quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

DAR-SE É POSSUIR-SE-III

III-TALENTOS E CONSCIÊNCIA PESSOAL

Podemos dizer que a voz da nossa consciência é simultaneamente a voz dos que possibilitaram a nossa realização e a voz do Espírito Santo que nos convida a ser fiéis aos talentos que recebemos deles.

Isto que dizer que agir de acordo com a própria consciência significa responder sim aos valores que os outros nos transmitiram e de acordo com a voz do Espírito Santo que “é o amor de Deus derramado nos nossos corações” (Rm 5,5) Deus que se faz ouvir na nossa consciência.

O Espírito Santo, no nosso íntimo, é uma voz suave que nos convida a ser dom para os irmãos nas das diversas circunstâncias da vida.

Deus nunca nos pede para darmos mais do que as possibilidades ou talentos que temos. Mas a pessoa não é uma marioneta nas mãos de Deus ou dos outros.

O ser humano, tem a possibilidade de se recusar a seguir a voz da consciência e dizer não ao amor com que foi amado.

Neste caso, o ser humano, em vez de se realizar como pessoa e facilitar a realização dos outros, torna-se uma força negativa no tecido social humano.

Isto significa que quando aceitamos ser dom para os outros estamos a ser fiéis a Deus que nos chama a fazer render os nossos talentos.

Estamos também a ser fiel aos que nos amaram e, portanto, capacitando-nos para amar. Além disso estamos a realizar-nos como pessoas e a possibilitar a realização dos outros.

É verdade que o amor dos outros não nos realiza, mas dá-nos a possibilidade de nos realizarmos tornando-nos dom para as pessoas.

Quando nos encontramos com os outros temos, em princípio, a possibilidade de ser dom.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


DAR-SE É POSSUIR-SE-IV

IV-GESTOS DE AMOR E DOAÇÃO

Eis alguns gestos significativos que nos ajudam a ser dom para os outros:

A amizade: A amizade acontece quando duas ou mais pessoas se encontram e decidem ser dom umas para as outras.

Os amigos são dons recebidos e dons oferecidos. Quando as pessoas aceitam ser dom umas para as outras, acontece a comunhão, dinâmica que conduz o amo à plenitude.

A amizade é um dos maiores remédios para combater a doença da solidão. Com efeito, o amor dos amigos faz que gostemos mais de nós.

É preciso ser humilde para merecer ter amigos. As pessoas que estão sempre a julgar-se mais que os outros pretendem ser mais que os outros ou estar acima deles nunca chegarão a ter verdadeiros amigos.

Os verdadeiros amigos querem o melhor para os seus amigos, por isso são capazes de os elogiar, mas também de lhes dizer verdades que não são agradáveis, a fim de os ajudar a crescer como pessoas.

No entanto, o verdadeiro amigo aceita os amigos assim como são. Atenção aos outros: Vivemos num mundo cheio de solidão.

Dar atenção a uma pessoa é como dar de comer a uma criança que não se pode alimentar por si.

De facto, a pessoa não é capaz de sair sozinha da solidão. Os outros são uma mediação indispensável para a cura da solidão.

Dando atenção à pessoa do outro, escutando-a, compreendendo-a, aceitando-a como é sem fazer juízos de valor, estamos a possibilitar a libertação da sua solidão e a possibilitar a sua alegria e felicidade.

Amabilidade: é uma das formas mais simpáticas de viver o amor. Um gesto amável ou uma palavra amiga ajuda o outro a sentir-se aceite e válido.

Mostrar simpatia por uma pessoa é aumentar as suas possibilidades de integração e realização social.

Na verdade, a pessoa não é capaz de gostar de si, antes de alguém ter gostado dela. Construímo-nos em relações com os outros e encontramos a nossa plenitude na comunhão com eles.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DAR-SE É POSSUIR-SE-V

V-O PERDÃO COMO ATITUDE LIBERTADORA

o Perdão é uma atitude fundamental para poderem acontecer relações humanizantes. O perdão beneficia a pessoa perdoada, mas sobretudo a pessoa que perdoa. Com efeito, enquanto não perdoamos às pessoas, estas dominam-nos.

Na verdade, as pessoas contra as quais temos rancor gravitam no nosso íntimo, impedindo-nos de viver em paz e sossego.

É no momento em que perdoamos que o outro deixa de ser em nós uma presença obsessiva.
Quando decidimos perdoar a uma pessoa sentimo-nos livres e essa pessoa sente-se desculpabilizada.

Compreensão: Compreender não é tentar anular as diferenças entre as pessoas, pois cada pessoa é única, original e irrepetível.

Compreender é procurar entender o que o outro está a tentar dizer-nos. Aceitação: Ninguém é indiferente às atitudes dos outros para consigo.

Damo-nos muito bem conta de quando os demais nos estão a dar a mão ou nos estão a marginalizar e rejeitar.

Uma criança é capacitada para fazer melhor quando se sente valorizada naquilo que acabou de fazer.

Por outras palavras, a pessoa compreende muito bem quando está a ser bem acolhida ou, pelo contrário, estamos a ser indesejados.

A pessoa só se possui plenamente na reciprocidade amorosa. Perdoar não é uma atitude de cobardia. Pelo contrário, o perdão é um gesto de pessoas corajosas. O próprio Deus é o primeiro a tomar a iniciativa de nos perdoar totalmente em Jesus Cristo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

SABEDORIA E HUMANIZAÇÃO DA VIDA-I

I-A SABEDORIA MODELA O CORAÇÃO

A Sabedoria é a capacidade de saborear a vida, a História e as coisas com um sentido humanizante.

Sem a presença da sabedoria nas decisões e projectos pessoais, sociais ou políticos, o Homem corre o risco de caminhar para a sua ruína.

A Palavra de Deus optimizada a sabedoria humana. Quando isto acontece, os cristãos passam olhar e a saborear a vida, as coisas e os acontecimentos, com os próprios critérios de Deus.

A ciência sem a sabedoria é ambígua e perigosa: Posta ao serviço do Homem, a ciência aumenta as possibilidades de melhorar as condições da vida e de felicidade para as sociedades e os povos.

Mas a ciência já serviu muitas vezes para matar em massa e destruir o ecossistema, pondo em perigo a subsistência da Humanidade.

A Árvore do conhecimento do bem e do mal de cujo fruto leva à morte, é realmente a ciência sem o paladar da sabedoria:

“E o Senhor Deus disse ao Homem: “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim. Mas não comas o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que comeres dele morrerás certamente” (Gn 2, 16-17).

Este texto coloca logo no princípio da História Humana a possibilidade do sucesso ou do fracasso humano.

Isto quer dizer que os seres humanos estão dotados de livre arbítrio, isto é, têm a capacidade psíquica de optar pelo bem ou pelo mal.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SABEDORIA E HUMANIZAÇÃO DA VIDA-II

II-QUANDO A SABEDORIA CONDUZ O HOMEM

O Homem que se deixa conduzir pela sabedoria confere às suas opções o sentido da realização e do sucesso humano.

Quando a arbitrariedade e o capricho dominam as opções e realizações humanas, o Homem começa a caminhar para o malogro e o fracasso.

Não são muitas as pessoas que gostam de cultivar a sabedoria. De facto, as pessoas falam muito, mas são poucas as que gostam de pensar e meditar.

A sabedoria confere às pessoas a capacidade de saborear as coisas com o sabor da verdade. A Sabedoria é criativa e transformadora.

As pessoas que a cultivam evitam o activismo vazio, empenhando-se seriamente na construção de uma Humanidade melhor.

A sabedoria é o cinzel que modela os grandes mestres. Um mestre é uma pessoa que, pelo seu jeito de falar e agir, inspira os outros, ajudando-os a ser criativos.

A Sabedoria ensina aos mestres que a arte de liderar consiste em dar critérios e inspirar modos de agir às pessoas sem as dominar ou manipular.

A lei fundamental da pessoa que se conduz pela sabedoria é esta: O que não é justo não deve ser feito e o que não é verdadeiro não deve ser dito.

Um mestre competente não faz colecção de respostas feitas, pois sabe que a vida não cabe em moldes antecipadamente preparados.

Quando uma pessoa pensa estar em posse da totalidade das respostas, a vida encarrega-se de apresentar questões novas e diferentes.

A sabedoria é uma fonte permanente de novidade. A pessoa que a cultiva encontra sempre a resposta certa para a diversidade das questões e perguntas inesperadas.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SABEDORIA E HUMANIZAÇÃO DA VIDA-III

III-A SABEDORIA OFERECE RAZÕES PARA VIVER

Eis alguns ensinamentos importantes da Sabedoria: A propósito do perdão diz: “Perdoar é libertar um prisioneiro. Esse prisioneiro eras tu enquanto não perdoaste.

No que se refere à dignidade do trabalho, a Sabedoria diz: “Não há trabalhos desprezíveis. Não é o trabalho que confere dignidade ao ser humano, mas este que confere dignidade ao trabalho.”

A propósito do ódio a sabedoria diz o seguinte: “Lembra-te de que as pessoas que te odeiam só te poderão vencer se passares a odiá-las também.”

No que se refere ao sucesso, diz: “O sucesso não é a garantia da felicidade, mas a felicidade é a garantia do sucesso.”

Depois acrescenta: Um dos pilares mais importantes da felicidade é amar o que fazemos e procurar fazer coisas de que gostamos.

Se isto não for possível, procura amar aquilo que fazes, caso contrário tornar-te-ás um subserviente com consciência de escravo.

A sabedoria rejeita os homens faz-tudo, pois estes impedem os outros de desabrochar. Eis o que a Sabedoria diz a este respeito:

“Feliz a pessoa que procura fazer aquilo para que tem qualidades e deixa o resto para os outros.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SABEDORIA E HUMANIZAÇÃO DA VIDA-IV

IV-A SABEDORIA E A QUALIDADE DAS RELAÇÕES

Aos que têm pressa em ver o resultado do seu trabalho, a Sabedoria diz o seguinte: “Não avalies os teus dias pelo que colheste, mas pelo que semeaste.”

E sobre o valor da partilha diz: “Sempre que partilhamos os nossos sentimentos, as nossas riquezas e os nossos saberes tornamo-nos benfeitores da Humanidade.

As pessoas que partilham o melhor do seu ser e do seu ter crescem muito na capacidade de comungar na vida eterna.”

Sobre os que andam sempre a falar das suas preocupações, tristezas e sofrimentos, a Sabedoria diz:

“Deves sentir liberdade para partilhar as tuas dores e tristezas com os amigos. Mas sê sensato. Não andes sempre a repetir os teus sofrimentos e desilusões, pois isso cansa as pessoas.”

A respeito dos desabafos com os amigos, a Sabedoria aconselha: “Deves compreender que os amigos não são os responsáveis pela solução dos teus problemas e dificuldades.

Podem e devem ajudar. Mas se forem bons amigos nunca te substituirão”. No que se refere ao cultivo das amizades, a Sabedoria diz:

“Não esperes que uma pessoa seja muito tua amiga se não fores muito amiga dela.” Depois acrescenta: “Quando os amigos partilham sentimentos e experiências pessoais, a confiança fortalece-se.”

A propósito da lealdade entre os amigos, a Sabedoria diz o seguinte: “Os amigos são capazes de dizer “não” e continuar amigos.

O verdadeiro amigo é capaz de ver os defeitos do outro e, apesar disso, aceitá-lo. Quando as pessoas se unem por laços fortes de amizade, a comunicação é fiel e verdadeira.

A amizade começa a deteriorar-se quando acaba o respeito mútuo. Os bons amigos sabem e gostam de brincar, mas nunca vão além daquilo que o senso comum aconselha.”

A respeito da importância das relações humanas e da comunicação, a Sabedoria ensina: “É mais importante comunicar do que ter bons meios de comunicação.

O aperfeiçoamento dos meios de comunicação fez aumentar a solidão no mundo. Isto quer dizer que a evolução dos meios de comunicação não provocou um salto de qualidade nas relações entre as pessoas.”

Em Comunhão Convosco

Calmeiro Matias

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

SABOREANDO UM SONHO LINDO DE DEUS-I

I-TALHADOS PARA A FESTA DO ENCONTRO

Deus não nos criou para o vazio da morte nem nos talhou para o desespero da solidão.
Na verdade, a Santíssima Trindade é uma Família de coração aberto.

Ao criar-nos à sua imagem e semelhança, estava a pensarem fazer de nós membros da sua comunhão familiar.

Isto quer dizer que o sonho de Deus para nós foi a comunhão, não a solidão. É por esta razão que no Reino de Deus as pessoas humanas são mediação de felicidade e plenitude para os irmãos.

De facto, a plenitude da pessoa não está em si mas no face a face do encontro comunitário. Por isso, na Comunhão Universal da Família de Deus as pessoas são mediações de plenitude para as outras, facilitando o encontro destas consigo e possibilitando a comunhão universal.

Na comunhão do Reino de Deus ninguém está a mais, pois cada pessoa, por ser única, original e irrepetível, traz novidade e colorido à Festa Universal da Comunhão.

Na verdade, se alguma pessoa se exclui da comunhão Familiar de Deus empobrece a diversidade e a riqueza do património universal da comunhão.

Nesta festa da Vida Eterna, as pessoas humanas, tal como as divinas, encontram-se em coordenadas de universalidade, isto é, equidistantes a tudo e a todos.

É por esta razão que as aspirações das pessoas que fazem parte dessa comunhão universal têm realização imediata.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro matias

SABOREANDO UM SONHO LINDO DE DEUS-II

II-A CAMINHO DA UNIVERSALIDADE

A festa da Família de Deus é uma comunhão orgânica dinamizada pela ternura maternal do Espírito Santo.

Isto quer dizer que na plenitude da Vida Eterna cada pessoa está presente a tudo e a todos.

Não por se deslocar a velocidades superiores às da luz, mas porque os seus desejos têm emergência e realização simultâneas.

Foi este o sonho bonito que Deus teve a nosso respeito. A pessoa que se exclui deste plano de amor fica em estado de malogro definitivo, pois não se encontra nesse face a face com Deus que é plenitude da Vida.

Fora da festa de Deus, a pessoa não se encontra nas coordenadas da comunhão, condição para saborear a felicidade eterna.

É verdade que estamos em realização na História, mas a meta para a qual estamos a caminhar é a plenitude da Vida Eterna, a qual acontece no face a face em coordenadas de omnipresença e equidistância a tudo e a todos.

Estamos, de facto, talhados para ser divinos. Ao sermos incorporados de modo orgânico na Família da Santíssima Trindade atingimos a plenitude da nossa divinização.

Por outras palavras, no Reino de Deus não somos seres divinos por natureza, mas somos pessoas divinizadas.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SABOREANDO UM SONHO LINDO DE DEUS-III

III-DIVINIZADOS EM CRISTO

A plenitude da nossa divinização apenas acontece em contexto de comunhão orgânica de tipo familiar.

Isto quer dizer que a nossa divinização não acontece de modo individual. São Paulo diz que nós somos os membros de um corpo cuja cabeça é Jesus Cristo (1 Cor 10, 17; 12, 27).

O princípio animador desta comunhão divinizante é o Espírito Santo. São Paulo diz que o Espírito Santo é o princípio dinamizador da nossa incorporação orgânica em Deus.

Eis as suas palavras na Primeira Carta aos Coríntios: “Todos nós fomos baptizados num só Espírito, a fim de formarmos um só corpo. Na verdade, tanto os escravos como os homens livres bebem de um só Espírito” (1 Cor 12, 13).

E na Carta aos Romanos, São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos
nossos corações (Rm 5, 5).

Depois acrescenta que todas as pessoas que se deixam conduzir pelo Espírito Santo são filhas e herdeiras de Deus Pai e são irmãs e co-herdeiras com o Filho de Deus (Rm 8, 14-17).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SABOREANDO UM SONHO LINDO DE DEUS-IV

IV-A PLENITUDE DO SONHO DE DEUS

Pela Encarnação, o Filho de Deus uniu-se a nós, a fim de fazermos uma unidade orgânica com o Pai mediante o Espírito Santo (Jo 17, 21-23).

Vista à luz da fé, a História Humana está cheia de sentido, pois é um projecto de amor sonhado por Deus.

Ao ressuscitar, Jesus introduziu a Humanidade na dinâmica da plenitude, isto é, na fase dos acabamentos.

Por acabamentos devemos entender a divinização dos seres humanos mediante a sua incorporação na Comunhão Divina.

São Paulo via a divinização do Homem Deus como a sua incorporação na Família de Deus:

Deus enviou o seu Filho, a fim de ele se tornar o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).
Uma vez introduzidos na Família de Deus já podemos clamar com alegria: “Abba”, ó Pai! (Gal 4, 4-7).

O Livro do Apocalipse fala do número incontável dos que vão participar da Comunhão Familiar de Deus.

Deus acolhe esta multidão dando um beijo a cada pessoa e limpando todas as lágrimas que possam subsistir da marcha da História.

Em primeiro lugar temos os justos da Antiga Aliança que é de cento e quarenta e quatro mil.
Trata-se de um múltiplo de doze que simboliza os doze patriarcas optimizados pelos doze apóstolos.

Vem depois a multidão dos cristãos oriundos do paganismo, os quais já estão espalhados pelos diversos quadrantes da terra.

Todos estão assinalados com o selo do Espírito Santo que é a garantia da salvação. “Não danifiqueis a terra nem o mar nem as árvores até termos marcado com o selo a fronte dos servos do nosso Deus.

Ouvi depois o número dos que foram assinalados: “cento e quarenta e quatro mil de todas as tribos de Israel (…).

Depois disto apareceu uma multidão que ninguém podia contar, a qual provinha de todas as nações, povos e línguas” (Apc 7, 3-9).

Jesus vai conferir plenitude à História realizando, não a destruição dos pecadores, mas a salvação de todos os que tenham coração capaz de salvação.

Isto quer dizer que Deus não permitirá que se perca nada daquilo que existe de salvável na pessoa humana.

O juízo de Deus não efeito com base em leis semelhantes às leis dos tribunais. Deus é Amor (1 Jo 4, 7).
Isto quer dizer que a lei que preside ao julgamento de Deus é o amor, pois Deus não pode negar-se a si mesmo.

A primeira Carta a Timóteo diz que a vontade de Deus é que todas as pessoas se salvem e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (cf. 1 Tim 2, 4).

A plenitude do Reino de Deus não é uma questão de comida ou bebida, diz São Paulo, mas acontece como vivência de justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14, 17).

São Lucas vai nesta mesma linha quando afirma: “O Reino de Deus não vem de modo aparatoso, pois o Reino está dentro de cada um de vós (Lc 17, 20).

As coordenadas da Plenitude atingem-nos a partir de dentro, pois Deus é a interioridade máxima de todas as coisas.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O MODO DE SER E AGIR DO ESPÍRITO SANTO-I

I-A IDENTIDADE PESSOAL DO ESPÍRITO SANTO

Costumamos designá-lo como a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Quando o invocamos pelo seu nome chamamos-lhe Espírito Santo.

Para falar da sua identidade de pessoa divina dizemos que ele é Deus com o Pai e com o Filho de Deus.

O seu jeito de amar é maternal. Ele é a ternura maternal de Deus sempre presente e disposta a gerar Vida Nova nas pessoas (Gal 4, 4-6).

É ele que nos introduz na família de Deus. São Paulo diz que as pessoas que se deixam conduzir pelo Espírito Santo são filhas e herdeiras de Deus Pai, bem como irmãs e co-herdeiras do Filho de Deus (Rm 8, 14-17).

Ninguém é capaz de conhecer o mistério de Cristo a não ser pelo Espírito Santo, diz a primeira Carta aos Coríntios (1 Cor 12, 12-13).

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo optimizou o amor maternal de Maria, a fim de ela realizar com sucesso a sua missão de Mãe do Messias (Lc 1, 35).

Os evangelhos dizem que Jesus realizava maravilhas incontáveis graças ao facto de ter em si a plenitude do Espírito Santo (Lc 4, 1-2; Mt 4,1).

São Lucas diz que foi o Espírito Santo que consagrou Jesus para anunciar a Boa Nova aos pobres e dar vista aos cegos.

Foi também pelo Espírito Santo que fez caminhar os coxos e iniciar os tempos da graça, isto é da fraternidade e da comunhão familiar de do Homem com Deus (Lc 4, 18-21).

Após a sua ressurreição, Jesus consagra e robustece os discípulos para a missão, comunicando-lhes a Força do Alto, diz São Lucas referindo-se ao Espírito Santo (Lc 24, 49).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O MODO DE SER E AGIR DO ESPÍRITO SANTO-II

II-ESPÍRITO SANTO E PLANO SALVADOR DE DEUS

Referindo-se ao Espírito Santo, o evangelho de São João diz que estamos habitados por uma Água Viva que faz brotar em nós nascentes de Vida Eterna (Jo 7, 37-39).

O evangelho de São João diz que isto aconteceu quando Jesus morreu e ressuscitou sobre a Cruz.
São João refere-se ao momento em que saiu sangue e água do coração de Jesus:

A água é a Água Via e o sangue é o Sangue da Nova aliança. Qualquer dos dois elementos simboliza o Espírito Santo (Jo 19, 34).

