domingo, 19 de abril de 2009

A FELICIDADE COMO DOM E TAREFA-V

V-BEM-AVENTURANÇAS E FELICIDADE

As Bem-aventuranças não são um código moral para cumprirmos à letra. Jesus não foi um moralista.

Na verdade, as Bem-aventuranças são uma proposta para moldarmos o nosso coração segundo os critérios do Evangelho.

Estruturar o nosso interior segundo os horizontes das Bem-aventuranças é moldar o nosso coração de acordo com a felicidade, diz Jesus:

“Felizes os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos Céus. Felizes os que choram, pois serão consolados.

Felizes os mansos, pois herdarão a Terra. Felizes os que têm fome e sede de justiça, pois serão saciados.

Felizes os misericordiosos, pois alcançarão misericórdia. Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.

Felizes os obreiros da paz, pois serão chamados filhos de Deus. Felizes os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos Céus.

Felizes sereis quando vos odiarem e, mentindo, disserem toda a sorte de males contra vós por minha causa.

Alegrai-vos e exultai, pois grande será a vossa recompensa no Céu. Foi assim que perseguiram os profetas que viveram antes de vós” (Mt 5, 3-12).

As Bem-aventuranças têm mais a ver com um jeito de viver do que com actos a executar de maneira bem delimitada.

Por outras palavras, as Bem-aventuranças não são um código de normas morais, mas um ideal de vida a construir.

À medida que a pessoa procura modelar o coração e a mente segundo a proposta das Bem-aventuranças tornam-se diferentes em relação ao modo de valorizar os acontecimentos, de possuir coisas e de se relacionarem com Deus e os irmãos.

À luz das Bem-aventuranças a pessoa não chega a atingir uma profunda realização humana se não se empenhar na transformação das estruturas e das relações sociais tendo como horizonte os valores do Evangelho.

Temos de reconhecer que o mundo não consegue entender estes critérios. Eis o que diz o Livro dos Actos dos Apóstolos sobre a felicidade dos Apóstolos:

“E os apóstolos partiram da presença do Sinédrio, isto é, o conselho dos chefes, exultando, por terem sido considerados dignos de sofrer humilhações por causa de Jesus Cristo” (Act 5, 41).

São Paulo confessava-se alegre e feliz apesar das perseguições e dificuldades que sofria pelo Evangelho:

“Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos” (Flp 4, 4). À luz das Bem-aventuranças a pessoa pode ser pobre e sentir-se rica.

Pode estar a ser perseguida pela sua fé ou pelas suas opções no sentido da paz, da partilha, da fraternidade e sentir-se muito feliz.

À luz das Bem-aventuranças a pessoa pode estar a sofrer por desejar ver certas situações alteradas e, no entanto, sentir-se intimamente feliz.

Pode estar com fome e sede de justiça e não perder a confiança em Deus nem a paz interior.

As pessoas que vão configurando a mente com o padrão das Bem-aventuranças vão moldando um coração capaz de comungar com Deus e os irmãos.

As pessoas que foram configurando a sua vida segundo a propostas das Bem-aventuranças, saboreiam a alegria e a felicidade de ter dado o melhor de si.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

terça-feira, 14 de abril de 2009

A SALVAÇÃO COMO OPTIMIZAÇÃO DA PESSOA-I

I-O DINAMISMO DA VIDA ETERNA

O princípio dinâmico que faz emergir ávida Eterna em nós é o Amor. Isto quer dizer que Deus é a fonte e a plenitude da Vida Eterna, pois Deus é amor (1 Jo 4, 7-8).

A Divindade não é uma realidade histórica, mas faz história com o Homem. Na sua ternura infinita e difusiva, Deus quis que o Homem tivesse parte na comunhão da Santíssima Trindade que é o coração da Vida Eterna.

O Novo Testamento usa expressões muito sugestivas para falar da dádiva gratuita da vida Eterna:

“Pai, chegou a hora! Manifesta a glória do teu Filho, de modo que o Filho manifeste a tua glória, segundo o poder que lhe deste sobre toda a Humanidade, a fim de ele dar a vida eterna a todos os que lhe entregaste.

Esta é a vida eterna: Que te conheçam, Pai Santo, como único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem enviaste” (Jo 17 1-3).

A vida eterna é o grande dom dos últimos tempos que Deus oferece gratuitamente em Cristo.
Eis as palavras de São Paulo:

“O salário do pecado é a morte, mas a vida eterna é o dom gratuito que vem de Deus por Cristo, Senhor nosso” (Rm 6, 23).

Na Carta a Tito São Paulo diz que Deus o chamou a ser apóstolo para ajudar a fé dos eleitos de Deus, a fim de conhecerem o dom da vida eterna:

“Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, em ordem à fé dos eleitos de Deus e ao conhecimento da verdade.

Assim fica fortalecida a esperança na vida eterna, prometida desde os tempos antigos pelo Deus que não mente.

Este mistério tem sido manifestado pela pregação da qual fui incumbido por mandato de Deus, nosso Salvador” (Tt 1, 1-3).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A SALVAÇÃO COMO OPTIMIZAÇÃO DA PESSOA-II

II-A VIDA ETERNA COMO CONVÍVIO COM DEUS

São Paulo acrescenta que a vida eterna é um dom gratuito que Deus nos proporciona mediante a acção do Espírito Santo:

“Mas quando se manifestou a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com a Humanidade, ele salvou-nos.

Esta salvação não é devida às obras de justiça que tivéssemos praticado, mas sim à sua misericórdia, através de um novo nascimento mediante o Espírito Santo, que ele derramou abundantemente sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador.

Deste modo, uma vez justificados pela sua graça, vamo-nos tornando herdeiros da vida eterna que já vivemos na esperança” (Tt 3, 4-7).

A vida eterna acontece no coração das pessoas: Como ternura maternal de Deus, o Espírito Santo dinamiza o coração das pessoas e anima as relações de comunhão entre elas e Deus.

O livro do Apocalipse faz uma descrição muito bonita esta comunhão de Deus com a Humanidade, realçando sobretudo a vida plena graças à presença amorosa de Deus que a todos preenche:

“Vi então um Novo Céu e uma Nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia.

E vi descer do céu, de junto de Deus, a cidade santa, a nova Jerusalém, já preparada, qual noiva adornada para o seu esposo.

E ouvi uma voz potente que vinha do trono e dizia:

“Esta é a morada de deus entre os homens. Ele habitará com os seres humanos e estes serão o seu povo.

Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará todas as lágrimas dos seus olhos. Não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor, pois as primeiras coisas passaram”.

