domingo, 19 de abril de 2009

A FELICIDADE COMO DOM E TAREFA-V

V-BEM-AVENTURANÇAS E FELICIDADE

As Bem-aventuranças não são um código moral para cumprirmos à letra. Jesus não foi um moralista.

Na verdade, as Bem-aventuranças são uma proposta para moldarmos o nosso coração segundo os critérios do Evangelho.

Estruturar o nosso interior segundo os horizontes das Bem-aventuranças é moldar o nosso coração de acordo com a felicidade, diz Jesus:

“Felizes os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos Céus. Felizes os que choram, pois serão consolados.

Felizes os mansos, pois herdarão a Terra. Felizes os que têm fome e sede de justiça, pois serão saciados.

Felizes os misericordiosos, pois alcançarão misericórdia. Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.

Felizes os obreiros da paz, pois serão chamados filhos de Deus. Felizes os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos Céus.

Felizes sereis quando vos odiarem e, mentindo, disserem toda a sorte de males contra vós por minha causa.

Alegrai-vos e exultai, pois grande será a vossa recompensa no Céu. Foi assim que perseguiram os profetas que viveram antes de vós” (Mt 5, 3-12).

As Bem-aventuranças têm mais a ver com um jeito de viver do que com actos a executar de maneira bem delimitada.

Por outras palavras, as Bem-aventuranças não são um código de normas morais, mas um ideal de vida a construir.

À medida que a pessoa procura modelar o coração e a mente segundo a proposta das Bem-aventuranças tornam-se diferentes em relação ao modo de valorizar os acontecimentos, de possuir coisas e de se relacionarem com Deus e os irmãos.

À luz das Bem-aventuranças a pessoa não chega a atingir uma profunda realização humana se não se empenhar na transformação das estruturas e das relações sociais tendo como horizonte os valores do Evangelho.

Temos de reconhecer que o mundo não consegue entender estes critérios. Eis o que diz o Livro dos Actos dos Apóstolos sobre a felicidade dos Apóstolos:

“E os apóstolos partiram da presença do Sinédrio, isto é, o conselho dos chefes, exultando, por terem sido considerados dignos de sofrer humilhações por causa de Jesus Cristo” (Act 5, 41).

São Paulo confessava-se alegre e feliz apesar das perseguições e dificuldades que sofria pelo Evangelho:

“Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos” (Flp 4, 4). À luz das Bem-aventuranças a pessoa pode ser pobre e sentir-se rica.

Pode estar a ser perseguida pela sua fé ou pelas suas opções no sentido da paz, da partilha, da fraternidade e sentir-se muito feliz.

À luz das Bem-aventuranças a pessoa pode estar a sofrer por desejar ver certas situações alteradas e, no entanto, sentir-se intimamente feliz.

Pode estar com fome e sede de justiça e não perder a confiança em Deus nem a paz interior.

As pessoas que vão configurando a mente com o padrão das Bem-aventuranças vão moldando um coração capaz de comungar com Deus e os irmãos.

As pessoas que foram configurando a sua vida segundo a propostas das Bem-aventuranças, saboreiam a alegria e a felicidade de ter dado o melhor de si.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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