O sangue significa a Nova aliança, e a Água Viva significa o Espírito Santo que alimenta em nós a Vida Eterna (cf. Jo 4, 14; 7,37-39).

Para tomarmos parte na comunhão do Reino de Deus, temos de nascer de novo pela água e pelo Espírito Santo (Jo 3, 6).

De tal maneira a missão do Espírito Santo é central no projecto salvador de Deus que o pecado contra o Espírito Santo é o único que não tem perdão (Mt 12, 31-32, Mc 3, 29; Lc 12, 10-12).

Podemos dizer que pecar contra o Espírito Santo é opor-se de modo incondicional à verdade de Deus e do Homem.

A pessoa que chega a uma situação destas anula qualquer possibilidade de encontro e comunhão com Deus e os irmãos.

O evangelho de São João diz que é o Espírito Santo que conduz as pessoas à plenitude da verdade (Jo 14, 26).

O pecado contra o Espírito Santo é a oposição frontal ao baptismo no Espírito. Os judeus que martirizaram o diácono Estêvão não podiam resistir à sabedoria do Espírito Santo que falava nele (Act 6, 10).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O MODO DE SER E AGIR DO ESPÍRITO SANTO-III

III-O ESPÍRITO SANTO É A CERTEZA DA NOSSA SALVAÇÃO

Os primeiros cristãos viviam repletos da consolação do Espírito Santo, diz o Livro dos Actos dos Apóstolos (Act 9, 31).

A Carta a Tito diz que fomos purificados pelo poder regenerador do Espírito Santo que nos vem por Jesus Cristo (Tt 3, 5-6).

São Paulo diz na Primeira Carta aos Coríntios que a sua pregação era eficaz, não por ser fruto do saber humano, mas sim por ser uma demonstração do Espírito Santo (1 Cor 2, 4).

A Carta aos Efésios pede aos cristãos para não entristecerem o Espírito Santo com o qual foram selados para o dia da Salvação (Ef 4, 30).

Segundo São Paulo, o grande protagonista da nossa acção evangelizadora é o Espírito Santo.
A força salvadora do Espírito Santo penetra o nosso dia-a-dia e confere-nos um jeito novo de estar na vida!

Por isso, diziam os Santos padres, que o Espírito Santo é o coração da Igreja, tal como Cristo é a sua cabeça.

E nós podemos acrescentar que o Espírito Santo, com o seu jeito maternal de amar, nos conduz a Deus Pai que nos acolhe como filhos e a Deus Filho que nos recebe como irmãos.

O Espírito santo é o hálito da vida que Deus Pai nos comunicou através do beijo primordial mediante o qual criou o Homem (Gn 2, 7).

Utilizando a simbologia do Livro do Génesis, o Espírito Santo é o fruto da Árvore da Vida plantada no centro do Paraíso (cf. Gn 3, 22-23).

Para os cristãos, a Árvore da Vida é Cristo ressuscitado e o seu fruto é a Vida Eterna. Segundo a linguagem sacramental da Eucaristia, o Espírito Santo é o sangue da Nova Aliança a circular no nosso interior.

São Paulo diz que o Espírito Santo é a força ressuscitadora de Cristo a actuar no nosso coração (Rm 8,11).

De facto, o Espírito Santo é o dinamizador da Nova Aliança assente, não na letra que mata, mas no Espírito Santo que vivifica (2 Cor 3, 6).

No nosso íntimo ele é o alimento da Vida Eterna, a semente de Deus a gerar vida divina nosso íntimo, diz a primeira Carta de São João (1 Jo 3, 9).

Ele é o Espírito que nos diviniza, levando à sua perfeição máxima o hálito que Deus insuflou no barro do qual saiu Adão.

Como Novo Adão, Jesus comunica-nos o Espírito Santo, a fim de realizar em nós a restauração dos estragos provocados pelo pecado de Adão.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O MODO DE SER E AGIR DO ESPÍRITO SANTO-IV

IV-SALVOS EM CRISTO PELO ESPÍRITO SANTO

Isto acontece assim porque nós estamos unidos a Cristo ressuscitado como os ramos da videira estão unidos à cepa, como disse Jesus (Jo 15, 1-8).

Mesmo que o nosso ser exterior se vá degradando e envelhecendo com a idade, diz São Paulo, o nosso ser interior vai-se robustecendo dia a dia, graças à acção do Espírito Santo que nos habita, diz São Paulo (2 Cor 4, 16).

Com o seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo está constantemente a optimizar as relações de amor entre os seres humanos.

No nosso íntimo ele está presente como princípio personalizante, pois é uma presença que dinamiza as relações de amor entre os irmãos.

O Espírito Santo é a força que optimiza os dinamismos da Comunhão do Reino de Deus. É o Espírito Santo que vai recriando o Homem, a fim de formar a Nova Criação que, segundo São Paulo, é a Humanidade reconciliada com Deus (2 Cor 5, 17-19).

A sua presença no nosso íntimo faz-nos saborear a verdade do Evangelho, ajudando-nos a discernir as coisas de Deus.

Na medida em que o cristão vive em sintonia com o Espírito Santo torna-se luz, iluminando o sentido da vida aos que vivem na angústia da falta de sentidos.

Se permitirmos que as coisas aconteçam assim, podemos ter a certeza de que Deus realizará maravilhas em nós e através de nós.

É esta a raiz da confiança cristã, a qual não é nunca presunção ou vaidade, pois está fundamentada na presença de Deus em nós.

São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O MODO DE SER E AGIR DO ESPÍRITO SANTO-V

V-TODOS COM A MESMA DIGNIDADE

Jesus disse aos discípulos que o Espírito Santo, no nosso íntimo nos ilumina e conduz para Verdade Total:

“Eu vou pedir ao Pai e ele vos dará outro Paráclito, o Espírito Santo, a fim de estar sempre convosco.

Ele é o Espírito da Verdade a quem o mundo não pode receber porque não o vê nem o conhece.
Mas vós conhecei-lo, pois ele está junto de vós e em vós” (Jo 14, 16-17).


Isto quer dizer que o Espírito Santo está connosco e por nós, conduzindo-nos ao diálogo e à comunhão com os irmãos.

Actua em nós com um jeito maternal de amar, ajudando-nos a transformar a mente e o coração.
Além disso conforta-nos e dá-nos segurança, fazendo-nos exclamar com São Paulo:

“Se Deus está por nós quem pode estar contra nós?” (Rm 8,31). Ao ser expulso do Paraíso, Adão ficou sem a possibilidade da vida eterna, pois foi impedido de aceder ao fruto da Árvore da Vida (Gn 3,22).

Mas ao chegar a plenitude dos tempos, diz a Carta aos Gálatas, Deus enviou o seu Filho que nos comunicou a vida divina.

O evangelho de São João diz que isto aconteceu no momento da morte e ressurreição de Jesus (Jo 7, 37-39).

O Espírito Santo, diz ainda São João, é uma Água Viva a jorrar Vida Eterna (Jo.4,14). Ao fazer da Humanidade uma união orgânica, o Espírito Santo confere uma dignidade idêntica a todos os seres humanos:

Eis as palavras de São Paulo: “Já não há diferença entre judeu ou grego, escravo ou pessoa livre.
Também já não há diferença entre homem ou mulher, pois todos formamos um em Jesus Cristo” (Gal 3, 28).

Com estas palavras tão profundas, São Paulo quer dizer que apesar de as pessoas serem todas diferentes, em Jesus Cristo, são todas iguais, pois têm a mesma dignidade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

domingo, 1 de fevereiro de 2009

A TERNURA DE DEUS AO CRIAR O HOMEM-I

I-O HOMEM COMO SER TERRENO E HISTÓRICO

“O Senhor Deus formou o Homem do barro e insuflou-lhe pelas narinas o sopro da vida”. (Gn 2, 7).
Esta afirmação bíblica significa que o Homem não é um ser caído das nuvens. De facto, o Homem emergiu do mundo animal através de um longo processo de evolução.

Quando a bíblia diz que o Homem foi tirado de um barro que Deus moldou, quer simplesmente afirmar que a Humanidade emergiu desta terra bonita generosa e fecunda.

Deus não criou o Homem acabado. A História Humana é o tempo que demora a Criação da Humanidade.

Do mesmo modo, a história de uma pessoa é o tempo que demora a realização temporaldessa pessoa.

Se a marcha criadora do Homem tem milhões de anos, então temos de dizer que a História humana tem milhões de anos.

É por esta razão que nós podemos afirmar que a criação do Homem já está muito avançada. É tudo isto que o livro do Génesis quer dizer quando afirma que o Senhor Deus formou o Homem do barro e lhe insuflou pelas narinas o sopro da vida. (Gn 2, 7).

O sopro da vida é o Espírito Santo que, no nosso interior, nos vai moldando à imagem e semelhança de Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A TERNURA DE DEUS AO CRIAR O HOMEM-II



II-DEUS CRIA O HOMEM COM GRANDE CARINHO

Mas o Espírito Santo, no interior do nosso coração, está presente e activo para aperfeiçoar e acabar a obra da nossa criação.

A meta é sermos em tudo iguais a Cristo, até ao ponto de já não sermos pecadores. O Senhor criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus. Ele os criou homem e mulher” (Gn 1, 26-27).

A criação do Homem acontece de modo muito diferente da criação dos animais. É verdade que o Homem veio do mundo animal, mas já não é um simples animal.

De facto, o ser humano está-se a realizar como pessoa criada à imagem de Deus cuja meta é fazer parte da Família Divina.

Foi esta a razão pela qual Deus, ao criar o Homem, agiu de modo especial. Antes de iniciar a marcha criadora da Humanidade, a Santíssima Trindade concebeu um projecto para o Homem:

Deus Pai, o Filho de Deus, e o Deus Espírito Santo, dialogando sobre a possibilidade de criar o Homem sonharam-no à imagem e semelhança da Divindade.

Nós somos imagens de Deus porque somos seres pessoais. Os animais não são pessoas, pois o barro do qual emergiram não atingiu a complexidade para isso poder acontecer.

Por outras palavras, o cérebro dos animais não tem uma estrutura bastante complexa para poder emergir uma interioridade pessoal moldada pelo Espírito Santo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A TERNURA DE DEUS AO CRIAR O HOMEM-III

III-A ACÇÃO DAS PESSOAS DIVINAS

Quando as pessoas divinas confiaram ao Espírito Santo a missão de nos moldar à imagem de Deus, confiaram também ao Filho de Deus a missão de se fazer nosso irmão mediante o mistério da Encarnação.

Deste modo, Deus já tem condições para nos incorporar na própria comunhão familiar de Deus.

O Espírito Santo ficou a actuar como o escultor que molda o coração das pessoas humanas em conformidade com Deus.

