terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O HOMEM NO PLANO CRIADOR DE DEUS-V

V-O HOMEM E A PLENITUDE DA CRIAÇÃO

A nossa Fé diz-nos que em Cristo o humano e o divino ficaram unidos de modo orgânico. Isto quer dizer que já pode acontecer comunhão entre Deus e o Homem. Esta comunhão, diz São Paulo, acontece em forma de união familiar (Rm 8, 14-16).

É verdade que o Homem emergiu a partir da vida animal, mas a nossa plenitude é o Reino de Deus, essa comunhão universal constituída por pessoas humanas e divinas.

Como vemos, o ser humano não se define pela sua animalidade mas sim pela sua condição de pessoa criada à imagem de Deus e chamada a ser membro da Família de Deus.

Na verdade, somos imagens de Deus a emergir de modo gradual e progressivo através das relações de amor.

Eis as palavras de São Paulo: “E nós, com o rosto descoberto, reflectimos a glória do Senhor que nos vai transfigurando através de várias transformações na sua própria imagem pela acção do Espírito Santo” (2 Cor 3, 18).

Para entendermos este mistério em profundidade temos de fazer como São Paulo que distingue o homem interior do homem exterior.

O homem interior é a nossa interioridade pessoal e espiritual. O homem exterior, pelo contrário, é o homem biológico e psíquico.

Ora o ser que se vai configurando e reforçando como imagem de Deus é o homem interior.
O ser espiritual emerge no interior do ser biológico e como o pintainho emerge no interior do ovo.

São Paulo fala do homem exterior que envelhece e se degrada e do homem interior que se vai robustecendo diariamente pela acção do Espírito Santo:

“Por isso não desfalecemos. E mesmo se em nós o homem exterior vai envelhecendo e caminhando para a ruína, o interior renova-se e torna-se mais robusto dia após dia” (2 Cor 4, 16).

O evangelho de São João sintetiza esta verdade dizendo ao afirmar que nascemos para renascer.

O que nasce da carne é carne, o que nasce do Espírito é espírito. É por esta razão que temos de nascer de novo (Jo 3, 6).

No nosso interior, o Espírito Santo é o grande arquitecto que vai configurando o nosso ser espiritual à imagem de Deus.

A Carta aos Romanos diz que Deus, ao criar o Homem, já tinha presente o modelo do Homem perfeito, isto é, Jesus Cristo:

Porque os que de antemão conheceu, Deus também os predestinou, a fim de serem uma imagem perfeita de seu Filho, a fim deste se tornar o primogénito de muitos irmãos” (Rm 8, 29).

Com a sua ternura maternal, o Espírito Santo vai moldando com um jeito divino a este ser que emerge como vida humana.

A Carta aos Filipenses diz que Adão, criado à imagem de Deus, foi infiel, reivindicando ser igual a Deus.

Jesus, pelo contrário, criado à imagem de Deus, não reivindicou ser igual a Deus, mas assumiu a sua condição de servo incondicionalmente fiel a Deus.

Por isso Adão foi humilhado, enquanto Jesus foi exaltado tornando-se a cabeça da Nova Humanidade (Flp 2, 6-10).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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