Então, o que estava sentado no trono disse: “Eu renovo todas as coisas!” E acrescentou: “Escreve, porque estas palavras são dignas de fé, pois são verdadeiras”.

“É verdade: Eu sou o Alfa e o Ómega, o Princípio e o Fim! Ao que tiver sede eu lhe darei a beber gratuitamente da nascente da Água da Vida.

O que vencer receberá estas coisas como herança. Eu serei o seu Deus e ele será o meu filho!” (Apc 21, 1-7).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A SALVAÇÃO COMO OPTIMIZAÇÃO DA PESSOA-III

III-A VIDA ETERNA COMO REALIDADE COMUNITÁRIA

A vida eterna é uma realidade que se vive em união orgânica. Isto que dizer que não é algo que alguém possa possuir de modo isolado.

Emerge no coração da pessoa à medida que esta se vai humanizando. Por outras palavras, Deus assume e diviniza a pessoa humana na medida em que esta se humaniza.

Humanizar-se é emergir como interioridade espiritual capaz de interacção amorosa. O evangelho de João diz que a Encarnação é o princípio da vida eterna:

“Mas as que o receberam, aos que crêem nele, o Verbo deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.

Estes não nasceram dos laços do sangue. Também não nasceram de um impulso da carne nem da vontade do homem, mas sim de Deus.

E o Verbo fez-se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, essa glória que ele possui como Filho unigénito do Pai, cheio de Graça e Verdade” (Jo 1, 12-14).

Isto significa que a vida eterna é algo que já está em marcha na vida presente. Viver a vida eterna, diz a Primeira Carta de São João, é viver o amor aos irmãos, o único caminho que conduz à comunhão com Deus:

“Nós sabemos que passámos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte.

Todo o que tem ódio ao seu irmão é um homicida e vós bem sabeis que nenhum homicida tem dentro de si a vida eterna” (1 Jo 3, 14-15).

Depois acrescenta que a vida eterna é realmente um dom que Deus nos concede e não algo que nós possamos ter isoladamente.

A Primeira Carta de São João diz que Deus nos concede ávida eterna através de Cristo: “ É este o nosso testemunho: Deus deu-nos a vida eterna, e esta vida está no seu Filho.

Quem tem o Filho tem a vida, quem não tem o filho não tem a vida” (1 Jo 5, 11-12).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A SALVAÇÃO COMO OPTIMIZAÇÃO DA PESSOA-IV

IV-A VIDA ETERNA COMO RELAÇÕES DE AMOR

A vida eterna, por ser comunitária, assenta na qualidade das relações entre as pessoas humanas e divinas.

O evangelho de São João diz que a vida eterna consiste em conhecer Deus:

“Esta é a vida eterna: que te conheçam a ti, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem tu enviaste” (Jo 17, 3).

Conhecer, na bíblia, significa interagir de modo amoroso e fecundo. Eis as palavras de Jesus:

“Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai, como ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11, 27).

O princípio animador desta interacção amorosa é o Espírito Santo. No coração do mistério trinitário está o conhecimento do Pai pelo Filho e deste pelo Pai.

É neste conhecimento mútuo que o Pai se constitui na sua paternidade, gerando o Filho através de um movimento de doação incondicional.

É ainda neste conhecimento mútuo que o Filho assume uma atitude amorosa de tipo filial, aceitando ser pelo Pai que se lhe entrega de modo incondicional.

O conhecimento do Pai e do Filho é animado pela pessoa do Espírito Santo. Conhecer Deus é, como vimos, interagir de modo amoroso e fecundo com o Pai e o Filho pela acção reveladora do Espírito Santo no nosso coração:

“Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse:

“Bendigo-te ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelastes aos pequeninos.

Sim, Pai, porque foi esta a tua vontade e o teu agrado” (Lc 10, 21). O conhecimento de Deus não é uma questão teórica, mas uma experiência relacional amorosa:

“Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus. Todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus.

O que não ama não chegou a conhecer Deus, pois Deus á amor” (1 Jo 4, 7-8).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A SALVAÇÃO COMO OPTIMIZAÇÃO DA PESSOA-V

V-ESPÍRITO SANTO E VIDA ETERNA

A Primeira Carta de São João diz ainda o seguinte: “A Deus nunca ninguém o viu. Se nos amarmos uns aos outros, ele permanece em nós e o seu amor chega à perfeição em nós” (1 Jo 4, 12).

Como Deus é amor, diz São João, quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele (1 Jo 4, 16).

O Espírito Santo é a alma deste conhecimento de Deus, não por nos comunicar muitos conceitos, mas por nos conduzir para atitudes de amor idênticas ás de Cristo:

“Fui-vos dizendo estas coisas enquanto estava convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, recordando-vos tudo o que eu vos disse” (Jo 14, 25-26).

O Espírito Santo completa a missão de Jesus, conduzindo os discípulos para a Verdade plena, a qual coincide com o conhecimento de Deus:

“Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis compreender por agora. Quando ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a verdade completa” (Jo 16, 12-13).

Não há conhecimento de Deus que não passe pelo amor aos irmãos!

No dia do juízo, algumas pessoas que passaram a vida a amar os irmãos não sabiam que existia Cristo.

Mas o Senhor reconheceu esse amor como conhecimento genuíno de Deus: “Então os justos vão responder a Jesus: “Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber?

Quando te vimos peregrino e te recolhemos ou nu e te vestimos? Quando te vimos doente ou na prisão, e fomos visitar-te?

Então o rei responder-lhes-á: “Em verdade em verdade vos digo: sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes” (Mt 25, 37-40).

Tudo isto quer dizer que a vida eterna é algo que já está a emergir no nosso coração!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sábado, 11 de abril de 2009

CRISTO SALVA-NOS PELO ESPÍRITO SANTO-I

I-ESPÍRITO SANTO E ENCONTRO COM DEUS

O coração é o ponto de encontro da pessoa com Deus e os irmãos. É o núcleo a partir do qual emergem as decisões, e opções através das quais a pessoa emerge e se estrutura.

É no coração que se elaboram os projectos de interacção e comunhão amorosa. A plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão amorosa.

Eis a razão pela qual Deus é um, não por ser uma pessoa mas uma comunhão amorosa. O Espírito Santo é uma pessoa para os outros. Cativa, mas nunca para si.

Com seu jeito maternal encanta-nos, mas para nos pôr em comunicação com Deus Pai, o Filho Eterno de Deus ou os irmãos, a fim de caminharmos para a única Família de Deus.

O evangelho de São João diz que a Família de Deus é uma comunhão orgânica:

“Nesse dia compreendereis que eu estou no meu Pai e que e vós em mim e eu em vós (…).
Se alguém me tem amor guardará a minha Palavra e o meu Pai o amará e nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada” (Jo 14, 20-23).

O Espírito Santo caminha no sentido oposto ao sentido em que o mundo caminha. Nunca nos conduz no sentido em que o mundo nos pretende fazer caminhar.

Eis as palavras do evangelho de São João: “Eu vou pedir ao Pai e ele vos dará outro Paráclito, o Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, pois não o vê nem o conhece.

Vós, porém, conhecei-lo, pois ele está convosco e habita em vós” (Jo 14, 16-17).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias




CRISTO SALVA-NOS PELO ESPÍRITO SANTO-II

II-ESPÍRITO SANTO E REALIZAÇÃO HUMANA

Caminhar segundo a palavra do evangelho implica avançar no sentido oposto ao do mundo.

Esta caminhada não é pacífica, mas é fundamental para ajudar a Humanidade a encontrar o sentido da História e da vida em plenitude:

“Se o mundo vos odeia, lembrai-vos de que antes de vos odiar a vós me odiou a mim. Se viésseis do mundo, o mundo amaria o que é seu. Mas como não vindes do mundo, pois eu escolhi-vos do meio do mundo, o mundo odeia-vos.

Lembrai-vos da palavra que vos disse: o servo não é mais que o seu senhor. Se me perseguiram a mim também vos hão-de perseguir a vós.

Se cumpriram a minha palavra, também hão-de cumprir a vossa” (Jo 15, 18-20). O Espírito Santo é o guia que nos conduz na direcção da Verdade plena e da Vida eterna:

“Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis compreender por agora. Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos guiará para a verdade completa” (Jo 16, 12-13).

Além disso, o Espírito Santo insere-nos na Família da Santíssima Trindade. A Família da Santíssima Trindade adquire o seu perfeito equilíbrio no jeito maternal de o Espírito Santo actuar nas relações entre as pessoas, criando vínculos de comunhão.

Quando Deus comunica para o exterior da comunhão trinitária, fá-lo sempre através da ternura maternal do Espírito Santo.

É por esta razão que o Espírito Santo nos conduz ao Pai que nos acolhe como filhos e ao Filho de Deus que nos acolhe como irmãos (Rm 8,14-16).

É também pelo Espírito Santo que o Filho de Deus encarna, tornando-se nosso irmão, a fim de se nós nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1, 12-14).

É pela mediação do Espírito Santo que Deus Pai nos exprime o seu jeito amoroso e sempre novo de ser Pai.

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo lembra-nos o amor incondicional de Deus Pai para connosco.

Também é o Espírito Santo que nos recorda o amor do filho de Deus que se tornou nosso irmão, a fim de sermos incorporados na Família de Deus.

A primeira interacção do pai humano com o seu filho dá-se pela mediação da ternura da mãe.
Esta realidade é apenas um símbolo do mistério do amor de Deus para connosco.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRISTO SALVA-NOS PELO ESPÍRITO SANTO-III

III-ESPÍRITO SANTO E TRINDADE DIVINA

Esta imagem ajuda-nos a compreender a o papel da ternura maternal do Espírito Santo na comunhão da Santíssima Trindade.

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo recorda ao Filho os gestos de amor de Deus Pai, inspirando-lhe um jeito de gratidão filial.

Isto significa que o Uno, em Deus, é a comunhão amorosa. Por outras palavras Deus é relações. O plural, na divindade, é a Trindade de Pessoas em relações de comunhão familiar.

Vai neste sentido a afirmação do Concílio de Florença (sec. xv) segundo a qual a unidade divina é constituída por uma união fundamental assente na reciprocidade das relações:

“O Pai está todo no filho e no Espírito Santo. O Filho está todo no Pai e no Espírito Santo. Do mesmo modo, o Espírito Santo está no Pai e no Filho.

Nenhum precede o outro em grandeza. Também nenhum deles possui maior potestade” (Denz. 704).

Estas palavras do Concílio de Florença querem dizer que Deus Pai não é uma precedência genética ou histórica, mas emerge constantemente como jeito paternal de amar:

Este jeito de amar é incondicional e não suscitado por qualquer dom prévio. Do mesmo modo, o Filho não é uma realidade posterior.

Não é uma sequência genética ou histórica. O seu jeito de amar é de tipo eucarístico, isto é, gratidão amorosa simultânea incondicionalmente fiel.

Esta fidelidade incondicional ao Pai manifestou-se de modo muito claro nas atitudes de Jesus:

“O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34);
“Não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 5, 30);

“Desci do Céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6, 38).

Os evangelhos afirmam Jesus estava sempre em comunhão com o Pai, pois a sua paixão era fazer a vontade dele:

“O Pai não me deixou só, pois faço sempre o que lhe agrada” (Jo 8, 29).

A união de Jesus com o Pai acontece pela inspiração e impulso do Espírito Santo:

“Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse:
“Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, pois escondestes estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos.

Sim, Pai, pois assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém conhece quem é o Filho a não ser o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Pai o quiser revelar” (Lc 10, 21-22).

Podemos dizer que o Espírito Santo é o princípio animador da comunhão da Santíssima Trindade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRISTO SALVA-NOS PELO ESPÍRITO SANTO-IV

IV-ESPÍRITO SANTO E FILIAÇÃO DIVINA

O Novo Testamento não deixa dúvidas sobre o papel central do Espírito Santo na graça da adopção que faz de nós membros da Família Divina (Rm 8, 14; Gal 4, 4-6).

A nível humano, nós verificamos que é pela mãe que o Pai acolhe o novo ser como filho. Do mesmo modo, os outros filhos acolhem através da mãe o novo ser como irmão.

É uma imagem para dizer que somos incorporados na família de Deus pela ternura maternal do Espírito Santo.

É pelo Espírito Santo que nós encontramos o amor paternal de Deus Pai e o amor fraternal do Filho de Deus.

São Paulo diz que o Filho Unigénito de Deus se torna nosso irmão, tornando-se assim o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).

É nesta perspectiva que devemos entender a afirmação de Jesus segundo a qual nós temos de ser gerados e nascer de novo pela acção do Espírito Santo (Jo 3, 6).

O evangelho de São João que é pelo mistério da Encarnação que nos é concedido o poder de nos tornarmos filhos de Deus.

Isto não acontece, continua São João, pela vontade da carne nem pelos impulsos do Homem, mas pela vontade de Deus (Jo 1, 12-14).

A salvação, portanto, é um dom que nos é comunicado em forma de comunhão familiar. Nos primórdios da aventura humana, Deus Pai comunica-nos a vida pelo Espírito Santo, o hálito da vida que Deus comunica ao barro primordial do qual emergiu Adão (Gn 2, 7).

Por seu lado, na plenitude dos tempos, Deus Filho, através do beijo da encarnação, comunica-nos o Espírito Santo que nos incorpora na Família de Deus:

“Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob o domínio da Lei, a fim de resgatar os que se encontravam sob o domínio da lei e,
deste modo, podermos receber a adopção de filhos.

E, porque somos filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho que clama: Abba, Pai” (Gal 4, 4-6).

Na verdade, diz São Paulo, o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Foi-nos comunicado por Deus Pai no momento da criação como princípio gerador de vida espiritual humana.

Pelo acontecimento da ressurreição de Cristo nós recebemos o dom da vida plena (Jo 5, 21).
A vida divina, diz o evangelho de São João, é obra do Espírito Santo, e não obra da carne ou do sangue (Jo 1, 12-13; cf. 6, 62-63).

Utilizando uma expressão de São Paulo diríamos que a dinâmica da salvação é fruto da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, do amor de Deus Pai e da comunhão no Espírito Santo (2 Cor 13, 13).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRISTO SALVA-NOS PELO ESPÍRITO SANTO-V

V-ESPÍRITO SANTO E COMUNHÃO COM DEUS

A Carta aos Romanos diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Quando dizemos que o Espírito Santo é um dom de Deus queremos dizer que não actua em nós em nome próprio, mas como membro da comunhão divina.

Quando dizemos que é o dom de Cristo ressuscitado queremos dizer que, com a sua ressurreição, Jesus nos dá acesso a uma interacção especial com o Espírito Santo.

As imagens bíblicas para falar desta interacção acentuam de modo especial a fecundidade da acção do Espírito Santo em nós:

É um vento que circula e nos impele (Jo 3, 8). Conduz as pessoas para a comunhão e a fraternidade (Act 2, 2).

É um manancial de Água viva a jorrar Vida Eterna no nosso íntimo (Jo 7, 37-39; 4, 14). É o Espírito da verdade que está nos discípulos de Jesus.

O mundo não o conhece nem o pode receber, pois os critérios do mundo são opostos aos do Espírito Santo (Jo 14, 17).

Ele é o grande enviado do pai em nome do Filho, o qual nos ensina a verdade e torna explícito para nós o que Jesus ensinou (Jo 14, 26).

É o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm5, 5). É a semente da vida divina implantada no nosso íntimo (1 Jo 3, 9).

Ninguém é capaz de reconhecer a verdade de Cristo ressuscitado a não ser pelo Espírito Santo (1 Cor 12, 3).

As pessoas que se deixam conduzir pelo Espírito Santo são filhos e herdeiros de Deus Pai e irmãos e co-herdeiros com Cristo (Rm 8, 14-17).

É o sangue de Cristo a circular em nós (Jo 6, 63). É a ternura maternal de Deus que nos conduz para a comunhão com o Pai, o Filho e os outros seres humanos que são nossos irmãos em Deus.

Quando nos dispomos a orar no Espírito Santo, ele ora por nós e em nós, tornando a nossa oração um diálogo familiar e íntimo com Deus (Rm 8, 26-27).

É pelo Espírito Santo que o Pai e o Filho se nos comunicam e nos acolhem como membros da Família divina (Gal 4, 4-7).

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

terça-feira, 7 de abril de 2009

SÃO PAULO E A REDENÇÃO EM CRISTO-I

I-JESUS CRISTO, O NOVO ADÃO

São Paulo diz que a distorção operada pelo pecado de Adão foi reparada de modo definitivo por Jesus Cristo.

Adão foi infiel ao plano de Deus, colocando a Humanidade no caminho do malogro e do fracasso.
Jesus Cristo, pelo contrário, foi totalmente fiel e por isso se tornou a cabeça de uma Nova Humanidade, diz São Paulo:

“Por isso, se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. O que era velho passou. Eis que tudo se fez novo!

E isto vem de Deus que, em Jesus Cristo, nos reconciliou consigo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17-18).

Jesus Cristo é, na verdade, o Novo Adão que restituiu ao Homem a possibilidade da comunhão com Deus e, portanto, de possuir a Vida Eterna.

Eis o que São Paulo diz na Carta aos Romanos: “De facto, se pela falta de um e por meio de um só homem reinou a morte, com muito mais razão, por meio de um só, Jesus Cristo, hão-de reinar na vida eterna aqueles que recebem em abundância a graça e o dom da justiça (…).

Tal como pela desobediência de um só homem todos se tornaram pecadores, assim também pela obediência de um só todos foram justificados” (Rm 5, 17-19).

A Redenção, para São Paulo, significa a reconciliação da Humanidade com Deus, graças à fidelidade de Jesus Cristo.

Graças a esta fidelidade, Deus concede-nos o dom do perdão universal, não levando mais em conta os pecados dos homens (2 Cor 5, 17-19).

A carta aos Hebreus vai nesta mesma linha, afirmando que, onde há perdão do pecado, já não há necessidade de oferenda pelos pecados (Heb 10, 18).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SÃO PAULO E A REDENÇÃO EM CRISTO-II

II-UM SÓ HOMEM SALVA TODA A HUMANIDADE

Graças à ressurreição de Jesus Cristo, a força que o ressuscitou, isto é, o Espírito Santo, começa a actuar no coração dos seres humanos.

À medida que age em nós como força ressuscitadora também faz de nós filhos de Deus, ao ponto de Cristo se tornar o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).

São Paulo vê Jesus como o Servo sofredor por quem Deus toma partido conduzindo-o à vitória da ressurreição.

Graças ao facto de Jesus ser um homem connosco, todos nós fomos feitos participantes da vitória de Cristo.

Não foi fácil para São Paulo afirmar que Jesus era o Filho amado de Deus, uma vez que morrera como um criminoso.

Para os judeus, a morte de Jesus foi a prova clara de que ele é um maldito aos olhos de Deus.
Fazendo com que Jesus morresse daquela maneira, Deus demonstrou que não confirmava as suas pretensões messiânicas.

Por um lado, Jesus morreu sem subir ao trono como anunciam as profecias, a começar pela primeira profecia messiânica (2 Sam 7, 12-16).

Além disso morreu como um criminoso. Esta foi certamente uma das maiores dificuldades que os Apóstolos tiveram de enfrentar perante os judeus.

A solução encontrada pelo Novo Testamento, sobretudo pelo teólogo Paulo, foi recorrer aos textos bíblicos do justo sofredor (Is 52,13-53,12; Sal 21).

Estes textos foram escritos no período do exílio do povo judeu na Babilónia. O povo estava a sofrer a dura prova da servidão e escravatura devido na Babilónia.

