica que a sexualidade é tarefa que temos de realizar e assumir, a fim de atingirmos a nossa maturidade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O HOMEM E A MULHER NO PLANO DE DEUS-II

II-IGUAIS MAS DIFERENTES

Somos seres sexuados. Todas as nossas relações são sexuadas, o que não deve confundir-se com sexuais ou genitais.

É sempre como varão ou mulher que nos relacionamos com os outros. Por outro lado, as nossas relações são diferenciadas segundo a condição sexual da outra pessoa.

Diferenciada não que dizer melhor ou pior, mas apenas diferente. A relação do pai com a filha é diferente da relação do pai com o filho. Esta diferença não significa ser melhor ou pior.

O mesmo se passa com a relação da mãe com o filho ou a filha. A complementaridade sexual é essencial para a procriação.

No entanto, como a procriação dos seres humanos, para ser humanizante tem de ser realizada no amor.

Isto quer dizer que a sexualidade humana está orientada para o amor criador. Como realidade sexuada, o nosso corpo é mediação de encontros diferenciados.

Víamos acima que a nossa sexualidade é muito mais do que uma simples questão de genital.
Por isso, a nossa sexualidade é mediação básica para o amor e a fecundidade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O HOMEM E A MULHER NO PLANO DE DEUS-III

III-PROCRIAÇÃO E AMOR

A procriação não é o único critério para avaliar a fecundidade de uma vida humana. Há homens e mulheres que, apesar de não terem procriado, tiveram uma vida extraordinariamente fecunda.

Há muitas pessoas que, apesar de não terem procriado, geraram filhos e filhas a nível espiritual, tornando-se assim um poderoso fermento de humanização da história.

Estas pessoas, apesar de não terem procriado são verdadeiramente pais e mães. A História ensina-nos que a vida de uma pessoa é tanto mais fecunda quanto mais for dinamizada pelo amor.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O HOMEM E A MULHER NO PLANO DE DEUS-IV

IV-O HOMEM, A MULHER E A TAREFA DA HUMANIZAÇÃO

O varão e a mulher são absolutamente iguais em dignidade, pois são pessoas, isto é, seres que se estão a realizar de modo livre, consciente, responsável e capazes de comunhão amorosa.

Apesar de terem a mesma dignidade, o homem e a mulher são seres profundamente distintos e diferenciados.

Ser diferente não significa ser superior ou inferior. As diferenças existentes entre os sexos estão talhadas para a complementaridade.

Na verdade, cada ser humano é único, mas talhado para a reciprocidade amorosa. A Humanidade é como um rosto com duas faces: masculino e feminino.

É nesta complementaridade harmoniosa que a Humanidade está a emergir como imagem de Deus.

Criando a mulher, Deus está a fazer emergir o amor em ondas de dom e ternura. Criando o varão, faz emergir o amor em ondas de bem-querer, coragem e firmeza.

A Face feminina confere ao amor o colorido da tolerância e do perdão. A face masculina, por seu lado, confere-lhe o critério dos valores que não se podem pôr em causa.

Criando a mulher, Deus demonstrou entender de ternura pelo modo como modelou modelou o coração maternal.

Criando o varão, demonstrou ser o Deus de uma Aliança assente na firmeza e na autoridade da Palavra.

Esta Humanidade, a emergir e a fluir como um rio com duas margens, tem como sentido esse Oceano Infinito da Comunhão amorosa da Santíssima Trindade.

Não fomos feitos para estar sós. Não vemos directamente o nosso rosto mas o dos outros, a fim de nos estruturarmos na dinâmica da comunhão e da reciprocidade amorosa.

Nesta construção tem um papel fundamental a nossa condição de seres sexuados. A pessoa que se fecha e nega esta dimensão básica da abertura ao outro estrutura-se como um parafuso enroscado sobre si mesmo.

Esta pessoa é incapaz de atingir a plenitude da Comunhão Universal do Reino de Deus cujo coração é a Trindade Divina.

Reduzida a si, a pessoa está em estado de perdição. O estado de inferno é exactamente a pessoa estar fechada a tudo e a todos sem ter alguém que lhe diga:

“Gosto de ti”. No estado de inferno, a pessoa não tem ninguém com quem fazer uma festa. A Divindade é pessoas em perfeita e total comunhão de amor; a Sua imagem e semelhança é constituída pela mulher e o homem, numa interacção de reciprocidade complementar.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O HOMEM E A MULHER NO PLANO DE DEUS-V

V-COLABORADORES DE DEUS NA OBRA DA CRIAÇÃO

Deus não criou de uma só vez. Começou a criar, está criando e continuará a criar até o Universo e a Humanidade estarem acabados.

O Homem surge como a cúpula personalizada da Criação. De facto, o Cosmos não é uma pessoa ou um conjunto de pessoas.

A Humanidade, pelo contrário, está construída como uma multidão de pessoas fazendo um todo orgânico com Cristo, tal como a cepa e os ramos ou os membros do corpo com a cabeça.

Ao criar o Homem, Deus fê-lo através de uma intervenção especial: depois de preparar o barro orgânico que é a dimensão biológica do Homem, soprou-lhe o Sopro de Vida, isto é, o Espírito Santo (Gn 2, 7).

E o Homem tornou-se barro com coração, isto é, um ser ético capaz de bem e mal.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O HOMEM E A MULHER NO PLANO DE DEUS-VI

VI-CHAMADOS A RENOVAR A TERRA

Como seres semelhantes a Deus, as pessoas humanas são criadoras. De facto, a pessoa humana é capaz de fazer acontecer coisas que antes não existiam.

Ao fazer acontecer o novo, desde que este seja um bem para a humanização do Homem o ser humano está a ser colaborador de Deus na obra da Criação.

Por isso Deus encontra na Humanidade condições para fazer uma Aliança. O Senhor Deus confiou-nos a missão de sermos seus colaboradores no seu plano criador.

Por outras palavras, ao criar-nos, Deus constituiu-nos como cabeça da Criação, diz o Livro do Génesis:

O Senhor deu-lhe todas as plantas, as árvores de fruto, os animais dos campos e as aves do céu (Gn 1, 29-30).

Mas Deus quis que o Homem fosse um projecto de pessoas em realização histórica. Cada ser humano, para se realizar como pessoa livre, consciente e responsável, tem de ter parte na sua própria realização.

Por isso Deus ordenou ao Homem que se realizasse, não apenas no sentido pessoal mas também como espécie:

“Abençoando-os, Deus disse: “crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a Terra” (Gn 1, 28)”.
A nível pessoal cada pessoa é chamada a realizar-se dispondo para isso de um leque de talentos como matéria-prima.

É como conjunto de homens e mulheres que a Humanidade está chamada a colaborar na Criação.
É como varão e mulher que a Humanidade está chamada a construir famílias felizes, sociedades humanizadas e a respeitar a terra que nos foi dada como morada.

Se não cuidarmos da nossa terra, em vez de lugar de vida, esta converter-se-à em lugar de morte para nós.

São cada vez menos os rios de água limpa, o ar que respiramos está a ser cada vez mais impróprio e estamos a abrir buracos na camada de ozono, pondo assim em perigo a nossa sobrevivência.

A pessoa humana está chamada a realizar-se ajudando a construir o mundo, a vida e a Humanidade.

Não podemos esquecer-nos de que a pessoa se faz, fazendo. Ser colaboradores de Deus implica compromissos concretos no nosso dia a dia.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias