sexta-feira, 29 de maio de 2009

BAPTISMO E SALVAÇÃO EM CRISTO-IV

IV-BAPTISMO E FILIAÇÃO DIVINA

Por seu lado, na plenitude dos tempos, o Filho de Deus, através do beijo da Encarnação, comunica-nos o Espírito Santo que nos incorpora na Família de Deus:

“Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob o domínio da Lei, a fim de resgatar os que se encontravam sob o domínio da Lei e, deste modo, podermos receber a adopção de filhos.

E, porque somos filhos de Deus, ele enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho que em nós clama: Abba, Pai” (Gal 4, 4-6).

Por outras palavras, o Espírito Santo foi-nos comunicado por Deus Pai como princípio gerador de vida espiritual.

Na plenitude dos tempos, foi-nos comunicado pelo Filho de Deus, como princípio divinizante através do beijo da Encarnação.

No primeiro beijo acontece a intervenção especial de Deus na criação do homem. No segundo, acontece a incorporação e assunção do Homem na Família Divina.

A vida divina não emerge em nós por obra da letra que mata, mas por obra do Espírito que gera vida em nós (2 Cor 3, 6).

Sublinhando uma expressão feliz de São Paulo diríamos que a salvação acontece em nós como dom da graça de Jesus Cristo, do amor de Deus Pai e da comunhão no Espírito Santo (2 Cor 13, 13).

O baptismo não é um rito mágico que realiza de modo automático a filiação divina, mas é o sacramento que proclama e explicita esta realidade.

São Paulo diz que nós conhecemos o mistério da nossa incorporação na família de Deus graças à revelação do Espírito Santo que penetra até ao mais íntimo da realidade, incluindo o mistério de Deus (1 Cor 2, 10-11).

São João diz que a salvação acontece como um segundo nascimento (Jo 3,3-6). Pelo primeiro nascimento encontrámo-nos a fazer parte da família humana.

Pelo segundo somo incorporados na Família Divina. E a Carta a Tito diz o seguinte: “Deus salvou-nos, não pelas nossas obras, mas pela regeneração operada em nós pelo Espírito Santo que Deus Pai nos concedeu por Jesus Cristo nosso Salvador” (Tt 3, 5-6).

É pelo facto de nós fazermos uma união orgânica com Cristo que o Espírito Santo tem condições de nos incorporar na família de Deus.

De facto a nossa união com Cristo é alimentada pelo Espírito Santo. É impossível estar organicamente unido a Cristo sem a acção do Espírito Santo, diz São Paulo:

“Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse não lhe pertence” (Rm 8, 9). O Espírito Santo, no nosso íntimo, é o penhor e a garantia da nossa salvação, diz a Carta aos Efésios (Ef 1, 13-14).

Os cristãos que vivem de modo consciente o baptismo no Espírito Santo tornam-se ramos da videira fecunda que é Cristo.

A seiva que vem da cepa da videira para os ramos é o Espírito Santo. Esta seiva faz que todos nós, os ramos da videira, vivamos e sejamos fecundos.

Eis alguns dos frutos que o Espírito Santo produz em nós, segundo a Carta aos Gálatas:

“Os frutos do Espírito são: Amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, gentileza e auto controle” (Gal 5, 22-23).

Segundo o evangelho de São João nós só podemos dar frutos na medida em que estivermos unidos a Cristo (Jo 15, 7-8).

No evangelho de São João Jesus resume tudo isto de modo muito claro: “Sem mim nada podeis fazer ” (Jo 15, 4-5). Pela comunicação da filiação divina, o Espírito Santo liga-nos organicamente a Cristo.

Por ele somos organicamente incorporados na comunhão humana universal cujo coração é a Santíssima Trindade.

Como sabemos, o Reino de Deus é a comunhão universal da Família de Deus constituída pelas pessoas divinas, as humanas e todas as outras que possa haver.

O Novo Testamento diz que o Espírito Santo é a Água Viva que Jesus nos dá (Jo 7, 37-39).

Com seu jeito maternal de amar o Espírito Santo é o princípio gerador da Nova Humanidade. Depois incorpora-nos na Família de Deus.

O Baptismo explicita e proclama este mistério da filiação divina a acontecer na História da Humanidade.

A Carta aos Filipenses diz que agora possuímos uma Vida Nova, a qual já não é uma vida de servos, mas de filhos (Flp 2, 15-16).

A adopção filial, realizada pelo dom do Espírito Santo, é mais que um simples acto jurídico, mas uma nova geração graças à acção do Espírito Santo em nós (Jo 3, 6).

Na casa de Deus, nós não somos apenas hóspedes, mas membros da Família Divina (Ef 2, 18-19).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matiaas

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