Nesta situação, os justos, por quererem ser fiéis às leis do Senhor ainda sofrem mais que os pecadores, os quais se adaptam aos costumes dos pagãos.

Deus não pode ver os justos sofrer e por isso decide libertá-los. Tanto os justos como os pecadores formam o único povo de Deus, isto é, uma totalidade unida de modo orgânico e interactivo.

Eis a razão pela qual Deus, ao libertar os justos, liberta também os pecadores. E foi assim que o sofrimento dos justos se tornou redentor para os pecadores, como diz o profeta Isaías.

Com as suas infidelidades, os pecadores criaram esta situação de sofrimento. Graças à fidelidade dos justos os pecadores vão ser libertos.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SÃO PAULO E A REDENÇÃO EM CRISTO-III

III-JESUS COMO SERVO SOFREDOR

O sofrimento do justo, portanto, não é inútil, pois Deus toma partido pelos justos quando estes estão em sofrimento.

Por ser um membro unido a todo o povo, o justo é solidário com o mesmo povo. Ao tomar partido pelo justo, Deus liberta-o e glorifica-o e com ele, todo o povo.

Deste modo o sofrimento do justo adquire um efeito redentor. O sofrimento do justo, portanto não é entendido como um sacrifício exigido por Deus para perdoar aos pecadores.

É o contrário, Deus não suporta o sofrimento do justo nem quer sacrifícios humanos. Quando Abraão pensou oferecer o seu filho em sacrifício para dar glória a Deus, o Senhor rejeitou a oferenda de Abraão:

“Abraão construiu um altar, dispôs a lenha, atou Isaac, seu filho, e colocou-o sobre o altar, por cima da lenha.

Depois, estendendo a mão, agarrou no cutelo para degolar o seu filho. Mas o mensageiro do Senhor gritou-lhe do Céu: “Abraão! Abraão!” Ele respondeu: “Aqui estou.”

O mensageiro disse: “Não levantes a mão contra o menino e não lhe faças qualquer mal” (Gn 22, 9-12).

Deus toma sempre partido pelo justo em sofrimento. Graças ao sofrimento do justo, Deus vai ressuscitar o povo, diz o profeta Ezequiel.

Utiliza a simbologia de um montão de ossos ressequidos que, pouco a pouco se vão cobrindo de carne.

Uma vez revestidos de carne, o Espírito Santo entra neles, fazendo que ganhem vida, tornando-se deste modo um Novo Povo de Deus (Ez 37, 1-14).

Ao tomar partido pelo justo sofredor, Deus ressuscita-o e glorifica-o. Ao mesmo tempo ressuscita e glorifica o povo, pois o justo faz uma união orgânica com ele.

Esta simbologia riquíssima é um terreno fértil para fazer uma leitura redentora dos sofrimentos e da morte de Jesus.

O profeta Isaías e o Salmo vinte e um afirmam que os pecadores, apesar das suas infidelidades, são redimidos, graças à fidelidade e à justiça do Servo sofredor (cf. Is 52, 13-53, 12; Sal 21).

Apoiados nestes textos, São Paulo e os evangelistas, defendem a autenticidade messiânica de Jesus, interpretando os seus sofrimentos e morte à luz do justo sofredor.

É nestes textos que se inspiram os relatos que nos apresentam a figura de Jesus como servo sofredor como vítima de expiação para salvar a Humanidade.

Esta interpretação fazia frente às acusações dos judeus, para quem os sofrimentos e a morte de Jesus eram o sinal de que ele tinha sido um amaldiçoado por Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SÃO PAULO E A REDENÇÃO EM CRISTO-IV

IV-JESUS É A CABEÇA DA NOVA CRIAÇÃO

No entanto, para São Paulo e o Novo Testamento, Jesus é sobretudo o Filho amado do Pai que faz de nós membros da Família de Deus.

Ele é a cabeça da Nova criação. Cabe-lhe o papel de Senhor da Humanidade restaurada. Ele é o Novo Adão plenamente fiel, ao contrário do primeiro Adão que foi infiel.

É por esta razão que ele se torna a cabeça do Homem Novo e o princípio de uma Nova Criação (Col 1, 15-20).

Apesar de ser imagem perfeita de Deus, diz a Carta aos Filipenses, Jesus Cristo não reivindicou igual a Deus.

Pelo contrário, assumiu a sua condição de Servo fiel à missão que Deus lhe confiou. Por isso foi exaltado e constituído protótipo e modelo em vista do qual todas as coisas foram criadas e no qual todas encontram a própria plenitude (Flp 2, 6-11).

Assim como pelo Adão infiel veio a perdição, diz a Carta aos Romanos, pelo Adão fiel veio a Redenção do homem pecador (Rm 5, 17-19).

São Paulo diz que a paixão de Jesus obteve a salvação para a Humanidade, pois Deus, ao vê-lo sofrer tomou partido por ele ressuscitando-o.

Ao ressuscitar Jesus, todos nós tomámos parte na sua ressurreição, pois fazemos uma única Humanidade com ele:

“Se nós pregamos que Cristo ressuscitou dos mortos, como é que alguns de vós dizem que não há ressurreição dos mortos?

Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo também não ressuscitou” (1 Cor 15, 12-13).

Segundo São Paulo, os seres humanos tornaram-se filhos agradáveis a Deus em Jesus ressuscitado (Rm 3, 25).

Como a Humanidade é uma unidade orgânica, São Paulo insiste que a distorção operada no Homem pelo primeiro Adão é corrigida pelo segundo.

Do primeiro Adão, herdámos a morte. Do segundo herdámos a Vida Eterna através da sua ressurreição.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SÃO PAULO E A REDENÇÃO EM CRISTO-V

V-CRISTO E A FORÇA RESSUSCITADORA DO ESPÍRITO

A força ressuscitadora do Senhor ressuscitado é o Espírito Santo. Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo incorpora na Família de Deus, como filhos em relação a Deus Pai e como irmãos em relação ao Filho de Deus (Rm 8, 14-16).

Devido ao pecado, a divinização do Homem tornou-se redenção, isto é, restauração do homem distorcido pelo pecado e reconciliado com Deus:

Eis as palavras de São Paulo: “Se alguém está em Cristo é uma nova criação. Passou o que era velho. Eis que tudo se fez novo.

Tudo isto vem de Deus que nos resgatou consigo em Cristo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17-19).

A Carta aos Hebreus diz que foi a fidelidade incondicional de Jesus que agradou a Deus Pai (cf. Heb 10, 5-7).

Para entendermos o alcance da nossa salvação em Cristo é importante associarmos a nossa redenção á fidelidade de Jesus Cristo.

A Carta aos Hebreus diz que os cultos do Antigo Testamento não tinham qualquer valor para agradar a Deus.

Com a sua fidelidade, Jesus inaugurou o culto da Nova Aliança, isto é, fazer a vontade de Deus.

Este novo culto é a garantia da nossa salvação, pois a vontade de Deus coincide rigorosamente com o que é melhor para nós.

Foi por este novo culto, diz a Carta aos Hebreus, que nós fomos salvos (Heb 10, 8-10).

No evangelho de São João, Jesus vai nesta mesma linha afirmando à Samaritana que a Nova Aliança não assenta nos cultos do templo de Jerusalém.

O culto que Deus quer, isto é, o culto da Nova Aliança acontece no Espírito e na Verdade.
O templo deste culto é constituído pelos membros da comunidade, diz São Paulo:

“Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destrói o templo de deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus é santo e esse templo sois vós” (1 Cor 3, 16-17).

E mais à frente acrescenta: “Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo que habita em vós porque o recebestes de Deus? É por esta razão que vós já não vos pertenceis” (1 Cor 6, 19).

O Culto em Espírito e Verdade acontece, pois, no coração dos crentes unidos de modo orgânico e dinamizados pelo Espírito Santo.

É este o novo culto de que Jesus fala no diálogo com a Samaritana (Jo 4, 21). O Espírito Santo é a Água Viva que Jesus, ao ressuscitar nos dá, diz Jesus noutra passagem do evangelho de São João (Jo 7, 37-39).

No momento da morte de Jesus, o soldado abriu o coração de Jesus com alanca e logo saiu sangue e Água.

Com esta maneira simbólica de falar, São João quer afirmar que, no momento da morte e ressurreição de Jesus, acontece a difusão do Espírito Santo.

O Espírito Santo, aqui, aparece como a Água Viva de que Jesus falara e como o Sangue da Nova Aliança da Eucaristia (cf. Jo 19, 33-34).

Deus fez um plano para redimir a Humanidade através de Cristo, diz a Carta aos Efésios (Ef 1, 7).
Segundo este plano, acrescenta, Deus conduziu os tempos à sua plenitude, fazendo de Cristo a cabeça da Humanidade restaurada (Ef 1, 9-10).

Graças a Cristo ressuscitado, continua a Carta aos Filipenses, fomos marcados com o selo do Espírito Santo, garantia da nossa Redenção.

É por este Espírito que tomamos parte na herança da vida eterna (Ef 1, 13-14).

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Calmeiro Matias

sábado, 4 de abril de 2009

RITO BAPTISMAL E BAPTISMO NO ESPÍRITO-I

I-A IDENTIDADE DO ESPÍRITO SANTO

Os evangelhos sublinham muito claramente a diferença essencial entre o baptismo de João, rito de purificação, e o baptismo que Jesus vinha inaugurar e a que dão o nome de Baptismo no Espírito:

“Depois de mim virá alguém que é maior do que eu. Eu nem sou digno de levar as suas sandálias. Ele vos baptizará no Espírito Santo e no Fogo” (Mt 3, 11).

O Espírito Santo é uma pessoa divina. Com seu jeito maternal de amar, ele anima as relações de amor de Deus Pai com o Filho de Deus.

No nosso íntimo, o Espírito Santo conduz-nos a Deus Pai que nos acolhe como filhos e ao Filho de Deus que nos acolhe como irmãos (Rm 8, 14-17).

O Espírito Santo é o grande dom de Cristo ressuscitado. Dizer que o Espírito Santo é um dom não quer dizer que é uma coisa de que alguém possa dispor arbitrariamente.

Dizer que o Espírito Santo é um dom de Deus, significa que é uma pessoa que não actua em nome próprio, mas sim em nome de Deus.

Actua em nome de Deus Pai, conduzindo-nos à filiação divina (Gal 4, 4-7). Habita em nós como num templo, diz a Primeira Carta aos Coríntios:

“Não sabeis que sois templos de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?” (1 Cor 3, 16). É ele que nos consagra, isto é, capacita para sermos servidores do Evangelho (Act 13, 2; 20, 28).

No nosso íntimo, o Espírito Santo é um apelo permanente à liberdade. Eis o que diz São Paulo: “Onde está o Espírito de Cristo ressuscitado aí está a liberdade” (2 Cor 3, 17).

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Calmeiro Matias

RITO BAPTISMAL E BAPTISMO NO ESPÍRITO-II

II-ESPÍRITO SANTO E A FORÇA DA FÉ

Antes da sua Ascensão, Jesus pede aos apóstolos para permanecerem em Jerusalém, a fim de receberem o Espírito Santo que os vai qualificar levar o Evangelho até aos confins da terra (Act 1, 8).

É o Espírito Santo que nos faz saborear a verdade da ressurreição de Cristo. A primeira Carta aos Coríntios diz que uma pessoa animada pelo Espírito Santo é incapaz de amaldiçoar Jesus ressuscitado.

Do mesmo modo, acrescenta, só uma pessoa animada pelo Espírito Santo é capaz de proclamar Jesus como o Senhor, isto é, o Messias ungido pelo Espírito Santo e sentado à direita de Deus (1 Cor 12, 3).

O Espírito Santo é a força da ressurreição de Cristo a actua em nós. É ele que nos faz compreender o sentido das Escrituras, alimentando em nós a vida cristã de fé, esperança e amor caridade, isto é, o amor ao jeito de Deus.

São Paulo diz que a sua pregação não se apoia na sabedoria humana, mas na manifestação do Espírito Santo, a fim de a fé das suas comunidades se apoiar mas no poder de Deus (1 Cor 2, 4-5).

O profeta Joel dizia que os tempos messiânicos se vão caracterizar pela abundância do Espírito:
“Depois disto derramarei o meu Espírito sobre toda a Humanidade.

Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão. Os vossos anciãos terão sonhos e os vossos jovens terão visões.

Naquele dia também derramarei o meu Espírito sobre vossos servos e servas” (Jl 3, 1-2). Os Apóstolos vão interpretar a comunicação do Espírito, após a Páscoa, como a realização desta profecia de Joel (cf. Act 2, 16-21).

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Calmeiro Matias

RITO BAPTISMAL E BAPTISMO NO ESPÍRITO-III

III-ESPÍRITO SANTO E VIDA CRISTÃ

Os discípulos associavam o baptismo ao perdão dos pecados ao qual se seguia o dom do Espírito:
“Convertei-vos e peça cada um o baptismo em nome de Jesus Cristo para a remissão dos pecados. Depois recebereis o dom do Espírito Santo” (Act 2, 38).

É pelo dom do Espírito Santo, diz São Paulo, que as pessoas estão unidas a Cristo: “Aqueles que não têm o Espírito Santo não pertencem a Cristo (Rm 8, 9).

Ter o Espírito Santo significa ser habitado com a força vital de Deus. São Lucas diz que os que recebem o Espírito Santo são revestidos como o poder do Alto (Lc 24, 49).

Ser revestido por Deus significa estar apto para entrar na festa da Salvação. São João diz que temos de nascer de novo, pois o que nasceu da carne é carne e o que nasceu do Espírito é espírito (Jo 3, 3-6).

O baptismo no Espírito vai gerando em nós um horizonte novo de vida, o qual consiste em ver e saborear as coisas com os critérios de Deus.

É o Espírito Santo que torna eficaz a Palavra de Deus no nosso coração, fazendo que ela realize em nós o seu significado profundo.

E é assim que os crentes vão crescendo na sabedoria que vem do Alto como diz São Paulo. A Carta aos Efésios diz que o baptismo no Espírito nos capacita para vivermos ao jeito de Jesus:

“No que toca à vossa conduta, deveis despir-vos do homem velho, corrompido por desejos enganadores.

Deveis renovar-vos de acordo com a acção do Espírito Santo que anima as vossas mentes.
Revesti-vos do homem novo criado por Deus em conformidade com Cristo na justiça e na santidade verdadeiras” (Ef 4, 22-24).

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

RITO BAPTISMAL E BAPTISMO NO ESPÍRITO-IV


IV-BAPTISMO NO ESPÍRITO E MATURIDADE DE FÉ

Graças ao baptismo no Espírito Santo os mistérios de Deus são-nos revelados, acrescenta São Paulo:

“Foi ainda em Cristo que vós ouvistes a Palavra da verdade, o Evangelho que vos salva. Foi neste Evangelho que acreditastes e, por isso, fostes marcados com o selo do Espírito Santo prometido.

Ele é a garantia da herança que receberemos no dia da redenção, para louvor da glória de Deus” (Ef 1, 13-14).

Ao longo das suas viagens apostólicas, São Paulo encontrou um grupo de pessoas que tinham sido baptizadas por João Baptista, mas que ainda não conheciam a Boa Nova de Jesus Cristo. São Paulo deu-se logo conta que estas pessoas ainda não estavam a viver o baptismo no Espírito.

Foi então que ele tomou a iniciativa de os baptiza em nome de Jesus e impôs-lhes as mãos para que pudessem entrar na dinâmica do baptismo no Espírito (Act 19, 1-6).

O baptismo no Espírito e a celebração litúrgica do baptismo, estando embora relacionados não coincidem.

Podemos distinguir dois aspectos na questão da vida cristã: *A doutrina da Fé que o crente deve cultivar para dar razões da sua esperança às pessoas que o rodeiam.

*E a vivência da Fé, a qual implica um jeito de viver em sintonia com o Espírito Santo que nos vai interpelando e convidando a viver segundo as propostas do Evangelho.

O cristão estará tanto mais apto a viver o baptismo no Espírito quanto melhor conhecer e acolher a presença do Espírito Santo que é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

RITO BAPTISMAL E BAPTISMO NO ESPÍRITO-V

V-BAPTISMO NO ESPÍRITO E RITO BAPTISMAL

A dinâmica do baptismo no Espírito tem início no momento em que o Espírito Santo encontra condições para explicitar a Palavra de Deus no coração de uma pessoa.

Isto pode acontecer ainda antes de a pessoa ter recebido o rito baptismal. Foi isto que aconteceu na casa de Cornélio, o pagão ao qual Pedro foi anunciar a Palavra de Deus.

Eis as palavras do Livro dos Actos dos Apóstolos: “Ainda Pedro estava a falar, quando o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a Palavra.

Os fiéis circuncisos que tinham vindo com Pedro ficaram estupefactos, ao verem que o dom do Espírito Santo fora derramado também sobre os pagãos, pois ouviam-nos falar línguas e glorificar a Deus.

Pedro, então, declarou: “poderá alguém recusar a água do baptismo aos que receberam o Espírito Santo como nós?”.

Pedro, então, ordenou que fossem baptizados em nome do Senhor Jesus Cristo” (Act 10, 44-48).
Também em Paulo o baptismo no Espírito teve início antes da celebração litúrgica do baptismo (Act 9, 18).

Podemos dizer que o baptismo no Espírito começa a partir do momento em que o Espírito Santo explicita a Palavra de Deus no coração dos crentes fazendo germinar a fé, a esperança e a caridade.

A salvação também é para os não cristãos, mas estes não vivem o baptismo no Espírito, pois não conhecem a Palavra de Deus.

“O Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, pois não o vê nem o conhece.
Mas vós conhecei-lo porque Ele está convosco e em vós” (Jo 14, 17).

Pelo baptismo no Espírito, os crentes têm um guia e um mestre que os conduz para a Verdade plena:

“Fui-vos revelando estas coisas enquanto permaneci convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e recordar-vos-á tudo o que eu vos disse” (Jo 14, 25-26).

São Paulo, apesar de teólogo judeu, viveu também a experiência do baptismo no Espírito.
O Espírito Santo fez que lhe caíssem dos olhos uma espécie de escamas que o impediam de compreender e aceitar o mistério de Cristo:

“Então Ananias partiu, entrou na casa indicada, impôs as mãos sobre Saulo e disse: “Saulo, meu irmão, foi o senhor que me enviou, esse Jesus que te apareceu no caminho, a fim de recobrares a vista e ficares cheio do Espírito Santo”.

Nesse mesmo instante caíram-lhe dos olhos uma espécie de escamas e recobrou a vista. Depois, levantou-se e recebeu o baptismo” (Act 9, 17-18).

Tal como aconteceu com Cornélio (Act 10, 48), também São Paulo começou a viver da dinâmica do baptismo no Espírito ainda antes do rito baptismal.

Como vemos, a vivência do baptismo no Espírito é a dinâmica pentecostal da vida cristã.

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Calmeiro Matias

quarta-feira, 1 de abril de 2009

PARTICIPAR NA RESSURREIÇÃO DE CRISTO-I

I-O HOMEM SÓ RESSUSCITA UNIDO A CRISTO

A fé cristã tem como alicerce a Boa Nova de Cristo ressuscitado. Ao anunciar a ressurreição de Jesus Cristo, o cristão também anuncia a Humanidade participa da sua vitória sobre a morte.

Eis o que São Paulo diz na Primeira Carta aos Coríntios: “E quando este corpo corruptível se tiver revestido de incorruptibilidade e este corpo mortal se tiver revestido de imortalidade.

Então cumprir-se-á a palavra da Escritura: “A morte foi tragada pela vitória. Onde está ó morte a tua vitória? Onde está, ó mote, o teu aguilhão?” (1 Cor 15, 54-55).

No evangelho de São João, Jesus garante-nos que a nossa ressurreição será como a sua, pois nós constituímos com ele uma união orgânica.

Eis a palavras de Jesus tal como no-las transmite o evangelho: “Permanecei em mim, que eu permaneço em vós.

Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco se não permanecerdes em mim.

Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, esse dá muito fruto” (Jo 15, 4-5).

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Calmeiro Matias

PARTICIPAR NA RESSURREIÇÃO DE CRISTO-II


II-O ESPÍRITO SANTO COMO FORÇA RESSUSCITADORA

A força ressuscitadora de Jesus Cristo, isto é, o Espírito Santo, foi-nos comunicada pelo próprio Jesus no momento de ressuscitar.

Jesus prometeu-nos a Água Viva, isto é, o Espírito Santo que nos ressuscita e nos dá a Vida Eterna:

“No dia mais solene da Festa, Jesus disse em voz alta: “Se alguém tem sede venha a mim e beba. Eu tenho uma Água Viva para dar, a qual fará brotar uma nascente de Vida Eterna no coração daqueles que a beberem”.

Jesus referia-se ao Espírito Santo, pois o Espírito ainda não viera por Jesus não ter ressuscitado” (Jo 7, 37-39).

São Paulo diz que nós formamos um corpo do qual Cristo é a cabeça. Graças ao Espírito Santo que anima a nossa união a Cristo, todos nós participamos da sua ressurreição:

“Assim como o corpo é um, apesar de ter muitos membros, assim também Jesus Cristo. De facto, nós fomos baptizados num só Espírito, a fim de formarmos um só corpo, tanto os judeus como os gregos, os escravos ou homens livres.

Todos nós bebemos de um só Espírito (1 Cor 12, 12-13). O evangelho de São João diz que vivemos de Cristo, por estarmos unidos a ele, tal como ele vive do Pai, por estar unido a ele:

“Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, assim aquele que me come viverá por mim” (Jo 6, 57).

O evangelho de São João faz uma comparação de Jesus com a Árvore da Vida, a qual tinha um fruto capaz de dar ávida eterna aos que o comem.

Ao sugerir que Jesus é a Árvore da Vida, São João diz que o fruto desta Árvore é o Espírito Santo, a Água que brota do seu coração e nos dá a Vida Eterna:

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia (…).

Com efeito, quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele” (Jo 6, 54-56).

Com este texto magnífico, São João está a dizer que a nossa ressurreição está garantida graças à ressurreição de Jesus Cristo.

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Calmeiro Matias

PARTICIPAR NA RESSURREIÇÃO DE CRISTO-III

III-IMORTALIDADE E RESSURREIÇÃO

É verdade que os seres humanos, por terem uma interioridade espiritual já são imortais. Mas a ressurreição não se reduz à simples imortalidade.

A ressurreição implica ser vivificado pelo Espírito Santo, a seiva que vem da cepa da videira para os ramos, a fim de os vivificar e tornar fecundos, como disse Jesus (Jo 15, 4-5).

Além da ressurreição de Cristo o evangelho é também a Boa Notícia da nossa ressurreição com ele.

Ressuscitar com Cristo implica a nossa assunção e incorporação na Comunhão da santíssima Trindade.

Podemos dizer que a nossa vida tem sentido na medida em que vivemos para amar e vamos morrendo por amor, isto é, à medida que nos vamos gastando pelas causas do amor.

Podemos dizer que o amor é uma dinâmica de bem-querer que vale tanto para viver como para morrer.

Ao dar-nos o mandamento do amor, Jesus estava a indicar-nos o caminho que nos conduz à plenitude da Vida.

A plenitude da Vida consiste em ser assumido no regaço da Santíssima Trindade. Como Árvore da Vida, Jesus dá-nos o fruto da Vida Eterna.

No momento da sua morte e ressurreição, abriu-nos as portas do Paraíso. É isto mesmo que Jesus diz ao Bom Ladrão no momento da sua morte e ressurreição:

“Em verdade te digo:”hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43). Jesus é o Novo Adão que abre as portas que tinham sido fechadas a Adão (Gn 3, 23-24).

A ressurreição de Cristo é a garantia de que a meta para a qual estamos a caminhar não é o vazio da morte, mas sim a Vida Eterna.

Não basta a pessoa ser imortal para atingir a plenitude da vida. Na verdade, se houver pessoas em estado de inferno, estas são imortais, mas não possuem a Vida Eterna.

São Paulo diz que por Adão veio a morte e por Cristo, o Novo Adão, veio a Vida Eterna (Rm 5, 18).

É verdade que só ressuscita o que em nós é imortal. Mas a simples imortalidade, só por si, não chega para participarmos na plenitude da vida eterna com Cristo ressuscitador.

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Calmeiro Matias

PARTICIPAR NA RESSURREIÇÃO DE CRISTO-IV

IV-A POSSIBILIDADE DA RESSURREIÇÃO COM CRISTO

Com o aparecimento do Homem sobre a terra, as sementes de vida espiritual germinaram no Universo e a Criação atingiu a plena possibilidade de comungar com o Criador.

Esta possibilidade radica no facto e a Humanidade ser pessoas e a Divindade também. A Divindade é uma comunhão orgânica e dinâmica de três pessoas.

A Humanidade está a emergir de modo concreto em cada ser humano e a convergir para a comunhão orgânica e dinâmica das pessoas divinas com as humanas.

Graças à Encarnação, o Filho de Deus uniu-se de modo orgânico à Humanidade, criando assim as condições para a ressurreição Universal em Cristo.

Podemos dizer que só não participa na plenitude da ressurreição com Cristo a pessoa que se estrutura em atitude de recusa progressiva ao Amor.

Ao criar-nos, diz São Paulo, Deus predestinou-nos para sermos conformes com o Seu Filho, a fim de este ser o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).

Isto significa que estamos talhados para a Comunhão Universal da Família de Deus. Ao falar da morte, o cristão não pode deixar de anunciar a sua esperança na ressurreição de Cristo e na nossa ressurreição com ele.

São Paulo diz que a nossa ressurreição e a de Cristo são uma só dinâmica que funciona de modo orgânico.

Eis o que ele diz na Primeira Carta aos Coríntios: “Ora, se nós anunciamos Cristo ressuscitado, como é que alguns de vós dizem que não há ressurreição dos mortos?

Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou é
vã a nossa pregação e a vossa fé não tem fundamento” (1 Cor 15, 12-14).

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Calmeiro Matias