segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

DIÁLOGO COM DEUS SOBRE A SUA CRIAÇÃO-I


I-OBRIGADO PELO VOSSO PLANO CRIADOR

Deus Santo,
Vós sois realmente o Deus único e verdadeiro!

Obrigado pelo vosso plano criador que está a acontecer como um processo lógico e com uma meta que é o encontro definitivo convosco.

Nós conhecemos o vosso plano criador por que Vós, Deus fiel e verdadeifro, no-lo revelastes.

Trindade Divina,
Só Vós podeis compreender e enunciar de modo adequado e correcto o conjunto das realidades criadas. Eis a razão pela qual Vós sois a fonte da verdade.

Podemos dizer que a verdade é a compreensão e enunciação adequada e correcta da realidade de Deus, do Homem, da História e do Universo.

Isto quer dizer que a verdade só pode habitar de modo perfeito e pleno em vós que sois o autor de todas as realidades, inclusive dá vossa própria realidade.

Graças à Palavra que nos comunicaste através de Jesus de Nazaré, nós temos acesso, embora de modo limitado, à vossa Verdade.

Na verdade, crescer na compreensão da vossa Palavra é crescer na verdade.

É esta a razão pela qual Jesus diz no evangelho de São João que ele mesmo é a Verdade (Jo 14, 6).

Com efeito, só com a luz da Palavra que ele nos transmitiu nós podemos compreender o sentido da criação e orientar a nossa vida no caminho da nossa realização, a qual converge para a plenitude da vossa criação.

Quando iluminadas pela Verdade que brota da Vossa Palavra, as nossas decisões, opções e realizações caminham na direcção do vosso plano criador e, portanto, no sentido da nossa plena felicidade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DIÁLOGO COM DEUS SOBRE A SUA CRIAÇÃO-II


II-O UNIVERSO É UM POEMA VIVO E EM GÉNESE

Deus Santo,
Como sois o Criador de todas as coisas, só Vós conheceis as condições adequadas e necessárias para as vossas criaturas atingirem a sua meta e perfeição.

Obrigado por terdes criado este Universo pleno de sentido e cheio de harmonia.

Vós sois, Deus Santo, a fonte de toda a perfeição. Quando criais, vós estais a fazer acontecer beleza e poesia.

Hoje mesmo continuais a escrever o poema magnífico deste Universo em gestação.

São biliões de estrelas cuja luz chega até nós através do céu infinito que prolonga o azul do mar e alarga as fronteiras do horizonte.

Dizer o vosso poema é dar sentido ao Universo que nos envolve como um útero materno.

São estrelas e galáxias. São nebulosas, essas obras-primas que brilham no Universo como aguarelas coloridas de gases e poeiras.

São auroras boreais a enfeitar o Céu com combinações de cores que os pintores não conseguem igualar.

São sistemas solares, planetas, asteróides e cometas. Estas e tantas outras maravilhas são os versos bonitos do poema dinâmico que é o Cosmos.

Deus Santo,
Mas no centro deste poema está o verso fundamental sem o qual o vosso poema ficaria pobre de sentido: Jesus Cristo, a origem e a plenitude da Criação.

É ele o verso central deste poema universal a caminhar para a plenitude do seu plano.

Ele é o Logos, isto é, a Palavra Divina que se exprimiu em grandeza humana, graças ao mistério da Encarnação.

Ele confere sentido pleno, não apenas ao Universo, mas também, e sobretudo, ao Homem em construção.

O Espírito Santo é a presença dinâmica que harmoniza e confere sentido a este poema inacabado.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DIÁLOGO COM DEUS SOBRE A SUA CRIAÇÃO-III


III-VÓS SOIS A PLENITUDE DE TODAS AS COISAS

Trindade Santa,
Vós sois uma comunhão de três pessoas cujo coração é o diálogo amoroso do Pai, com o Filho no Espírito Santo.

Vós sois, na verdade, um Deus comunicação. A nossa fé assegura-nos de que sois três pessoas em relações e comunhão amorosa.

É coerente este Universo que medimos em anos-luz. No ponto mais alto da sua emergência está, plano divino da salvação realizado em Jesus.

O Filho Unigénito de Deus e o filho de Maria estão unidos de modo orgânico, fazendo um e o mesmo Cristo.

Por outras palavras, Jesus Cristo é o ponto de encontro do melhor de Deus com o melhor da Humanidade.

Eis a razão pela qual ele é a cúpula deste poema deste vosso poema de amor que é o Universo a emergir de modo gradual e progressivo.

Foi nele que o Divino se enxertou no Humano, a fim deste ser divinizado.

Espírito Santo,
És tu quem prepara as nossas mentes e os nossos corações, a fim de podermos declamar de modo correcto e adequado a história deste amor criador junto dos nossos irmãos.

Anunciar o teu plano de amor criador e salvador é uma obra de amor.

Podemos dizer que quem se furta a esta missão não merece o nome de cristão!

Deus Santo,
O vosso Poema é uma Boa Nova, pois nenhum de nós podia imaginar tamanha sorte.

Graças a Cristo ressuscitado, já não nos sentimos perdidos num Universo sem sentido, nem estamos a caminhar para o vazio da morte.

O epílogo do vosso poema é, Deus Santo, o verso da plenitude.

Fala da plenitude da vida na qual todos os seres humanos são convidados a dançar o ritmo do amor.

Na comunhão universal da vossa Família todos dançam o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que tiver treinado enquanto se construía na história.

Obrigado, Deus Santo, pois na festa definitiva do Vosso Reino todos se compreendem e dão as mãos.

Eis a razão pela qual, na festa do vosso Reino, não há lugar para a morte e a solidão.

Glória a Vós, Trindade Santa, porque sois relações de comunhão familiar.


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

SER CRISTÃO É SER EVANGELIZADOR-I


I-O CRISTÃO TEM DE SER UM EVANGELIZADOR

Todos os cristãos estão chamados a ser anunciadores de Cristo ressuscitado.

Este chamamento vem do próprio Cristo ressuscitado que nos dá o Espírito Santo, a fim de iluminar a nossa mente e fortalecer o nosso coração para o serviço do Evangelho.

No dia a dia da nossa vida, o Espírito Santo consagra-nos para realizarmos de modo adequado e cada qual com os seus talentos, a evangelização no nosso mundo.

O Espírito Santo ajuda-nos a compreender o sentido das Escrituras, tornando-nos aptos para anunciar a Palavra que nos faz compreender e saborear o projecto de Deus.

A acção evangelizadora do cristão é uma exigência que deriva da sua própria Fé.

Na verdade, sem o dom da Fé, ninguém pode ser evangelizador, pois não tem condições para saborear o sentido do plano salvador de Deus.

A acção evangelizadora é o modo concreto de o cristão viver o baptismo no Espírito, isto é, a dinâmica reveladora do Espírito Santo, a qual nos confere a sabedoria do Evangelho.

Evangelizar é contar a história de um amor incondicional, o qual confere um sentido pleno à nossa existência na História.

Evangelizar é proclamar a divinização do Homem, graças ao dom do Espírito Santo que nos incorpora na Família de Deus (Rm 8, 14-17).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SER CRISTÃO É SER EVANGELIZADOR-II

II-BAPTISMO NO ESPÍRITO E EVANGELIZAÇÃO

Pelo baptismo os cristãos são consagrados, isto é, capacitados e postos ao serviço da evangelização dos irmãos.

Deus conta connosco segundo os talentos que temos. É com o leque de talentos que temos que o Espírito Santo nos consagra para a tarefa da evangelização do mundo.

A Palavra de Deus faz emergir no nosso coração a Sabedoria que vem do alto a qual nos capacita para saborear o plano salvador de Deus.

Como sabemos, a Fé brota da Palavra. Ao dizer no nosso coração o sentido profundo da Palavra de Deus, o Espírito Santo comunica-nos os dons que nos capacitam para a obra do Evangelho.

Eis o que São Paulo diz a este respeito: “Por seu lado são estes os frutos do Espírito Santo: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e auto domínio” (Ga 5, 22-23).

À medida em que o cristão possui uma Fé bem fundamentada na Palavra de Deus, torna-se mediação do Espírito Santo, a fim de o amor salvador de Deus ser anunciado aos homens.

O evangelizador precisa da força que vem do Espírito Santo, a fim de ter a coragem necessária para denunciar os falsos deuses que dominam os homens e os impedem de ser livres e felizes.

Eis alguns desses falsos deuses que se manifestam no nosso mundo:

Fome de poder, apego exagerado ao dinheiro, ânsia de ser famoso, desejo de dominar e explorar os outros.

São Paulo dizia que a sua vocação de evangelizador é uma graça muito especial de Deus.

Na Carta aos Efésios São Paulo fala desta graça especial que torna apto o evangelizador.

Eis as suas palavras: “Foi-nos dada a graça de anunciar aos gentios a maravilhosa salvação de Jesus Cristo” (Ef 3, 8).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SER CRISTÃO É SER EVANGELIZADOR-III

III-A URGÊNCIA DA EVANGELIZAÇÃO

No nosso coração, o Espírito Santo repete em cada dia da nossa vida as palavras que Jesus disse aos discípulos:

“A Seara é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao dono da seara que mande operários para a sua seara” (Lc 10, 4-5).

Os cristãos que escutam no seu coração os apelos do Espírito Santo compreendem bem as palavras que o evangelho de São Mateus põe na boca de Jesus quando diz:

“Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se corromper, com que se há-de salgar? Não serve para mais nada, senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens” (Mt 5, 13).

E um pouco mais à frente, Jesus acrescenta: “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre o monte.

Também não se acende a candeia para a colocar debaixo da mesa, mas sim em cima do candelabro, a fim de iluminar as pessoas.

Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, a fim de que vendo as vossas boas obras glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5, 14-16).

Como ternura maternal de Deus, o Espírito Santo gera no interior do cristão um coração evangelizador semelhante ao de Jesus.

O evangelho de São Mateus pede-nos para modelarmos o nosso coração em harmonia com o coração de Jesus, pois este é o modo de sermos eficazes na obra da evangelização.

Eis as palavras de Jesus: “Tomai sobre vós a minha carga e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração.

Deste modo encontrareis alívio para as vossas vidas” (Mt 11, 29).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SER CRISTÃO É SER EVANGELIZADOR-IV

IV-O EVANGELIZADOR E O ESPÍRITO SANTO

Graças ao dom da Fé, os cristãos sabem que não estão sozinhos para realizar a enorme missão da evangelização do mundo.

O Espírito Santo é o primeiro protagonista desta tarefa grandiosa.

É ele que nos capacita, tornando-nos fortes e ousados, conscientes de que não estamos sozinhos na tarefa da evangelização.

O Novo Testamento insiste em que a Fé nos faz participar do próprio poder de Deus, capacitando-nos para fazermos maravilhas.

Eis algumas afirmações dos evangelhos que nos asseguram de que podemos dispor da força de Deus para realizarmos a obra do Evangelho:

“Se acreditas, todas as coisas são possíveis para aquele que acredita” (Mc.9,23).

A fé converte-nos em crentes capazes de realizarmos as maravilhas que Deus realiza pelos seus apóstolos.

Mas temos de estar sempre preparados através da oração e meditação das Escrituras.

Eis o que diz o evangelho de São Lucas: “Jesus abriu-lhes a mente, a fim de entenderem as Escrituras” (Lc.24,45).

No evangelho de São Marcos, Jesus dá-nos a garanti de que, se acreditarmos, e tomarmos Deus a sério teremos pleno sucesso nas nossas vidas:

“Todas as coisas são possíveis para aquele que acredita” (Mc.9,23).

E São Mateus acrescenta: “Se tiveres fé nada será impossível para ti” (Mt.17,21). E ainda: “Faça-se segundo a tua fé” (Mt.9,29).

Na verdade, Deus está em nós e por nós, embora nunca esteja em nosso lugar.

O Espírito Santo optimiza as nossas capacidades e possibilita-nos a realização de maravilhas, embora sem jamais nos substituir.

Quando agimos movidos pela Fé, o nosso pensamento e a nossa acção ficam em sintonia com Deus.

Eis como São Paulo explica isto na Carta aos Romanos:
“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderdes discernir sobre a vontade de Deus, descobrindo o que é bom, agradável e perfeito” (Rm.12,2).

Mas nada disto acontecerá se não soubermos com quem podemos contar.

O evangelho de São João diz-nos claramente que a nossa vida só dará frutos de vida se estivermos unidos a Cristo.

Ele é a cepa da videira e nós os ramos. A seiva que alimenta esta união orgânica, dinâmica e fecunda é o Espírito Santo, como diz Jesus:

“Permanecei em mim que eu permanecerei em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco se não permanecerdes em mim.

Eu sou a videira e vós os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 4-5).

É fundamental estarmos unidos a Cristo e deixarmo-nos conduzir pelo Espírito Santo, a fim de a nossa acção evangelizadora ser fecunda.

“Se vivemos pelo Espírito Santo, diz São Paulo, devemos também orientar a nossa vida em harmonia com o mesmo Espírito Santo” (Ga.5, 25).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

COMO ANUNCIAR A REALEZA DE JESUS CRISTO-I

I-RESSURREIÇÃO E REALEZA DE CRISTO

São Paulo diz que Jesus foi constituído rei em todo o seu poder no momento da sua ressurreição.

Nesse momento ele foi ungido com a força do Espírito Santo e entronizado como rei do Universo junto de Deus Pai (Rm 1, 3-5).

Podemos dizer que Jesus é rei, mas um rei que não se impõe às pessoas.

Eis como a Carta aos Colossenses descreve a realeza de Jesus:

“Ele é a imagem perfeita do Deus invisível, a Cabeça de toda a Criação e o irmão primeiro de todos os seres humanos.

Na verdade, foi nele que todas as coisas foram criadas, nos céus e na terra, tanto as visíveis como as invisíveis (…). Todas foram criadas por ele e para ele.

Ele é anterior a todas as criaturas e todas permanecem por ele.

Os cristãos são membros do seu corpo e ele é a Cabeça deste corpo.

Ele é o princípio de tudo e o primeiro a ressuscitar dos mortos. Na verdade, ele é o primeiro entre todas as coisas.

Com efeito, foi do agrado de Deus que habitasse nele a medida perfeita de todas as coisas, tanto das criaturas da terra como das criaturas do céu.

Foi fiel até à morte de cruz e por isso a Criação encontrou nele o seu sentido pleno.

Do mesmo modo, foi nele que a Humanidade foi reconciliada com Deus” (Col 1, 15-20).

Jesus é rei no sentido de ser o que nos conduz à comunhão do reino de Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

COMO ANUNCIAR A REALEZA DE JESUS CRISTO-II

II-A SUA LEI É O MANDAMENTO DO AMOR

Uma vez constituído rei, ele decidiu reinar com todos nós.

Ele é rei porque nos deu a sua lei que, a qual coincide com o que é melhor para nós: o mandamento do amor.

A maneira de oferecermos a Jesus condições para reinar e para reinarmos com ele é obedecermos ao mandamento do amor.

De facto, Jesus é um rei que só reina com a força do amor.

É esta a razão pela qual, após a sua ressurreição, ele vem todos os dias ao nosso encontro com a força do Espírito Santo, a fim de modelar o nosso coração de acordo com o seu.

Eis as suas palavras no evangelho de São João: “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei.

Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 12-13).

Quando a força de um reino é o amor, todos reinam, pois o amor cria comunhão orgânica e dinâmica.

Antes da morte e ressurreição de Jesus, o Reino de Deus estava no meio das pessoas, diz Jesus no evangelho de São Lucas (Lc 17, 21).

Enquanto Jesus viveu na terra o Reino de Deus estava apenas a emergir no coração de Jesus, pois era aí que estava a acontecer o mistério da Encarnação, isto é, o enxerto do divino no humano.

De facto, foi no coração de Jesus que interagiam directamente a interioridade espiritual do Filho Eterno de Deus e a interioridade do homem Jesus, o Filho de Maria.

Por outras palavras, foi no coração de Jesus que a Divindade se enxertou na Humanidade, a fim de divinizar os seres humanos.

É esta a razão pela qual o Reino de Deus começou primeiro a desabrochar no coração de Jesus.

No momento da sua ressurreição, o Espírito Santo faz quer o Reino de Deus esteja a crescer no coração de todos os seres humanos.

Por outras palavras, no momento da sua morte e ressurreição, Jesus passou da face exterior das coisas para a face interior que é a face da comunhão profunda e universal com toda a Humanidade.

Jesus ressuscitado, agora, aproxima-se sempre de nós a partir do interior, através do Espírito Santo que ele nos comunica.

Podemos dizer que Jesus ressuscitado está sempre presente. Vem todos os dias para comungar connosco.

Vir significa aproximar-se para interagir e comungar connosco no nosso coração.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

COMO ANUNCIAR A REALEZA DE JESUS CRISTO-III


III-REALEZA DE CRISTO E REINO DE DEUS

Com a ressurreição de Jesus o Reino de Deus ficou tão perto de nós que está ao alcance de todos nós.

Basta fazer silêncio para podermos entrar no nosso interior.

A Carta aos Colossenses diz que pela ressurreição de Jesus, Deus libertou-nos do reino exterior das trevas e transferiu-nos para o Reino de seu amado Filho, o qual é interior (Col 1, 13).

Era isto que Jesus queria dizer quando afirmou a Pilatos que o seu Reino não é deste mundo.

Na verdade o Reino de Deus é universal, isto é, presente a todos os seres humanos a partir do momento em que Jesus ressuscitou e difundiu para nós o Espírito Santo.

Jesus convida-nos a reinar com ele, pois o seu reino, por ser um reino de amor, é partilhado por todos.

Ninguém se impõe aos outros, pois este reino assenta sobre os pilares da comunhão orgânica.

Dizer que o reino de Deus assenta sobre os pilares da comunhão orgânica significa que a sua força vital, o Espírito Santo, circula por todos.

Eis como Jesus explicou a comunhão orgânica do seu reino: “Permanecei em mim que eu permaneço em vós.

Tal como o ramo da videira não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco se não permanecerdes em mim.

Eu sou a videira e vós os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 4-5).

Jesus foi muitas vezes a Jerusalém a proclamar a Palavra de Deus.

Mas Jerusalém não aceitou a Palavra de Deus, acabando por matar Jesus.

Após a morte e ressurreição de Jesus, Jerusalém foi destruída pelos romanos.

Deus tomou partido por Jesus, ressuscitando-o e fazendo dele o rei de uma Nova Jerusalém.

A Nova Jerusalém é o Reino de Deus no qual há morada para todos nós e onde todos podemos reinar com Jesus.

Na Nova Jerusalém, diz o livro do Apocalipse, Deus está junto de todos como um Pai bondoso está junto dos seus filhos.

A Nova Jerusalém, portanto, é a morada de Deus com todos os seres humanos que escolheram o amor como seu jeito de viver.

Eis o modo como o Livro do Apocalipse descreve a morada de Deus onde também há moradas para todos nós:

“Vi então um Novo Céu e uma Nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido. E o mar também já não existia!

E vi descer do Céu, de junto de Deus, a cidade santa, a Nova Jerusalém, já preparada como uma noiva adornada para o seu esposo no dia do casamento.

E ouvi uma voz forte que vinha do trono de Deus e gritava: “Esta é a morada de Deus entre os homens”. Ele habitará com as pessoas humanas e estas serão o seu povo.

Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará todas as lágrimas dos olhos dos seres humanos.

Nesse encontro de Deus com as pessoas humanas já não há morte, nem luto, nem pranto, nem medo, nem dor, pois as primeiras coisas passaram!” (Apc 21, 1-4).

Depois acrescenta: “Todo o que vencer vai herdar todas estas coisas. Eu serei o seu Deus e ele será o meu filho” (Apc 21, 7).

Como sabemos, Deus é uma Família de três pessoas. Nesta família todas as pessoas reinam.

A Segunda Carta de São Pedro diz que os cristãos são um povo de reis, sacerdotes e profetas, a fim de anunciarem ao mundo as maravilhas de Deus (1 Pd 2, 9).

Na festa do Reino de Deus, nós formamos a grande família de Deus onde a lei é a mesma para todos: o amor.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

DIÁLOGO COM O DEUS QUE NOS QUER PARA SI-I

I-VÓS SOIS A ORIGEM DO NOSSO SER

Deus Santo,
Pela Fé nós sabemos que sois um Deus sempre presente e próximo.

Podemos dizer que sois a interioridade máxima de todas as realidades.

No ponto onde termina a nossa interioridade espiritual limitada, começa a vossa interioridade espiritual ilimitada.

Isto quer dizer que sois um Deus sempre presente. O ponto de encontro entre nós e vós, Deus Santo, é o nosso coração.

O Espírito Santo é a pessoa divina que nos põe em Comunhão convosco, Pai, e com o vosso Filho Unigénito, incorporando-nos, assim, na Família de Deus.

Com o seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo leva-nos a clamar por vós, Pai, gritando: “Abba”, ó Pai! (cf. Rm 8, 14-15).

Por isso São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Apesar de estares tão próximo, tu nunca nos invades. Insinuas-te, mas nunca te impões.

Tu ages em nós quando, Espírito Santo, na medida em que nós proporcionamos condições para essa acção.

Deus Santo,
A Primeira Carta de São João diz que Vós sois Amor (1 Jo 4, 7-8).

Eis a razão pela qual nos tomais tão a sério. De facto, nunca nos manipulais nem jogais connosco. Estais connosco, mas nunca estais em nosso lugar.

A vossa presença junto a nós é dinâmica, criativa e amorosa.

Graças à vossa presença e dinamismo no nosso coração a Humanidade está a emergir de modo único, original e irrepetível em cada ser humano.

Trindade Santa, a Vossa presença no nosso íntimo acontece pelo Espírito Santo, a terceira pessoa da Família Divina.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DIÁLOGO COM O DEUS QUE NOS QUER PARA SI-II


II-HABITAIS EM NÓS PELO ESPÍRITO SANTO

Espírito Santo,
Quando abrimos o nosso coração ao amor, tu tornas-te em nós uma presença que nos faz renascer, pois o nosso espírito é uma realidade viva a crescer e a fortalecer-se em nós.

Cresce dentro do nosso corpo como o pintainho dentro do ovo.

A Bíblia identifica o Espírito Santo com o hálito da Vida Divina que nos faz emergir como seres espirituais.

Eis as palavras do Livro do Génesis: “Então o Senhor Deus formou o Homem do pó da terra e insuflou-lhe pelas narinas o hálito da vida.

Foi então que o Homem se transformou num ser vivo” (Gn 2, 7).

É deste modo que acontece a vossa intervenção especial na criação do Homem, a qual não aconteceu com nenhum outro ser.

Por nascermos inacabados, levamos connosco a grande tarefa da nossa construção. Nascemos para nos irmos construindo.

Eis como Jesus explica esta verdade a Nicodemos no evangelho de São João:

“Em verdade em verdade te digo: quem não nascer do Alto, não pode ver o Reino de Deus.

Nicodemos perguntou: “Como pode um homem nascer sendo velho? Porventura poderá entrar de novo no ventre de sua mãe e nascer?

Jesus respondeu-lhe: “Em verdade te digo: quem não nascer do Espírito Santo não pode entrar no Reino de Deus.

Aquilo que nasce da carne é carne, e aquilo que nasce do Espírito é Espírito” (Jo 3, 3-6).

Com este ensinamento, Jesus quis dizer que a pessoa humana é um ser em processo de humanização, o qual implica o próprio crescimento espiritual.

Na verdade, os seres humanos não nascem acabados, nem mesmo ao nível espiritual.

Glória a Vós, Deus Santo que sois Pai, Filho e Espírito Santo!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DIÁLOGO COM O DEUS QUE NOS QUER PARA SI-III

III-VÓS SOIS O NOSSO PRINCÍPIO E A NOSSA META

Deus Santo
A realização de uma pessoa é um processo histórico. De facto, para nos dizermos, temos de contar uma história.

É por esta razão que, ao querermos comunicar-nos em profundidade, sentimos uma necessidade enorme de contar a nossa história.

Na verdade, somo seres que se estruturam de modo gradual e progressivo.

A dinâmica que faz avançar esta estruturação pessoal é o amor.

Podemos dizer que o bem amado vai emergindo como pessoa bem estruturada. Só o amor possibilita uma boa estruturação pessoal.

O mal amado, pelo contrário, emerge como pessoa mal estruturada e por isso complicada e condicionada nas suas possibilidades de realização pessoal.

Nascemos com um leque de talentos que são a condição básica da nossa realização pessoal.

Ninguém é herói por ter recebido muitos talentos. Também não somos culpados se o feixe das nossas capacidades é limitado.

A heroicidade está na fidelidade aos talentos que recebemos.

Na sua longa caminhada, a marcha evolutiva acabou por dar o salto para a densidade da vida pessoal.

Isto que dizer que a vida se tornou proporcional a Deus.

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DIÁLOGO COM O DEUS QUE NOS QUER PARA SI-IV


IV-ESTAMOS TALHADOS PARA VÓS

Deus Santo,

A nossa fé diz-nos que, tal como a Humanidade, também a divindade é pessoas.

Por isso já pode acontecer intercâmbio e comunhão humano-divina.

Por outras palavras, Com a emergência do Homem, a vida deu o salto para o espiritual, o qual é definitivo, imortal e interior.

Com a vida espiritual nasceu a capacidade de amar. A vida espiritual emerge no interior do provisório.

O nosso ser interior e espiritual emerge de modo gradual e progressivo como o pintainho emerge no interior do ovo.

Com a emergência do Homem surge a vida com sua densidade pessoal, a qual vence o vazio da morte.

Por outras palavras, a emergência da pessoa, por ser espiritual, significa o salto para a imortalidade.

À medida em que se estrutura, a pessoa constitui-se como ser livre, consciente, responsável e capaz de comunhão amorosa.

Além disso, como o leque dos talentos difere de uma pessoa para outra, cada ser humano evolui como ser único, original e irrepetível.

Eis a razão pela qual nenhuma pessoa está a mais nesta caminhada para a comunhão universal.

Com o aparecimento da vida pessoal tornou-se possível acontecer a Encarnação.

Na verdade, o humano e o divino, apesar de não serem iguais, são proporcionais.

Deste modo, pelo mistério da Encarnação o divino enxertou-se no humano, a fim de este ser divinizado.

Portanto, emergir como pessoa é oferecer-vos, Deus Santo, a matéria-prima para acontecer a divinização.
Espírito Santo,

Fortalece-nos para viver o amor ao jeito de Jesus. Na verdade, amar é a opção certa para n os edificarmos para a Comunhão Orgânica Universal que, à luz da nossa fé, é o Reino de Deus.
Ámen!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

DEUS NÃO É O CRIADOR DO INFERNO-I


I-O INFERNO NÃO É UM LUGAR

O inferno não é um lugar criado por Deus para martirizar as pessoas que se portam mal.

Segundo a linguagem tradicional as pessoas após a morte ficavam num dos três lugares seguintes: o Céu, o Purgatório ou o Inferno.

Eram como que três moradas para onde iam as pessoas.
As pessoas que tivessem feito o bem na terra iam para uma morada boa, chamada de Céu.

As pessoas que tivessem feito coisas más, mas não muito, iam par outra morada que embora fosse temporária, implicava um sofrimento muito grande.

Esta segunda morada chama-se Purgatório. Era o lugar onde ficavam durante algum tempo para se purificarem.

Havia ainda uma morada terrível cujo nome é o inferno, o qual é um lugar de tormentos e torturas eternas.

Hoje sabemos que após a morte, as pessoas são apenas seres espirituais e, por isso, já não ocupam moradas e não estão dentro do tempo, pois são eternas.

A vida espiritual, após a nossa morte realiza-se e atinge a sua perfeição num convívio de comunhão amorosa.

Se quisermos utilizar a imagem de uma morada para falar da situação das pessoas após a morte teremos de dizer que, após a morte, existe apenas uma morada: a comunhão universal da Família de Deus.

As pessoas que se encontram na festa do Céu e as que se encontram no Purgatório estão na mesma morada.

A diferença está apenas no facto de umas já estarem em felicidade total e as outras não.

Após a morte há pessoas que ainda não estão totalmente felizes na festa do Céu porque se sentem envergonhadas do mal que os seus pecados fizeram a outros que ainda estão a sofrer na terra por causa disso.

Uma vez que na terra desapareça o sofrimento que perdura por causa dos seus pecados, a pessoa encontra a alegria total.

Como sabemos, as pessoas que já morreram não podem fazer nada por elas.

De facto, já não podem vir à terra e fazer coisas boas para apagar o mal que fizeram. Só nós, os que vivemos na terra, os podemos ajudar.

A maneira de nós apagarmos as marcas das suas recusas de amor é realizarmos gestos e acções de amor, a fim de anularmos as forças das suas recusas de amor.

Procedendo assim, estamos a construirmo-nos como pessoas e a ajudar os que viveram antes de nós e se encontram em situação de Purgatório.

Os que se encontram em estado de inferno, pelo contrário, não estão em sala nenhuma.

Estas pessoas estão tão fechados em si que não têm qualquer capacidade para se relacionar nem comungar com os outros.

Essas pessoas não podem encontrar a vida plena, pois a plenitude da vida não está na pessoa isolada, mas na comunhão com os outros.

Por outras palavras, apenas em relações interpessoais e de comunhão amorosa a pessoa pode encontrar a sua plena felicidade.

São Paulo, referindo-se à plenitude da vida após a morte diz uma coisa muito bonita:

“O Reino de Deus não é um questão de comida e bebida, mas de justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14, 17). O Céu é exactamente isto que São Paulo diz de modo tão bonito.

O Céu é, pois a festa do encontro em que a pessoa comunga com os outros nos laços da paz e alegria no Espírito Santo.

Já não há lonjura no Céu, pois todos encontram as demais pessoas, tanto as humanas como as divinas no seu coração.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DEUS NÃO É O CRIADOR DO INFERNO-II




II-O INFERNO É UM ESTADO DE SOLIDÃO TOTAL

Na comunhão do Reino de Deus o nosso coração é o ponto de encontro e comunhão com as pessoas divinas e as humanas.

Mas quando se fecha, o nosso coração é um ponto de solidão e de ausência total de amor.

Por isso, no estado de inferno, a pessoa encontra-se numa situação de solidão total, incapacitada para conviver e comungar com os outros.

Estas pessoas não têm ninguém que lhes diga:”Gosto muito de ti.

Nunca poderão ouvir alguém dizer-lhes: “Tenho muita alegria de estar contigo.”

No estado de inferno a pessoa nunca ouvirá alguém segredar-lhe ao ouvido: “Vou dizer-te uma coisa: “Se não existisses eu seria mais pobre, pois não te tinha para conviver e comungar.”

Os que estão em estado de inferno é como se não existissem para os outros, pois nunca se poderão encontrar com eles.

Por isso não têm ninguém que lhes diga: “Gosto muito de ti, vamos fazer uma festa e alegrar-nos pelo amor que nos une!”

Eis a razão pela qual o estado de inferno se chama estado de morte eterna.

Os que durante a vida foram dizendo não ao amor e à fraternidade ao ponto de fecharem totalmente o coração ficaram incapazes de encontro, diálogo e amor.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DEUS NÃO É O CRIADOR DO INFERNO-III

III-O CORAÇÃO COMO PONTO DE ENCONTRO

Deus é Amor. Como sabemos, o amor propõe-se, mas nunca se impõe. Eis a razão pela qual o os seres humanos podem rejeitar Deus.

Na verdade, após a nossa morte vemos as pessoas divinas e as humanas com o coração, pois os olhos da cara já não existem.

No ensinamento das bem-aventuranças, Jesus disse que os puros de coração, no Céu, vêem Deus com uma nitidez maior (cf. Mt 5, 8).

Puros de coração são as pessoas que não têm um coração cheio de más intenções, projectos para fazer mal aos outros ou manhas disfarçadas.

Jesus tinha um coração bondoso e transparente. Por isso ele disse aos discípulos para aprenderem dele que é manso e humilde de coração (Mt 11, 29).

O nosso coração pode ser uma nascente de coisas boas ou uma nascente de coisas más.

Jesus diz no evangelho de São Mateus que é do coração que procedem as más intenções (Mt 15, 19).

No evangelho de São Mateus, Jesus diz o seguinte: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mt 15, 8).

Segundo este ensinamento de Jesus, é no interior do nosso coração que estamos longe ou perto de Deus e dos irmãos.

São Paulo, na Carta aos Efésios, pede a Deus que ilumine os olhos dos nossos corações, a fim de podermos compreender bem o mistério da salvação (Ef 1, 18).

A Carta aos Gálatas diz que Deus enviou aos nossos corações o espírito Santo que, no nosso íntimo clama: “Abba”, isto é, Papá (Ga 4, 6).

Como vemos, o estado de Inferno é a situação da pessoa cujo coração está totalmente fechado em si mesmo e, portanto, incapaz de se encontrar e comungar com Deus e os irmãos.

Isto quer dizer que o Inferno não é um lugar criado por um Deus mau, a fim de nos meter na fogueira de um fogo eterno.

Deus, diz a primeira Carta de São João, é amor (1 Jo 4, 7-8).

Isto significa que Deus só pode fazer aquilo que o amor pode fazer, isto é, querer a felicidade das pessoas.

Os que ficam em estado de morte eterna condenaram-se por sua própria decisão.

O estado de inferno é o resultado de uma história pessoal que consistiu em dizer não de modo gradual e progressivo ao amor.


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

EVANGELIZAR É CONTAR UMA HISTÓRIA DE AMOR-I

I-JESUS COMO NARRADOR DO AMOR DE DEUS

Evangelizar é contar uma história de amor cheia de sentido para os seres humanos.

Esta história é fecunda, pois assenta na verdade de Deus e do Homem.

Por outras palavras, a acção evangelizadora tem uma enorme força libertadora por ser a narração da verdade de Deus e do Homem:

Podemos dizer que Jesus Cristo é o ponto de encontro da verdade de Deus com a verdade do Homem.

É esta a razão pela qual Jesus disse aos discípulos que ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14, 6).

Ao ressuscitar, Jesus enviou-nos o Espírito Santo o qual, como diz Jesus no evangelho de São João, nos conduz de modo gradual e progressivo para a verdade total (Jo 16,
13).

Através das suas palavras e do seu jeito de actuar, Jesus foi o grande contador da história do amor incondicional de Deus por nós.

Depois, ao ressuscitar, comunicou-nos a força e a sabedoria do Espírito Santo, a fim de nos capacitar para evangelizarmos o nosso mundo.

Segundo o evangelho de São João, Jesus vivia de tal modo unido ao Pai que um dia afirmou: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9).

O evangelho de São Lucas diz que o conhecimento de Jesus sobre a verdade de Deus e do Homem era perfeito.

Um dia, Jesus exultou de alegria pela força do Espírito Santo, pois deu-se conta de que alguns dos seus ouvintes estavam a acolher a verdade de Deus no seu coração.

Este relato de São Lucas é um excelente exemplo da alegria que invade o coração do evangelizador, ao verificar que a sua palavra está a ser acolhida. Eis as palavras de Jesus:

“Naquele momento, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse: “Bendigo-te ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelastes aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado.

Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém conhece quem é o Filho, a não ser o Pai, como ninguém conhece quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.

Depois, voltando-se para os discípulos, disse-lhes em particular:

“Felizes os olhos que vêem o que estais a ver. Porque eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e o não o viram, ouvir o que ouvis e não o ouviram!” (Lc 10, 21.24).

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Calmeiro Matias

EVANGELIZAR É CONTAR UMA HISTÓRIA DE AMOR-II

II-JESUS EXPRIMIU O JEITO DE DEUS NOS AMAR

Jesus ensinou-nos que Deus Pai, nos ama de modo incondicional.

Na verdade não Deus não estive à espera de que fôssemos bons para gostar de nós.

Na parábola do Filho Pródigo, Jesus ensina-nos que Deus Pai tem um coração cheio de bondade para connosco.

Todas as tardes dizia Jesus, o Pai vinha ao alto da colina, a fim de ver se o filho que tinha fugido estava de regresso.

Num dia de sol, mesmo à tardinha, o Pai avista ao longe o filho que regressa. Com os braços abertos corre ao encontro do filho.

Cheio de ternura beija-o e leva-o para casa, vestindo-lhe o fato da festa (cf. Lc 15, 25-32).

Com esta parábola, Jesus quis ensinar-nos que o Pai nos ama sempre, apesar de sermos pecadores.

O Espírito Santo, no nosso íntimo, ajuda-nos a fazer a experiência deste teu amor por nós.

É também o Espírito Santo que nos dá a sabedoria necessária para anunciarmos aos nossos irmãos este teu amor infinito por todas as pessoas.

Na verdade, evangelizar é anunciar uma história de amor incondicional que diz respeito a todos os homens.

Com efeito, a Palavra Deus projecta uma luz sobre os acontecimentos, ao ponto de mesmo alguns acontecimentos que parecem tirar sentido à vida acabam por ter sentido quando olhados à luz da Vossa Palavra.

Podemos dizer que a Palavra potencia o sentido daquilo que já o tem e confere sentido àquilo que, à simples luz da razão, parece não o ter.

É a revelação que faz emergir no coração e na mente dos crentes a vida teologal, distinguindo-o dos demais crentes pelo modo novo de ver e ajuizar acerca dos acontecimentos.

À medida em que o crente vai cresce nesta vida teologal, torna-se sal, luz e fermento no mundo.

A vida teologal é a sabedoria que emerge no coração dos crentes à medida em que o Espírito Santo nos vai confidenciando os mistérios de Deus.

Pouco a pouco, a revelação de Deus vai respondendo a questões deste tipo: Quem somos? Qual o nosso lugar no plano salvador de Deus? Como é o Deus que nos está criando e salvando em Cristo?

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Calmeiro Matias

EVANGELIZAR É CONTAR UMA HISTÓRIA DE AMOR-III

III-CRISTO É O PONTO DE ENCONTRO DO HOMEM COM DEUS

No coração da revelação está, pois, o mistério da Encarnação e o sentido que ele tem para a salvação da Humanidade.

Pela revelação nós compreendemos que o divino se enxertou no humano para que este seja divinizado.

Se assim não fosse, a Encarnação seria apenas uma visita que Deus nos fez através da segunda pessoa da Santíssima Trindade.

À luz da fé, a nossa meta para a qual caminhamos é incorporação na Família Divina como filhos em relação a Deus Pai e como irmãos em relação a Deus Filho.

O sentido máximo da vida humana é, naturalmente, Jesus de Nazaré, um homem em tudo igual a nós excepto no pecado.

Se é homem perfeito quer dizer que faz um todo orgânico connosco.

Um homem só é perfeito na medida em que está interligado com toda a Humanidade.

Se além de ser um homem perfeito, Jesus é ainda o ponto de união do humano com o divino, então a Humanidade está organicamente unida à Divindade.

A plenitude do humano, portanto, é a divinização mediante a assunção e incorporação orgânica na comunhão familiar da Santíssima Trindade.

É este o sentido profundo que a revelação confere à vida humana.

No entanto, não devemos pensar que Deus nos substitui, fazendo aquilo que nos compete a nós fazer.

Na verdade, Deus apenas diviniza aquilo que o homem humaniza.

A humanização é uma tarefa que compete a cada ser humano e que ninguém pode realizar por nós.

É verdade que começámos por ser aquilo que os outros fizeram de nós.

Dos outros recebemos as possibilidades de humanização ou os talentos.

Mas o mais importante não são os talentos que recebemos, mas a maneira como os fazemos render.

A lei da humanização é: Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a Comunhão Universal.

A pessoa é, portanto, um ser em construção. Quanto mais emerge em densidade espiritual e capacidade de interagir amorosamente com os outros, mais converge para o todo orgânico que é a Humanidade.

Esta constitui-se como um entretecido orgânico universal onde a riqueza de cada pessoa circula pela totalidade humana.

Entramos de modo activo na Comunhão Universal na medida em que emergimos mediante atitudes, escolhas e opções de amor.

Quem não teve oportunidade de fazer tais opções faz parte desta orgânica mas de modo passivo, isto é, atingindo a sua plenitude humano-divina recebendo mais que dando.

Jesus ensinou aos seus discípulos que é melhor dar que receber (Act 20, 35)

Estas pessoas encontram-se plenamente realizadas na plenitude da comunhão humano-divina, mas recebendo mais do que dando.

A grande tarefa da pessoa, portanto, é a sua humanização, respondendo fielmente aos apelos do Amor.

O poder de Deus é, afinal, o poder do Amor. Se Deus é Amor, então os atributos divinos são apenas os atributos do Amor.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

EVANGELIZAR É CONTAR UMA HISTÓRIA DE AMOR-IV


IV-A CAMINHO DA COMUNHÃO UNIVERSAL

A Humanidade, apesar de não ser ainda uma comunhão perfeita, está em processo de amorização.

Ainda não é uma plenitude amorosa, mas está a caminhar para lá.

Eis a razão pela qual o Amor é a dinâmica que está a fazer avançar o processo da humanização.

As pessoas vão emergindo como seres livres, conscientes, responsáveis e capazes de comunhão amorosa.

É por este motivo que podes dizer que a plenitude da pessoa é a comunhão universal do Reino de Deus.

Nesta comunhão universal ninguém está a mais, pois cada pessoa emerge de modo único, original, e irrepetível.

Quanto mais emergirmos como pessoas na História, mais capazes seremos de participar na plenitude da Comunhão Universal, cujo coração é a Santíssima Trindade.

Com efeito, será eternamente mais divino quem mais se humanizar agora.

Eis a grande síntese da história de amor que o evangelizador tem para contar.

Trata-se de uma história que confere sentido pleno à vida do Homem.

Trata-se de umas história que temos de contar, a fim de ajudar os seres humanos a encontrar razão para viver, gastando a vida pelas causas do amor.

À medida em que o cristão evangeliza está a possibilitar aos seres humanos o conhecimento e a experiência da ternura de Deus por eles.

Ao contar às pessoas esta história do amor de Deus, o evangelizador procura motivar as pessoas a acolher a salvação, permitindo ao Espírito Santo que as conduza para a Comunhão da Família Divina.

Mas devemos saber que a salvação é um dom que a pessoa pode aceitar ou não.

O evangelizador deve motivar as pessoas no sentido de as levar a aceitar com alegria e gratidão a salvação que Deus nos oferece em Cristo.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sábado, 5 de janeiro de 2008

CHAMADOS A RENASCER-I



I-RENASCIMENTO E VIDA ESPIRITUAL

Nascemos inacabados, a fim de termos a possibilidade de renascer.

Na verdade, fomos criados para que nos criemos. O ser humano não age de modo consciente no parto através do qual nasce para a sociedade.

Por outras palavras não somos os protagonistas do nosso primeiro nascimento.

O segundo nascimento acontece como emergência pessoal-espiritual e tem como meta a comunhão universal da Família de Deus.

Este segundo nascimento não pode acontecer sem nós. Ninguém nos pode substituir nesta tarefa de renascer espiritualmente.

O Criador não nos fez de modo acabado, a fim de podermos renascer como seres livres, conscientes e responsáveis.

É verdade que começamos por ser o que os outros fizeram de nós.

Foi dos demais que recebemos os talentos, isto é, a matéria-prima de que dispomos para nos realizar.

Renascer é crescer na nossa identidade espiritual. Dos outros recebemos a nossa identidade genética, isto é, o nosso ADN.

Com efeito, recebemos a nossa identidade genética no momento da concepção e perdemo-la no cemitério.

A identidade espiritual é fruto das nossas decisões, escolhas e opções.

À medida em que renascemos tornamo-nos pessoas únicas, originais e irrepetíveis.

Na verdade, fomos feitos para nos fazermos, a partir do que recebemos dos demais.

Só assim podemos ter algo de nosso para partilhar na festa da Comunhão Universal, pois nós não nos estamos a fazer para acabarmos no vazio da morte.

Podemos dizer que a nossa vocação fundamental consiste em renascer como pessoas para atingirmos a nossa plenitude na comunhão.

Com efeito, a plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão com os outros.

A lei da humanização é assim: emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a comunhão universal.

Nascemos com a possibilidade de amar. Recorrendo à imagem bíblica do barro primordial, diríamos que nascemos como um barro modelado, tendo no nosso íntimo um coração capaz de eleger o outro com alvo de bem-querer.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CHAMADOS A RENASCER-II

II-ESPÍRITO SANTO E RENASCIMENTO

Nascemos talhados para amar. Deus deu-nos a possibilidade de realizarmos esta tarefa quando insuflou o hálito da vida no nosso interior, a fim de realizarmos a tarefa da nossa humanização.

Graças à nossa união orgânica com Cristo o processo da nossa humanização culmina na divinização ao sermos incorporados na comunhão da Santíssima Trindade.

A essência da vida pessoal é de ordem espiritual. Por isso podemos dizer com toda a segurança que ser pessoa é ser para sempre.

Renascendo mediante o amor a pessoa humana está a caminhar de modo seguro para a plenitude da Família de Deus: Filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho de Deus.

O Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).

Ele é o vínculo maternal de comunhão orgânica e o princípio pessoal que dinamiza as relações de amor e comunhão. É por ele que entramos na Família de Deus (Rm 8, 14-16).

O evangelho de São João, falando da necessidade que temos de renascer diz que o que nasce da carne é carne e o que nasce do Espírito Santo é espiritual (Jo 3, 6).

É verdade que o Espírito Santo não nos substitui no processo do nosso renascimento.

O Espírito Santo está connosco mas não em nosso lugar. Mas ele optimiza as nossas possibilidades de renascer se lhe permitirmos que actue nos nossos corações.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

POBREZA E DESUMANIZAÇÃO-I


I-O HOMEM E AS INJUSTIÇAS

Apesar dos enormes progressos técnicos e científicos, a fome no mundo continua a matar milhares de pessoas todos os dias.

Devido à subnutrição de muitas populações e camadas sociais mais pobres, estão a surgir novos surtos de antigas epidemias, além de novos surtos de doenças que eliminam milhões de seres humanos.

É chocante ver que enquanto os pobres estão cada vez mais pobres, os ricos exibem luxos e caprichos cada vez mais dispendiosos.

Estas assimetrias não podem continuar a crescer sob pena de a Humanidade a caminhar a passos rápidos para a autodestruição devido a um processo de desumanização.

O Homem ou se humaniza e cresce no sentido da fraternidade ou caminha para a desagregação e a acção destrutiva, tanto a nível das relações com a natureza como a nível das nações, das culturas.

As ciências estão cada vez mais a ser utilizadas no sentido de criar técnicas sofisticadas para matar ou então para servir os interesses mesquinhos dos ricos e dos poderosos.

O egoísmos está a crescer assustadoramente no nosso mundo, gerando sociedades egoístas onde a indiferença e a solidão das pessoas aumentam sem cessar.

As propostas da Palavra de Deus vão numa linha bem diferente: Deus deu a terra ao Homem, a fim deste colocar os seus bem em favor de todos os homens.

O projecto de Deus acerca dos bens da terra vai no sentido de que estes sejam postos ao serviço de todos os homens.

Ao entregar a terra ao Homem, Deus quis que as suas riquezas fossem geridas de modo a produzirem bem-estar para todos os seres humanos.

Isto quer dizer as pessoas que possuem bens têm uma vocação distinta daquelas que não os possuem.

As pessoas que têm riquezas são chamadas por Deus a fazê-las circular em benefício dos que não têm, sob pena de entrarem num processo que vai impedir a sua plena realização e felicidade.

Os evangelhos dizem que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar na Comunhão Universal da Família de Deus.
Esta afirmação e outras parecidas levaram muitas pessoas a pensar que Deus mandava os ricos para o inferno.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

POBREZA E DESUMANIZAÇÃO-II

II-QUANDO A RIQUEZA GERA POBREZA

Por ser amor, Deus não manda ninguém para a morte eterna. Por este ponto de vista, os ricos podem estar tranquilos.

Mas é importante dizer aos ricos que se recusam a entrar numa dinâmica de comunhão fraterna com os pobres, partilhando as suas riquezas que estão a impedir a sua entrada na plenitude da vida.

Por outras palavras, Deus não condena ninguém, mas as pessoas que vão para a morte eterna condenam-se por sua própria decisão.

Os ricos que se vão enroscando progressivamente nas suas riquezas estão a impedir o processo da sua própria humanização, bloqueando as possibilidades de comunhão.

Não podemos ignorar o facto de que a pessoa faz-se, fazendo. Além disso, é na história que está a construir a sua identidade pessoal-espiritual, a única que é eterna.

Podemos dizer que, no Céu, a pessoa humana dançará eternamente o ritmo do amor com o ritmo que treinou na história.

Para bem dos ricos não podemos deixar de os avisar que a recusa em partilhar os seus bens com os pobres é um pecado.

Ora, o pecado tem consequências pessoais e consequências sociais e históricas.

As consequências pessoais do pecado consistem em que a pessoa vai bloqueando progressivamente o próprio processo da sua humanização.

As consequências sociais e históricas são as estruturas injustas e opressoras que os ricos vão criando, a fim de aumentar o seu poder de enriquecer através do empobrecimento progressivo dos fracos e desprotegidos.

É a lei da selva ao nível da Humanidade: o mais forte, mata, explora e oprime o mais fraco.

É esta a dinâmica da desumanização dos ricos, os quais estão impedindo o desenvolvimento e humanização dos pobres.

Os evangelhos são muito duros em relação aos ricos que se fecham à dinâmica da partilha, o único caminho capaz de gerar abundância.

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Calmeiro Matias


POBREZA E DESUMANIZAÇÃO-III


III-OS BENS E A COMUNHÃO UNIVERSAL

No evangelho de São Lucas, Jesus faz um ensinamento muito sugestivo a este propósito:

“E eu digo-vos: arranjai amigos com o vil dinheiro, a fim de que, quando este faltar, possais ser recebidos por eles na comunhão Eterna.

Quem é fiel no pouco também é fiel no muito e quem é infiel no pouco também é infiel no muito.

Se, pois, não fostes fiéis no que toca ao vil dinheiro, quem vos há-de confiar o verdadeiro bem?” (Lc 16, 9-1).

Isto quer dizer que comungaremos para sempre na festa do Reino de Deus com a qualidade de coração que construirmos agora na história.

A nossa identidade genética, isto é, o nosso ADN, recebemo-la no momento da concepção e perdemo-la no cemitério.

A nossa identidade pessoal-espiritual, pelo contrário, é histórica, pois vai-se construindo de modo gradual e progressivo através das nossas decisões e realizações no sentido do amor.

À luz da fé cristã, os ricos têm no mundo uma vocação especial: partilhar com os pobres, a fim de serem uma mediação do amor e da providência de Deus.

Podemos dizer que nada há de essencialmente errado no que se refere à existência do dinheiro.

Em si mesmo, o dinheiro é uma ferramenta para facilitar a vida das pessoas.

O problema está em que esta ferramenta pode ser fonte de fraternidade ou de fratricídio.

O que as pessoas fazem com o dinheiro mostra realmente o que elas pensam e são em relação a si e aos outros.

Um dia, Jesus disse: “Onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração (Mt 6, 21).

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Calmeiro Matias

POBREZA E DESUMANIZAÇÃO-IV


IV-RIQUEZAS E DESUMANIZAÇÃO

Quando pomos o nosso dinheiro ao serviço da fraternidade e do amor estamos a sintonizar com o coração do nosso Deus que é Amor (1 Jo 4, 7-8).

Deus convida as pessoas que têm bens a partilharem, a fim de colaborarem com o projecto amoroso de Deus para a Humanidade.

A pobreza e as desigualdades estão a aumentar no mundo, mas isto não tem necessariamente de ser assim.

Jesus ensinou-nos que a partilha é o caminho da abundância.

O milagre da multiplicação dos pães e dos peixes foi um sinal que Jesus fez para nos ensinar que a partilha faz que os bens cheguem para todos e ainda sobrem (Mt 14, 13-21; Mc 6, 34-44; Lc 9, 10-17).

As pessoas que se recusam a partilhar estão a impedir que a fraternidade e do amor se difundam no mundo através da circulação dos bens.

O projecto de Deus, diz Nossa Senhora no seu canto do Magnificat, é encher de bens os famintos e despedir sem nada os ricos que se recusam a partilhar (Lc 1, 53).

A avareza é uma forma de resistir ao plano de Deus sobre a finalidade dos bens.

Os ricos que se recusam a partilhar, dizem os evangelhos, estão a amontoar tesouros que a traça e o caruncho podem destruir e os ladrões podem roubar, dizem os evangelhos (Mt 6, 19-20; Lc12, 33-34).

Os evangelhos dizem que os avarentos são pessoas insensatas.

Trabalham para encher o celeiro. Depois de o terem enchido, fazem obras para o aumentar.

Estas pessoas têm a morte dos insensatos. Quando julga que está a ficar seguro, diz o evangelho de São Lucas, chega a morte, e despoja-o de tudo o que tinha.

Tudo o que amontoou de nada lhe serviu, pois nem o comeu nem o levou consigo (Lc 12, 13-21).

Para ressaltar a insensatez das pessoas que gastaram a vida a amontoar riquezas, os evangelhos os põem a seguinte questão:

Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro se o resultado for o seu malogro e o fracasso da sua existência? (Mt 16, 26; Mc 8, 36; Lc 9, 25).
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Calmeiro Matias

POBREZA EW D

POBREZA EW D

POBREZA E DESUMANIZAÇÃO-V

V-AS RIQUEZAS NO PLANO DE DEUS

A partilha introduz o ser humano na dinâmica da salvação, como diz o evangelho de São Mateus:

“Vinde benditos de Deus, pois tive fome e sede, estava nu, preso e doente e vós atendestes-me” (Mt 25, 34-45).

São Lucas diz que não há verdadeira conversão dos ricos a Deus se não houver uma mudança de atitude face às riquezas.

São Lucas, diz isto de modo muito claro no relato da conversão de Zaqueu:

“Senhor, eis que dou metade dos meus bens aos pobres e, se defraudei alguém, restituo-lhe o quádruplo” (Lc 19, 8).

Os Actos dos Apóstolos descrevem de modo um tanto ideal o que pode acontecer numa comunidade que se põe a partilhar:

“Não havia entre eles qualquer indigente, pois os que possuíam terras ou casas vendiam-nas e colocavam o dinheiro aos pés dos apóstolos, a fim de se distribuir a cada um conforme as suas necessidades (Act 4, 32-35).

O pecado dos ricos que se recusam a partilhar radica no facto de que, com o seu procedimento, estão a impedir a humanização dos pobres.

É importante termos consciência de que as pessoas não valem pelo que têm mas pelo que são (Lc 12, 15).

O Evangelho não nos fornece receitas sobre a partilha, pois esta nasce do amor e, como sabemos, o amor não se impõe por decreto.

Por outras palavras, o Evangelho apresenta critérios, mas não dá receitas, pois não há receitas para o amor.

Na verdade, o amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.

Jesus não se cansava de insistir que as riquezas são perigosa quando começam a bloquear a comunhão com Deus e os irmãos (Lc 12, 16-21).

As riquezas facilmente endurecem o coração, levando as pessoas que as têm a cair na indiferença, ignorando o sofrimento dos que estão em penúria.

Na parábola do rico avarento e do pobre Lázaro, São Lucas acentua que a avareza é um caminho que conduz ao malogro e ao fracasso existencial, o qual pode ter consequências definitivas (Lc 16, 19-31).

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Calmeiro Matias