Por seu lado, o Filho de Deus tornou-se nosso irmão mediante o mistério da Encarnação. Movido pelo Espírito Santo, o Filho de Deus fez muitos milagres para corrigir defeitos e limitações, a fim de ajudar os seres humanos a serem mais parecidos com Deus.

Foi assim que Deus procedeu, a fim de realizar esta obra-prima de barro, que leva no seu interior outra obra-prima de espírito:

Pegando na imagem bíblica podemos dizer que o Homem veio da terra, tal como os outros seres vivos.

Através da marcha da evolução o barro foi-se amassando ao longo de milhões de anos. Depois de o barro estar amassado vem o interior, isto é, o nosso ser espiritual.

A interioridadeespiritual do ser humano resulta de um beijo que Deus deu ao barro primordial do qual saiu Adão.

Ao beijar este barro primordial, o hálito da vida de Deus passou para o interior do Homem, dando origem ao nosso ser espiritual.

Emcomunhão Convosco
Calmeiro Matias

A TERNURA DE DEUS AO CRIAR O HOMEM-IV

IV- O PAPEL DO ESPÍRITO SANTO

O barro amassado significa o momento em que a evolução criou condições para o Espírito Santo iniciar a sua tarefa de moldar o homem espiritual à imagem e semelhança de Deus.

Como o Homem ainda não está acabado, o Espírito Santo continua a moldar-nos por dentro. Com a sua ternura maternal, o Espírito Santo vai-nos ensinando no dia-a-dia a fazer o bem e a evitar o mal, a fim de sermos imagens perfeitas de Deus.

Na verdade, quando fazemos o bem estamos a responder a um apelo do Espírito Santo no íntimo da nossa consciência.

Graças ao hálito da vida divina, nós tornamo-nos barro com coração, isto é, pessoas com capacidade de fazer bem, criando fraternidade e amando os nossos irmãos.

Ao nascermos ainda não somos conscientes. À medida que vamos crescendo, a nossa consciência vai-se estruturando, tornando-se o altifalante do Espírito Santo.

Sempre que nos interrogamos no nosso íntimo sobre o modo mais certo de decidir e actuar, estamos a dialogar com Deus no nosso coração.

Podemos dizer que as pessoas honestas, quando prestam atenção aos apelos de sua consciência estão a dialogar com Deus no seu interior.

É este o modo de crescermos como pessoas livres, conscientes e responsáveis. Um dia, Jesus disse a Nicodemos que o ser humano tem de nascer de novo pela acção do Espírito Santo, pois o que nasce da carne é carne e o que nasce do Espírito é espírito (Jo 3, 6).

O nosso corpo nasce dos pais, o nosso espírito, pelo contrário, vai-se formando em relações com Deus e os irmãos.

O Espírito Santo habita em nós como num templo, diz São Paulo (1 Cor 3, 16). A Carta aos Romanos diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

E foi assim que ao chegar a plenitude dos tempos, diz a Carta aos Gálatas, Deu enviou o seu Filho, para fazer de nós membros da Família Divina (Gal 4, 4-7).

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Calmeiro Matias


quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O SENTIDO DA VIDA E DA HISTÓRIA-I

I-PRECISAMOS DE SENTIDOS PARA VIVER

Apenas a pessoa humana se apercebe de que a vida e a História são realidades cheias de sentido.

Na verdade, o animal gosta de brincar, mas não é capaz de celebrar nem precisa de sentidos para viver.

Pelo facto de estar em realização, a pessoa precisa de sentidos para viver e projectar a sua realização.

Quando lhe faltam sentidos para viver a pessoa entra em crise e é muito provável que possa pensar até no suicídio.

Pelo facto de estar em realização histórica, a pessoa tem a capacidade de associar o passado com o presente e este com sonhos e projectos de futuro.

De faço, somos pessoas a caminho de uma meta que se vai vislumbrando de modo progressivo sempre que novos limiares se vão transpondo.

Por não ser uma pessoa em construção, o animal não tem esta consciência existencial. Eis a razão pela qual não se sente interpelado a realizar-se segundo uma escala de valores que dê sentidos à vida.

Sempre que damos um salto de qualidade na marcha da nossa humanização, tornamo-nos imagem de Deus.

Na verdade a lei da humanização é: “Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a comunhão universal”.

Graças ao mistério da Encarnação do Filho de Deus a comunhão universal tornou-se uma união orgânica humano-divina cujo coração é a comunhão da Santíssima Trindade.

Isto quer dizer que a pessoa humana é um ser aberto à transcendência. Eis a razão pela qual apenas os seres humanos têm a dimensão religiosa.

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Calmeiro Matias

O SENTIDO DA VIDA E DA HISTÓRIA-II

II-A FOME DE SENTIDOS

Os animais gostam de brincar, mas não são capazes de celebrar. Como não precisam de sentidos para viver, os animais também não têm consciência que vão morrer.

A consciência da própria morte é um estímulo que leva a pessoa a interrogar-se sobre o sentido da vida.

A consciência universal da Humanidade evoluiu no sentido de se por a questão religiosa. Isto significa que a Humanidade, no seu todo, intuiu que não estamos a edificar para a morte.

A ressurreição de Jesus Cristo, trouxe para a grande resposta sobre o sentido dos fins: A morte não tem a última palavra no que se refere ao projecto histórico da Humanidade.

Ao dar o salto para a vida pessoal, o Homem atingiu a vida espiritual e, portanto, a possibilidade de ser incorporado na comunhão familiar de Deus.

Emergir como pessoa é crescer em densidade espiritual e capacidade de interacção amorosa.

Pela fé conhecemos o Amor em Plenitude: Deus. Pela experiência conhecemos o amor em processo de amadurecimento: o Homem.

Quando a pessoa se opõe ao amor está a impedir a sua humanização e a dificultar a humanização dos outros.

A experiência ensina-nos que as pessoas mal-amadas são azedas e amam de modo distorcido.
São vítimas, não culpadas. Muitas destas pessoas foram heróicas. Deram o melhor de si.

Chegaram a um grau elevado de santidade. Mas isso não impede que tenham sido pessoas bloqueadas nas suas possibilidades.

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Calmeiro Matias

O SENTIDO DA VIDA E DA HISTÓRIA-III

III-EMERGÊNCIA PESSOAL E SALVAÇÃO

A Divindade é pessoas e a Humanidade também. Deus salva o ser humano na medida em que este se realizou como pessoa, atingindo densidade espiritual e capacidade de comungar.

Por isso podemos dizer que será eternamente mais divina a pessoa que mais se tenha humanizado na história.

É agora o tempo de nos construirmos. Estamos habitados pelo Espírito Santo que actua no nosso íntimo como presença que ilumina, estimula e convida a renascer (Jo 6, 3-6).

Somos um projecto sonhado pelo amor. Por isso não fomos criados para a solidão ou o vazio da morte.

Amar é querer o melhor para os outros e ajudá-los a fazer o melhor para eles. É aceitá-los como são, apesar de serem diferentes de nós.

A pessoa é um ser em génese. Realizar-se construindo uma história personalizada. Para se dizer, a pessoa precisa de contar a sua história.

Por ser amor, Deus toma-nos a sério e nunca nos substitui. O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.

O amor suscita possíveis de realização pessoal, abrindo portas para novas realidades. Deus não criou as coisas acabadas.

A Humanidade está no centro da criação por ser constituída por pessoas. Isto quer dizer que estamos chamados a ser colaboradores de Deus na nossa realização e salvação.

A nossa vida será fecunda na medida em que seja dinamizada pelo amor.

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Calmeiro Matias

O SENTIDO DA VIDA E DA HISTÓRIA-IV

IV-O SENTIDO DA PLENITUDE HUMANA

A nossa Fé ajuda-nos a ver a fecundidade humana como uma dimensão profunda da vida que transcende a dimensão biológica.

Não estamos a edificar para o vazio do nada. Somos autores da nossa realização, a partir do que recebemos de Deus através dos outros.

A pessoa é um feixe dinâmico de energias espirituais constituídas em identidade única, original e irrepetível.

A pessoa é um ser que apenas se possui plenamente em reciprocidade de comunhão amorosa.

A originalidade da pessoa é a sua identidade espiritual, isto é, o jeito de interagir amorosamente com os outros.

Surgimos na vida com um leque de possíveis cuja realização depende de nós. É por esta razão que cada pessoa humana é única, original e irrepetível.

Na verdade, os dons de Deus são-nos feitos em forma de possíveis, a fim de os podermos aceitar ou não. De outro modo não seriam dons mas imposições.

Se Deus é Amor, então podemos dizer que o Amor criou o Universo e gostou de o ter feito. Por outras palavras, Deus ama a sua Criação.

O Cosmos seria uma aventura inútil se não oferecesse uma saída válida para a vida pessoal, a qual, por ser espiritual é imortal e só atinge a sua plenitude no amor.

É certo que o Universo não é uma pessoa. Mas no seu interior já surgiram biliões de pessoas, as quais pertencem, por adopção, à esfera da Família Divina.

O sentido mais profundo da génese criadora do Universo é possibilitar vida pessoal humana, a qual é proporcional a Deus e capaz de comunhão amorosa.

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Calmeiro Matias

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A IDENTIDADE DA PESSOA NO REINO DE DEUS-I

I-A CONDIÇÃO ESPIRITUAL DOS RESSUSCITADOS

É muito importante não confundir ressurreição da carne com restauração biológica.

A ressurreição da carne na mentalidade bíblica significa a pessoa restaurada na vida de comunhão orgânica, interactiva e fecunda.

Isto que dizer que as pessoas, ao ressuscitarem, não voltam ao mesmo estado que tinham antes de morrer.

No entanto, a identidade espiritual das pessoas permanecerá exactamente a mesma por toda a eternidade.

Por outras palavras, seremos eternamente as mesmas pessoas se edificaram na História. A identidade espiritual da pessoa, isto é, o seu jeito de interagir amorosamente com os outros permanece exactamente o mesmo.

A ressurreição é um acontecimento de ordem espiritual, não biológico.

Os evangelhos insistem em que a nossa identidade pessoal profunda, por ser espiritual, permanecerá a mesma na comunhão do Reino de Deus.

Ao mesmo tempo insistem em que a pessoa humana, após a ressurreição, já é apenas um ser espiritual.

Eis o que Jesus disse a um grupo de saduceus cuja doutrina negava a ressurreição: “Acerca da ressurreição estais enganados, pois desconheceis as Escrituras e o poder de Deus.

Na ressurreição nem os homens terão mulheres, nem as mulheres, maridos. Serão como anjos no Céu” (Mt 22, 29-30).

Com esta forma de falar, Jesus queria dizer que na comunhão dos ressuscitados a condição das pessoas é puramente espiritual.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias